1. A PIDE antes da PIDE é uma série documental realizada por Jacinto Godinho e com coordenação científica de Irene Pimentel, em nove episódios, na RTP 2. No episódio inicial, falou-se do capitão Agostinho Lourenço, diretor da Polícia Internacional em 1931, primeiro diretor da PVDE (1933) e da PIDE (1945), revelando o seu passado ligado aos republicanos de direita, à sua passagem na I Guerra Mundial e relação com Sidónio Pais e Machado dos Santos, este o herói do 5 de outubro de 1910 e presente em muitos golpes políticos durante a I República até ao seu assassinato.
Do que vi, trata-se de um trabalho sério, muito assente em arquivos e comentários de especialistas não longos mas esclarecedores e que assume, se necessário, a dificuldade de provas em algumas ligações quando a investigação não o conseguiu estabelecer. Muitas imagens e documentos, além de uma locução eficaz - vistos no primeiro episódio -, dão vontade de continuar a ver a série.
2. A série levanta a questão da História das associações e do futuro do historiador. Este tem-se visto ameaçado pelo trabalho dos amadores que escrevem na internet e são responsáveis por sítios de grande procura como os relacionados com genealogias (caso do geneall). Estes sítios são crescentemente rentáveis. A História é também aproveitada pelas séries de televisão como o (Conta-me como Foi). Neste aspeto, a jornalista Helena Matos destacou-se, porque foi conselheira científica e tem trabalhado em programas da rádio pública. Uma terceira atividade crescente é a dos guias de turismo nas cidades.
A História deixa o lado enfadonho de mergulhar em arquivos e seguir a vida de pessoas importantes ou famosas e passa a ser uma disciplina que aproveita o contributo de muitos milhares de pequenos produtores de informação que colocam fotografias, memórias ou simples ângulos de vista de um acontecimento. Para ler sobre esta matéria: Pedro Ramos Pinto e Bertrand Taithe (2015). The Impact of History? Histories at the Beginning of the Twenty-First Century.
Foi ontem de manhã que a ERC, a Universidade Católica e a GfK apresentaram o estudo As Novas Dinâmicas do Consumo Audiovisual em Portugal, mais assente na televisão que nos restantes media audiovisuais. Conforme alguém da assistência resumia na parte de debate, desapareceram alguns mitos da atual conceção dos media: a internet atinge 60% da população, a televisão é o meio audiovisual de maior consumo de informação e entretenimento, o consumo é fundamentalmente linear (o consumo posterior ou time-shift tem uma expressão de 12%).
O cenário do auditório em que decorreu a apresentação dos resultados estava bonito - parecia a sala de estar onde consumimos habitualmente a televisão, a preparar a apologia deste meio de comunicação. Os resultados foram apresentados por Nelson Ribeiro e Catarina Burnay, investigadores da Universidade Católica, e Joelma Garcia e Natacha Cabral, especialistas e responsáveis da GfK.
Retenho-me no sumário executivo do documento apresentado (total de 66 páginas, e que pode ser lido aqui). O sumário executivo divide-se em duas partes (consumo de media; consumo de conteúdos audiovisuais). Enfatizo a segunda parte do sumário executivo: equipamentos/aparelhos, consumo por tipos de conteúdos, consumo em direto versus em diferido, multi-ecrãs, rotinas de consumo de televisão indoor, outdoor e em linha e subscrição de conteúdos em linha. Foco ainda mais em pormenor no consumo por tipos de conteúdos: informação (89,5%), telenovelas, filmes e séries (56,3%), entretenimento (50,3%), documentários (47,2%), desporto (44,6%) música e desenhos animados (perto de 30%). O trabalho de campo, realizado pela Intercampus, foi feito entre 3 de outubro e 30 de novembro de 2015, num processo de random-route para seleção do lar e teve uma amostra inicial de 1018 entrevistas.
A conferência terminou com a participação de Nuno Artur Silva (RTP) e José Eduardo Moniz (especialista de televisão e antigo diretor-geral da TVI)
[vídeos com parcelas das intervenções de Catarina Burnay e Joelma Garcia]
Tenho colaborado com a Arroios TV, na rubrica Associações e Coletividades. O primeiro episódio foi sobre a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto. O segundo, com vídeos aqui, foi sobre o Teatro Bocage. Entrámos pelas peças, nos ensaios, nos bastidores e nas conversas com responsáveis pela produção, encenação e representação.
Carlos Cruz, 73 anos, antigo locutor e apresentador de rádio e televisão, lança a sua autobiografia (592 páginas e 250 fotografias), Uma Vida, onde escreve sobre a sua carreira. O livro tem prefácios do ator Virgílio Castelo e do jornalista Adelino Gomes e posfácio do fadista Carlos do Carmo. A sessão de apresentação está indicada para as 18:30 do dia 22 no Altis Grand Hotel, com apresentação de D. Januário Torgal Ferreira, e participação de Ruy de Carvalho e dos músicos Jorge Quintela, Nanã Sousa Dias e Paulo Ramos.
Carlos Cruz foi locutor e produtor de programas (como Zip-Zip, que partilhou com dois outros grandes homens dos media, José Fialho Gouveia e Raul Solnado, e Pão com Manteiga), diretor de informação, diretor de programas e diretor-coordenador da RTP1.
