Quarta-feira, 30 de Setembro de 2015
No dia 28 de Novembro, das 10:00 às 21:00, vai decorrer a Feira de Discos de Vinil de Lisboa, na Taberna das Almas (Regueirão Anjos 68, Lisboa) aberta a todos os interessados, vendedores amadores e profissionais. Para além da venda de discos, a Feira conta com a representação de editoras independentes nacionais e estrangeiras, exposição de equipamentos aúdio, exposição de ilustração por Esgar Acelerado, apresentação do Festival Barreiro Rocks 2015 e concerto no encerramento do evento. Inscrições para o email:
info@feiradediscosdevinildelisboa.com.
Quarta-feira, 23 de Setembro de 2015
A soprano Leonor Barbosa de Melo, com o pianista Pedro Oliveira Lopes, cantou
Was du mir bist de Erich Wolfgang Korngold, no dia do seu casamento (5 de setembro). O vídeo que fiz, com a câmara do telemóvel, não é o melhor, mas fica aqui. Obrigado, Leonor.
Uma outra versão pode ser vista
aqui.
Quinta-feira, 6 de Agosto de 2015
Já este ano, a Brigada Victor Jara conseguiu editar a sua obra completa através do sistema de
crowdfunding, que funcionou bem e depressa. Agora vi-os ao vivo, na Figueira da Foz, com dez elementos (num total de 30 que passaram pela Brigada desde a sua formação). Duas características ressalto deste concerto: a unidade sonora, sem deixar espaço a registos individuais; os cuidados arranjos de músicas tradicionais. O concerto serviu ainda para dois músicos da região atuarem em alguns momentos, o que trouxe entusiasmo à plateia.
Ao longo dos meses mais recentes, tentei escrever sobre a música deles e sobre a música da Banda do Casaco, dois agrupamentos fascinantes e que marcaram a paisagem musical das quatro últimas décadas, mas ainda não consegui. Fica aqui apenas a lembrança da noite de ontem.
Domingo, 2 de Agosto de 2015
Quando Luís Pinheiro de Almeida lançou o seu último livro, Biografia do Ié-Ié, em abril de 2014, várias bandas da época ié-ié atuaram nessa sessão. Uma delas foi a dos Claves. Uma das melhores músicas da época pertencia a Luís Pinto de Freitas, Crer (1966), dessa banda, tocada no lançamento do livro, e de que eu fiz uma reprodução em vídeo de má qualidade mas que funciona como uma grande recordação, agora que o seu autor faleceu.
Obrigado, Luís Pinto de Freitas!
Quinta-feira, 25 de Junho de 2015
Ele tocou Chopin, Debussy, Ravel e Gershwin. A noite estava muito quente, pelo que se abriram as janelas. De fora, vinham sons da rua e de música popular, o que levou a fecharem-se as janelas. Algo estranho mas agradável.
Sexta-feira, 15 de Maio de 2015
Foi hoje à noite, na igreja de S. Tiago, que o Coro do Orfeão da Covilhã, a fazer 90 anos de atividade, e a Orquestra Sinfónica da Escola Profissional de Artes da Covilhã cantaram e tocaram Händel, Bortniansky, Morricone, Fauré, Mozart, Vivaldi, Schubert e Verdi. A direção musical do coro cabe a Paulo Serra e a direção musical da orquestra cabe a Rogério Peixinho.
Quarta-feira, 13 de Maio de 2015

No
Diário de Lisboa de 31 de dezembro de 1984, era publicado um texto assinado por Rui Eduardo Paes sobre o punk e um festival musical em finais desse ano. O autor carregou forte nas palavras: "A assistência, um «naipe» de cristas ou cabelos ouriçados, com sebo, blusões pregados, jeans rasgadas, cervejas e escarros. Móbil da ocasião: acusar a hipocrisia presente na atual quadra festiva em que uns engolem o bacalhau e as filhoses lamentando entre garfadas ou trincadelas a miséria dos que têm salários em atraso ou já nem sequer têm emprego". Os punks, para Rui Eduardo Paes, estavam já enredados na apologia da destruição de tudo, da afirmação pela negativa".
O texto do Lisboa veio à baila após a leitura do livro de Paulo Lemos,
Vida Suburbana, este ano editado pela Associação Cultural Burra de Milho. O livro, como já
aqui escrevi, resultante da sua tese de mestrado na Universidade de Coimbra, trabalha o movimento punk (contexto da música popular urbana, semelhança de ideais políticos com o surrealismo, grafismo, fanzines e elementos e símbolos de identificação do movimento), enquadramento histórico desde a década de 1970 e sub-estilos, movimento punk em Portugal e caso dos
Mata-Ratos. Durante anos, Paulo Lemos fez parte da banda punk açoriana
Resposta Simples.
