Terça-feira, 26 de Abril de 2016

Liberdade de expressão

Ontem, nas comemorações de 25 de abril de 1974, uma das ideias centrais dos discursos políticos foi liberdade de expressão. Mas a data não identifica apenas a formação de partidos ou movimentos políticos. O período foi cheio de surgimento de entidades, de associações de caçadores e de profissionais de golfe, associações de moradores e de pais em escolas secundárias, cooperativas culturais, de consumo e de habitação, editoras e livrarias a sindicatos, confissões religiosas (Testemunhas de Jeová, Baha'is, evangélicas), clubes físicos e espirituais orientais (judo, karaté, ioga) e associações artísticas.

A Associação Portuguesa de Evangelização (registo notarial de 5 de março de 1975) tinha no seu segundo artigo o objeto: "fomentar a proclamação do evangelho de Jesus Cristo, através da pregação pública, distribuição de literatura, emissões radiofónicas e televisionadas, exibição de filmes e outros meios". A Arco - Centro de Arte e Comunicação Visual (registo notarial de 27 de janeiro de 1975) propunha a "atividade de promoção, divulgação, experimentação e ensino das artes visuais, de desenho de equipamento e ambiente, das artes gráficas, comunicação visual e animação cultural, assim como das artes em geral, e ainda a prática de quaisquer outras manifestações culturais e de investigação". Se os estucadores formaram a Artistuque - cooperativa operária dos estucadores associados do Barreiro em registo notarial de 10 de dezembro de 1974, o Grupo Recreativo Zip-Zip da Fomega (freguesia da Caparica, concelho de Almada, registo notarial de 24 de março de 1975) tinha como objetivo "promover o recreio dos seus associados através de récitas, festas recreativas, saraus, bailes, jogos lícitos e teatro amador".

De repente, o mundo parecia em expansão total. Em que as indústrias culturais e criativas, a arte, a comunicação e o entretenimento brotavam energicamente. Chamo a atenção para pormenores não despiciendos - conceptual (grupo profissional operário do Barreiro promove uma cooperativa para elevar a sua atividade à categoria de arte) e legal (o termo lícito aplicado a jogos indica a existência de uma fronteira que o grupo recreativo de Almada quis traçar).
publicado por industrias-culturais às 12:08
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Sexta-feira, 17 de Julho de 2015

Prémio Nacional Indústrias Criativas

Retiro diretamente da fonte (Ver Portugal Online):

"Miss Can, a startup que vende portugalidade em latas de conserva de peixe, é a grande vencedora da sétima edição do Prémio Nacional Indústrias Criativas Super Bock/Serralves (PNIC). Este ano, o júri do concurso atribuiu ainda as Distinções de Categoria a Os Italianos (ex-Stallo) e Arumis e uma Menção Especial ao projeto Cross Hands Architecture, pela sua componente humanitária. O vencedor recebeu o galardão das mãos de João Abecasis, presidente executivo da Unicer, e de Luís Braga da Cruz, presidente da Fundação de Serralves. A entrega das restantes distinções esteve a cargo de representantes da Universidade do Porto, ANJE e Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, respetivamente, Clara Gonçalves, Rafael Rocha e Luís Teixeira. "Miss Can", integrada na categoria Turismo e Património, nasceu da vontade de três amigos em recuperar a tradição familiar ligada à indústria conserveira, criando um negócio moderno com a dedicação de outros tempos. Estas conservas 100 por cento portuguesas - sardinha, cavala e atum - utilizam um método artesanal (peixe cozido a vapor) e encontram-se em packs atuais e muito apelativos, nos quais se encontra a história desta indústria, curiosidades históricas de acordo com cada tema e sugestões de receitas. Os promotores deste projeto vão representar Portugal no evento internacional Creative Business Cup, que se irá realizar a 17 e 18 de novembro em Copenhaga (Dinamarca)".


publicado por industrias-culturais às 09:34
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Terça-feira, 16 de Junho de 2015

O que são e para que servem as indústrias culturais e criativas?

Hoje, publiquei as notas de uma disciplina iniciada este ano na licenciatura de Comunicação Social e Cultural com o nome de Indústrias Culturais e Criativas. Por opção pessoal, foi também o último ano que a lecionei. Dividi-a em três blocos - matéria teórica, leituras para fazer e apresentar na aula por parte da turma e presença de convidados. O que são e para que servem as indústrias culturais e criativas, perguntei à partida. Trata-se afinal do tema central deste blogue alimentado desde 2003, responsabilidade que eu nunca pensei em prolongá-la por tanto tempo.

