Sexta-feira, 10 de Outubro de 2008
[continuação da mensagem de 7 de Outubro]Na
Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer desenvolvem uma análise das ligações entre anti-semitismo, paranóia das massas, ilusões projectivas e homossexualidade, que ajudam a explicar a “mentalidade dos rótulos” da era pós-guerra. A secção teórica daquele livro, “Elementos de anti-semitismo”, foi escrita com a ajuda de Leo Lowenthal.
Para Adorno, o dadaísmo e o surrealismo não tiveram as consequências libertadoras esperadas. A nova sujeição da arte ao mundo das mercadorias e ao papel de porta-voz da ideologia dominante constituem escravidão idêntica ao antigo jugo teológico (
Teoria Estética, p. 284). O único movimento moderno que contou com toda a simpatia de Adorno foi o expressionismo (Jay, 1984: 130), corrente poderosa na Alemanha e na Áustria da sua juventude. Embora não se tenha envolvido tanto como Bloch, que manteve um debate com Lukács sobre as implicações do expressionismo nos anos 30, Adorno defendeu o mesmo modelo. Horkheimer assumiu posição semelhante.
Jay (1984: 155) detecta quatro pontos fundamentais na teoria da arte em Adorno: 1) momento mimético na arte e relação com a beleza natural, 2) desestatização da arte e relação com a modernidade, 3) ideia da experiência estética e relação com a teoria, e 4) conteúdo real da arte e relação com a autonomia. Para Adorno, há duas possibilidades de mimese: imitação da realidade social corrente e realidade natural transformada pelo social (Jay, 1984: 156).
Contrariamente a Adorno e Horkheimer, para quem a indústria cultural e a produção de bens culturais constituem uma esfera da reificação total, Benjamin – que ignorava os trabalhos que deram origem à
Dialética do Esclarecimento – escrevia sobre a função dos meios de reprodução mecanizados aplicados ao domínio da arte: fotografia, cinema. Como escreve Jimenez (1983: 88), Benjamin, ausente do discurso de uma só forma de falar em arte e estética, interrogou-se acerca de outros discursos, sistemas, teorias e doutrinas, críticas ou não, inseridas no mecanismo de reprodução e acumulação culturais, mecanismo de produção e difusão de um saber estético.
Durante mais de dois séculos, a estética fora "positiva", talvez porque os estetas não tivessem ainda dispositivos críticos elaborados para questionar a coerência do sistema. Para Marc Jimenez (1983: 89), e para além de "positiva", a estética e a filosofia eram de ordem "afirmativa": "positiva" porque pretendia um saber cuja matriz se traçava com a ajuda de conceitos; "afirmativa" porque participava no desenvolvimento e expansão da cultura.
A produção industrial dos bens culturais, na sociedade moderna, aparece como uma confirmação definitiva da crise de autonomia burguesa da arte, continua Jimenez (1983: 185). A
Dialética do Esclarecimento antecipa as aporias da
Teoria Estética (1970): a ideia de uma obra de arte avançada cujo carácter dependia da evolução das forças produtivas técnicas entra em contradição com a concepção da racionalidade como geradora da reificação e do domínio.
Nostalgia, recordação da natureza, imagens idílicas de um passado acabado dificilmente rompem a máscara cínica da dominação. A industrialização da arte e da cultura testemunha a crise da autonomia burguesa e da "regressão" irreversível da "razão na ideologia" (
Dialética do Esclarecimento, p. 19).
Leituras:
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed
Marc Jimenez (1977). Para ler Adorno. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Marc Jimenez (1983). Vers une esthetique negative. Adorno et la modernité. Paris: Le Sycomore
Martin Jay (1984). Adorno. Cambridge, MA: Harvard University PressObservação: o texto reflecte um escrito meu antigo, de mais de 20 anos, em que segui de muito perto Marc Jimenez e Martin Jay.
[continuação da mensagem de 7 de Outubro]Na
Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer desenvolvem uma análise das ligações entre anti-semitismo, paranóia das massas, ilusões projectivas e homossexualidade, que ajudam a explicar a “mentalidade dos rótulos” da era pós-guerra. A secção teórica daquele livro, “Elementos de anti-semitismo”, foi escrita com a ajuda de Leo Lowenthal.
Para Adorno, o dadaísmo e o surrealismo não tiveram as consequências libertadoras esperadas. A nova sujeição da arte ao mundo das mercadorias e ao papel de porta-voz da ideologia dominante constituem escravidão idêntica ao antigo jugo teológico (
Teoria Estética, p. 284). O único movimento moderno que contou com toda a simpatia de Adorno foi o expressionismo (Jay, 1984: 130), corrente poderosa na Alemanha e na Áustria da sua juventude. Embora não se tenha envolvido tanto como Bloch, que manteve um debate com Lukács sobre as implicações do expressionismo nos anos 30, Adorno defendeu o mesmo modelo. Horkheimer assumiu posição semelhante.
