Segunda-feira, 18 de Maio de 2015
António Ferro criou um concurso da aldeia mais portuguesa de Portugal, em 1938, ganhando Monsanto. A ideia era desenvolver nos portugueses o culto pela tradição. Margarida Acciaiuoli, no seu livro sobre
António Ferro. A Vertigem da Palavra (2013: 215) indica que as condições para o concurso implicavam "a conservação das suas características na habitação, no mobiliário e alfaias domésticas, no trajo, nas artes e nas indústrias populares, nas formas de comércio", na preservação da poesia, dos contos, da música, do teatro e das festas. Monsanto venceu, sem unanimidade, face a Orada, Alte e Azinhaga, no Alentejo. Continua Acciaiuoli (2013: 216): "A surpresa de alguns manifesta-se, a iniciativa é criticada, e António Ferro apressa-se então a elucidar os objetivos que tinham presidido a essa sua realização".
Ferro, o intelectual orgânico do Estado Novo, apresentaria Monsanto como "a imagem empolgante da nossa pobreza honrada e limpa" (Acciaiuoli, 2013: 217). O concurso não se repetiu e ficou na memória psicológica a ideia da aldeia mais portuguesa de Portugal aplicada aquela aldeia de Idanha-a-Nova. Hoje, ela faz parte do lote de aldeias históricas, algumas recuperadas recentemente como Castelo Novo (Fundão), parcialmente na segunda fotografia.
Terça-feira, 10 de Março de 2009
O Estado Novo (1926-1974) foi um regime fascista ou uma ditadura e regime autoritário? A historiadora Irene Pimentel, numa aula hoje na Universidade Católica, pendeu para a segunda opção. O regime de Salazar, que assume a presidência do Conselho de Ministros em 1932, é caracterizado como conservador e autoritário, é antiparlamentar mas mantém uma Assembleia Nacional, embora com um só partido.
A aula de Irene Pimentel teve a PIDE, polícia política do Estado Novo, como alvo central. Falou da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), criada em 1933, e da PIDE, que lhe sucedeu em 1945 e durou até 1969, quando mudou de designação para DGS. Apontando distinções com a Gestapo, a polícia política portuguesa dependia do ministério do Interior enquanto a polícia alemã era um estado dentro do Estado. Os presos da PIDE eram colocados em prisão preventiva três meses a que se seguia um outro de igual período. Nesse tempo, os presos eram interrogados. Métodos: não os electrochoques, mas a tortura do sono (privação do sono) e estátua (o preso não se podia mexer). Informadores, escutas telefónicas e intrusão postal eram outras armas usadas pela polícia de Estado. Em 1945, a PIDE adapta a “medida de segurança” à sua actividade: o indivíduo perigoso podia ser internado num hospital. Nesta perspectiva, os presos políticos pertenciam a associações de malfeitores. Nos períodos mais complicados, chegou a haver mais de 500 presos políticos anuais.
Irene Pimentel não analisou a acção da PIDE nas antigas colónias.
O Estado Novo (1926-1974) foi um regime fascista ou uma ditadura e regime autoritário? A historiadora Irene Pimentel, numa aula hoje na Universidade Católica, pendeu para a segunda opção. O regime de Salazar, que assume a presidência do Conselho de Ministros em 1932, é caracterizado como conservador e autoritário, é antiparlamentar mas mantém uma Assembleia Nacional, embora com um só partido.
A aula de Irene Pimentel teve a PIDE, polícia política do Estado Novo, como alvo central. Falou da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), criada em 1933, e da PIDE, que lhe sucedeu em 1945 e durou até 1969, quando mudou de designação para DGS. Apontando distinções com a Gestapo, a polícia política portuguesa dependia do ministério do Interior enquanto a polícia alemã era um estado dentro do Estado. Os presos da PIDE eram colocados em prisão preventiva três meses a que se seguia um outro de igual período. Nesse tempo, os presos eram interrogados. Métodos: não os electrochoques, mas a tortura do sono (privação do sono) e estátua (o preso não se podia mexer). Informadores, escutas telefónicas e intrusão postal eram outras armas usadas pela polícia de Estado. Em 1945, a PIDE adapta a “medida de segurança” à sua actividade: o indivíduo perigoso podia ser internado num hospital. Nesta perspectiva, os presos políticos pertenciam a associações de malfeitores. Nos períodos mais complicados, chegou a haver mais de 500 presos políticos anuais.
Irene Pimentel não analisou a acção da PIDE nas antigas colónias.
