Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2005

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ÓSCARES E RELEITURA DOS JORNAIS DE ONTEM

Na noite dos óscares de Hollywood, o prémio para melhor realizador e melhor filme coube a Clint Eastwood (74 anos) em Million Dollar Baby. Também Hilary Swank (30 anos), que desempenhava o principal papel feminino, fazendo de pugilista, e Morgan Freeman, como melhor actor secundário, trouxeram estatuetas [na imagem Swank recebendo outra estatueta (2000), em página do Sunday Times de ontem]. Já O aviador, de Martin Scorsese, ganhou cinco prémios: Cate Blanchett, como melhor actriz secundária, e categorias técnicas (fotografia, montagem, guarda-roupa e direcção artística).

Pela leitura que fiz do Sunday, o jornal apostou em Scorsese (62 anos). O realizador não ganhou o que persegue há mais de trinta anos. Resta agora trabalhar no próximo filme, The departed, com o mesmo Leonardo DiCaprio, sobre o submundo irlandês em Boston. Além de recuperar dinheiro (Scorsese admite ter gasto além de 97 milhões de dólares em Gangs of New York, em 2002, e ter perdido milhões) e esquecer outras ocasiões em que o óscar estava também perto (Taxi driver, 1976; Touro enraivecido, 1980). Desta vez, a sorte não lhe sorriu talvez porque, em O aviador, ele retratasse uma certa decadência dos estúdios de Hollywood nos anos 1930, quando Hughes emerge simultaneamente como figura central e excêntrica nesse lado da Califórnia. A Academia pode não ter perdoado nesta noite passada o não politicamente correcto.

Scorsese, que nunca perdeu a sua origem italiana (Sicília, de onde vieram os pais), diz ter sido educado entre padres e gangsters, enquanto vivia num apartamento de dois quartos e meio na zona italiana de Nova Iorque e passava as tardes a ver filmes.

Os designers procuram o sonho do product placement

A atribuição dos óscares de Hollywood é um momento soberano para as marcas de moda e adereços triunfarem, dada a enorme visibilidade da cerimónia nos ecrãs televisivos de todo o mundo [na imagem, Cate Blanchette, capa parcial do caderno 4 do Sunday Times de ontem]. E John Harlow, do Sunday Times de ontem, revelaria alguns dos segredos que envolvem as noites dos óscares. Claro que a minha leitura já vai atrasada e eu ainda nem sequer vi as imagens da televisão (soube dos óscares pela rádio e aqui na internet). Hillary Swank, que ganhara um outro óscar em 2000, terá gasto cinquenta mil libras com um colar de diamantes para levar na noite passada. Joalheiro: o suíço Chopard. O ano passado, Charlize Theron, o rosto do perfume J'adore, da Christian Dior, não se vestiu com esta marca. Tratava-se de uma questão de finanças separadas, disse um porta-voz. Anteriormente, Angeline Jolie, a actriz dos filmes Tomb Raider, disse estar interessada em usar um colar de 55 pedras, chamado Diamantes para a humanidade, a fim de promover o fim de conflitos armados. Se as malas On 3 Productions, de Los Angeles, esperavam ganhar muito dinheiro com a promoção dada pela noite dos óscares. Cate Blanchett, a actriz que ganhou um prémio pela interpretação em O aviador foi presenteada com 20 malas dessas.

França: das telecomunicações para a pasta da economia

Thierry Breton (50 anos), o recém-empossado ministro francês da economia, estava à frente dos destinos do operador histórico das telecomunicações do seu país, a France Télécom (FT), desde Outubro de 2002. Nessa altura, as acções da FT tinham descido 85%, fixando-se nos €6, enquanto a dívida estava nos €68 milhões. O seu plano de recuperação visava estabelecer a confiança da bolsa, dos accionistas e dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, baixou o papel do Estado na empresa, até chegar aos 50% de capital público, reduziu 22 mil postos de trabalho (tem actualmente 202 mil assalariados em todo o mundo), renegociou com fornecedores e começou um programa de reintegração das filiais: Orange (2003), Wanadoo (2004) e Equant (2005).

Mas a FT continuaria a enfrentar problemas: declínio da actividade da telefonia fixa (peso: 46% do volume de negócios), perda da vitalidade da operadora móvel Orange no Reino Unido e na própria França (aqui face à SFR) e da internet (a Wanadoo perdeu em confronto com a Free e a Neuf Télécom), velocidade de cruzeiro ainda não atingida em termos de inovação (vídeo e videofonia, internet sem fios e integração entre móvel e fixo).

Católico, centrista e patrão, Breton passou a maior parte dos anos 1980 a ensinar os franceses no domínio das novas tecnologias. Ele é ainda escritor, pois publicou romances de ficção científica como Softwar, Netwar e La dimension invisible (1991, que mereceu uma crítica favorável de Chirac no Le Figaro).

Fonte: Le Monde, de 27 de Fevereiro
publicado por industrias-culturais às 08:40
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1 comentário:
De Wakewinha a 28 de Fevereiro de 2005
Não se tratava de uma qualquer corrida aos óscares. Era uma luta directa de dois grandes senhores do cinema norte-americano, e não se podia nunca premiar um, sem desiludir o outro.

Até aqui já havia escrito no post da madrugada no meu blog no post desta madrugada, logo a seguir À transmissão dos óscares.

O Aviador acabou por ser a desilusão da noite, mas menos mal para o filme, pois gozoujá do seu mediatismo (na verdade, quase ninguém punha em causa que ele iria arrecadar os melhores prémios).

Na verdade Million Dollar Baby acabou por arrancar umas pessoas boquiabertas no Kodak Theatre, e até na minha sala (dei um gritinho de surpresa, porque não estava mesmo à espera).

O óscar de Melhor Actor esteve muito bem nas mãos de Jamie Foxx, mas Clint Eastwood também deu o seu melhor no seu papel.

Gostei que o Melhor Actor Secundário tivesse sido Morgan Freeman, mas também não me importava nada que tivesse sido Clive Owen, não fosse eu uma das mais entusiastas com o filme de Mike Nichols, Closer!

Fiquei desiludida com o óscar de Melhor Actriz Secundária, porque a menina-senhora Natalie Portman desdobrou-se na sua interpretação de Alice (Cate Blanchet não surpreendeu n'O Aviador)! Mas talvez esteja a ser tendenciosa por ter gostado tanto de Closer. Aliás, porque é que este nem sequer foi nomeado?!?

O óscar de Melhor Actriz também foi muito bem para as mãos de Hilary Swank. Depois de Boys don't cry ela mostra que está muito bem em papéis que lhe roubam a feminilidade. E ela é brilhante, não é?

São opiniões, e como tal podem ser refutadas!

De qualquer modo valeu a pena ficar acordada para ver a cerimónia na sua totalidade!

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