Jay (1984: 155) detecta quatro pontos fundamentais na teoria da arte em Adorno: 1) momento mimético na arte e relação com a beleza natural, 2) desestatização da arte e relação com a modernidade, 3) ideia da experiência estética e relação com a teoria, e 4) conteúdo real da arte e relação com a autonomia. Para Adorno, há duas possibilidades de mimese: imitação da realidade social corrente e realidade natural transformada pelo social (Jay, 1984: 156).
Contrariamente a Adorno e Horkheimer, para quem a indústria cultural e a produção de bens culturais constituem uma esfera da reificação total, Benjamin – que ignorava os trabalhos que deram origem à
Dialética do Esclarecimento – escrevia sobre a função dos meios de reprodução mecanizados aplicados ao domínio da arte: fotografia, cinema. Como escreve Jimenez (1983: 88), Benjamin, ausente do discurso de uma só forma de falar em arte e estética, interrogou-se acerca de outros discursos, sistemas, teorias e doutrinas, críticas ou não, inseridas no mecanismo de reprodução e acumulação culturais, mecanismo de produção e difusão de um saber estético.
Durante mais de dois séculos, a estética fora "positiva", talvez porque os estetas não tivessem ainda dispositivos críticos elaborados para questionar a coerência do sistema. Para Marc Jimenez (1983: 89), e para além de "positiva", a estética e a filosofia eram de ordem "afirmativa": "positiva" porque pretendia um saber cuja matriz se traçava com a ajuda de conceitos; "afirmativa" porque participava no desenvolvimento e expansão da cultura.
A produção industrial dos bens culturais, na sociedade moderna, aparece como uma confirmação definitiva da crise de autonomia burguesa da arte, continua Jimenez (1983: 185). A
Dialética do Esclarecimento antecipa as aporias da
Teoria Estética (1970): a ideia de uma obra de arte avançada cujo carácter dependia da evolução das forças produtivas técnicas entra em contradição com a concepção da racionalidade como geradora da reificação e do domínio.
Nostalgia, recordação da natureza, imagens idílicas de um passado acabado dificilmente rompem a máscara cínica da dominação. A industrialização da arte e da cultura testemunha a crise da autonomia burguesa e da "regressão" irreversível da "razão na ideologia" (
Dialética do Esclarecimento, p. 19).
Leituras:
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed
Marc Jimenez (1977). Para ler Adorno. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Marc Jimenez (1983). Vers une esthetique negative. Adorno et la modernité. Paris: Le Sycomore
Martin Jay (1984). Adorno. Cambridge, MA: Harvard University PressObservação: o texto reflecte um escrito meu antigo, de mais de 20 anos, em que segui de muito perto Marc Jimenez e Martin Jay.
[continuação da mensagem de 7 de Outubro]Na
Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer desenvolvem uma análise das ligações entre anti-semitismo, paranóia das massas, ilusões projectivas e homossexualidade, que ajudam a explicar a “mentalidade dos rótulos” da era pós-guerra. A secção teórica daquele livro, “Elementos de anti-semitismo”, foi escrita com a ajuda de Leo Lowenthal.
Para Adorno, o dadaísmo e o surrealismo não tiveram as consequências libertadoras esperadas. A nova sujeição da arte ao mundo das mercadorias e ao papel de porta-voz da ideologia dominante constituem escravidão idêntica ao antigo jugo teológico (
Teoria Estética, p. 284). O único movimento moderno que contou com toda a simpatia de Adorno foi o expressionismo (Jay, 1984: 130), corrente poderosa na Alemanha e na Áustria da sua juventude. Embora não se tenha envolvido tanto como Bloch, que manteve um debate com Lukács sobre as implicações do expressionismo nos anos 30, Adorno defendeu o mesmo modelo. Horkheimer assumiu posição semelhante.
Jay (1984: 155) detecta quatro pontos fundamentais na teoria da arte em Adorno: 1) momento mimético na arte e relação com a beleza natural, 2) desestatização da arte e relação com a modernidade, 3) ideia da experiência estética e relação com a teoria, e 4) conteúdo real da arte e relação com a autonomia. Para Adorno, há duas possibilidades de mimese: imitação da realidade social corrente e realidade natural transformada pelo social (Jay, 1984: 156).
Contrariamente a Adorno e Horkheimer, para quem a indústria cultural e a produção de bens culturais constituem uma esfera da reificação total, Benjamin – que ignorava os trabalhos que deram origem à
Dialética do Esclarecimento – escrevia sobre a função dos meios de reprodução mecanizados aplicados ao domínio da arte: fotografia, cinema. Como escreve Jimenez (1983: 88), Benjamin, ausente do discurso de uma só forma de falar em arte e estética, interrogou-se acerca de outros discursos, sistemas, teorias e doutrinas, críticas ou não, inseridas no mecanismo de reprodução e acumulação culturais, mecanismo de produção e difusão de um saber estético.
