Sexta-feira, 24 de Junho de 2016
Na altura em que se conheceu a saída do Reino Unido da União Europeia após referendo, os dois principais jornais diários de Lisboa conhecem novos nomes para a sua liderança: David Dinis para o Público e Paulo Baldaia para o Diário de Notícias. Curioso o facto da rádio TSF ser ponto de partida ou chegada destes nomes: Baldaia saiu da direção da TSF em janeiro deste ano, substituído por David Dinis.
Terça-feira, 7 de Junho de 2016
O subdiretor do Diário de Notícias abandonou, há dias, o cargo em troca com a posição de diretor de comunicação do Sporting. Logo de seguida, o diretor, André Macedo, solicitou a sua demissão. A comissão executiva do jornal lamenta e elogia o percurso do até agora diretor, em funções nos últimos dois anos, agradecendo o facto de, no último estudo do Bareme, o jornal ter ultrapassado o Público em audiências do jornal em papel e ter crescido na frente digital.
O anúncio da demissão da diretora do Público e, agora, do Diário de Notícias, indica que o problema não está num meio em si mas na totalidade da imprensa escrita.Os hábitos de leitura estão a mudar muito depressa e o lugar da imprensa em papel está numa situação muito delicada. Admitir que a venda de um jornal alargou face à outra é uma maneira de dizer que se está a vender pouco. Eu, leitor de jornais de papel, lamento muito a situação. Um país com uma imprensa escrita fraca tem menos capacidade crítica face aos poderes (político, económico e de grupos de pressão).
Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2016
Leio no Diário de Notícias que os jornais britânicos Independent e Independent on Sunday vão ter as últimas edições em papel no próximo mês de março. Lançados em 1986, foram comprados por Evgeny Lebedev em 2010. O jornal tem 58 milhões de leitores online e já é rentável.
Segunda-feira, 30 de Novembro de 2015
Sigo a notícia agora publicado no jornal Diário de Notícias. O grupo angolano Newshold, de Álvaro Sobrinho, vai sair do diário i e do semanário Sol. Mário Ramires, subdiretor do semanário Sol em 2011 para entrar na administração da empresa, demitiu-se hoje do cargo e volta à função de jornalista. A redação, vai ter funções nos dois jornais, sofre cortes nos salários e não haverá pagamento de despesas de deslocação. Dos cerca de 120 trabalhadores, dos quais 80 jornalistas, apenas 66 terão contrato de trabalho na nova empresa, cujos acionistas ainda não se conhecem. Com a reestruturação, o semanário Sol passa a sair ao sábado e o diário i não tem edição ao fim de semana.
Quinta-feira, 30 de Abril de 2015
O livro de Pedro Foyos,
O "Grande Jornalzinho" da Rua dos Calafates, revela-nos o
Diário de Notícias nos primeiros anos de edição. Ou, escrevendo melhor, conta a história deste velho e importante jornal enquanto esteve instalado na rua dos Calafates agora chamada do Diário de Notícias antes de se mudar para a avenida da Liberdade perto da praça do Marquês de Pombal, aqui em Lisboa (de 1864 a 1940).
Lê-se o livro de uma só vez. Muito bem escrito e debruçando-se sobre as pessoas que fizeram o jornal, os temas, as histórias à volta do jornal. Eu gosto deste tipo de livros que, parecendo menores ou despretensiosos, dão uma imagem nítida e profunda da realidade que tratam. Começo pelo índice, uma originalidade cheia de riqueza, em que há títulos de capítulo com os nomes de "Tudo sobre o país e o mundo por metade do preço do sabão-de-macaco", "Que fazer quando o rei é assassinado «em cima» da primeira página já fechada" ou "Do «Notícias Ilustrado» para os graúdos ao «Cavaleiro Andante» para os miúdos".
Pego no exemplo do capítulo sobre o assassínio do rei D. Carlos I (1 de Fevereiro de 1908). Quando chegou a notícia ao jornal, a primeira página já estava composta. Refazer a página estava fora de questão, pois isso atrasaria a saída do jornal. As tecnologias da época não permitiam voltar rapidamente a fazer tudo de novo, o que nos causa espanto hoje. A inclusão de um suplemento também não se ofereceu viável. Restou a hipótese de deslocar para baixo o texto da página já composta e incluir uma nova entrada. Isso levou a que a parte final da página ficasse ceifada e a que a notícia do atentado ficasse mesmo por cima da secção de "Festas e diversões do dia" (p. 77).
