Domingo, 30 de Janeiro de 2011

A COMUNICAÇÃO PORTUGUESA VISTA DE FORA

"[Degli anni Ottanta], i cittadini europei non rinunciano volontariosamente a vedere programmi americani in televisori giapponesi" (Bechelloni, 2009: 122).

Fascino Lusitano. Identità e cultura nella società della comunicazione portoghese, de Barbara Bechelloni, é um livro cujo ponto de partida reside numa bolsa de estudo Erasmus que a autora teve em Portugal em 2001. O encanto lusitano que fala o título serve como ideia central para ela escrever sobre identidade e memória, história de Portugal e estrutura social, modernidade (passagem de uma sociedade rural e fechada para uma sociedade plural e aberta), ênfase no período da década de 1960 para a de 1990 e entrada no século XXI, sociedade da informação como contributo para a democratização e entrada na Europa e seus reflexos na transformação do sistema dos media no país (1968-1986).

Sobre a história portuguesa, a autora traça rapidamente a origem do país (1143), grandes descobertas marítimas (séculos XV e XVI), revolução republicana (prefere o confronto entre absolutistas e liberais de 1830, mas salienta o assassínio do rei Carlos I e a constituição da República em 1911), revolta militar e ditadura, Rivoluzione dei Garofani (1974) e lenta democratização, ingresso na Europa.

Fixo-me no capítulo sobre os media portugueses (pp. 77-106). Barbara Bechelloni avalia o período entre 1968 e 1986 (de Marcelo Caetano como primeiro-ministro à entrada na Comunidade Europeia, hoje União Europeia). Para ela, existe um sistema de media decomposto em quatro parcelas: 1) produtivo, organizativo formal e empresarial; 2) discursivo ou da gramática do discurso nos suportes escrito, sonoro e audiovisual; 3) agentes produtores de informação; 4) significado do produto ou estrutura receptiva (público/audiências). A autora compara as mudanças iniciadas no marcelismo com a realidade do começo do século XXI - de pequenas empresas ligadas aos media, apesar de começarem a formar-se grupos de media, aos aglomerados e internacionalização e integração de media dentro do chamado hiper-sector da informação e da comunicação, em que a estrutura e circuitos de financiamento, produção, distribuição e publicidade são mais articulados e poderosos. Abandona-se a comunicação assente na cultura e na sociedade e chega-se a uma cultura do lazer e do entretenimento, paralelo à mudança de um mundo assente na industrialização que passa para um ligado aos serviços.

No período de 1974 a 1986, a docente da Università Sapienza, em Roma, detecta a seguinte periodização: 1) libertação (Abril de 1974), que assinala o fim da censura e culmina com a lei da imprensa, 2) estatização (Março de 1975), pela via indirecta da nacionalização da banca, 3) fase legislativa (em volta de 1979, marcada sobretudo pela acção de Daniel Proença de Carvalho), 4) crise económica-financeira (a partir de 1979), 5) pulverização das rádios livres (1984-1988), 6) desestatização e reprivatização dos media (de jornais e abertura à televisão privada, a partir de 1992). A autora identifica outros pontos essenciais na vida dos media portugueses no final do período em análise. Na imprensa, política de brindes para estimular a vendas dos jornais, tabloidização da imprensa generalista, jornais gratuitos e aumento do preço do papel (p. 96-98). Na rádio, apesar da sempre anunciada morte e dos baixos investimentos publicitários, a sua revitalização (430 frequências atribuídas a Portugal na conferência de Genebra em 1984) (p. 101). Na televisão, o surgimento quase simultâneo de canais privados em feixe hertziano com a oferta por satélite e por cabo conduziu a um aumento de volume de negócios e maior quantidade de conteúdos, com a crise de 2000-2001 a fazer ponderar quais as linhas do futuro, além de uma reflexão sobre a programação, em especial o sucesso de reality-shows como o Big Brother (p. 106).

O livro tem prefácio de Isabel Ferin da Cunha, da Universidade de Coimbra, um significativo ensaio de nove páginas sobre a história social dos media portugueses nas últimas três décadas.

Leitura: Barbara Bechelloni (2009). Fascino Lusitano. Identità e cultura nella società della comunicazione portoghese. Roma: Z!nes, 193 páginas
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publicado por industrias-culturais às 10:38
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