Durante mais de dois séculos, a estética fora "positiva", talvez porque os estetas não tivessem ainda dispositivos críticos elaborados para questionar a coerência do sistema. Para Marc Jimenez (1983: 89), e para além de "positiva", a estética e a filosofia eram de ordem "afirmativa": "positiva" porque pretendia um saber cuja matriz se traçava com a ajuda de conceitos; "afirmativa" porque participava no desenvolvimento e expansão da cultura.
A produção industrial dos bens culturais, na sociedade moderna, aparece como uma confirmação definitiva da crise de autonomia burguesa da arte, continua Jimenez (1983: 185). A
Dialética do Esclarecimento antecipa as aporias da
Teoria Estética (1970): a ideia de uma obra de arte avançada cujo carácter dependia da evolução das forças produtivas técnicas entra em contradição com a concepção da racionalidade como geradora da reificação e do domínio.
Nostalgia, recordação da natureza, imagens idílicas de um passado acabado dificilmente rompem a máscara cínica da dominação. A industrialização da arte e da cultura testemunha a crise da autonomia burguesa e da "regressão" irreversível da "razão na ideologia" (
Dialética do Esclarecimento, p. 19).
Leituras:
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed
Marc Jimenez (1977). Para ler Adorno. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Marc Jimenez (1983). Vers une esthetique negative. Adorno et la modernité. Paris: Le Sycomore
Martin Jay (1984). Adorno. Cambridge, MA: Harvard University PressObservação: o texto reflecte um escrito meu antigo, de mais de 20 anos, em que segui de muito perto Marc Jimenez e Martin Jay.
[continuação da mensagem de 7 de Outubro]Na
Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer desenvolvem uma análise das ligações entre anti-semitismo, paranóia das massas, ilusões projectivas e homossexualidade, que ajudam a explicar a “mentalidade dos rótulos” da era pós-guerra. A secção teórica daquele livro, “Elementos de anti-semitismo”, foi escrita com a ajuda de Leo Lowenthal.
Para Adorno, o dadaísmo e o surrealismo não tiveram as consequências libertadoras esperadas. A nova sujeição da arte ao mundo das mercadorias e ao papel de porta-voz da ideologia dominante constituem escravidão idêntica ao antigo jugo teológico (
Teoria Estética, p. 284). O único movimento moderno que contou com toda a simpatia de Adorno foi o expressionismo (Jay, 1984: 130), corrente poderosa na Alemanha e na Áustria da sua juventude. Embora não se tenha envolvido tanto como Bloch, que manteve um debate com Lukács sobre as implicações do expressionismo nos anos 30, Adorno defendeu o mesmo modelo. Horkheimer assumiu posição semelhante.
Jay (1984: 155) detecta quatro pontos fundamentais na teoria da arte em Adorno: 1) momento mimético na arte e relação com a beleza natural, 2) desestatização da arte e relação com a modernidade, 3) ideia da experiência estética e relação com a teoria, e 4) conteúdo real da arte e relação com a autonomia. Para Adorno, há duas possibilidades de mimese: imitação da realidade social corrente e realidade natural transformada pelo social (Jay, 1984: 156).
Contrariamente a Adorno e Horkheimer, para quem a indústria cultural e a produção de bens culturais constituem uma esfera da reificação total, Benjamin – que ignorava os trabalhos que deram origem à
Dialética do Esclarecimento – escrevia sobre a função dos meios de reprodução mecanizados aplicados ao domínio da arte: fotografia, cinema. Como escreve Jimenez (1983: 88), Benjamin, ausente do discurso de uma só forma de falar em arte e estética, interrogou-se acerca de outros discursos, sistemas, teorias e doutrinas, críticas ou não, inseridas no mecanismo de reprodução e acumulação culturais, mecanismo de produção e difusão de um saber estético.
Durante mais de dois séculos, a estética fora "positiva", talvez porque os estetas não tivessem ainda dispositivos críticos elaborados para questionar a coerência do sistema. Para Marc Jimenez (1983: 89), e para além de "positiva", a estética e a filosofia eram de ordem "afirmativa": "positiva" porque pretendia um saber cuja matriz se traçava com a ajuda de conceitos; "afirmativa" porque participava no desenvolvimento e expansão da cultura.
A produção industrial dos bens culturais, na sociedade moderna, aparece como uma confirmação definitiva da crise de autonomia burguesa da arte, continua Jimenez (1983: 185). A
Dialética do Esclarecimento antecipa as aporias da
Teoria Estética (1970): a ideia de uma obra de arte avançada cujo carácter dependia da evolução das forças produtivas técnicas entra em contradição com a concepção da racionalidade como geradora da reificação e do domínio.
Nostalgia, recordação da natureza, imagens idílicas de um passado acabado dificilmente rompem a máscara cínica da dominação. A industrialização da arte e da cultura testemunha a crise da autonomia burguesa e da "regressão" irreversível da "razão na ideologia" (
Dialética do Esclarecimento, p. 19).