Um grande mérito do livro, além da elegância do texto escrito, é a percepção perfeita do leitor que o autor leu a totalidade das edições do jornal
Diário de Notícias ao longo do período estudado. Não há falhas, como quando identifica as edições sucessivas de um dia. À escrita, o livro junta um elemento gráfico essencial, a ilustração de páginas do jornal, fotografias, gravuras e reproduções de pinturas, que dão uma noção mais rigorosa do tempo a que o texto se refere. Por vezes, há páginas tipo extra-texto, onde Pedro Foyos destaca pedagogicamente alguns elementos, fora o capítulo "Pequenas e Grandes Notícias Perdidas no Tempo", com uma proposta de cronologia de histórias, anos de ocorrência de determinados factos e fotografias a eles alusivas. Evidencio ainda a colaboração, para o livro, de texto de Maria Augusta Silva, com uma possível entrevista ao primeiro director do jornal, Eduardo Coelho (chamada "póstuma"), recriação muito curiosa e que remete para a cultura da época do jornalista.
Na badana do livro, lê-se que Pedro Foyos trabalhou no
Diário de Notícias, onde integrou a chefia de redacção. O seu amor ao jornal está reflectido no livro. A única pequena crítica que faço ao livro é ele não ter um mínimo de aparato académico, com indicações bibliográficas ou de páginas do jornal.
Leitura: Pedro Foyos (2014).
O "Grande Jornalzinho" da Rua dos Calafates. Lisboa: Prelo, 149 páginas, 16,5 euros
Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2015
O
Diário Popular foi fundado em 1942 e manteve-se como jornal vespertino lisboeta até 1991. Em 1962, com grafismo da agência de publicidade APA foi editado um livro-folheto sobre a actividade do jornal (as imagens seguintes representam algumas das páginas da publicação). Da sua leitura, apuramos o seguinte: António Tinoco, então secretário-geral da Caixa Sindical de Previdência do Pessoal da Indústria de Lanifícios (rua da Trindade, 20, 2º, Lisboa), reuniu com Brás de Medeiros e Barradas de Oliveira, com o objectivo de fundar um jornal (que evoluiu da ideia inicial de semanário para a de diário), dedicado às finanças e à política (depois transformar-se-ia, dando azo ao seu nome, em jornal popular e com muito espaço dedicado ao lazer e ao entretenimento). Dos accionistas fundadores do
Diário Popular, incluem-se os nomes de Carlos Alberto Farinha, Domingos Ferraz de Carvalho Megre, Francisco Pinto Balsemão e Henrique Pinto Balsemão (familiares do criador do semanário
Expresso). Dos jornalistas iniciais, o diário contou com Fernando Teixeira, José de Freitas, Carlos Neves, José Augusto e outros.
Com o tempo, o jornal dispôs de gráfica e distribuidora próprias. Se em 1942 a edição média diária tinha 25 mil exemplares, em 1962, o jornal atingia uma tiragem média de 86 mil exemplares. O jornal custava um escudo.
A publicação tinha, a meu ver, um objectivo muito claro: mostrar aos anunciantes a capacidade e o impacto do jornal. Os seus responsáveis estimavam que cada exemplar alcançava várias pessoas, num total de cerca de 400 mil pessoas diariamente. Há um outro elemento muito objectivo, que me deu particular atenção: a censura, palavra repetida ao longo do texto. Sobre o repórter fotográfico, que se deslocava ao local do acontecimento, lia-se: "Num caso de crime tem actuação quase nula, graças à Censura. Mas, tratando-se de desastres, não rara se converte em vedeta da equipa adstringida a um serviço de rua". A censura deixava passar o acidente (relacionado com o destino e a natureza, interpreto) mas não o crime (coisa hedionda da mente humana, que o regime não tolerava).
Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 2015
Manuel Dias entrou como jornalista em 1953 no
Diário do Norte (Porto). Depois, em 1967, entrou para o
Comércio do Porto, e em 1974 para o
Jornal de Notícias.
