Sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011

NOTA PARA REFLECTIR MAIS À FRENTE

Esta semana (e já na anterior), há um conjunto de notícias sobre a morte de grande número de animais, sem uma explicação plausível:  aves em dois estados americanos (atribuiu-se a fogos de artifício na passagem de ano), morte por frio de peixes nos Estados Unidos, Brasil e Nova Zelândia, rolas-comuns na cidade italiana de Faenza (aqui com o pormenor de misteriosa mancha azul no bico).

Porquê este agendamento? Faltam outras notícias? Quem dá as notícias: cientistas, observadores anónimos em busca de segredos? Assunto trazido à imaginação por filme ou série de televisão recente? Ou: há outros “surtos” de notícias sobre morte de animais em grande quantidade? Sei que as notícias de gripe A, este ano, não têm o impacto do ano anterior. O assunto saiu quase de agenda. Por norma, há um tema de pânico no topo: doenças, mistérios, coisas inexplicáveis, acidentes naturais. Muitas vezes, dá boas imagens, possui ingredientes de boa narrativa. Mas, de histórias de mortandades de animais, não me lembro nos anos mais recentes. Talvez indicie nova abordagem do pânico e da catástrofe.

Assunto a reflectir ao longo destes dias, pois parece-me existir um quadro (framing) interessante.
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Esta semana (e já na anterior), há um conjunto de notícias sobre a morte de grande número de animais, sem uma explicação plausível:  aves em dois estados americanos (atribuiu-se a fogos de artifício na passagem de ano), morte por frio de peixes nos Estados Unidos, Brasil e Nova Zelândia, rolas-comuns na cidade italiana de Faenza (aqui com o pormenor de misteriosa mancha azul no bico).

Porquê este agendamento? Faltam outras notícias? Quem dá as notícias: cientistas, observadores anónimos em busca de segredos? Assunto trazido à imaginação por filme ou série de televisão recente? Ou: há outros “surtos” de notícias sobre morte de animais em grande quantidade? Sei que as notícias de gripe A, este ano, não têm o impacto do ano anterior. O assunto saiu quase de agenda. Por norma, há um tema de pânico no topo: doenças, mistérios, coisas inexplicáveis, acidentes naturais. Muitas vezes, dá boas imagens, possui ingredientes de boa narrativa. Mas, de histórias de mortandades de animais, não me lembro nos anos mais recentes. Talvez indicie nova abordagem do pânico e da catástrofe.

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Porquê este agendamento? Faltam outras notícias? Quem dá as notícias: cientistas, observadores anónimos em busca de segredos? Assunto trazido à imaginação por filme ou série de televisão recente? Ou: há outros “surtos” de notícias sobre morte de animais em grande quantidade? Sei que as notícias de gripe A, este ano, não têm o impacto do ano anterior. O assunto saiu quase de agenda. Por norma, há um tema de pânico no topo: doenças, mistérios, coisas inexplicáveis, acidentes naturais. Muitas vezes, dá boas imagens, possui ingredientes de boa narrativa. Mas, de histórias de mortandades de animais, não me lembro nos anos mais recentes. Talvez indicie nova abordagem do pânico e da catástrofe.

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Porquê este agendamento? Faltam outras notícias? Quem dá as notícias: cientistas, observadores anónimos em busca de segredos? Assunto trazido à imaginação por filme ou série de televisão recente? Ou: há outros “surtos” de notícias sobre morte de animais em grande quantidade? Sei que as notícias de gripe A, este ano, não têm o impacto do ano anterior. O assunto saiu quase de agenda. Por norma, há um tema de pânico no topo: doenças, mistérios, coisas inexplicáveis, acidentes naturais. Muitas vezes, dá boas imagens, possui ingredientes de boa narrativa. Mas, de histórias de mortandades de animais, não me lembro nos anos mais recentes. Talvez indicie nova abordagem do pânico e da catástrofe.

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Terça-feira, 5 de Outubro de 2010

NOTICIÁRIOS TELEVISIVOS

Durante alguns anos, ouvi o Joel Frederico da Silveira falar do projecto de análise de notícias de televisão com Pamela Shoemaker. Infelizmente, ele não teve tempo para ver a edição do livro.