Leituras:
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed
Marc Jimenez (1977). Para ler Adorno. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Marc Jimenez (1983). Vers une esthetique negative. Adorno et la modernité. Paris: Le Sycomore
Martin Jay (1984). Adorno. Cambridge, MA: Harvard University PressObservação: o texto reflecte um escrito meu antigo, de mais de 20 anos, em que segui de muito perto Marc Jimenez e Martin Jay.
[continuação da mensagem de 7 de Outubro]Na
Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer desenvolvem uma análise das ligações entre anti-semitismo, paranóia das massas, ilusões projectivas e homossexualidade, que ajudam a explicar a “mentalidade dos rótulos” da era pós-guerra. A secção teórica daquele livro, “Elementos de anti-semitismo”, foi escrita com a ajuda de Leo Lowenthal.
Para Adorno, o dadaísmo e o surrealismo não tiveram as consequências libertadoras esperadas. A nova sujeição da arte ao mundo das mercadorias e ao papel de porta-voz da ideologia dominante constituem escravidão idêntica ao antigo jugo teológico (
Teoria Estética, p. 284). O único movimento moderno que contou com toda a simpatia de Adorno foi o expressionismo (Jay, 1984: 130), corrente poderosa na Alemanha e na Áustria da sua juventude. Embora não se tenha envolvido tanto como Bloch, que manteve um debate com Lukács sobre as implicações do expressionismo nos anos 30, Adorno defendeu o mesmo modelo. Horkheimer assumiu posição semelhante.
Jay (1984: 155) detecta quatro pontos fundamentais na teoria da arte em Adorno: 1) momento mimético na arte e relação com a beleza natural, 2) desestatização da arte e relação com a modernidade, 3) ideia da experiência estética e relação com a teoria, e 4) conteúdo real da arte e relação com a autonomia. Para Adorno, há duas possibilidades de mimese: imitação da realidade social corrente e realidade natural transformada pelo social (Jay, 1984: 156).
Contrariamente a Adorno e Horkheimer, para quem a indústria cultural e a produção de bens culturais constituem uma esfera da reificação total, Benjamin – que ignorava os trabalhos que deram origem à
Dialética do Esclarecimento – escrevia sobre a função dos meios de reprodução mecanizados aplicados ao domínio da arte: fotografia, cinema. Como escreve Jimenez (1983: 88), Benjamin, ausente do discurso de uma só forma de falar em arte e estética, interrogou-se acerca de outros discursos, sistemas, teorias e doutrinas, críticas ou não, inseridas no mecanismo de reprodução e acumulação culturais, mecanismo de produção e difusão de um saber estético.
Durante mais de dois séculos, a estética fora "positiva", talvez porque os estetas não tivessem ainda dispositivos críticos elaborados para questionar a coerência do sistema. Para Marc Jimenez (1983: 89), e para além de "positiva", a estética e a filosofia eram de ordem "afirmativa": "positiva" porque pretendia um saber cuja matriz se traçava com a ajuda de conceitos; "afirmativa" porque participava no desenvolvimento e expansão da cultura.
A produção industrial dos bens culturais, na sociedade moderna, aparece como uma confirmação definitiva da crise de autonomia burguesa da arte, continua Jimenez (1983: 185). A
Dialética do Esclarecimento antecipa as aporias da
Teoria Estética (1970): a ideia de uma obra de arte avançada cujo carácter dependia da evolução das forças produtivas técnicas entra em contradição com a concepção da racionalidade como geradora da reificação e do domínio.
Nostalgia, recordação da natureza, imagens idílicas de um passado acabado dificilmente rompem a máscara cínica da dominação. A industrialização da arte e da cultura testemunha a crise da autonomia burguesa e da "regressão" irreversível da "razão na ideologia" (
Dialética do Esclarecimento, p. 19).
Leituras:
Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed
Marc Jimenez (1977). Para ler Adorno. Rio de Janeiro: Francisco Alves
Marc Jimenez (1983). Vers une esthetique negative. Adorno et la modernité. Paris: Le Sycomore
Martin Jay (1984). Adorno. Cambridge, MA: Harvard University PressObservação: o texto reflecte um escrito meu antigo, de mais de 20 anos, em que segui de muito perto Marc Jimenez e Martin Jay.
Terça-feira, 7 de Outubro de 2008
O pensamento de Adorno é adverso à ideia de sistema fechado, caso da Teoria Estética, que sofre o desmembramento próprio da fragmentação – tem uma construção paratática (a parataxe ou coordenação é uma construção em que os membros se ordenam numa sequência mas não se conjugam como se se tratasse de um sintagma. Na parataxe cada termo vale por si). A forma de apresentação paratática reforça a forma aporética da obra (aporia é a dificuldade ou mesmo ausência de saída, podendo constituir até uma dificuldade lógica insuperável).