Embora o texto que aqui refiro não tenha um cunho cronológico e sociológico, retenho elementos importantes para caracterizar o jornalismo daquele período, a partir das memórias que Manuel Dias vai deixando nos sucessivos capítulos. Alguns outros elementos marcam o livro, como a formação dos jornalistas, a deontologia da profissão, a importância da reportagem e a necessidade de se escrever bem em português.
Do estágio inicial no
Diário do Norte, o jornalista evoca as práticas: as peças jornalísticas baseavam-se em factos e não em comentários atribuídos a fontes fidedignas ou anónimas, apesar do peso da censura (e das tertúlias à mesa do café, em que se comentavam episódios da censura). À falta de formação prévia, os novos jornalistas iam adquirindo conhecimentos e cultura. Acrescento: através de uma linguagem popular e de proximidade, como todo o livro de Manuel Dias expressa. O
Diário do Norte concorria com três outros jornais do Porto:
Comércio do Porto,
Primeiro de Janeiro e
Jornal de Notícias. De todos, o jornal em que o autor trabalhava era o que tinha menos recursos, propriedade da Empresa Nacional de Publicidade. Os repórteres do seu jornal, mas também dos outros, tinham de procurar acontecimentos para escrever as suas notícias, do mais insignificante acidente de viação às ocorrências solenes. Manuel Dias anota no texto a "convivência" entre jornalistas defensores da liberdade de informação e jornalistas afectos ao regime de ditadura e realça a unidade da classe em torno dos ideais da profissão (embora não especifique muito como decorria essa "convivência").
De
O Comércio do Porto, o autor dá uma imagem muito positiva do tempo em que se transferiu para lá. O jornal, ideia de Bento Carqueja, era então propriedade da família Seara Cardoso. Em 1973, devido a dificuldades financeiras, o jornal foi vendido ao grupo Banco Borges & Irmão, perdendo a identidade independente até aí marca de identidade, mau grado toda a pressão política do regime do Estado Novo. Manuel Dias diz que a morte do jornal começaria aí. Do
Jornal de Notícias, não revela tantas memórias, mas vê-se que deu muita alegria ter por lá passado como profissional.
Sobre o título do livro, o autor dedica um capítulo. Ele atribui o desaparecimento dos jornais em papel à situação de crise financeira instalada mundialmente em 2008, embora não adeque a decadência do jornalismo impresso à concorrência de outros meios como a internet. Mas observa os valores antagónicos de bem informar e o interesse comercial dos proprietários dos media.
Leitura: Manuel Dias (2010).
Jornal de Papel no Corredor da Morte: Porto: Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 101 p., 10 €
Domingo, 11 de Janeiro de 2015
Li que
O Primeiro de Janeiro não tem editado desde o final de 2014. Na realidade, o sítio da internet do jornal não é renovado há onze dias. O jornal em papel foi fundado em 1868 no Porto.
Quarta-feira, 15 de Outubro de 2014
A mudança de rumo do Diário de Notícias levou a uma saída de colunistas, além dos jornalistas, já aqui anunciado. José-Manuel Nobre Correia despediu-se no passado dia 11 de Outubro:
"Tudo tem um princípio. E, ao que parece, tudo tem necessariamente um fim. O que é certo, em todo o caso, é que esta é a última rubrica Planeta Media. Após quase sete anos e mais exatamente 320 semanas. Pontualmente, aos sábados, sem exceção alguma, a não ser as quatro semanas de férias de verão previstas por contrato. E pontualmente com os dois mil caracteres da crónica e os mil partilhados em três breves, apertadamente impostos pela direção precedente do Diário de Notícias".
A mudança de rumo do Diário de Notícias levou a uma saída de colunistas, além dos jornalistas, já aqui anunciado. José-Manuel Nobre Correia despediu-se no passado dia 11 de Outubro:
"Tudo tem um princípio. E, ao que parece, tudo tem necessariamente um fim. O que é certo, em todo o caso, é que esta é a última rubrica Planeta Media. Após quase sete anos e mais exatamente 320 semanas. Pontualmente, aos sábados, sem exceção alguma, a não ser as quatro semanas de férias de verão previstas por contrato. E pontualmente com os dois mil caracteres da crónica e os mil partilhados em três breves, apertadamente impostos pela direção precedente do Diário de Notícias".