O Estado Novo (1926-1974) foi um regime fascista ou uma ditadura e regime autoritário? A historiadora Irene Pimentel, numa aula hoje na Universidade Católica, pendeu para a segunda opção. O regime de Salazar, que assume a presidência do Conselho de Ministros em 1932, é caracterizado como conservador e autoritário, é antiparlamentar mas mantém uma Assembleia Nacional, embora com um só partido.
A aula de Irene Pimentel teve a PIDE, polícia política do Estado Novo, como alvo central. Falou da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), criada em 1933, e da PIDE, que lhe sucedeu em 1945 e durou até 1969, quando mudou de designação para DGS. Apontando distinções com a Gestapo, a polícia política portuguesa dependia do ministério do Interior enquanto a polícia alemã era um estado dentro do Estado. Os presos da PIDE eram colocados em prisão preventiva três meses a que se seguia um outro de igual período. Nesse tempo, os presos eram interrogados. Métodos: não os electrochoques, mas a tortura do sono (privação do sono) e estátua (o preso não se podia mexer). Informadores, escutas telefónicas e intrusão postal eram outras armas usadas pela polícia de Estado. Em 1945, a PIDE adapta a “medida de segurança” à sua actividade: o indivíduo perigoso podia ser internado num hospital. Nesta perspectiva, os presos políticos pertenciam a associações de malfeitores. Nos períodos mais complicados, chegou a haver mais de 500 presos políticos anuais.
Irene Pimentel não analisou a acção da PIDE nas antigas colónias.
O Estado Novo (1926-1974) foi um regime fascista ou uma ditadura e regime autoritário? A historiadora Irene Pimentel, numa aula hoje na Universidade Católica, pendeu para a segunda opção. O regime de Salazar, que assume a presidência do Conselho de Ministros em 1932, é caracterizado como conservador e autoritário, é antiparlamentar mas mantém uma Assembleia Nacional, embora com um só partido.
A aula de Irene Pimentel teve a PIDE, polícia política do Estado Novo, como alvo central. Falou da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), criada em 1933, e da PIDE, que lhe sucedeu em 1945 e durou até 1969, quando mudou de designação para DGS. Apontando distinções com a Gestapo, a polícia política portuguesa dependia do ministério do Interior enquanto a polícia alemã era um estado dentro do Estado. Os presos da PIDE eram colocados em prisão preventiva três meses a que se seguia um outro de igual período. Nesse tempo, os presos eram interrogados. Métodos: não os electrochoques, mas a tortura do sono (privação do sono) e estátua (o preso não se podia mexer). Informadores, escutas telefónicas e intrusão postal eram outras armas usadas pela polícia de Estado. Em 1945, a PIDE adapta a “medida de segurança” à sua actividade: o indivíduo perigoso podia ser internado num hospital. Nesta perspectiva, os presos políticos pertenciam a associações de malfeitores. Nos períodos mais complicados, chegou a haver mais de 500 presos políticos anuais.
Irene Pimentel não analisou a acção da PIDE nas antigas colónias.
O Estado Novo (1926-1974) foi um regime fascista ou uma ditadura e regime autoritário? A historiadora Irene Pimentel, numa aula hoje na Universidade Católica, pendeu para a segunda opção. O regime de Salazar, que assume a presidência do Conselho de Ministros em 1932, é caracterizado como conservador e autoritário, é antiparlamentar mas mantém uma Assembleia Nacional, embora com um só partido.
A aula de Irene Pimentel teve a PIDE, polícia política do Estado Novo, como alvo central. Falou da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), criada em 1933, e da PIDE, que lhe sucedeu em 1945 e durou até 1969, quando mudou de designação para DGS. Apontando distinções com a Gestapo, a polícia política portuguesa dependia do ministério do Interior enquanto a polícia alemã era um estado dentro do Estado. Os presos da PIDE eram colocados em prisão preventiva três meses a que se seguia um outro de igual período. Nesse tempo, os presos eram interrogados. Métodos: não os electrochoques, mas a tortura do sono (privação do sono) e estátua (o preso não se podia mexer). Informadores, escutas telefónicas e intrusão postal eram outras armas usadas pela polícia de Estado. Em 1945, a PIDE adapta a “medida de segurança” à sua actividade: o indivíduo perigoso podia ser internado num hospital. Nesta perspectiva, os presos políticos pertenciam a associações de malfeitores. Nos períodos mais complicados, chegou a haver mais de 500 presos políticos anuais.
Irene Pimentel não analisou a acção da PIDE nas antigas colónias.
