António Granado escreveu o seguinte: "O PONTO MEDIA chega hoje ao fim. Foram 15 anos de vida, acompanhado pelos melhores leitores. Quando, ainda no ano 2000, decidi criar este blog como resolução de novo milénio, sempre pensei que os posts teriam de ser úteis para quem o visitasse. Fiz questão de optar por um estilo curto (às vezes demasiado curto, admito), privilegiando links para textos que me pareciam interessantes e que pudessem trazer alguma novidade ao campo do ciberjornalismo, mas não só. O blog serviu também, como tantas vezes disse, para me organizar melhor, para conseguir ter à mão uma grande diversidade de textos que pudesse utilizar nas aulas ou recomendar aos alunos. Nesse sentido, o Ponto Media cumpriu o seu propósito e acho que terá sido proveitoso para quem o acompanhou".
Ao António Granado, os meus agradecimentos pelos seus textos e pelo incentivo dado quando eu quis também terminar este espaço. Também eu gostaria que ele continuasse, um blogue que até tem ISSN.
Foi defendida a tese de doutoramento de José Gabriel Andrade Júnior, O Espaço Global da Língua Portuguesa, no passado dia 10 de setembro, na Universidade Católica Portuguesa. Brasileiro de Santos, São Paulo, Gabriel Andrade fez o centro da sua investigação o uso das tecnologias da informação nos portugueses a viver no Brasil e nos brasileiros a residir em Portugal, num total de 21 respondentes. Com um aparato teórico forte, apoiado nomeadamente em autores como Arjun Appadurai, Homi Bhabha, Néstor Canclini, Jesús Martín-Barbero, Sérgio Buarque da Holanda, Isabel Ferin, Boaventura Sousa Santos, Manuel Castells e Rosa Cabecinhas, o jovem investigador cruzou os conceitos de lusofonia, globalização e tecnologia dos novos media e definiu um pentagrama onde articulou media, turismo, migrações, governo e organização.
Na fotografia, da esquerda para a direita: Anthony Pereira, Verónica Policarpo, Fernando Ilharco (orientador), José Gabriel Andrade, Isabel Gil (vice-reitora da Universidade Católica), Rogério Santos e Isabel Ferin.
Em 2000, Carlos Leone organizou um livro com o título Rumo ao Cibermundo?, onde me juntou a um notável grupos de intelectuais: Rui Bebiano, Carlos Vidal e Hermínio Martins.
Hoje, dia em que se soube da morte de Hermínio Martins, vale a pena recordar o que ele escreveu então, um texto pujante de cerca de 25 páginas sob o título "Tecnociência e Arte". Com pouco espaço para parágrafos distintos, ele começou por identificar o conceito de sociedade científico-industrial em França entre 1815 e 1820. Depois, convoca-nos para olhar as visões saint-simonianas e positivistas, tornadas menos obsoletas que antes da onda do discurso do inevitabilismo ocidental liberal tecnocientífico nas democracias de mercado e de igual inevitabilismo do Estado socialista (p. 13). De passagem, Martins critica os modernistas, como Yeats, Pound, Joyce e Eliot, que rejeitaram o mito do progresso e da revolução mas se comprometeram com movimentos fascistas ou para-fascistas.
E também olhou para os fuuristas, para quem as máquinas se associavam ao belo e ao sublime. Os futuristas legaram-nos a palavra neolatria ou tecnolatria (p. 20). Tal, no fundo, queria significar o carinho pelo novo, pelo produzido pela novidade (o nosso António Ferro pode pertencer a este grupo, acrescento). Glorificar o novo é destruir os bens sobejantes, os modos de sentir antigos, em que se incluem os planeadores urbanos modernos.
No seu caminho, Hermínio Martins elucida-nos da nossa situação presente, a do estado da natureza cibernético, de natureza-como-informação, de estado de cultura cibernético (p. 25). O filósofo comparou a ciência militar e o desenvolvimento de instalações computacionais (com frequência, com o nosso desejo de elogiar os computadores e a internet, esquecemo-nos desta origem, acrescento). O autor quase acaba o seu texto, identificando um revivalismo do platonismo científico (p. 27), com espaço para a experimentação mental e para a crítica, empregando o termo re-uso, signifique ele o que significar, mas suficiente para permitir a liberdade de pensar, julgo eu.
Hermínio Martins nasceu em Maputo, Moçambique, em 1934. Na década de 1950, exilou-se no Reino Unido, onde ensinou nas universidades de Leeds e Essex e no St. Antony’s College da Universidade de Oxford. Publicou Classe, Status e Poder e outros Ensaios sobre o Portugal Contemporâneo (1998) na editora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, coordenou a obra Dilemas da Civilização Tecnológica (2003), em que o seu discípulo José Luís Garcia desempenhou um papel importante, escreveu Hegel, Texas, e outros Ensaios de Teoria Social (Século XXI, 1996) e Experimentum Humanum: Civilização Tecnológica e Condição Humana (Relógio D’Água). Tinha quase pronto um volume com Rui Feijó, em que tratava o 5 de Outubro, o 28 de Maio e o 25 de Abril na perspetiva comparativa, histórica e sociológica. Nos últimos anos, a sociologia e filosofia da ciência e da tecnologia ocuparam parte substancial das suas reflexões (dados recolhidos no texto do jornal Público).
