Terça-feira, 30 de Junho de 2015
A Shaw Family Archives elegeu o Centro Cultural de Cascais como ponto de partida para a digressão mundial da grande retrospetiva da obra do famoso fotógrafo nova-iorquino, que inaugura no final deste Verão e conta com imagens raras e nunca antes apresentadas ao público.
Sam Shaw: 60 Anos de Fotografia percorre as mais de seis décadas da fantástica carreira de Sam Shaw, da qual fazem parte imagens tão célebres quanto a fotografia de Marilyn Monroe de saia esvoaçante sobre o respiradouro do metro, em Nova Iorque. Shaw (1912-1999) retratou praticamente todas as estrelas da indústria cinematográfica da sua época, mas também músicos, artistas, escritores e intelectuais da altura, sendo os seus trabalhos bem conhecidos do público português. A exposição composta por mais de 200 imagens, estará patente no Centro Cultural de Cascais, de 11 de Setembro até 8 de Novembro de 2015 (na imagem: Marlon Brando, Los Angeles 1959) [informação fornecida pela organização da exposição].
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015
Hoje, na Universidade Católica Portuguesa, foi defendida a dissertação de mestrado de Pedro Lopes, Imitação da Vida. A Escrita Cinematográfica e o Melodrama. No trabalho, o autor presta uma homenagem aos filmes realizados por John Stahl (1934) e Douglas Sirk (1959), a partir de um romance de Fannie Hurst, na busca da evolução do melodrama desde o seu aparecimento como género no teatro e a sua evolução com o cinema. Pedro Lopes estudou também as obras tardias de Douglas Sirk e olhou a reinvenção do melodrama a partir da década de 1970 em realizadores como Rainer Werner Fassbinder, Pedro Almodóvar e Todd Haynes. O trabalho hoje defendido serviu de moldura teórica para a escrita de uma longa metragem, a realizar para o próximo ano.
Pedro Lopes trabalhou para a Casa da Criação onde colaborou na escrita de novelas da TVI (Saber Amar, Queridas Feras e Morangos com Açúcar). Licenciado em História, o agora mestre em Ciências da Comunicação estreou-se na SIC como autor principal em Perfeito Coração. Depois, foram Laços de Sangue, telenovela vencedora de um Emmy, Dancin' Days e Sol de Inverno. O diretor de conteúdos da SP Televisão também escreveu séries para a RTP.
Domingo, 28 de Junho de 2015
Sábado, 27 de Junho de 2015
Festa popular do Brasil na freguesia de Arroios: danças a reconstituir a festa de casamento na Bahia.
Quinta-feira, 25 de Junho de 2015
Ele tocou Chopin, Debussy, Ravel e Gershwin. A noite estava muito quente, pelo que se abriram as janelas. De fora, vinham sons da rua e de música popular, o que levou a fecharem-se as janelas. Algo estranho mas agradável.
Terça-feira, 23 de Junho de 2015
Um dia, sonhei escrever um livro sobre o Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e a sua pintura. Já tinha título (As Minhas Pinturas Preferidas) e tinha a lista das cinco pinturas sobre as quais queria escrever.
Em primeiro lugar, O Barredo de Dórdio Gomes (1935), talvez por causa de imagens do rio Douro que guardo dos meus primeiros anos de vida. Depois, Henrique Pousão e o seu Esperando o Sucesso (1882), a obra mais moderna do grupo que selecionei. Falecido muito jovem, aquela pintura remete para a infância do autor, com um desenho de criança semelhante aos sonhos que todos têm naquela idade. Interior (Costureiras Trabalhando) (1884), de Marques de Oliveira,exerce um fascínio permanente de cada vez que percorro as salas do museu. Creio que por causa do artista pintar a mesma modelo (a sua mulher) em duas posições diferentes nessa atividade doméstica de coser a roupa. Era a época em que a máquina de costura estava a entrar no conjunto de artefactos caseiros. Também a ampla porta para o jardim desperta o interesse pelas flores e pelos cheiros da natureza.
Aqui, sou levado à minha quarta obra preferida, a de Silva Porto, Um Campo de Trigo - Seara (Arredores de Paris) (1878-1879). Durante muitos anos, considerei a obra do pintor e de outros naturalistas perfeitamente anacrónica. Mas a posição do quadro na sala permite-me imaginar um zoom como se fosse no cinema, vindo da sala anterior até olhar muito de perto os pigmentos das cores do quadro. O que me reconciliou com o pintor. De novo, a imaginação dos cheiros da seara no verão quando os cereais estão a ser recolhidos e da chuva caindo sobre pequenos troncos em decomposição no outono seguinte. O último quadro de eleição pessoal é obra dupla de August Roquefont (sem data) com o Retrato da Baronesa do Seixo e o Retrato do Barão do Seixo, sobre os quais já aqui escrevi sob a ideia de, depois de ver os quadros, só lhe falta ouvir a voz dos retratados. Eles estão logo à entrada do percurso pictórico do museu, prontos a lembrar como seria a burguesia do Porto numa época de grande pujança da cidade comercial e cultural.
