Quinta-feira, 18 de Junho de 2015
Não conhecia Alice Vieira como crítica de televisão.Ela escreveu no
Diário Popular, de onde retirei uma das suas análises
Ontem Vimos, de 25 de outubro de 1969. Alice Vieira comentou um episódio da série
Casei com uma Feiticeira, uma dona de casa que fazia magia sempre que torcia o nariz. Lembro-me da série, onde a personagem marido era inculta, nem sempre sensível por não compreender o que se estava a passar. Além das gargalhadas que irrompiam nos episódios como se fosse uma representação ao vivo em sala de teatro.
Alice Vieira escreveu sobre o que aprendeu em termos culturais, a começar pela palavra gloxímia. O episódio de 24 de outubro de 1969 meteu imagens de Londres, Paris e um campo de golfe na Escócia e desportos como corridas de automóveis, roleta (desporto?) e saltos de paraquedas. A escritora e crítica de televisão concluía pelo grande poder de atração da imagem. Lembro que a televisão então era a preto e branco.
Quarta-feira, 17 de Junho de 2015
Não pretendo fazer uma investigação em torno da matéria trabalhada por Gabriele Balbi Dal telefono alla radio (e ritorno?), mas fica aqui a
ligação.
Terça-feira, 16 de Junho de 2015
Hoje, publiquei as notas de uma disciplina iniciada este ano na licenciatura de Comunicação Social e Cultural com o nome de Indústrias Culturais e Criativas. Por opção pessoal, foi também o último ano que a lecionei. Dividi-a em três blocos - matéria teórica, leituras para fazer e apresentar na aula por parte da turma e presença de convidados. O que são e para que servem as indústrias culturais e criativas, perguntei à partida. Trata-se afinal do tema central deste blogue alimentado desde 2003, responsabilidade que eu nunca pensei em prolongá-la por tanto tempo.
A uma introdução rápida do conceito fundador de Adorno e Horkheimer em 1947, alarguei o âmbito do tema e falei de conceitos retirados de Bernard Miège, David Hesmondhalgh (2007). The Cultural Industries. London: Sage, Justin O’Connor (2007). The Cultural and Creative Industries: A Review of the Literature (texto de trabalho não editado), Christiane Eisenberg, Rita Gerlach, Christian Handke (eds.) Cultural industries. The British experience in international perspective (texto em formato electrónico pdf Adobe) e Dieter Putcha, Friedrich Schneider, Stefan Haigner, Florian Wakolbinger e Stefan Jenewein(2010). The Berlin Creative Industries. An empirical analysis of future key industries.Heidelberg: Gabler. Acrescentei o fantástico livro de Rosamund Davies e Gauti Sigthorsson (2013). Introducing the Creative Industries. Los Angeles e Londres: Sage, o necessário embora controverso Richard Florida (2002). The Rise of the Creative Class: and how it’s transforming work,leisure, community. Nova Iorque: Basic Books e o relatório de Augusto Mateus sobre indústrias criativas (2013), com as sinergias cultural, turística e industrial. Dos convidados, tive presente Alexandre Rodrigues (fãs de videojogos), Pedro Russo Moreira (música e rádio no Estado Novo), Joana Linda Correia (fotografia e artes performativas), Pedro Lopes (produção de ficção televisiva), Ana Garcia Martins (blogues, moda e tendências de consumo), João David Nunes (gestão das indústrias culturais), João Porto (audiências dos media), Anabela Mota Ribeiro (jornalista), Miguel Fernandes e Francisco Garcês (comunicação audiovisual no poder local) e José Carlos Alfaro (livreiro). Após estas presenças inquiri a turma para catalogar cada convidado nas três categorias de organização como o livro de Davies e Sigthorsson explica: freelancers, pequenas e médias empresas, grupos de media e indústrias criativas.
O trabalho produzido na turma foi muito rico, como os seus trabalhos finais refletem. A aluna polaca escreveu sobre as indústrias culturais e criativas de Varsóvia, a aluna basca escreveu sobre a realidade em Bilbau, ensinando que há mais coisas além do museu Guggenheim, os alunos portugueses escreveram sobre Lisboa. Um elemento da turma ficou tão entusiasmado que me falou já de querer estagiar numa nova empresa aqui em Lisboa na área das indústrias culturais e criativas. Outro elemento de alegria foi o falarmos uma linguagem nova, com conceitos que, de início, pareciam estranhos. Quase todos os elementos da turma me falaram das discussões tidas entre eles sobre o que ouviram dos convidados e dos ensinamentos recolhidos nesses contactos.
Segunda-feira, 15 de Junho de 2015
No dia 18 de junho, entre as 14:30 e as 17:30, na Torre do Tombo, vai decorrer mais uma sessão da iniciativa SOS digital. O objetivo é abordar a temática do património sonoro e fonográfico através da identificação de problemas, campos de intervenção e questões técnicas estruturais que se colocam a quem trabalha nesta área, na perspetiva da digitalização no longo prazo.
Organizada pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas em parceria com o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança este evento está alinhado com o Projeto Continuidade digital.Participação: gratuita, mas sujeita a inscrição (enviar mensagem eletrónica para
mario.santana@dglab.gov.pt , referindo: nome, entidade/serviço, designação “SOS digital” em assunto). Local de realização: Edifício do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Alameda da Universidade, Lisboa. Data de realização: 18 de junho de 2015 (14h30 – 17h30)
Ver mais em
http://arquivos.dglab.gov.pt/2015/06/04/sos-digital-patrimonio-sonoro-e-fonografico/.
