Segunda-feira, 31 de Agosto de 2015

A jornalista Manuela Saraiva de Azevedo nasceu em Lisboa, em 31 de Agosto de 1911. Faz hoje 104 anos, comemorados com o lançamento do livro de contos
O Pão que o Diabo Amassou, na Casa da Imprensa. Editado conjuntamente pela Casa da Imprensa e pelo Museu Nacional da Imprensa (MNI), o livro foi apresentado pelo jornalista e diretor do MNI, Luís Humberto Marcos. Primeira mulher jornalista com carteira profissional, ela é a mais antiga associada da Casa da Imprensa, a cujo Conselho Fiscal presidiu durante três mandatos consecutivos.
Amanhã, será condecorada pelo Presidente da República com o grau de Comendadora da Ordem da Liberdade.
Domingo, 30 de Agosto de 2015
Diário de Notícias: "Comemora amanhã 50 anos de carreira no jornalismo. Ainda se lembra do seu primeiro dia"? João Paulo Dinis: "Foi na Rádio Peninsular e pela mão de Augusto Poiares. Desde os 13 anos que lhe pedia constantemente que me deixasse fazer um teste na rádio. Tanto insisti que ele acedeu. Dias depois de fazer o teste, o meu pai telefonou-me e disse que tinham gostado do meu registo de voz. O radialista Aurélio Carlos Moreira tinha gostado da minha gravação e convidou-me para apresentar o
Pajú, que era um passatempo juvenil. Tinha 16 anos" [retirado de entrevista publicada hoje no
Diário de Notícias].
João Paulo Dinis, 66 anos, faz amanhã 50 anos de atividade na rádio. Na madrugada de 25 de abril de 1974, ele foi o locutor nos Emissores Associados de Lisboa que passou uma das senhas do movimento dos capitães. Retiro da mesma entrevista do
Diário de Notícias: "E foi então que se escolheu a canção que eu teria que anunciar, logo após a transmissão da senha, que era a frase: «Faltam cinco minutos para as 24 horas». A hora foi depois antecipada e marcada para quando faltassem cinco minutos para as onze da noite. Ele queria que eu colocasse no ar uma cantiga do Zeca Afonso, que estava proibido de passar na rádio e eu sugeri a canção
E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho". [recorte do
Diário Popular, 23 de novembro de 1972]
Em entrevista que me concedeu para o meu projeto de investigação de rádio (13 de fevereiro de 2012), João Paulo Dinis recordou-me esse seu começo com Augusto Poiares: "«oh, senhor Poiares, deixe-me ir lá à rádio para fazer lá um teste, eu gostava tanto». E ele olhava para mim, pois sabes agora, não sei quê. Também com doze anos, ele devia querer dizer «cresce e aparece», não é? Houve uma vez que eu disse «oh, senhor Poiares, eu só gostava de saber se tenho algum jeito para isto ou não, pronto que é para não estar agora aqui com ideias e não sei quê». Bem, tanto dei cabo da cabeça ao pobre homem que ele disse: «nós vamos gravar no dia tal às tantas horas. Aparece lá». E eu fui. Fui, deram-me um texto, eu li, não sei quê. Dias depois, o meu pai telefona-me e diz-me: «Olha, sabes uma coisa? Telefonou-me o nosso amigo Poiares». «Ah, foi E, então que tal»? Fiquei apurado para pôr voz lá no programa
Voz do Casa Pia [o pai de João Paulo Dinis era um dos dirigentes do Casa Pia] Lembro-me perfeitamente o meu pai disse: «Olha não só para isso, mas há mais». Disse: «Mais? Então o que é que se passa»? O que é que tinha acontecido? O técnico, o Irnério Monteiro, que tinha feito a gravação em fita magnética do meu teste de voz gostou. Sabia que o Aurélio Carlos Moreira precisava de uma voz masculina para o programa que ele fazia que era o
Passatempo Juvenil, que mais tarde ficou a chamar-se
Paju,
PaJu,
Passatempo Juvenil. E mostrou a gravação ao Aurélio, e o Aurélio gostou, não sei quê, disse: «eh pá, onde é que está o contacto dele, não sei que mais e tal»". Estava-se em 1965.
Parabéns, caro locutor.
Quinta-feira, 27 de Agosto de 2015
A antiga fábrica de conservas Brandão e Gomes, instalada em 1894 em Espinho (sociedade depois alargada para instalações em Matosinhos, Setúbal e S. Jacinto), é atualmente o museu municipal de Espinho. Além de elementos ligados ao fabrico das conservas de peixe, há espaço para a arte xávega (pesca artesanal com uso de rede).
Quarta-feira, 26 de Agosto de 2015
Gostei tanto do museu Alberto Sampaio, em Guimarães, em abril último, que voltei.Admirei de novo
A Degolação de São João Batista, argamassa de cal e pigmentos de Mestre Delirante de Guimarães, datada entre 1510 e 1530 e proveniente da sala do Capítulo do convento de São Francisco.
Terça-feira, 25 de Agosto de 2015
Localizado na rua das Flores, no Porto, no edifício sede da instituição de meados do século XVI até 2013. Tem salas dedicadas aos benfeitores, pintura, escultura, ourivesaria e paramentaria, sala da administração e igreja da Misericórdia. O museu abriu o mês passado.
