Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007
No livro Fundação Calouste Gulbenkian. Cinquenta anos, 1956-2006, cujo lançamento foi relatado aqui (29 de Novembro de 2007) o coordenador da obra, António Barreto, escreve no primeiro capítulo do primeiro volume acerca da opinião pública quanto à Fundação.
Partindo de relatórios feitos por Pedro Magalhães e por mim mesmo, Barreto fala de dois principais grupos de públicos da Fundação, o primeiro dos quais é constituido por beneficiários (bolsas de estudo, subsídios de investigação, apoios sociais). Já o segundo grupo, aquele que me interessa aqui realçar, é o dos visitantes, espectadores e utentes dos museus, serviços educativos, concertos de música, outros espectáculos e Biblioteca da Arte.Em 2005, houve 210 mil visitas ao Museu Gulbenkian e 165 mil ao Centro de Arte Moderna (CAM), 150 mil assistiram a concertos de música e 4 mil consultaram a Biblioteca da Arte (e 1500 na biblioteca de Paris).Conclui Barreto (p. 52): "a análise dos públicos da Fundação, nas suas diferentes áreas de actuação, revela-se algo talvez previsível: os que frequentam as suas actividades são geralmente pessoas cultas, informadas, com estudos ou cursos superiores e elevadas qualificações académicas, muito acima das médias da população".Há diferenças etárias e de geração nas diversas actividades em estudo: os públicos dos concertos e espectáculos musicais são de idade avançada (acima dos 50 anos) e os dos museus muito mais jovens. O carácter elitista dos frequentadores da Gulbenkian acentua-se na música erudita: mais de 70% possuem curso superior. As assinaturas para ingresso nos concertos atingem 53% dos bilhetes vendidos, o que significa um público fiel mas fechado. Maioritariamente constituido por homens (52%), tem uma elevada taxa de reformados e residentes na Grande Lisboa (95%), desempenhando (ou tendo desempenhado) funções profissionais relevantes, e com poder de compra elevado.Já os públicos dos museus são femininos (57%), jovens (média de idades de 35 anos), metade tem graus académicos iguais ou superiores à licenciatura (como muitos estão ainda em percurso escolar estima-se que atinjam uma percentagem mais elevada, se os mesmos respondentes participassem num novo inquérito daqui a uns anos). De igual modo que os públicos dos concertos, os públicos dos museus dedicam-se muito a práticas culturais (leitura, teatro, bailado, ópera, cinema). Dentro dos museus - Gulbenkian e Centro de Arte Moderna -, os públicos do segundo espaço são mais assíduos nas visitas e estão muito empenhados em actividades culturais.Sendo públicos esclarecidos, obtêm informação em brochuras, programas, cartazes, sítio da Gulbenkian na internet, assim como na publicidade nos media (p. 55).O inquérito que esteve por detrás dos dados foi realizado em 2005. No caso dos concertos musicais, foram entrevistados espectadores de seis concertos na parte final de 2005 (música sinfónica e música de câmara, na Fundação e no Coliseu dos Recreios) (p. 53).