O carácter fragmentário da Teoria Estética, editada postumamente em 1970, dedicada a Samuel Beckett, deve entender-se do seguinte modo: 1) constitui-se por textos muito curtos, 2) é um imenso fragmento. Tal carácter possibilita a leitura em múltiplas entradas (Jimenez, 1977: 13).
Segundo Martin Jay (1984: 15-22), o pensamento adorniano tem as seguintes coordenadas: 1) marxismo – o da tradição heterodoxa do pensamento marxista ocidental (escola de Frankfurt, Instituto de Pesquisas Sociais, 1924), 2) modernismo estético – para além de filósofo e sociólogo, Adorno foi músico e compositor, absorvendo a moderna música atonal de Schoenberg, durante a sua estada em Viena, nos anos 20, 3) conservadorismo cultural – apesar das suas inclinações marxistas e modernistas, Adorno conserva uma distanciação profunda para com a cultura de massa e olha com aversão a razão tecnológica, instrumental. Critica o jazz e os blues. Faz parte do designado declínio dos mandarins (senhores feudais) alemães. O seu pensamento é negativo. Para além disso, Adorno mantém uma apreciação de figuras reaccionárias, o que põe em causa o modernismo que defende, 4) influência do pensamento judaico – embora não tão envolvido no judaísmo como Walter Benjamin, há uma certa influência do seu pensamento. Meio judeu por nascimento, embora identificado com o catolicismo da mãe, no exílio Adorno toma conhecimento profundo da sua herança judaica. Costumara citar: “Escrever poesia depois de Auschwitz é bárbaro”. Como Horkheimer, Adorno não falará na alternativa utópica (cara a Marcuse, cuja última obra se debruça sobre estética), pela referência à proibição judaica de pintar Deus ou o paraíso. Articula, desde o holocausto nazi, os pensamentos antisemita e totalitário, 5) desconstrucionismo (movimento que emerge com os pós-estruturalistas, em 1967. Adorno morre em 1969) – há ligações, talvez fortuitas, entre ele e a amizade que une Walter Benjamin ao círculo de proto-descontrucionismo do colégio de sociologia (Georges Bataille, Pierre Klossowski, Roger Caillois). Em Adorno, a sua antecipação do descontrucionismo vem da apreciação de Nietzsche. Divergindo de outros marxistas – como Lukács, que via em Nietzsche um perigoso e irracional precursor do fascismo – Adorno gostava dele pela crítica à cultura e política de massas e a crítica à dialéctica das luzes (Aufklärung), 6) experiência pessoal e política, com a ascensão do nazismo. Nele há influências pessimistas, de Schopenhauer, Nietzshe e Kierkgaard.
Elementos constantes da obra de Adorno são os seguintes: 1) denúncia e recuperação, 2) situação aporética da sociedade (que inclui a arte e a cultura), 3) teoria do mundo administrado, 4) indústria cultural (Kulturindustrie). Lêem-se as obras de Adorno na perspectiva da denúncia (Jimenez, 1977: 31). A produção artística é manipulada, segundo Adorno, que se insurge contra os meios ideológicos que permitem e “justificam” essa manipulação (recuperação). A arte está num impasse - é a situação aporética. Após se libertar das funções cultuais, religiosas e morais, a arte entra nos circuitos económicos. E, para além de entrar nos circuitos das mercadorias (indústria cultural), a arte serve também de veículo ideológico à dominação do mundo administrado, sociedade tecnocrática onde tudo se mede, etiqueta, vende e consome.
[continua]
O pensamento de Adorno é adverso à ideia de sistema fechado, caso da Teoria Estética, que sofre o desmembramento próprio da fragmentação – tem uma construção paratática (a parataxe ou coordenação é uma construção em que os membros se ordenam numa sequência mas não se conjugam como se se tratasse de um sintagma. Na parataxe cada termo vale por si). A forma de apresentação paratática reforça a forma aporética da obra (aporia é a dificuldade ou mesmo ausência de saída, podendo constituir até uma dificuldade lógica insuperável).
O carácter fragmentário da Teoria Estética, editada postumamente em 1970, dedicada a Samuel Beckett, deve entender-se do seguinte modo: 1) constitui-se por textos muito curtos, 2) é um imenso fragmento. Tal carácter possibilita a leitura em múltiplas entradas (Jimenez, 1977: 13).