O vídeo conta a visita ao Espaço-Memória das Telecomunicações (Valadares, Vila Nova de Gaia), guiada por Manuel Carvalho e Alcides Ferreira. O Espaço-Memória tem equipamentos telefónicos e de telecomunicações que foram usados na empresa Telefones de Lisboa e Porto, desaparecida em 1994 por fusão com outras empresas, de onde se originou a empresa Portugal Telecom.
G. W. B. Pope realizou e A. Mota Braga fez as legendas. O filme chama-se Construção da Central da Lapa - 1954. O original tinha uma voz off que relatava em inglês a sequência do filme.
O engenheiro inglês G. W. B. Pope trabalhou na APT (Anglo-Portuguese Telephone) no Porto, onde foi dirigente. Ele tinha uma grande paixão pelo cinema, pois em sua casa montou uma sala de projetar cinema. Podemos dizer que era um amador e que aplicou à história da central da Lapa (Porto) o que viu nos filmes. Por vezes, deteta-se o neo-realismo dos filmes da época, nomeadamente quando os guarda-fios puxam um cabo ao longo de um campo plano. Fernando Gonçalves, que trabalhou na APT antes de enveredar pela carreira na rádio e no mundo dos espetáculos musicais, aparece no filme, mostrando um antes e um depois da automatização da central telefónica. Guarda-cabos, guarda-fios, mecânicos de construção têm uma boa representação.
Há pormenores da cidade do Porto nessa época, como as ruas 31 de janeiro (então Santo António) e Catarina. Curiosas também a sequência da chegada de equipamento strowger vindo de Inglaterra ao porto do Douro, junto à Ribeira, e toda a construção do edifício. Para engenheiros civis e de telecomunicações, vale a pena estabelecer comparações entre aquelas e as atuais tecnologias.
O filme a preto e branco é longo (28 minutos), dentro da classificação de curta-metragem. A meu ver, constitui uma pequena obra-prima e um enorme elogio às telecomunicações. Talvez haja hipóteses de uma nova leitura do filme em celulóide, se o original existir, o que poderia levar a uma divulgação internacional [eu não sei se existe espólio documental da APT em Londres]. [o meu agradecimento ao senhor Manuel Carvalho (Associação dos Trabalhadores e Reformados da Portugal Telecom) pela cópia digital].
Nasceu em 4 de Setembro de 1988, numa garagem em Merlon Park. Responsáveis: Sergey Brin e Larry Page quando estudantes de doutoramento na universidade de Stanford. O Google tornou-se, ao longo destes dezasseis anos, o grande gigante da internet.
Nasceu em 4 de Setembro de 1988, numa garagem em Merlon Park. Responsáveis: Sergey Brin e Larry Page quando estudantes de doutoramento na universidade de Stanford. O Google tornou-se, ao longo destes dezasseis anos, o grande gigante da internet.
Lembro-me sempre dos filmes de ficção científica em que o relógio servia para comunicar (telefonar) e obter informação do local onde o seu utilizador estava. Mas nunca mais chegava a realidade.Descobri agora que a realidade se apropriou da ficção, como li no texto editado hoje pelo Guardian, a propósito da feira de Berlin.
Lembro-me sempre dos filmes de ficção científica em que o relógio servia para comunicar (telefonar) e obter informação do local onde o seu utilizador estava. Mas nunca mais chegava a realidade. Descobri agora que a realidade se apropriou da ficção, como li no texto editado hoje pelo Guardian, a propósito da feira de Berlin.
Recentemente, fui surpreendido pelo desaparecimento da marca TMN, os telemóveis da PT, e sua substituição pela marca Meo, que até então era a marca da televisão por cabo da PT. Quem acompanha os negócios diz que isso era inevitável: a lógica do mercado caminhar para marcas de telecomunicações de oferta integrada (Expresso, 1 de Fevereiro de 2014). Mas nem sempre foi assim. Por outro lado, a fusão da Zon e da Optimus pode criar uma nova marca, li na mesma notícia. Estaremos todos atentos a mais esta evolução. Eu retiro uma ilação: a marca é mortal mesmo quando líder, caso da TMN. Novos conceitos e novas tendências surgem - no caso, o telemóvel já não serve apenas para telefonar de um ponto móvel, mas é o ponto de encontro para ouvir música, fotografar e aceder a dados e imagens, o grande negócio hoje.