Retiro do Diário de Notícias online: "Os quatro canais generalistas registaram, em 2015, uma quota de mercado inferior à do ano anterior. A TVI continua a ser o canal preferido dos portugueses (22,5% de share em 2015 e 23,5% no ano anterior). A SIC segue em segundo lugar (18,7% em 2015, 19,1% em 2014), a RTP1 em terceiro (14,8% em 2015, 15,6% no ano anterior). A RTP2 registou 2% de share em 2015, menos uma décima do que em 2014. Números que se explicam com o crescimento de audiência dos canais por cabo, tendência que já se verifica de alguns anos a esta parte: assim, o conjunto de canais de cabo registou, em 2015, um share de 31,1% (contra os 29,3% do ano anterior). No segmento dos canais de informação, de assinalar a tendência de crescimento da SIC Notícias e da TVI24 e a queda da RTP3. O canal de notícias da SIC registou, em 2015, um share de 1,9% (1,7% em 2014). A TVI24 subiu dos 1,3% de 2014 para 1,6% em 2015. O canal de informação da estação pública de televisão caiu uma décima (0,9%)".
A descida dos canais generalistas e a subida dos canais por cabo acompanha, noutros media, a quebra de leitura de jornais em papel e o crescimento do consumo da internet nomeadamente em telemóveis inteligentes, situação verificável nos últimos anos. A interatividade e a autoedição tornam-se cada vez mais atrativas do que a receção passiva. Mas falta a edição crítica e de referência, como se lê no artigo de José Pacheco Pereira hoje no Público: "Os jornalistas têm um grande masoquismo, para não lhe chamar outra coisa, ao dar estatuto noticioso às “redes sociais”, sem a mediação e edição jornalística". E ele conclui: "cada vez mais o chamado “jornalismo de investigação” está no centro do jornalismo que ainda sobrevive em papel". Ou Alexandra Lucas Coelho, no dia 27 de dezembro último com o texto Para não acabar de vez com os jornais (e a democracia), onde ela lamenta o desaparecimento de jornais como Sol e i, os despedimentos no Público, a sua condição de colaboradora após a vaga anterior de despedimentos de jornalistas. Ela pede que o Público, dado ser um "perdório" de dinheiro desde o seu início, que se transforme em modelo de fundação e se defina como meio de responsabilidade social.
A quebra de audiências nos canais generalistas tem consequências, como menos trabalho e encomendas mas o modelo parece condenado, pela perspetiva generalista dos canais. Houve esse tempo de ouro do modelo generalista mas agora há uma inclinação para a especialização temática. Contudo, à perda de audiências dos canais generalistas assiste-se a um aumento do poder negocial dos operadores de telecomunicações, evidente nos negócios das três últimas semanas com os clubes desportivos mais fortes em Portugal. Esse maior poder negocial dos operadores de telecomunicações transfere para estes as decisões de conteúdos, o que não é igualmente bom para o pluralismo de expressões culturais.
O Diário Popular, de 31 de março de 1968, publicava uma notícia sobre a assembleia-geral da RTP. Os corpos gerentes eram: a presidente da assembleia-geral o Posto Emissor de Radiodifusão do Funchal, o Conselho de Administração tinha elementos de Rádio Clube Português e Rádio Renascença e Manuel Bivar (diretor técnico da Emissora Nacional) e o Conselho Fiscal tinha elementos de Rádio Clube de Moçambique e dos Emissores do Norte Reunidos. Por Rádio Clube Português, estava Alberto Lima Basto, falecido pouco depois e substituído por Júlio Botelho Moniz.
Arrancou ontem o canal de televisão Arroios TV, projeto daquela autarquia de Lisboa. Segundo notícia ontem do jornal Público, são cerca de 48 mil euros investidos - 35 mil para a aquisição de equipamentos como câmaras de filmar e computadores, 10 mil para o estúdio, localizado num dos pólos da junta de freguesia, e 2350 euros para a anuidade do canal MEO.
Ainda de acordo com a mesma notícia, "não há uma equipa própria para a Arroios TV, esta será composta por pessoas que trabalham simultaneamente noutros projectos e se voluntariaram para ajudar. Muitos deles são jovens em estágio profissional". A transmissão do canal será feita de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas, com repetições aos fins-de-semana. A Arroios TV será inicialmente transmitida nos pólos que a junta tem na freguesia mas em breve será alargada a outros locais, como os mercados. A transmissão pode ser vista no canal Meo 5050 (www.kanal.pt/5050). Na mesma notícia, indica-se que o canal Arroios TV pretende reforçar a sua componente internacional ao incorporar o projeto de cinema Arroios Film Festival 2016 (1 a 8 de julho), conciliando multiculturalidade e cinema,
[o vídeo mostra alguns preparativos e entrevistas a alguns dos principais intervenientes]
Amanhã, a partir das 10:00, a Arroios TV começa a emitir em direto do Largo do Intendente Pina Manique, Lisboa. Projeto da Junta de Freguesia de Arroios, estará presente na emissão inaugural o olisipógrafo José Sarmento de Matos. O acesso à emissão faz-se através do canal 5050 do Meo ou através de www.kanal.pt/5050. Ver vídeo de introdução.
Dois dos mais conhecidos animadores de televisão e rádio, Júlio Isidro e Carlos Cruz, preparam as suas memórias. As do primeiro estarão prontas no final deste ano, segundo a TV Guia. As do segundo estarão já escritas mas não conheço o processo de edição.
Quer um quer outro são ou foram figuras destacadas dos media audiovisuais desde meados da década de 1960, nomeadamente concursos e festivais. Ambos foram também locutores de noticiários.