Quarta-feira, 31 de Maio de 2006
O papel principal – contributo para uma análise do que vêem as mulheres nas revistas femininas. Um estudo de caso – as capas da Elle de edição portuguesa foi tema de dissertação de mestrado de Helena Cordeiro, hoje defendida na Universidade Católica (Lisboa).
Como razões para a escolha do tema, Helena Cordeiro destacou o interesse por representações femininas globalizadas na imprensa de género, importante meio de comunicação de cultura de massas na actualidade, e porque é leitora do género. Escolheu a Elle (edição portuguesa), primeira revista internacional orientada para o público feminino a ser publicada no nosso país (Outubro de 1988). A nova mestre caracterizou o papel específico dos discursos escrito e de imagem patentes nas capas de uma revista feminina (glossy), “rosto” e anúncio da própria revista.
No seu trabalho, Helena Cordeiro desconstruiu a revista feminina, tentando entender o seu significado em contextos quotidianos e aferindo as razões da sua adaptabilidade além fronteiras, a partir de tipologia criada pela investigadora Joke Hermes. Fez análise empírica das capas (covers) e chamadas de capa (coverlines) da Elle portuguesa, de Outubro de 1988 a Dezembro de 2004 (16 anos e 3 meses, ou 189 capas), com um total de 38 variáveis, casos de moda, roupa, acessórios, cosmética, perfumes, maquilhagem, beleza e saúde.
De entre as conclusões, Helena Cordeiro constata que os objectivos propostos no editorial do número fundador da Elle portuguesa não foram cumpridos, nomeadamente a escassez de figuras portuguesas na capa. Isto embora o ano de 1998 tenha marcado o início de nova etapa na imagem de capa da Elle nacional, mantendo-se as mulheres bonitas e elegantes mas provenientes de outras áreas que não exclusivamente a moda – como o cinema e a música -, numa afirmação de outros talentos que não apenas o da beleza física. Desde o começo, as capas da Elle fazem uma representação estereotipada da mulher, apesar das chamadas de capa irem introduzindo temas de maior seriedade, destacando áreas como “dossiê”, “entrevista” e “reportagem”. A autora distinguiu ainda o papel pedagógico, de “afecto”, apoio e aconselhamento por parte das revistas femininas.