Segundo Martin Jay (1984: 15-22), o pensamento adorniano tem as seguintes coordenadas: 1) marxismo – o da tradição heterodoxa do pensamento marxista ocidental (escola de Frankfurt, Instituto de Pesquisas Sociais, 1924), 2) modernismo estético – para além de filósofo e sociólogo, Adorno foi músico e compositor, absorvendo a moderna música atonal de Schoenberg, durante a sua estada em Viena, nos anos 20, 3) conservadorismo cultural – apesar das suas inclinações marxistas e modernistas, Adorno conserva uma distanciação profunda para com a cultura de massa e olha com aversão a razão tecnológica, instrumental. Critica o jazz e os blues. Faz parte do designado declínio dos mandarins (senhores feudais) alemães. O seu pensamento é negativo. Para além disso, Adorno mantém uma apreciação de figuras reaccionárias, o que põe em causa o modernismo que defende, 4) influência do pensamento judaico – embora não tão envolvido no judaísmo como Walter Benjamin, há uma certa influência do seu pensamento. Meio judeu por nascimento, embora identificado com o catolicismo da mãe, no exílio Adorno toma conhecimento profundo da sua herança judaica. Costumara citar: “Escrever poesia depois de Auschwitz é bárbaro”. Como Horkheimer, Adorno não falará na alternativa utópica (cara a Marcuse, cuja última obra se debruça sobre estética), pela referência à proibição judaica de pintar Deus ou o paraíso. Articula, desde o holocausto nazi, os pensamentos antisemita e totalitário, 5) desconstrucionismo (movimento que emerge com os pós-estruturalistas, em 1967. Adorno morre em 1969) – há ligações, talvez fortuitas, entre ele e a amizade que une Walter Benjamin ao círculo de proto-descontrucionismo do colégio de sociologia (Georges Bataille, Pierre Klossowski, Roger Caillois). Em Adorno, a sua antecipação do descontrucionismo vem da apreciação de Nietzsche. Divergindo de outros marxistas – como Lukács, que via em Nietzsche um perigoso e irracional precursor do fascismo – Adorno gostava dele pela crítica à cultura e política de massas e a crítica à dialéctica das luzes (Aufklärung), 6) experiência pessoal e política, com a ascensão do nazismo. Nele há influências pessimistas, de Schopenhauer, Nietzshe e Kierkgaard.
Elementos constantes da obra de Adorno são os seguintes: 1) denúncia e recuperação, 2) situação aporética da sociedade (que inclui a arte e a cultura), 3) teoria do mundo administrado, 4) indústria cultural (Kulturindustrie). Lêem-se as obras de Adorno na perspectiva da denúncia (Jimenez, 1977: 31). A produção artística é manipulada, segundo Adorno, que se insurge contra os meios ideológicos que permitem e “justificam” essa manipulação (recuperação). A arte está num impasse - é a situação aporética. Após se libertar das funções cultuais, religiosas e morais, a arte entra nos circuitos económicos. E, para além de entrar nos circuitos das mercadorias (indústria cultural), a arte serve também de veículo ideológico à dominação do mundo administrado, sociedade tecnocrática onde tudo se mede, etiqueta, vende e consome.
[continua]
O pensamento de Adorno é adverso à ideia de sistema fechado, caso da Teoria Estética, que sofre o desmembramento próprio da fragmentação – tem uma construção paratática (a parataxe ou coordenação é uma construção em que os membros se ordenam numa sequência mas não se conjugam como se se tratasse de um sintagma. Na parataxe cada termo vale por si). A forma de apresentação paratática reforça a forma aporética da obra (aporia é a dificuldade ou mesmo ausência de saída, podendo constituir até uma dificuldade lógica insuperável).
O carácter fragmentário da Teoria Estética, editada postumamente em 1970, dedicada a Samuel Beckett, deve entender-se do seguinte modo: 1) constitui-se por textos muito curtos, 2) é um imenso fragmento. Tal carácter possibilita a leitura em múltiplas entradas (Jimenez, 1977: 13).
Segundo Martin Jay (1984: 15-22), o pensamento adorniano tem as seguintes coordenadas: 1) marxismo – o da tradição heterodoxa do pensamento marxista ocidental (escola de Frankfurt, Instituto de Pesquisas Sociais, 1924), 2) modernismo estético – para além de filósofo e sociólogo, Adorno foi músico e compositor, absorvendo a moderna música atonal de Schoenberg, durante a sua estada em Viena, nos anos 20, 3) conservadorismo cultural – apesar das suas inclinações marxistas e modernistas, Adorno conserva uma distanciação profunda para com a cultura de massa e olha com aversão a razão tecnológica, instrumental. Critica o jazz e os blues. Faz parte do designado declínio dos mandarins (senhores feudais) alemães. O seu pensamento é negativo. Para além disso, Adorno mantém uma apreciação de figuras reaccionárias, o que põe em causa o modernismo que defende, 4) influência do pensamento judaico – embora não tão envolvido no judaísmo como Walter Benjamin, há uma certa influência do seu pensamento. Meio judeu por nascimento, embora identificado com o catolicismo da mãe, no exílio Adorno toma conhecimento profundo da sua herança judaica. Costumara citar: “Escrever poesia depois de Auschwitz é bárbaro”. Como Horkheimer, Adorno não falará na alternativa utópica (cara a Marcuse, cuja última obra se debruça sobre estética), pela referência à proibição judaica de pintar Deus ou o paraíso. Articula, desde o holocausto nazi, os pensamentos antisemita e totalitário, 5) desconstrucionismo (movimento que emerge com os pós-estruturalistas, em 1967. Adorno morre em 1969) – há ligações, talvez fortuitas, entre ele e a amizade que une Walter Benjamin ao círculo de proto-descontrucionismo do colégio de sociologia (Georges Bataille, Pierre Klossowski, Roger Caillois). Em Adorno, a sua antecipação do descontrucionismo vem da apreciação de Nietzsche. Divergindo de outros marxistas – como Lukács, que via em Nietzsche um perigoso e irracional precursor do fascismo – Adorno gostava dele pela crítica à cultura e política de massas e a crítica à dialéctica das luzes (Aufklärung), 6) experiência pessoal e política, com a ascensão do nazismo. Nele há influências pessimistas, de Schopenhauer, Nietzshe e Kierkgaard.