Como declaração inicial, eu não gosto da sonoridade dos
Mata-Ratos, mas estou atento às mensagens contidas nas letras cantadas por Miguel Newton, aliás, co-orientador da tese de Paulo Lemos, e com um interessante prefácio no livro. A tese contou ainda com a orientação de Paulo Estudante. Embora o movimento punk tenha diversas raízes musicais na sua origem, ele soube desenvolver a sua própria identidade (p. 129), com os seus elementos e fãs a serem vistos como desestabilizadores sociais, visto no recorte de jornal acima, e que os conduziu a uma subcultura com um comportamento próprio. O autor identifica bandas como
Crise Total,
Kú de Judas,
Mata-Ratos,
Grito Final (todas de Lisboa),
Cães Vadios (Porto),
Bastardos do Cardeal (Viseu) e
Cagalhões (Aveiro), com concertos em pequenos espaços e circuitos especiais.
Os media tiveram importância na promoção do punk, em especial em programas de rádio de António Sérgio e Luís Filipe Barros (p. 131). Se na década de 1980, as bandas divulgaram o seu trabalho através de auto-promoção dos espetáculos musicais e gravações em maqueta, na década seguinte surgiram editoras independentes e que possibilitaram a consolidação desta tribo na cena musical e cultural do país.
Leitura: Paulo Lemos (2015).
Vida Suburbana. Terceira: Associação Cultural Burra de Milho, 148 páginas, 7,42 euros
Terça-feira, 12 de Maio de 2015
As Palavras do Punk. Uma Viagem Fora dos Trilhos pelo Portugal Contemporâneo, de Augusto Santos Silva e Paula Guerra, é um guia da música e da expressão do punk. Dividido em três partes (primeiras palavras, palavras seguintes, últimas palavras) e 16 capítulos, o livro insere-se na investigação KISMIF (
Keep it simple, make it fast), que engloba investigadores das Faculdades de Economia e de Letras da Universidade do Porto, em parceria com duas outras universidades (Griffith e Lleida).
Os autores começam por identificar o punk como uma forma musical, entroncada no grande universo do rock'n'roll, a partir da segunda metade da década de 1970 (p. 7). Inovação, dissidência e lógica do
faça você mesmo (
do it yourself) são marcas iniciais apontadas pelos dois sociólogos, num livro baseado na análise das letras das músicas das bandas portuguesas e nas entrevistas a protagonistas no activo ou já retirados, num total de 214, buscando saber o que querem dizer os punks (discursos dos actores e das suas criações). A investigação em curso identificou já 788 bandas, 1429 registos e 177 edições de fanzines (p. 26). Logo, três abordagens: documental, recolha de testemunhos, observação de contextos (editoras, espaços de concerto, referências nos media, escolas e bairros, numa observação da cena punk nacional).
As primeiras bandas seriam Faíscas, Aqui d'el-Rock, Minas & Armadilhas, Xutos & Pontapés, UHF e Raios e Coriscos, a que se seguiriam, já no começo da década de 1980, Mata-Ratos, Kú de Judas, Grito Final e Crise Total. Uma banda marcante do punk nacional seria a dos Censurados, com a figura de João Ribas, já desaparecido. Um radialista muito importante na divulgação dos sons do punk foi António Sérgio (Rádio Comercial).
Se o punk é um passo na evolução do rock, enquanto condição histórica na linha de desconstrução da cultura urbana (p. 219), ele tornou-se um paradigma produtivo e organizacional (p. 221), com destaque para ocupações de casas e acções de provocação, uma conformação de campo, com traços plurais e diversificados (p. 222), e a convergência para um padrão de avaliação e posicionamento no tempo social.
O livro é muito mais do que isto e eu não pretendo fazer aqui uma recensão crítica mas tão só dar conhecimento da edição de um livro bem escrito, com muito material empírico e uma análise séria.
Leitura: Augusto Santos Silva e Paula Guerra (2015).
As Palavras do Punk. Uma Viagem Fora dos Trilhos pelo Portugal Contemporâneo. Lisboa: Alêtheia Editores, 259 p., 16,50 euros
Domingo, 26 de Abril de 2015
Quando Hitler subiu ao poder, os seus partidários baniram muita da música contemporânea alemã e austríaca, a que chamaram
degenerada. Foi a essa música proibida que a Casa da Música (Porto) abriu as suas portas a partir do dia 24 de Abril: Hanns Eisler, Arnold Schoenberg, Kurt Weill e Bertolt Brecht, Paul Hindemith, Ernest Krenek e Erich Korngold, pelo Remiz Ensemble (dirigido por Baldur Bronnimann) e pela Orquestra Sinfónica da instituição (dirigida por Stefan Blunier), com a soprano Ângela Alves, o tenor Miguel Leitão, o barítono Luís Rendas Pereira e o baixo Ricardo Torres. O diferente dispositivo musical das peças tocadas obrigou a uma permanente alteração do conjunto dos músicos, aspecto que me chamou a atenção.
Já no Centro Cultural de Belém (Lisboa), os dias da música estão a ser dedicados ao cinema (Luzes, Câmara... Música). A música de Sergei Prokofiev encheu ontem à noite o grande auditório, em especial a escrita para o filme
Alexandre Nevsky (de Sergei Eisenstein), com a Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por João Paulo Santos, a contralto ucraniana Larissa Savchenko e Coro do Teatro Nacional de São Carlos. O filme de Eisenstein (1938) teve muito sucesso, em especial por causa do sentimento anti-alemão e da música de Prokofiev, mas foi silenciado após o tratado entre União Soviética e a Alemanha.