Reconheço que houve uma alteração de gostos estéticos. Ou, parece-me mais adequado, deixei de ser radical face a gostos anteriores muito pós-modernos. Um dia, quando dirigia uma visita de estudo a uma exposição na Árvore, uma aluna perguntou-me se eu gostava mesmo daquela pintura tão abstrata.Sonhei escrever o livro, mas já não tenho tempo para isso, pois estou ocupado com outros projetos. Limito-me a ir com frequência ao museu e, se for a altura e estiver bom tempo, de almoçar no pátio interior.
Segunda-feira, 22 de Junho de 2015
O livro
Das Piratas à Internet: 25 Anos de Rádios Locais foi organizado por Ana Isabel Reis, Fábio Ribeiro e Pedro Portela e editado pelo CECS (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho). Tem data de publicação de dezembro de 2014 e foi divulgado essencialmente em formato
ebook.
É um belo livro, desde já porque se trata de um livro sobre rádio. Depois, recolhe muitos autores especializados além dos organizadores: Alberto Arons de Carvalho, Elsa Costa e Silva, Luís Bonixe, Madalena Oliveira e Luís António Santos. Em terceiro lugar, uma boa surpresa: entrevistas a profissionais da rádio: António Colaço, António Macedo, Carlos Daniel Alves, David Pontes, Francisco Amaral, João Paulo Meneses, Joaquim Franco, José Carlos Barreto e José Coimbra. Em quarto lugar, o projeto gráfico (e edição digital), a cargo de Alberto Sá e de Ricardina Magalhães.
Na nota introdutória, os organizadores lembram o marco significativo da lei da rádio de 1988 e da atribuição de frequências locais em 1989, tópicos para reflexão do fenómeno das rádios locais. O texto de Ana Isabel Reis dá uma boa perspetiva da evolução histórica (pp. 11-26), onde define três gerações (ou etapas, na minha leitura): entusiasmo amador, interesse dos poderes locais, projetos profissionais. Algumas centenas de projetos idealistas terão ido para o ar, com a legislação de 1988 a atenuar esse entusiasmo não ligado a práticas comerciais e organizativas. No Porto, a Rádio Caos, em Lisboa, a TSF, são dois exemplos olhados pela autora. Mas também a Rádio Antena Livre (Abrantes) e a RUC (Coimbra) figuram na lista, com bastante detalhe. O texto de Arons de Carvalho é mais político e sobre a legislação. As responsabilidades políticas dele aparecem aqui bem expressas. Destaco o seu ponto de vista sobre mudanças recentes, com os processos de concentração, as modificações de projeto nas rádios locais e a possibilidade de nova vaga de experimentalismo e poesia com o licenciamento de rádios comunitárias.
A perspetiva mais económica é apresentada por Elsa Costa e Silva, na sequência de outros estudos que a autora tem feito sobre os media. Destaco o texto das pp. 52-56, com atenção à propriedade e concentração da rádio local em Portugal. O fracasso dos ideais de 1989 foi a concentração e a perda de (alguma) diferenciação dos projetos ao longo do país. Agora, muitas das frequências locais são repetidores de estações com sede em Lisboa - boas para quem se desloca de automóvel ao longo do país e ouve a sua estação em todo ele. No período entre 2006 e 2011, a autora estima 43 operações de retransmissão autorizadas pela ERC.
Seguindo um percurso sólido na análise do jornalismo na rádio, com um ponto alto na sua tese de doutoramento e posterior publicação, Luís Bonixe identifica rotinas e constrangimentos no jornalismo radiofónico. Com dados sobre 50 jornalistas trabalhando em 35 rádios locais, o autor traça uma radiografia precisa: metade são mulheres, 42% têm entre 31 e 40 anos de idade, 24% são jornalistas há menos de cinco anos mas 18% trabalha como jornalista da rádio há mais de 11 anos, 74,19% formaram-se em ciências da comunicação, 42% indica que o reduzido número de profissionais afeta o seu dia a dia de trabalho. Madalena Oliveira prefere destacar a proximidade, o caráter intimista e de sotaque na rádio local, a diferença entre as categorias temática e generalista. A autora foca a linguagem simples e descomplexificada e a orientação local para a promoção musical mas também a participação do ouvinte através do telefone, em busca do popular e do trivial.
Domingo, 21 de Junho de 2015
Luísa Cruz desempenha muito bem o papel de Regina Giddens na peça
As Raposas, de Lillian Hellman. Não é um registo autobiográfico da escritora, apesar dela ter observado uma realidade semelhante na sua infância, a dos jogos de poder dentro da família. Cada elemento vangloriava-se de ser mais rico e hábil nos negócios que os outros familiares, tema usado com frequência nas reuniões familiares mais ou menos regulares à volta da mesa. A Regina da peça representada no Teatro Aberto é paciente, tenaz e dura para com os irmãos e o marido. Ela sabe esperar o seu momento de ataque, aliás secundada por um dos irmãos, Benjamin Hilton (Virgílio Castelo), que, no final, reconhece que perdeu mas há mais situações no futuro. O mundo, a seus olhos, é construído por ganhos e perdas, processo dinâmico a que os mais fortes e ágeis estão atentos.