A uma introdução rápida do conceito fundador de Adorno e Horkheimer em 1947, alarguei o âmbito do tema e falei de conceitos retirados de Bernard Miège, David Hesmondhalgh (2007). The Cultural Industries. London: Sage, Justin O’Connor (2007). The Cultural and Creative Industries: A Review of the Literature (texto de trabalho não editado), Christiane Eisenberg, Rita Gerlach, Christian Handke (eds.) Cultural industries. The British experience in international perspective (texto em formato electrónico pdf Adobe) e Dieter Putcha, Friedrich Schneider, Stefan Haigner, Florian Wakolbinger e Stefan Jenewein(2010). The Berlin Creative Industries. An empirical analysis of future key industries.Heidelberg: Gabler. Acrescentei o fantástico livro de Rosamund Davies e Gauti Sigthorsson (2013). Introducing the Creative Industries. Los Angeles e Londres: Sage, o necessário embora controverso Richard Florida (2002). The Rise of the Creative Class: and how it’s transforming work,leisure, community. Nova Iorque: Basic Books e o relatório de Augusto Mateus sobre indústrias criativas (2013), com as sinergias cultural, turística e industrial. Dos convidados, tive presente Alexandre Rodrigues (fãs de videojogos), Pedro Russo Moreira (música e rádio no Estado Novo), Joana Linda Correia (fotografia e artes performativas), Pedro Lopes (produção de ficção televisiva), Ana Garcia Martins (blogues, moda e tendências de consumo), João David Nunes (gestão das indústrias culturais), João Porto (audiências dos media), Anabela Mota Ribeiro (jornalista), Miguel Fernandes e Francisco Garcês (comunicação audiovisual no poder local) e José Carlos Alfaro (livreiro). Após estas presenças inquiri a turma para catalogar cada convidado nas três categorias de organização como o livro de Davies e Sigthorsson explica: freelancers, pequenas e médias empresas, grupos de media e indústrias criativas.

O trabalho produzido na turma foi muito rico, como os seus trabalhos finais refletem. A aluna polaca escreveu sobre as indústrias culturais e criativas de Varsóvia, a aluna basca escreveu sobre a realidade em Bilbau, ensinando que há mais coisas além do museu Guggenheim, os alunos portugueses escreveram sobre Lisboa. Um elemento da turma ficou tão entusiasmado que me falou já de querer estagiar numa nova empresa aqui em Lisboa na área das indústrias culturais e criativas. Outro elemento de alegria foi o falarmos uma linguagem nova, com conceitos que, de início, pareciam estranhos. Quase todos os elementos da turma me falaram das discussões tidas entre eles sobre o que ouviram dos convidados e dos ensinamentos recolhidos nesses contactos.
publicado por industrias-culturais às 19:15
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Terça-feira, 7 de Abril de 2015

Da arte às indústrias criativas


[Jornal de Notícias, 7 de Abril de 2015]
publicado por industrias-culturais às 09:18
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Terça-feira, 24 de Março de 2015

A profissionalização de um blogue

Na aula de hoje, tivemos uma escritora profissional de blogues. Licenciada em ciências da comunicação e antiga jornalista especializada nas áreas da cultura, moda, beleza e consumo, começou a escrever o seu blogue nessas temáticas. Onze anos depois de o iniciar, tem mais de 50 milhões de visitas, 200 mil seguidores no Facebook e Instagram, parcerias rentáveis com marcas e um público alvo estimado de mulheres vivendo em Lisboa e Porto entre os 20 e os 45 anos. Já em 2008, uma editora convidara-a a escrever um livro em papel com os melhores textos publicados no blogue. A evolução do blogue levou-a a criar uma marca de produtos e a abrir uma loja com uma amiga e agora sócia.

Para a convidada na aula, as empresas descobriram os blogues como veículos de maior propagação que os meios de comunicação mais tradicionais. A escrita em blogues é mais directa que esses outros meios. O estilo da sua escrita oscila entre o humor e a ironia, com um lado de cronista social. No começo, escreveu também sobre colegas, ainda numa fase de anonimato. Depois, quando o seu primeiro livro saiu, ela publicitou o nome e, apesar de perder alguma originalidade inicial, continuou a crescer em número de visitantes e comentários, granjeando mais popularidade.