Domingo, 14 de Junho de 2015
Quando escrevi aqui sobre o livro de Gonçalo Pereira
Parem as Máquinas!, anotei que faltavam histórias de mulheres jornalistas. O autor quase não descansou até editar a história da repórter Fernanda Reis.
«Salte!»Fernanda Reis não assimila de imediato as implicações daquela ordem. Foi proferida num tom imperativo, mas com uma calma totalmente desajustada da realidade que se vive a bordo daquele bombardeiro pintado com as cores da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi o soldado encarregado da metralhadora que ordenou a Fernanda que saltasse para o vazio, o mesmo soldado que, instantes antes, ficara com um «dos braços inutilizados por uma rajada de metralhadora inimiga».«Salte!»Assim começa a história de Fernanda Reis na guerra da Coreia, em 1952. Portuguesa, aluna de Medicina até ao segundo ano, piloto de automóveis nos tempos livres e repórter, mulher de "moral duvidosa", como a rotulou a polícia política portuguesa em 1940, foi para o Brasil e trabalhou para jornais do Rio de Janeiro, como
A Noite e
O Globo. A jornalista esteve no centro da guerra e relatou-o. Se quiser continuar a ler, veja aqui:
http://ecosferaportuguesa.blogspot.pt/2015/06/fernanda-reis-reporter-intrepida-na.html.
Há dias, publiquei um recorte de imprensa do Diário Popular (22 de setembro de 1969), artigo de Fernando Correia com o título "Televisão e Sociedade".
Agora recolho memórias do autor e do texto. Em 1969, Fernando Correia estava na tropa, e ia escrevendo em casa umas coisas para o jornal. Por simpatia de Pinto Balsemão, e para poder ganhar algum dinheiro visto não receber salário, até colaborou com crítica de televisão, assinando António Pinheiro. O cumprimento do serviço militar não era compatível com o exercício da profissão, que ele iniciara em 1966, no mesmo Diário Popular.
Fernando Correia, ao recordar este texto, mostrou-se surpreendido com a leitura de algumas passagens. Em princípio, a censura cortaria, embora em textos deste tipo, mais "difíceis" para os leitores habituais de um jornal como o Popular, a censura fosse, por vezes, mais "condescendente". Mas o então jovem jornalista também recorreu a metáforas como sistema englobante em vez de sociedade capitalista. Há ainda uma referência cifrada à ação da censura, implícita na equívoca alusão à falta de espaço para poder escrever mais: "De tudo isto (e de muito mais que não pode ser dito) resulta".
As entrelinhas funcionavam para alguns leitores!
Sexta-feira, 12 de Junho de 2015
As eleições de outubro de 1968 levariam Francisco Pinto Balsemão ao parlamento, enquanto deputado da ala liberal da União Nacional. Ele já era um homem dos jornais, como um dos responsáveis do
Diário Popular. Aqui, no seu jornal, uma notícia sobre uma conferência por ele dada a um curso de jornalismo (22 de março de 1969). Mais tarde, em 1973, fundaria o
Expresso.
O curso era promovido pelo Sindicato Nacional dos Jornalistas, ainda antes das licenciaturas em jornalismo e comunicação. Na conferência, Balsemão falava em computadores e atraso tecnológico em Portugal e desenvolvia o neologismo
tecnetrónica, sociedade onde se juntavam as ideias de tecnologia e eletrónica. Diria: "As empresas de Imprensa, para se manterem, para ganharem dinheiro, precisam de acompanhar o progresso tecnológico". Reconheço a importância da pertinente e permanente ideia em Balsemão ao longo de décadas até hoje.
Terça-feira, 9 de Junho de 2015
O portal
Gestión Cultural, na sua edição de junho de 2015, destaca o blogue Indústrias Culturais. Obrigado.
Segunda-feira, 8 de Junho de 2015
Antonio Laguna Platero e José Reig Cruañes (eds.) (2015) escrevem, na introdução do livro: "El humor como la risa no sólo son formas de expresividad y comunicación sino que, de acuerdo con distintas investigaciones psicológicas o fisiológicas, son medios importantes para la propia salud. Teorías sobre el poder curativo de la risa, sobre los beneficiosos efectos en todo tipo de traumas del ser humano, circulan hoy en día de una manera generalizada sustentadas en una amplia bibliografía. Es lógico, por tanto, entender por qué la receptividad del mensaje humorístico es y ha sidosiempre elevada. No sólo por lo atractivo del mensaje, casi siempre adornado con imágenes y poco texto, sino por la predisposición del receptor a su consumo. Una predisposición que, como hemos señalado, supera el nivel intelectual para recalar en el emotivo. Con la risa –se ha teorizado– el individuo expresa emociones, libera tensiones, muestra placer".
O livro resulta das comunicações apresentadas ao XIIICongresso Internacional da Asociación de Historiadores de la Comunicación realizado em Cuenca, Espanha, em outubro de 2013 (ler
aqui). Eu escrevi sobre um programa radiofónico de humor,
A Voz dos Ridículos.
Sábado, 6 de Junho de 2015
A manta tem 1700 peças em malha ou pintadas e resulta do trabalho coletivo de 258 pessoas. Durante este mês, cobre a fachada do edifício da sede da junta de freguesia de Lisboa (Alfama, Baixa, Castelo, Chiado e Mouraria).