Segunda-feira, 30 de Maio de 2016
A equipa Alma d'Arame programou sete espetáculos, dois workshops, três concertos (dois em Off), uma exposição e uma instalação, num total de seis companhias nacionais e uma internacional com diferentes formas de abordagem ao mundo da marioneta e das formas animadasque criarão um espaço de cruzamento artístico. Ler mais
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Domingo, 29 de Maio de 2016
Já não me lembrava de ver Júlio Cardoso (pastor Manders) representar. Sem ser deslumbrante, o papel saiu-lhe muito bem. Gostei igualmente ou mais até de Custódia Gallego (Helene Alving). Dos outros atores (e personagens) da peça de Henrik Ibsen,
Espetros (1881), reconheço a boa presença em palco de António Reis (carpinteiro Engstrand), Catarina Campos Costa (Regine Engstrand) e Ricardo Ribeiro (Osvald Alving).
A peça gira em torno do senhor Alving, já falecido, e cuja memória se ia perpetuar enquanto benfeitor com a inauguração de um infantário. Da conversa entre o padre Manders e a senhora Alving sabemos duas coisas: o defunto não fora tão puro que merecesse uma homenagem, porque bêbado e pai fora do casamento (Regine era filha dele e de uma criada, depois casada com Engstrand); entre Manders e Helene houve uma muito antiga paixão, sublimada por aquele.
Pela má relação do casal Alving, a mãe decidira enviar para fora e desde muito novo o filho Osvald. Ele estivera em Paris onde começou uma atividade artística ligada à pintura mas de que não se fica a saber muito. Mas sabe-se que ele herdara a sífilis do pai e vinha para morrer nos braços da mãe.
Ibsen, que estava à frente no seu tempo, recupera a tradição de grande teatro que parecia perdida desde Shakespeare. A sua peça é um drama que retoma o modelo grego, onde se evoca o passado e se pressagia o futuro, embora a ação não se prolongue muito no tempo e o número de personagens se reduza à família e núcleo íntimo. E ressalta uma quase incongruência: de um doente de sífilis, o filho legítimo recebe-a ao passo que a filha fora do casamento é uma rapariga cheia de saúde, como James Joyce escreveu após ver a peça em Paris.
Julgo que a peça fez uma boa temporada no Teatro São João (Porto), augurando um bom regresso do grupo Seiva Troupe, não muito bem tratado pelo anterior executivo camarário, cujas prioridades não passavam pelo teatro da cidade. No pequeno texto incluído no programa, o grupo manifesta a sua alegria por representar uma peça com tantos anos num tempo muito afeito à grande contemporaneidade, que não permite refletir sobre as humanidades.
Sábado, 28 de Maio de 2016
Ele tem 55 anos, está casado há 31 anos e é dono de um restaurante de peixe. Apesar da estabilidade económica e psicológica, tenta uma aventura, tipo romântica e pura. Faz três tentativas. O local de encontro é o andar da mãe dele.
A primeira mulher conheceu-a no restaurante, mas revela-se rapidamente muito carnal e pouco espiritual. Faz uma constante alusão ao tique dele: aproximar os dedos das mãos ao nariz a ver se o cheiro a ostras desapareceu. Ele tem apenas uma garrafa de uísque mas ela precisa de fumar, para evitar ataques alucinantes de tosse. Ela sai mas volta para recomeçar, acabando aos insultos.
A segunda mulher é uma psicopata, temendo os olhares de todos mas achando-se ter um perfil de artista de sucesso. Enquanto conta histórias cada vez mais violentas e angustiantes, leva-o a fumar um charro. A terceira mulher é amiga de família, à beira de uma separação. Mas admite logo que não quer ter uma relação com ele por o não achar atraente. É igualmente uma conversa repleta de estranheza, com tiques de novo à vista, com ela a não se libertar da sua mala, obrigando-o a ele a arrancar. Parecia que a conversa não podia prosseguir enquanto ela não a abandonasse.
As tentativas são um fracasso, porque não acontece(u) nada. Ele telefona à mulher para uma conversa a dois. A liberdade a que ele se propusera não o levara a nada romântico e puro, mas a uma reflexão sobre os motivos que levam cada indivíduo a tomar as decisões que toma sem que o(s) outro(s) compreenda(m) bem. Logo, as relações humanas são muito complexas e as situações não se repetem.
A peça
O Último dos Românticos, de Marvin Neil Simon (1927), dramaturgo muito conceituado nascido no Bronx em Nova Iorque, esteve para ser representada há muito. A tradutora Teresa Lacerda entregara a peça a João Mota no final da década de 1970 para ser representada por Raul Solnado. Mas a peça tinha direitos de representação de alguém, pelo que só agora entrou no repertório da Comuna Teatro de Pesquisa e faz parte dos 44 anos de existência do teatro. A interpretação pertence a Carlos Paulo, Margarida Cardeal, Maria Ana Filipe e Maria Vieira.