No sítio do leste de Angola onde estive entre finais de 1971 e meados de 1973, os militares conheciam os representantes da PIDE. Então, havia três tipos de grupos coloniais brancos, para além dos escassos funcionários públicos: o exército (a companhia central do batalhão, isto é, mais de cem homens), os agentes da polícia política e o comerciante. Este, oriundo da Beira Baixa, servia uns bifes muito apetitosos e possuía moeda própria, isto é, passava senhas aos seus empregados que pagavam com esses papéis os bens que compravam na loja. Além da loja e do restaurante, alugava quartos. Por estranho que pareça, houve duas famílias de militares que lá se alojaram, acompanhando as comissões de maridos ou filhos. Num dos casos, a família era composta pelo militar, mulher, filha, pai, mãe e irmão. Tinham levado de Portugal uma frota de três carros de alta cilindrada (as estradas eram boas; o fomento em Angola conseguira estradas bem melhores do que aqui). A riqueza deles deu para “passarem férias” com o militar.
Não se podia dizer que se jogava xadrez com os representantes da polícia política, mas conheciam-se os seus nomes e as pequenas moradias em que viviam, já não me lembro se com ou sem família, pelo que muitas vezes me cruzei com eles. Por vezes, os militares milicianos, jovens e atrevidos, falavam em política e discordavam da guerra colonial. Houve muitas conversas políticas durante esses longos meses (bem mais interessantes do que as que eu ouvira quando estivera no quartel em Paço d’Arcos e, à noite, alguns de nós jogavam cartas e falavam dos livros que liam, como os de José Cardoso Pires). A reacção dos membros da PIDE naquele canto perdido de Angola era pedir (quase cortezmente) para os militares se calarem. Eles sabiam o desprezo que os militares lhes dedicavam, além de se sentirem em desvantagem numérica dado o número irrisório de agentes e das suas armas (espingardas) serem bem menos poderosas do que as do exército.
Numa zona em que a UNITA era maioritária e estava quase ao serviço dos militares portugueses

e em que a facção Daniel Chipenda do MPLA conseguiu um ou outro êxito (o 1º de Maio de 1972 foi devastador para a nossa companhia, com a morte de sete companheiros), que acções a PIDE levou a efeito? E que relatórios escreveu sobre cada militar?
[imagem de 1972 já aqui publicada em 16 de Dezembro de 2005]
No sítio do leste de Angola onde estive entre finais de 1971 e meados de 1973, os militares conheciam os representantes da PIDE. Então, havia três tipos de grupos coloniais brancos, para além dos escassos funcionários públicos: o exército (a companhia central do batalhão, isto é, mais de cem homens), os agentes da polícia política e o comerciante. Este, oriundo da Beira Baixa, servia uns bifes muito apetitosos e possuía moeda própria, isto é, passava senhas aos seus empregados que pagavam com esses papéis os bens que compravam na loja. Além da loja e do restaurante, alugava quartos. Por estranho que pareça, houve duas famílias de militares que lá se alojaram, acompanhando as comissões de maridos ou filhos. Num dos casos, a família era composta pelo militar, mulher, filha, pai, mãe e irmão. Tinham levado de Portugal uma frota de três carros de alta cilindrada (as estradas eram boas; o fomento em Angola conseguira estradas bem melhores do que aqui). A riqueza deles deu para “passarem férias” com o militar.
Não se podia dizer que se jogava xadrez com os representantes da polícia política, mas conheciam-se os seus nomes e as pequenas moradias em que viviam, já não me lembro se com ou sem família, pelo que muitas vezes me cruzei com eles. Por vezes, os militares milicianos, jovens e atrevidos, falavam em política e discordavam da guerra colonial. Houve muitas conversas políticas durante esses longos meses (bem mais interessantes do que as que eu ouvira quando estivera no quartel em Paço d’Arcos e, à noite, alguns de nós jogavam cartas e falavam dos livros que liam, como os de José Cardoso Pires). A reacção dos membros da PIDE naquele canto perdido de Angola era pedir (quase cortezmente) para os militares se calarem. Eles sabiam o desprezo que os militares lhes dedicavam, além de se sentirem em desvantagem numérica dado o número irrisório de agentes e das suas armas (espingardas) serem bem menos poderosas do que as do exército.
Numa zona em que a UNITA era maioritária e estava quase ao serviço dos militares portugueses

e em que a facção Daniel Chipenda do MPLA conseguiu um ou outro êxito (o 1º de Maio de 1972 foi devastador para a nossa companhia, com a morte de sete companheiros), que acções a PIDE levou a efeito? E que relatórios escreveu sobre cada militar?
