Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008

CINEMA EM ESTUDO DO OBERCOM

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Terça-feira, 22 de Janeiro de 2008

AINDA O TRABALHO DO OBERCOM SOBRE A IMPRENSA (ONTEM DIVULGADO)


Imprensa sob pressão. As dinâmicas competitivas no mercado da imprensa escrita portuguesa entre 1985 e 2007 é, como escrevi ontem, o research report mais recente do OberCom, assinado por Sandro Mendonça, David Castro, Pedro Cavaco e Gonçalo Lopes.

Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.
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Imprensa sob pressão. As dinâmicas competitivas no mercado da imprensa escrita portuguesa entre 1985 e 2007 é, como escrevi ontem, o research report mais recente do OberCom, assinado por Sandro Mendonça, David Castro, Pedro Cavaco e Gonçalo Lopes.

Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.
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Imprensa sob pressão. As dinâmicas competitivas no mercado da imprensa escrita portuguesa entre 1985 e 2007 é, como escrevi ontem, o research report mais recente do OberCom, assinado por Sandro Mendonça, David Castro, Pedro Cavaco e Gonçalo Lopes.

Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.
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Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.
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Pela sua leitura percebe-se quais os pontos mais importantes na vida das empresas de imprensa no período em análise: 1) processo de privatizações na imprensa (segunda metade dos anos 1980), 2) aparecimento dos jornais on-line (década de 1990), e 3) fenómeno dos jornais gratuitos (presente década).

A meu ver, há outras marcas significativas, tais como a digitalização das redacções, a concorrência das televisões privadas, a entrada de novos jornalistas e técnicos de várias profissões com nível de licenciatura, o peso dos jornais regionais, o aparecimento das rádios locais e a sua venda posterior para grupos de rádio, o recente fenómeno YouTube que faz com que jornais e rádios nacionais coloquem vídeo-notícias nos seus sítios, a separação da redacção clássica face à sua congénere on-line nos anos 1990 e junção já na actual década. Nos jornais gratuitos (como nas televisões privadas), os autores não fazem qualquer comentário sobre os conteúdos (por volta da página 50, falam em conteúdos mas a partir de estatísticas do INE, cujos dados não têm o perfil adequado para se falar em conteúdos, trabalho que tem sido feito nas universidades usando fundamentalmente a análise de conteúdo, ferramenta que os autores não empregam neste estudo).

Já no tocante à dimensão económica, o estudo destaca a concentração (nos jornais mais visível a partir de 2005) e os ciclos económicos (com menor influência, apesar da importância da publicidade). A envolvente ecológica (com um modelo traçado na página 21) merece ser lida no original e na sua totalidade. Destaco o ponto de partida, a análise de Porter: 1) potenciais entrantes, 2) fornecedores, 3) rivais, 4) clientes, e 5) produtos substitutos. Aqui, a equipa liderada por Sandro Mendonça sinaliza os canais de televisão de carácter noticioso, a internet e os jornais gratuitos, acabando por evidenciar estes últimos, pois são os que mais pressionam a imprensa paga.

Da leitura deste estudo fica a impressão de uma má prestação da imprensa escrita paga, pois as vendas têm vindo a baixar: de 300 milhões de exemplares em 1999 para 210,6 milhões em 2005 (nas revistas não há esta tendência negativa mas um equilíbrio). Em especial a passagem de 2004 para 2005 marca de modo muito forte esta quebra. Os autores olham o Público e o Diário de Notícias como aqueles onde há maior fragilidade, questionando mesmo a sua existência no curto-médio prazo. Aliás, o texto em análise acaba deste modo:

O sector da Imprensa já conheceu melhores momentos mas, no entanto, é prematuro afirmar que estamos a presenciar o início do fim do jornal tradicional tal como o conhecemos. É verdade que as ameaças ao sector são mais reais que nunca e que este actualmente não é tão rentável como outrora, contudo isso não quer dizer que o sector não possa sobreviver na nova era digital assentando, porventura, noutro modelo de negócio. E quanto mais pensamos no sucesso dos jornais gratuitos mais nos questionamos se não passará por aí o futuro desta indústria.

De inegável interesse, o estudo enferma, a meu ver, de algumas deficiências. A bibliografia é escassa, atendendo a trabalhos de inegável valor que têm saído nos anos mais recentes. Estou a pensar nos textos de Paulo Faustino, por exemplo (que é um optimista, se oposto ao texto agora presente). Depois, o modelo em anexo (influência do preço na procura de jornais) está pouco explícito e pode originar leituras diferentes, dada a ambiguidade de definição dos conceitos. O facto de concluir pela ideia de possível desaparecimento dos jornais não traz nada de novo. O modelo económico dos media tradicionais como a imprensa pode estar em queda mas não se sabe muito se o modelo de negócio da internet vai ter êxito. A questão da publicidade parece-me de muito importante discussão. Sabemos que a maior fatia de publicidade vai para a televisão; contudo, se os preços reais estiverem 90% ou mais ainda abaixo do tabelado, o que conta na realidade? O estudo segue cegamente dados da Marktest, mas convém afiná-los, olhando, por exemplo, os relatórios das empresas cotadas na bolsa, pois aí consegue-se saber o que não se infere de dados fornecidos sem tratamento.


Sobre os jornais gratuitos deixo as seguintes dúvidas: há controlo de tiragens face à sua distribuição? Dito de outro modo: as pessoas que recebem o jornal, lêem ou deixam-no no caixote do lixo mais próximo, como já vi algumas vezes? Depois: que impacto têm os jornais gratuitos na formação de cidadania, pois os textos são, muitas vezes, "takes" da agência noticiosa? Faltam análises de conteúdo, pois, senão, ficamos no mundo das aparências. E o impacto publicitário, será que os anúncios estão posicionados para os leitores do metro e dos autocarros? Já se fizeram inquéritos cientificos? Por outro lado, os jornais gratuitos têm publicidade porque não falam de casos que afrontam qualquer poder ou, se o fazem, são dados depois dos media influentes o fazerem. E por que é que as empresas dos jornais como o Público e o Diário de Notícias criaram jornais gratuitos? Haverá tempo suficiente para sabermos se o jornal gratuito é algo que veio para ficar ou a publicidade, depois da novidade, volta a fixar-se na televisão? A meu ver, há uma problema de focagem: quem garantia sucesso publicitário na internet antes de 2000-2001, deslumbra-se agora com os jornais gratuitos. Parece existir uma divisão etária: os jornais em papel e pagos para os mais velhos, a internet e os jornais gratuitos para os mais novos. Valeria a pena estudar estas questões.
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