Quinta-feira, 26 de Maio de 2016
No Centro Cultural de Cascais, a exposição
Museu Nacional Grão Vasco. Reservas em Bruto. Pintura e Escultura dos Séculos XVI e XVII mostra tesouros artísticos guardados em reserva no museu de Viseu, como o transepto atribuído a Estevão Gonçalves Neto (?-1627). De acordo com o desdobrável que acompanha a exposição, as obras são provenientes da região da Beira Alta e refletem a relação da arte com as práticas litúrgicas e devocionais e a generosidade de ofertantes e empenho de antigos diretores do museu e que testemunham as dinâmicas com que se constroem as coleções. A exposição, que se estende até 19 de junho, é comissariada por Graça Abreu.
Quarta-feira, 25 de Maio de 2016
Terça-feira, 24 de Maio de 2016
Lançamento do livro O Jornalismo Português e a Guerra Colonial (editora Guerra e Paz), hoje, na Universidade Nova de Lisboa [na imagem, da esquerda para a direita: Jacinto Godinho, docente da Universidade Nova de Lisboa, Carlos de Matos Gomes, coronel do exército, a autora e Manuel S. Fonseca, da editora Guerra e Paz].
No dia 4 de Junho, com início às 10:00, tem lugar na Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense, Montijo, um encontro em torno da obra
Os Pescadores, de Raul Brandão. A conversa conta com as participações de Francisco Oneto, João Delgado, Luís Martins e Maria Miguel Cardoso e surge no âmbito de projeto de investigação artística sobre o litoral português. Organização a cargo da Galateia, em parceria com a Companhia Mascarenhas-Martins e apoio da Mútua dos Pescadores, da SCUPA e da Câmara Municipal de Montijo.
Segunda-feira, 23 de Maio de 2016
Na Casa das Histórias Paula Rego, entre 25 de Maio e 30 de Outubro, está patente a exposição
Old Meets New, que marca o regresso das pinturas de Paula Rego às narrativas de Eça de Queirós.
A exposição centra-se na leitura que a pintora faz dos livros de Eça de Queirós, o escritor que ela mais aprecia, casos das obras
O Primo Basílio (1878) e
A Relíquia (1887), com dramas morais e sociais e as relações humanas. Com curadoria de Catarina Alfaro, as ficções são representadas e reinterpretadas no ateliê da pintora, através de modelos vivos como Lila Nunes e figurinos. Na imagem, a pintora representa-se a si própria, com uma máscara (
Self portrait triptych left panel). Exposição patente até 30 de outubro.
Presente outra exposição, a de Manuel Amado, com curadoria de Paula Rego e Catarina Alfaro, até julho deste ano, onde se representam espaços vazios mas habitáveis de casas e de palcos e camarotes de teatro, quadros realizados entre 1975 e 2008.
Domingo, 22 de Maio de 2016
Mise en Abyme, de Eduardo Batarda com curadoria de Julião Sarmento, no Pavilhão Branco, 27 de maio às 18:30.
Mise en Abyme é o resultado de proposta que o artista, e agora curador, Julião Sarmento (Lisboa, 1948) fez a Eduardo Batarda (Coimbra, 1943). A exposição reúne no Pavilhão Branco um conjunto de 21 pinturas, algumas obras nunca antes mostradas, de períodos distintos que percorrem quatro décadas de trabalho, desde 1966 a 2002.No dia da inauguração, será também lançado o catálogo relativo à exposição. Nesta publicação o curador procura, através de uma cronologia iniciada em 2016, percorrer todos os anos com produção artística de Eduardo Batarda até 1965, fazendo representar cada ano através de uma obra. O catálogo conta com textos de Julião Sarmento, Pedro Faro e David Barro [texto da organização].
Sexta-feira, 20 de Maio de 2016
Os elétricos históricos do Museu do Carro Eléctrico abrem as comemorações do São João no Porto. Em formato de Festival, o elétrico será celebrado em toda a Baixa da cidade e marginal, com animações a bordo e no Museu do Carro Elétrico durante todo o dia. Música, teatro, histórias, passeios, visitas guiadas, artistas plásticos ao vivo, um mercado de produtos tradicionais portugueses e degustações são algumas das experiências oferecidas. Destaques: Teatro (vida social vs quotidiano nos séculos XIX e/ouinícios do XX; ir a banhos à Foz no século XIX; peixeiras do mercado deMatosinhos), Trengo chega à cidade (festival de circo), Batucada Radical (ritmosbrasileiros) e Elétricos em parada até ao Museu, fado a bordo, visita guiada àarquitetura do Porto e a um dos seus mais carismáticos arquitetos (Marques daSilva) e degustação de vinho do Porto Calém [informação da entidade promotora].