[imagem de 1972 já aqui publicada em 16 de Dezembro de 2005]
No sítio do leste de Angola onde estive entre finais de 1971 e meados de 1973, os militares conheciam os representantes da PIDE. Então, havia três tipos de grupos coloniais brancos, para além dos escassos funcionários públicos: o exército (a companhia central do batalhão, isto é, mais de cem homens), os agentes da polícia política e o comerciante. Este, oriundo da Beira Baixa, servia uns bifes muito apetitosos e possuía moeda própria, isto é, passava senhas aos seus empregados que pagavam com esses papéis os bens que compravam na loja. Além da loja e do restaurante, alugava quartos. Por estranho que pareça, houve duas famílias de militares que lá se alojaram, acompanhando as comissões de maridos ou filhos. Num dos casos, a família era composta pelo militar, mulher, filha, pai, mãe e irmão. Tinham levado de Portugal uma frota de três carros de alta cilindrada (as estradas eram boas; o fomento em Angola conseguira estradas bem melhores do que aqui). A riqueza deles deu para “passarem férias” com o militar.
Não se podia dizer que se jogava xadrez com os representantes da polícia política, mas conheciam-se os seus nomes e as pequenas moradias em que viviam, já não me lembro se com ou sem família, pelo que muitas vezes me cruzei com eles. Por vezes, os militares milicianos, jovens e atrevidos, falavam em política e discordavam da guerra colonial. Houve muitas conversas políticas durante esses longos meses (bem mais interessantes do que as que eu ouvira quando estivera no quartel em Paço d’Arcos e, à noite, alguns de nós jogavam cartas e falavam dos livros que liam, como os de José Cardoso Pires). A reacção dos membros da PIDE naquele canto perdido de Angola era pedir (quase cortezmente) para os militares se calarem. Eles sabiam o desprezo que os militares lhes dedicavam, além de se sentirem em desvantagem numérica dado o número irrisório de agentes e das suas armas (espingardas) serem bem menos poderosas do que as do exército.
Numa zona em que a UNITA era maioritária e estava quase ao serviço dos militares portugueses

e em que a facção Daniel Chipenda do MPLA conseguiu um ou outro êxito (o 1º de Maio de 1972 foi devastador para a nossa companhia, com a morte de sete companheiros), que acções a PIDE levou a efeito? E que relatórios escreveu sobre cada militar?
[imagem de 1972 já aqui publicada em 16 de Dezembro de 2005]
No sítio do leste de Angola onde estive entre finais de 1971 e meados de 1973, os militares conheciam os representantes da PIDE. Então, havia três tipos de grupos coloniais brancos, para além dos escassos funcionários públicos: o exército (a companhia central do batalhão, isto é, mais de cem homens), os agentes da polícia política e o comerciante. Este, oriundo da Beira Baixa, servia uns bifes muito apetitosos e possuía moeda própria, isto é, passava senhas aos seus empregados que pagavam com esses papéis os bens que compravam na loja. Além da loja e do restaurante, alugava quartos. Por estranho que pareça, houve duas famílias de militares que lá se alojaram, acompanhando as comissões de maridos ou filhos. Num dos casos, a família era composta pelo militar, mulher, filha, pai, mãe e irmão. Tinham levado de Portugal uma frota de três carros de alta cilindrada (as estradas eram boas; o fomento em Angola conseguira estradas bem melhores do que aqui). A riqueza deles deu para “passarem férias” com o militar.
Não se podia dizer que se jogava xadrez com os representantes da polícia política, mas conheciam-se os seus nomes e as pequenas moradias em que viviam, já não me lembro se com ou sem família, pelo que muitas vezes me cruzei com eles. Por vezes, os militares milicianos, jovens e atrevidos, falavam em política e discordavam da guerra colonial. Houve muitas conversas políticas durante esses longos meses (bem mais interessantes do que as que eu ouvira quando estivera no quartel em Paço d’Arcos e, à noite, alguns de nós jogavam cartas e falavam dos livros que liam, como os de José Cardoso Pires). A reacção dos membros da PIDE naquele canto perdido de Angola era pedir (quase cortezmente) para os militares se calarem. Eles sabiam o desprezo que os militares lhes dedicavam, além de se sentirem em desvantagem numérica dado o número irrisório de agentes e das suas armas (espingardas) serem bem menos poderosas do que as do exército.
Numa zona em que a UNITA era maioritária e estava quase ao serviço dos militares portugueses

e em que a facção Daniel Chipenda do MPLA conseguiu um ou outro êxito (o 1º de Maio de 1972 foi devastador para a nossa companhia, com a morte de sete companheiros), que acções a PIDE levou a efeito? E que relatórios escreveu sobre cada militar?
[imagem de 1972 já aqui publicada em 16 de Dezembro de 2005]