Quinta-feira, 17 de Março de 2016
Foi em 17 de março de 2003 que comecei a escrever aqui. A mensagem inicial foi: "Este weblog destina-se a apresentar textos sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, videojogos, publicidade)". Depois, aportuguesei a palavra blogue. Não imaginava que, treze anos depois, continuava a publicar regularmente as minhas leituras e opiniões sobre indústrias culturais e indústrias criativas. Nos primeiros anos, fui testando diferentes modelos gráficos de apresentação, abaixo, ou ao lado, indicados (não consigo ampliar mais as imagens), dando conta também da evolução gráfica da própria empresa onde o blogue está alojado.
Obrigado a todos os leitores que me têm acompanhado.
Terça-feira, 24 de Março de 2015
Na aula de hoje, tivemos uma escritora profissional de blogues. Licenciada em ciências da comunicação e antiga jornalista especializada nas áreas da cultura, moda, beleza e consumo, começou a escrever o seu blogue nessas temáticas. Onze anos depois de o iniciar, tem mais de 50 milhões de visitas, 200 mil seguidores no Facebook e Instagram, parcerias rentáveis com marcas e um público alvo estimado de mulheres vivendo em Lisboa e Porto entre os 20 e os 45 anos. Já em 2008, uma editora convidara-a a escrever um livro em papel com os melhores textos publicados no blogue. A evolução do blogue levou-a a criar uma marca de produtos e a abrir uma loja com uma amiga e agora sócia.
Para a convidada na aula, as empresas descobriram os blogues como veículos de maior propagação que os meios de comunicação mais tradicionais. A escrita em blogues é mais directa que esses outros meios. O estilo da sua escrita oscila entre o humor e a ironia, com um lado de cronista social. No começo, escreveu também sobre colegas, ainda numa fase de anonimato. Depois, quando o seu primeiro livro saiu, ela publicitou o nome e, apesar de perder alguma originalidade inicial, continuou a crescer em número de visitantes e comentários, granjeando mais popularidade.
As perguntas da turma foram estimulantes. Porque não criou uma revista em papel, que papéis desempenha, onde trabalha, como trabalha, como se relaciona com as marcas e os leitores, é isenta ou parcial, o sucesso foi preparado ou foi acontecendo por acaso, vê-se a escrever no blogue até à reforma, como articula texto e imagem (fixa e em movimento), como separa a informação que lhe chega à caixa de correio.
Agora, o trabalho da turma vai ser enquadrar a actividade desta autora de blogue e livros com a de criadora de negócios numa área emergente das indústrias culturais e criativas.
Terça-feira, 17 de Março de 2015
Foi a 17 de Março de 2003 que iniciei este espaço. Para trás, ficam 8070 mensagens publicadas! Muito obrigado a quem me tem lido.
Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2014
Todos os anos, recordo aqui como comecei a escrever em blogues. No início, José Carlos Abrantes (professor de Teoria e História da Imagem na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, provedor dos leitores do Diário de Notícias e dos telespectadores na RTP) e eu demos animação a um blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Outros colegas participavam na escrita de textos mas nós mantivemos uma colaboração mais intensa, depois transferida para blogues pessoais.
O meu primeiro blogue chamou-se Teorias da Comunicação, iniciado em Março de 2003, seguindo-se este Indústrias Culturais. Quer um quer outro destinavam-se a apoios de aulas que eu então leccionava. Depois, descontinuei o blogue Teorias, não sabendo agora sequer o endereço na internet. Os textos desse blogue acabaram por ser transferidos para este. O blogue Indústrias Culturais serviu, ao longo deste tempo todo, várias funções. Uma delas, foi a edição de um livro, com um texto inicial feito de raiz para esse objectivo. Outra foi a participação em colóquios e congressos em Portugal, Espanha e Brasil. Ele também serviu para experimentar outros media como a produção de pequenos vídeos de informação (sem qualquer ambição estética mas dando conta de teses de doutoramento sobre comunicação, cultura e media, por exemplo).
No começo da actividade dos blogues, em 2002-2003, eles eram pensados como ferramentas tecnológicas revolucionárias. Por exemplo, pensava-se que o jornalismo seria substituído pelos blogues, dada a nova possibilidade de fácil produção de textos por toda a gente. Com redes sociais mais amplas como o Facebook, criou-se a ideia de o utilizador ser também produtor de conteúdos, que, sem ser errado, criou um dos melhores mitos em torno do sublime tecnológico - a ideia que a tecnologia em si muda a sociedade. Ora, muitos dos textos produzidos na internet não têm qualidade e muitos até são ofensivos. A eliminação de controlo de qualidade ou de uma espécie de editor que classifica as ideias e os modos como se publicam textos - a ausência de regras e códigos deontológicos - conduz a uma imensidão de textos e imagens que se repetem e sem preencherem o requisito do produtor-utilizador na acepção correcta da ideia.
Quando surgiram os blogues, criou-se uma espécie de comunidade de autores-escritores que se reuniam, marcavam almoços e jantares. Eu estive presente no Alentejo, em Coimbra, no Porto e aqui em Lisboa a testemunhar esse nascimento. Como se criou, o movimento esvaiu-se. Por esses anos, intentaram-se criar redes de blogues. Estive para participar numa rede de blogues portugueses, com a ideia de também angariar publicidade. Acabei por participar numa rede de blogues liderada pela universidade de Marselha (França), de que ainda mantenho a escrita, que é uma cópia do que aqui escrevo. No início, a adesão de algumas das personalidades públicas a este tipo de escrita serviu para a sua massificação, além da grande facilidade de escrita nestas plataformas. Uma das personalidades públicas que mais contribuiu foi José Pacheco Pereira com o seu blogue Abrupto.
Muitas das cerca de oito mil mensagens que já produzi não tem valor excepto darem conta de ocorrências, tipo lançamento de livros ou actividades programadas para um dia. Mas, muitas das vezes, funciona como uma espécie de diário. Aliás, a ideia original de blogue era essa, a de escrita (e publicitação para um público que não se conhece) de um diário, como a palavra espanhola aplicada a este trabalho - bitácora. Com a expansão de outras redes mais colaborativas, como o Twitter e o Facebook, o blogue ressentiu-se, perdeu adeptos e escritores, que se passaram para essas redes.
Quarta-feira, 26 de Dezembro de 2012
Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos).Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO "Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos). Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO "Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos). Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO "Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos). Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO "Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Quinta-feira, 22 de Março de 2012
Habituei-me a ler Andy Sennitt, do
Media Network, pertencente à Radio Netherlands Worldwide (RNW). Hoje, foi o último dia dele em termos de blogue. A fazer 62 anos, Sennitt decidiu a pré-reforma, pois os tempos não estão fáceis na empresa dele. Devido a cortes orçamentais, a RNW vai despedir três quartos dos seus empregados durante os próximos meses.
O blogue de Andy Sennitt cobre notícias sobre os media internacionais, em especial a rádio, desde 2003 até agora, o que o torna uma importante fonte de informação.
Habituei-me a ler Andy Sennitt, do
Media Network, pertencente à Radio Netherlands Worldwide (RNW). Hoje, foi o último dia dele em termos de blogue. A fazer 62 anos, Sennitt decidiu a pré-reforma, pois os tempos não estão fáceis na empresa dele. Devido a cortes orçamentais, a RNW vai despedir três quartos dos seus empregados durante os próximos meses.
O blogue de Andy Sennitt cobre notícias sobre os media internacionais, em especial a rádio, desde 2003 até agora, o que o torna uma importante fonte de informação.