Lê-se na introdução de Telejornais em Exame: "O presente estudo sobre informação televisiva nos canais de sinal aberto portugueses teve a sua origem num conjunto de debates sobre as características e conteúdos do telejornalismo português em anos recentes. Na sua qualidade de membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), o co-coordenador do projecto [Joel Frederico da Silveira] teve a oportunidade de participar em discussões sobre a natureza da informação audiovisual".

A co-coodenadora do projecto [Pamela Shoemaker] participara em 2002 num seminário de investigadores de vários países onde discutira procedimentos metodológicos de análise de informação televisiva, e que se viriam a aplicar na investigação que resulta na presente edição. Assim, o capítulo teórico de Telejornais em Exame pertence a Shoemaker, que apresenta o conceito de noticiabilidade - porque é que um acontecimento tem mais probabilidades de ser notícia do que outro - e constructos teóricos relacionados: desviância (baseado na evolução biológica) e significância social (assente na evolução cultural). A desviância refere-se a assuntos noticiosos imprevistos, diferentes e raros, e incluem os que fornecem quer desvios positivos quer negativos. A significância social quer dizer que um assunto noticioso se refere a pessoas ou instituições consideradas importantes para uma determinada comunidade social.

A investigação seleccionou os noticiários televisivos do prime time emitidos em seis semanas de 2002 - Maio, Junho, Julho e Outubro, criando uma base de dados com 64 campos por cada notícia, num total de quase cinco mil notícias avaliadas em termos de análise de conteúdo. O trabalho ficou assim distribuído: Décio Telo e Gustavo Cardoso analisaram os noticiários da RTP1, António Belo e André Sendim os da SIC, Joaquim Trigo de Negreiros e Telmo Gonçalves os da TVI e Joel Frederico da Silveira e Nuno Brandão os da RTP2. O segundo capítulo, assinado por António Belo, esclarece convenientemente a metodologia empregue. Cada capítulo de análise aos noticiários por canal, além dos resultados, tem um enquadramento histórico e social, que permite ter uma melhor percepção do período estudado. Refira-se que, durante o período do projecto, quatro dos investigadores concluiram as suas teses de doutoramento: Gustavo Cardoso, Jorge Veríssimo, Nuno Brandão e André Sendin. Outros investigadores nacionais (caso de Francisco Rui Cádima) e internacionais (como Akiba Cohen) assinam outros capítulos do livro.

Uma segunda parte do livro apresenta tendências internacionais de noticiários televisivos em diversos países - Estados Unidos, Itália, Espanha, Finlândia -, o que ilustra a importância da obra agora editada, pelas possibilidades de comparabilidade. A obra resulta do trabalho do CIMDE - Centro de Investigação Media e Democracria, associada à Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa).

Algumas das notas que pude retirar da leitura indicam: 1) os principais noticiários desde meados da década de 1990 têm a duração de uma hora, ou até mais, 2) contaminações estratégicas da programação na área da informação [que se mantém, como se viu no último domingo com a promoção do novo reality show da TVI], 3) necessidade de se reforçar o princípio da cidadania, 4) percepção da lógica de alinhamento do texto do noticiário, 5) estratégias de captação e fidelização de públicos, 6) lógicas económicas.

Leitura: Joel Frederico da Silveira e Pamela Shoemaker (org.) (2010). Telejornais em Exame. Lisboa: Colibri, 354 páginas, € 14,40. O livro pode ser lido em comparação e complementaridade com o organizado por Manuel Pinto e Felisbela Lopes (2009). Os 50 anos do Telejornal: estudos sobre a informação televisiva. Ribeirão: Húmus
publicado por industrias-culturais às 10:43
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Durante alguns anos, ouvi o Joel Frederico da Silveira falar do projecto de análise de notícias de televisão com Pamela Shoemaker. Infelizmente, ele não teve tempo para ver a edição do livro.