O cenário fixo, desenhado por António Casimiro e João Lourenço , decompõe-se em três espaços. A sala, onde decorre a maioria dos diálogos, o fundo, de entrada para a casa e onde se observa o verde da paisagem, a escada, onde o desenlace se dá: Henrique Giddens, regressado a casa após vários meses numa clínica, morre de ataque cardíaco no momento em que procurava um remédio. A mulher, Regina, mantém-se fria sentada no sofá à espera que ele morra. Em jogo estavam 30 milhões de euros em ações, roubados pelo sobrinho Leonardo (Pedro Caeiro) e que Henrique não queria que fossem para Regina. Roubo, traição, perfídia e interesses individuais face ao coletivo são tópicos fundamentais da peça.
Das outras personagens, retive a de Betty Hilton (Gracinda Nave), a mulher-boneca e que foi a oportunidade para Oscar Hilton (Marco Delgado) aceder à riqueza e aristocracia à moda americana. Hábil a tocar piano, ela confessa não saber fazer nada na vida e passa os dias a beber para esquecer a perdida Quinta dos Leões e o tempo dos seus pais, que procuravam ser mais honestos entre si e respeitosos da condição dos seus trabalhadores. O negócio, agora em desenvolvimento, com a entrada de um financeiro para expandir linhas de produtos, William Marshall (Eurico Lopes), permitia um leve sonho dela regressar a esse tempo de inocência. Mas os restantes elementos da família logo se encarregaram de eliminar essa possibilidade.
A peça teve adaptação ao cinema em 1941, com realização de William Wyler e Bette Davies no papel de Regina, e à ópera em 1947, com o título
Regina e música de Marc Blitzsein. Em Portugal, a peça, com o título
As Pequenas Raposas, foi estreada em 1966, com Eunice Muñoz, Maria Lalande, Rogério Paulo, Henriqueta Maia e João Perry, entre outros. Então, Perry fazia de Leonardo, o filho de Oscar que roubou as ações de Henrique; agora, faz o papel do mais velho.
Por instantes, a partir das diferentes posições de cada membro da família representada, lembrei-me da história do banqueiro Ricardo Salgado, da família deste e do Banco Espírito Santo.
Sexta-feira, 19 de Junho de 2015
Disse Adelino Gomes, à chegada de Osaka, Japão, onde foi reportar a Expo 70 para o Rádio Clube Português: "séculos de História, de progresso científico, que estão em cada um dos pavilhões das setenta e sete nações presentes" (
Diário Popular, 28 de março de 1970). O jornalista falaria para Portugal via satélite, sem retorno de som de Lisboa, junto a técnicos que apenas falavam japonês e a oitocentos homens de informação de todo o mundo.
Quinta-feira, 18 de Junho de 2015
8—10 February 2016,Geological Society, London (can also be viewed at
http://tinyurl.com/HandsOn16)
Confirmed keynote speakers:* Prof. Susan J. Douglas (Professor of Communication Studies, University of Michigan)* Dr. Gerard Alberts (Associate Professor of the History of Mathematics and Computing, University of Amsterdam)“Media Scholars and Amateurs of All Countries and Disciplines, Hands-on!”
*Recent years have witnessed a growing turn to experimental historical research in the history of media technologies. In addition to archival investigation and oral history interviews, historians and enthusiasts are increasingly uncovering histories of technology through hands-on exercises in simulation and re-enactment. Equipment lovingly restored by amateurs, or preserved by national heritage collections, is being placed in the hands of the people who once operated it, provoking a new and rich flood of memories.
The turn to experimental research raises profound methodological questions. The unreliability of narrative memory is well proven, but what do we know about the limits of haptic and tactile memory? To what extent is it possible to elicit useful memories of technological arrays when parts of those arrays are missing or non-functional? How do the owners of old equipment shape the historical narratives which are stimulated by their collections?
Hands-On History is a colloquium designed to facilitate discussion of these issues between historians, users, curators and archivists (amateur and professional) who are making use of and taking part in these historical enquiries. In addition to a series of keynote presentations by leading scholars in the field, the event will also include stimulating workshops on specific focus areas. While the focus of the event will be on media technologies, broadly defined, we invite contributions from other areas of technology and from other academic disciplines.This colloquium aims to make a decisive intervention in this emerging area of academic interest. It is part of the ADAPT project, a European Research Council funded project investigating the history of television production technologies through hands-on simulations. Research conducted by ADAPT will form a key case study for the colloquium.
In order to facilitate productive discussion, numbers will be limited. It is expected that papers presented will form the basis of an edited collection focused on hands-on historical research.We invite proposals for research presentations, panel discussions, and historical equipment demonstrations. Presentations may take whatever format is most appropriate, and we welcome approaches which deviate from the traditional 20 minute lecture.
Please send a brief proposal to
nick.hall@rhul.ac.uk by 28 August 2015.* Andreas Fickers and Annie van den Oever, “Experimental Media Archaeology: A Plea for New Directions” 2013
See full cal for papers:
http://www.adapttvhistory.org.uk/