Elementos constantes da obra de Adorno são os seguintes: 1) denúncia e recuperação, 2) situação aporética da sociedade (que inclui a arte e a cultura), 3) teoria do mundo administrado, 4) indústria cultural (Kulturindustrie). Lêem-se as obras de Adorno na perspectiva da denúncia (Jimenez, 1977: 31). A produção artística é manipulada, segundo Adorno, que se insurge contra os meios ideológicos que permitem e “justificam” essa manipulação (recuperação). A arte está num impasse - é a situação aporética. Após se libertar das funções cultuais, religiosas e morais, a arte entra nos circuitos económicos. E, para além de entrar nos circuitos das mercadorias (indústria cultural), a arte serve também de veículo ideológico à dominação do mundo administrado, sociedade tecnocrática onde tudo se mede, etiqueta, vende e consome.
[continua]
O pensamento de Adorno é adverso à ideia de sistema fechado, caso da Teoria Estética, que sofre o desmembramento próprio da fragmentação – tem uma construção paratática (a parataxe ou coordenação é uma construção em que os membros se ordenam numa sequência mas não se conjugam como se se tratasse de um sintagma. Na parataxe cada termo vale por si). A forma de apresentação paratática reforça a forma aporética da obra (aporia é a dificuldade ou mesmo ausência de saída, podendo constituir até uma dificuldade lógica insuperável).
O carácter fragmentário da Teoria Estética, editada postumamente em 1970, dedicada a Samuel Beckett, deve entender-se do seguinte modo: 1) constitui-se por textos muito curtos, 2) é um imenso fragmento. Tal carácter possibilita a leitura em múltiplas entradas (Jimenez, 1977: 13).
Segundo Martin Jay (1984: 15-22), o pensamento adorniano tem as seguintes coordenadas: 1) marxismo – o da tradição heterodoxa do pensamento marxista ocidental (escola de Frankfurt, Instituto de Pesquisas Sociais, 1924), 2) modernismo estético – para além de filósofo e sociólogo, Adorno foi músico e compositor, absorvendo a moderna música atonal de Schoenberg, durante a sua estada em Viena, nos anos 20, 3) conservadorismo cultural – apesar das suas inclinações marxistas e modernistas, Adorno conserva uma distanciação profunda para com a cultura de massa e olha com aversão a razão tecnológica, instrumental. Critica o jazz e os blues. Faz parte do designado declínio dos mandarins (senhores feudais) alemães. O seu pensamento é negativo. Para além disso, Adorno mantém uma apreciação de figuras reaccionárias, o que põe em causa o modernismo que defende, 4) influência do pensamento judaico – embora não tão envolvido no judaísmo como Walter Benjamin, há uma certa influência do seu pensamento. Meio judeu por nascimento, embora identificado com o catolicismo da mãe, no exílio Adorno toma conhecimento profundo da sua herança judaica. Costumara citar: “Escrever poesia depois de Auschwitz é bárbaro”. Como Horkheimer, Adorno não falará na alternativa utópica (cara a Marcuse, cuja última obra se debruça sobre estética), pela referência à proibição judaica de pintar Deus ou o paraíso. Articula, desde o holocausto nazi, os pensamentos antisemita e totalitário, 5) desconstrucionismo (movimento que emerge com os pós-estruturalistas, em 1967. Adorno morre em 1969) – há ligações, talvez fortuitas, entre ele e a amizade que une Walter Benjamin ao círculo de proto-descontrucionismo do colégio de sociologia (Georges Bataille, Pierre Klossowski, Roger Caillois). Em Adorno, a sua antecipação do descontrucionismo vem da apreciação de Nietzsche. Divergindo de outros marxistas – como Lukács, que via em Nietzsche um perigoso e irracional precursor do fascismo – Adorno gostava dele pela crítica à cultura e política de massas e a crítica à dialéctica das luzes (Aufklärung), 6) experiência pessoal e política, com a ascensão do nazismo. Nele há influências pessimistas, de Schopenhauer, Nietzshe e Kierkgaard.
