Quando Hitler subiu ao poder, os seus partidários baniram muita da música contemporânea alemã e austríaca, a que chamaram
degenerada. Foi a essa música proibida que a Casa da Música (Porto) abriu as suas portas a partir do dia 24 de Abril: Hanns Eisler, Arnold Schoenberg, Kurt Weill e Bertolt Brecht, Paul Hindemith, Ernest Krenek e Erich Korngold, pelo Remiz Ensemble (dirigido por Baldur Bronnimann) e pela Orquestra Sinfónica da instituição (dirigida por Stefan Blunier), com a soprano Ângela Alves, o tenor Miguel Leitão, o barítono Luís Rendas Pereira e o baixo Ricardo Torres. O diferente dispositivo musical das peças tocadas obrigou a uma permanente alteração do conjunto dos músicos, aspecto que me chamou a atenção.
Já no Centro Cultural de Belém (Lisboa), os dias da música estão a ser dedicados ao cinema (Luzes, Câmara... Música). A música de Sergei Prokofiev encheu ontem à noite o grande auditório, em especial a escrita para o filme
Alexandre Nevsky (de Sergei Eisenstein), com a Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por João Paulo Santos, a contralto ucraniana Larissa Savchenko e Coro do Teatro Nacional de São Carlos. O filme de Eisenstein (1938) teve muito sucesso, em especial por causa do sentimento anti-alemão e da música de Prokofiev, mas foi silenciado após o tratado entre União Soviética e a Alemanha.