Domingo, 23 de Agosto de 2015
Em 2000, Carlos Leone organizou um livro com o título
Rumo ao Cibermundo?, onde me juntou a um notável grupos de intelectuais: Rui Bebiano, Carlos Vidal e Hermínio Martins.
Hoje, dia em que se soube da morte de Hermínio Martins, vale a pena recordar o que ele escreveu então, um texto pujante de cerca de 25 páginas sob o título "Tecnociência e Arte". Com pouco espaço para parágrafos distintos, ele começou por identificar o conceito de sociedade científico-industrial em França entre 1815 e 1820. Depois, convoca-nos para olhar as visões saint-simonianas e positivistas, tornadas menos obsoletas que antes da onda do discurso do inevitabilismo ocidental liberal tecnocientífico nas democracias de mercado e de igual inevitabilismo do Estado socialista (p. 13). De passagem, Martins critica os modernistas, como Yeats, Pound, Joyce e Eliot, que rejeitaram o mito do progresso e da revolução mas se comprometeram com movimentos fascistas ou para-fascistas.
E também olhou para os fuuristas, para quem as máquinas se associavam ao belo e ao sublime. Os futuristas legaram-nos a palavra
neolatria ou
tecnolatria (p. 20). Tal, no fundo, queria significar o carinho pelo novo, pelo produzido pela novidade (o nosso António Ferro pode pertencer a este grupo, acrescento). Glorificar o novo é destruir os bens sobejantes, os modos de sentir antigos, em que se incluem os planeadores urbanos modernos.
No seu caminho, Hermínio Martins elucida-nos da nossa situação presente, a do estado da natureza cibernético, de natureza-como-informação, de estado de cultura cibernético (p. 25). O filósofo comparou a ciência militar e o desenvolvimento de instalações computacionais (com frequência, com o nosso desejo de elogiar os computadores e a internet, esquecemo-nos desta origem, acrescento). O autor quase acaba o seu texto, identificando um revivalismo do platonismo científico (p. 27), com espaço para a experimentação mental e para a crítica, empregando o termo
re-uso, signifique ele o que significar, mas suficiente para permitir a liberdade de pensar, julgo eu.
Hermínio Martins nasceu em Maputo, Moçambique, em 1934. Na década de 1950, exilou-se no Reino Unido, onde ensinou nas universidades de Leeds e Essex e no St. Antony’s College da Universidade de Oxford. Publicou
Classe, Status e Poder e outros Ensaios sobre o Portugal Contemporâneo (1998) na editora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, coordenou a obra
Dilemas da Civilização Tecnológica (2003), em que o seu discípulo José Luís Garcia desempenhou um papel importante, escreveu
Hegel, Texas, e outros Ensaios de Teoria Social (Século XXI, 1996) e
Experimentum Humanum: Civilização Tecnológica e Condição Humana (Relógio D’Água). Tinha quase pronto um volume com Rui Feijó, em que tratava o 5 de Outubro, o 28 de Maio e o 25 de Abril na perspetiva comparativa, histórica e sociológica. Nos últimos anos, a sociologia e filosofia da ciência e da tecnologia ocuparam parte substancial das suas reflexões (dados recolhidos no texto do jornal
Público).
Sábado, 22 de Agosto de 2015
Eu e os outros é nome da mostra do arquiteto Alberto Caetano patente no Museu Nacional de Arte Contemporânea (Museu do Chiado), selecionada a partir de uma coleção com mais de 300 peças. Hoje, ele fez uma visita guiada a um grupo grande e interessado. Alberto Caetano relacionou grupos de dois ou três artistas, em cumplicidades estéticas ou afetivas para o colecionador: António Carneiro e Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder e Albuquerque Mendes, Rui Chafes e Ilda David, Dan Flavin e Jorge Martins.
Primeira exposição organizada pelos Amigos do Museu do Chiado, o objetivo do grupo é levar ao museu coleções particulares de arte moderna e contemporânea de qualidade, sublinhando a especificidade do gosto de quem as reuniu.
O vídeo conta a visita ao Espaço-Memória das Telecomunicações (Valadares, Vila Nova de Gaia), guiada por Manuel Carvalho e Alcides Ferreira. O Espaço-Memória tem equipamentos telefónicos e de telecomunicações que foram usados na empresa Telefones de Lisboa e Porto, desaparecida em 1994 por fusão com outras empresas, de onde se originou a empresa Portugal Telecom.
Sexta-feira, 21 de Agosto de 2015
Exposição patente no Torreão Poente do Terreiro do Paço (Lisboa). Tem pinturas, fotografias e filmes.
Confesso que levava uma grande expectativa, até porque a publicitei aqui. Gostei especialmente da paisagem sobre o rio Tejo, que se observa das janelas do torreão.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 2015
Em Agosto, a tertúlia habitual da livraria Almedina, Recordar os Esquecidos, tem um formato diferente. Desta vez, é o próprio moderador dos debates o convidado. Assim, no sábado, dia 29, pelas 18:00, João Morales vai falar sobre livros e autores que caíram no esquecimento ou até mesmo passaram (injustamente) ignorados. Na praça Duque de Saldanha, 1, Atrium Saldanha (Lisboa). Neste ano, o grupo Almedina faz 60 anos.