Elementos constantes da obra de Adorno são os seguintes: 1) denúncia e recuperação, 2) situação aporética da sociedade (que inclui a arte e a cultura), 3) teoria do mundo administrado, 4) indústria cultural (Kulturindustrie). Lêem-se as obras de Adorno na perspectiva da denúncia (Jimenez, 1977: 31). A produção artística é manipulada, segundo Adorno, que se insurge contra os meios ideológicos que permitem e “justificam” essa manipulação (recuperação). A arte está num impasse - é a situação aporética. Após se libertar das funções cultuais, religiosas e morais, a arte entra nos circuitos económicos. E, para além de entrar nos circuitos das mercadorias (indústria cultural), a arte serve também de veículo ideológico à dominação do mundo administrado, sociedade tecnocrática onde tudo se mede, etiqueta, vende e consome.
[continua]
O pensamento de Adorno é adverso à ideia de sistema fechado, caso da Teoria Estética, que sofre o desmembramento próprio da fragmentação – tem uma construção paratática (a parataxe ou coordenação é uma construção em que os membros se ordenam numa sequência mas não se conjugam como se se tratasse de um sintagma. Na parataxe cada termo vale por si). A forma de apresentação paratática reforça a forma aporética da obra (aporia é a dificuldade ou mesmo ausência de saída, podendo constituir até uma dificuldade lógica insuperável).
O carácter fragmentário da Teoria Estética, editada postumamente em 1970, dedicada a Samuel Beckett, deve entender-se do seguinte modo: 1) constitui-se por textos muito curtos, 2) é um imenso fragmento. Tal carácter possibilita a leitura em múltiplas entradas (Jimenez, 1977: 13).
Segundo Martin Jay (1984: 15-22), o pensamento adorniano tem as seguintes coordenadas: 1) marxismo – o da tradição heterodoxa do pensamento marxista ocidental (escola de Frankfurt, Instituto de Pesquisas Sociais, 1924), 2) modernismo estético – para além de filósofo e sociólogo, Adorno foi músico e compositor, absorvendo a moderna música atonal de Schoenberg, durante a sua estada em Viena, nos anos 20, 3) conservadorismo cultural – apesar das suas inclinações marxistas e modernistas, Adorno conserva uma distanciação profunda para com a cultura de massa e olha com aversão a razão tecnológica, instrumental. Critica o jazz e os blues. Faz parte do designado declínio dos mandarins (senhores feudais) alemães. O seu pensamento é negativo. Para além disso, Adorno mantém uma apreciação de figuras reaccionárias, o que põe em causa o modernismo que defende, 4) influência do pensamento judaico – embora não tão envolvido no judaísmo como Walter Benjamin, há uma certa influência do seu pensamento. Meio judeu por nascimento, embora identificado com o catolicismo da mãe, no exílio Adorno toma conhecimento profundo da sua herança judaica. Costumara citar: “Escrever poesia depois de Auschwitz é bárbaro”. Como Horkheimer, Adorno não falará na alternativa utópica (cara a Marcuse, cuja última obra se debruça sobre estética), pela referência à proibição judaica de pintar Deus ou o paraíso. Articula, desde o holocausto nazi, os pensamentos antisemita e totalitário, 5) desconstrucionismo (movimento que emerge com os pós-estruturalistas, em 1967. Adorno morre em 1969) – há ligações, talvez fortuitas, entre ele e a amizade que une Walter Benjamin ao círculo de proto-descontrucionismo do colégio de sociologia (Georges Bataille, Pierre Klossowski, Roger Caillois). Em Adorno, a sua antecipação do descontrucionismo vem da apreciação de Nietzsche. Divergindo de outros marxistas – como Lukács, que via em Nietzsche um perigoso e irracional precursor do fascismo – Adorno gostava dele pela crítica à cultura e política de massas e a crítica à dialéctica das luzes (Aufklärung), 6) experiência pessoal e política, com a ascensão do nazismo. Nele há influências pessimistas, de Schopenhauer, Nietzshe e Kierkgaard.
Elementos constantes da obra de Adorno são os seguintes: 1) denúncia e recuperação, 2) situação aporética da sociedade (que inclui a arte e a cultura), 3) teoria do mundo administrado, 4) indústria cultural (Kulturindustrie). Lêem-se as obras de Adorno na perspectiva da denúncia (Jimenez, 1977: 31). A produção artística é manipulada, segundo Adorno, que se insurge contra os meios ideológicos que permitem e “justificam” essa manipulação (recuperação). A arte está num impasse - é a situação aporética. Após se libertar das funções cultuais, religiosas e morais, a arte entra nos circuitos económicos. E, para além de entrar nos circuitos das mercadorias (indústria cultural), a arte serve também de veículo ideológico à dominação do mundo administrado, sociedade tecnocrática onde tudo se mede, etiqueta, vende e consome.
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