As perguntas da turma foram estimulantes. Porque não criou uma revista em papel, que papéis desempenha, onde trabalha, como trabalha, como se relaciona com as marcas e os leitores, é isenta ou parcial, o sucesso foi preparado ou foi acontecendo por acaso, vê-se a escrever no blogue até à reforma, como articula texto e imagem (fixa e em movimento), como separa a informação que lhe chega à caixa de correio.

Agora, o trabalho da turma vai ser enquadrar a actividade desta autora de blogue e livros com a de criadora de negócios numa área emergente das indústrias culturais e criativas.
publicado por industrias-culturais às 22:22
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Sábado, 14 de Março de 2015

Ourivesaria Aliança

Desde novembro de 2014, na rua das Flores (Porto), a servir chás e scones.Quando chegar o calor, talvez granizados ou sorvetes. O edifício é de 1906, com interiores a anteciparem a art déco, e já serviu para vender joias e roupa (casa Moura Fernandes).


publicado por industrias-culturais às 22:28
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Terça-feira, 10 de Março de 2015

Mais elementos sobre as indústrias criativas

Hoje, a aula andou à volta da instituições, propriedade e empreendedorismo, a partir do texto de Davies e Sigthorsson (Introducing Creative Industries, 2013). Os autores partem de três tipos de estrutura organizacional: freelancers, PME e grandes empresas. Uma tendência empresarial resultado das transformações sociais e económicas da década de 1980 foi a desregulação, a desarticulação de empresas organizadas verticalmente, com subcontratação (outsourcing), e a abertura de mercados internacionais (globalização).

Os autores identificam outra tendência - o empreendedorismo - articulada com uma ecologia especial, composta de grandes empresas e um número maior de freelancers. Tal leva à discussão sobre prós e contras do trabalho flexível. Por um lado, há mais liberdade de participar em projectos que se gosta mais; por outro lado, a concorrência e a precariedade conduzem a um permanente desgaste psicológico do desemprego, a pagamentos mais baixos e a mais horas de trabalho.

Um outro elemento destacado no texto de Davies e Sigthorsson é o ligado aos locais de trabalho das indústrias criativas (do lar ao estúdio, à garagem e ao palco), com contactos face a face mais privilegiados que os contactos via internet, estruturas de trabalho (pequenas empresas e trabalhadores criativos independentes) e padrões de trabalho, no que eu também chamo cadeia de valor ou cadeia de produção (investigação da ideia e pré-produção, produção e pós-produção). Davies e Sigthorsson aconselham a que o trabalhador criativo trabalhe a sua trajectória da carreira e o seu portefólio. Finalmente, o texto traça perspectivas nacionais e internacionais do mercado das indústrias criativas.

A análise teórica completou a apresentação prática de ontem. A artista convidada, trabalhando áreas distintas como a fotografia, o vídeo, os cartazes de cinema e o teatro, defendeu duas ideias centrais: processo criativo (em que o tema vai evoluindo da concepção à realização final) e pensamento estratégico (do trabalho criativo compulsivo à criação do portefólio).
publicado por industrias-culturais às 22:52
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Sábado, 7 de Março de 2015

Manual de protocolo empresarial

O livro de Cristina Fernandes, Manual de protocolo empresarial, vai ser lançado no próximo dia 17 de Março.

publicado por industrias-culturais às 17:29
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Sexta-feira, 6 de Março de 2015

Jornada de Financiación de las Industrias Culturales y Creativas, Madrid

"La Jornada de Financiación de las Industrias Culturales y Creativas, que tendrá lugar en Medialab-Prado, Calle Alameda, 15 de Madrid, el martes 10 de marzo, está organizada por la Fundación INCYDE en colaboración con la Dirección General de Política e Industrias Culturales y del Libro del Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Va destinada a analizar instrumentos de financiación públicos y privados a disposición del sector y contará con expertos y representantes de empresas. Las Industrias Creativas han sido consideradas como industrias "marginales" durante mucho tiempo, aunque durante la última década se han constituido cada vez más, como un componente importante de las economías de muchos países, también de España. Al igual que muchas otras empresas, la financiación es una de las dificultades a las que se enfrentan las de este sector. Sin embargo la creación artística o cultural presenta unos rasgos propios de valoración intangible que suponen, en muchos casos, una dificultad adicional" (http://www.gestioncultural.org/agenda.php?id_evento=321806).
publicado por industrias-culturais às 14:29
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Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015

Indústrias criativas em Viana do Castelo


Jornal de Notícias, 24 de Fevereiro de 2015
publicado por industrias-culturais às 09:31
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