Lê-se na introdução de Telejornais em Exame: "O presente estudo sobre informação televisiva nos canais de sinal aberto portugueses teve a sua origem num conjunto de debates sobre as características e conteúdos do telejornalismo português em anos recentes. Na sua qualidade de membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), o co-coordenador do projecto [Joel Frederico da Silveira] teve a oportunidade de participar em discussões sobre a natureza da informação audiovisual".

A co-coodenadora do projecto [Pamela Shoemaker] participara em 2002 num seminário de investigadores de vários países onde discutira procedimentos metodológicos de análise de informação televisiva, e que se viriam a aplicar na investigação que resulta na presente edição. Assim, o capítulo teórico de Telejornais em Exame pertence a Shoemaker, que apresenta o conceito de noticiabilidade - porque é que um acontecimento tem mais probabilidades de ser notícia do que outro - e constructos teóricos relacionados: desviância (baseado na evolução biológica) e significância social (assente na evolução cultural). A desviância refere-se a assuntos noticiosos imprevistos, diferentes e raros, e incluem os que fornecem quer desvios positivos quer negativos. A significância social quer dizer que um assunto noticioso se refere a pessoas ou instituições consideradas importantes para uma determinada comunidade social.

A investigação seleccionou os noticiários televisivos do prime time emitidos em seis semanas de 2002 - Maio, Junho, Julho e Outubro, criando uma base de dados com 64 campos por cada notícia, num total de quase cinco mil notícias avaliadas em termos de análise de conteúdo. O trabalho ficou assim distribuído: Décio Telo e Gustavo Cardoso analisaram os noticiários da RTP1, António Belo e André Sendim os da SIC, Joaquim Trigo de Negreiros e Telmo Gonçalves os da TVI e Joel Frederico da Silveira e Nuno Brandão os da RTP2. O segundo capítulo, assinado por António Belo, esclarece convenientemente a metodologia empregue. Cada capítulo de análise aos noticiários por canal, além dos resultados, tem um enquadramento histórico e social, que permite ter uma melhor percepção do período estudado. Refira-se que, durante o período do projecto, quatro dos investigadores concluiram as suas teses de doutoramento: Gustavo Cardoso, Jorge Veríssimo, Nuno Brandão e André Sendin. Outros investigadores nacionais (caso de Francisco Rui Cádima) e internacionais (como Akiba Cohen) assinam outros capítulos do livro.

Uma segunda parte do livro apresenta tendências internacionais de noticiários televisivos em diversos países - Estados Unidos, Itália, Espanha, Finlândia -, o que ilustra a importância da obra agora editada, pelas possibilidades de comparabilidade. A obra resulta do trabalho do CIMDE - Centro de Investigação Media e Democracria, associada à Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa).

Algumas das notas que pude retirar da leitura indicam: 1) os principais noticiários desde meados da década de 1990 têm a duração de uma hora, ou até mais, 2) contaminações estratégicas da programação na área da informação [que se mantém, como se viu no último domingo com a promoção do novo reality show da TVI], 3) necessidade de se reforçar o princípio da cidadania, 4) percepção da lógica de alinhamento do texto do noticiário, 5) estratégias de captação e fidelização de públicos, 6) lógicas económicas.

Leitura: Joel Frederico da Silveira e Pamela Shoemaker (org.) (2010). Telejornais em Exame. Lisboa: Colibri, 354 páginas, € 14,40. O livro pode ser lido em comparação e complementaridade com o organizado por Manuel Pinto e Felisbela Lopes (2009). Os 50 anos do Telejornal: estudos sobre a informação televisiva. Ribeirão: Húmus
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A co-coodenadora do projecto [Pamela Shoemaker] participara em 2002 num seminário de investigadores de vários países onde discutira procedimentos metodológicos de análise de informação televisiva, e que se viriam a aplicar na investigação que resulta na presente edição. Assim, o capítulo teórico de Telejornais em Exame pertence a Shoemaker, que apresenta o conceito de noticiabilidade - porque é que um acontecimento tem mais probabilidades de ser notícia do que outro - e constructos teóricos relacionados: desviância (baseado na evolução biológica) e significância social (assente na evolução cultural). A desviância refere-se a assuntos noticiosos imprevistos, diferentes e raros, e incluem os que fornecem quer desvios positivos quer negativos. A significância social quer dizer que um assunto noticioso se refere a pessoas ou instituições consideradas importantes para uma determinada comunidade social.

A investigação seleccionou os noticiários televisivos do prime time emitidos em seis semanas de 2002 - Maio, Junho, Julho e Outubro, criando uma base de dados com 64 campos por cada notícia, num total de quase cinco mil notícias avaliadas em termos de análise de conteúdo. O trabalho ficou assim distribuído: Décio Telo e Gustavo Cardoso analisaram os noticiários da RTP1, António Belo e André Sendim os da SIC, Joaquim Trigo de Negreiros e Telmo Gonçalves os da TVI e Joel Frederico da Silveira e Nuno Brandão os da RTP2. O segundo capítulo, assinado por António Belo, esclarece convenientemente a metodologia empregue. Cada capítulo de análise aos noticiários por canal, além dos resultados, tem um enquadramento histórico e social, que permite ter uma melhor percepção do período estudado. Refira-se que, durante o período do projecto, quatro dos investigadores concluiram as suas teses de doutoramento: Gustavo Cardoso, Jorge Veríssimo, Nuno Brandão e André Sendin. Outros investigadores nacionais (caso de Francisco Rui Cádima) e internacionais (como Akiba Cohen) assinam outros capítulos do livro.

Uma segunda parte do livro apresenta tendências internacionais de noticiários televisivos em diversos países - Estados Unidos, Itália, Espanha, Finlândia -, o que ilustra a importância da obra agora editada, pelas possibilidades de comparabilidade. A obra resulta do trabalho do CIMDE - Centro de Investigação Media e Democracria, associada à Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa).

Algumas das notas que pude retirar da leitura indicam: 1) os principais noticiários desde meados da década de 1990 têm a duração de uma hora, ou até mais, 2) contaminações estratégicas da programação na área da informação [que se mantém, como se viu no último domingo com a promoção do novo reality show da TVI], 3) necessidade de se reforçar o princípio da cidadania, 4) percepção da lógica de alinhamento do texto do noticiário, 5) estratégias de captação e fidelização de públicos, 6) lógicas económicas.

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A investigação seleccionou os noticiários televisivos do prime time emitidos em seis semanas de 2002 - Maio, Junho, Julho e Outubro, criando uma base de dados com 64 campos por cada notícia, num total de quase cinco mil notícias avaliadas em termos de análise de conteúdo. O trabalho ficou assim distribuído: Décio Telo e Gustavo Cardoso analisaram os noticiários da RTP1, António Belo e André Sendim os da SIC, Joaquim Trigo de Negreiros e Telmo Gonçalves os da TVI e Joel Frederico da Silveira e Nuno Brandão os da RTP2. O segundo capítulo, assinado por António Belo, esclarece convenientemente a metodologia empregue. Cada capítulo de análise aos noticiários por canal, além dos resultados, tem um enquadramento histórico e social, que permite ter uma melhor percepção do período estudado. Refira-se que, durante o período do projecto, quatro dos investigadores concluiram as suas teses de doutoramento: Gustavo Cardoso, Jorge Veríssimo, Nuno Brandão e André Sendin. Outros investigadores nacionais (caso de Francisco Rui Cádima) e internacionais (como Akiba Cohen) assinam outros capítulos do livro.

Uma segunda parte do livro apresenta tendências internacionais de noticiários televisivos em diversos países - Estados Unidos, Itália, Espanha, Finlândia -, o que ilustra a importância da obra agora editada, pelas possibilidades de comparabilidade. A obra resulta do trabalho do CIMDE - Centro de Investigação Media e Democracria, associada à Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa).

Algumas das notas que pude retirar da leitura indicam: 1) os principais noticiários desde meados da década de 1990 têm a duração de uma hora, ou até mais, 2) contaminações estratégicas da programação na área da informação [que se mantém, como se viu no último domingo com a promoção do novo reality show da TVI], 3) necessidade de se reforçar o princípio da cidadania, 4) percepção da lógica de alinhamento do texto do noticiário, 5) estratégias de captação e fidelização de públicos, 6) lógicas económicas.

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