Sábado, 9 de Maio de 2015

O jornalismo actual em Nelson Traquina

Em 1993, Nelson Traquina, o mais conceituado professor de jornalismo em Portugal, lançava a sua obra-prima Jornalismo: Questões, Teorias e "Estórias", uma antologia de textos que deram a conhecer aos seus alunos a pujante investigação norte-americana, nomeadamente a sociologia do jornalismo.

Agora, com data de finais de 2014, ele volta a editar um livro com textos de investigadores consagrados norte-americanos, embora sem a novidade do livro inicial do professor: Questões Críticas do Jornalismo Contemporâneo. Os Papéis Pulverizados do Capitalismo.

Além da introdução, escrita pelo organizador, o volume tem textos de William Gamson e Andre Modigliani, Nelson Traquina, Thomas Hanitzsch e colegas, Brian McNair, Thomas Patterson, Maria João Silveirinha, Sonia Serra, Steven Livingston e Lance Bennett, e Rui Miguel Gomes.Na contracapa do volume, apresenta-se o levantamento dos temas presentes no livro: cobertura jornalísticas de temas globais, como a energia nuclear, enquadramentos e representações de grupos sociais, como mulheres, tendências contemporâneas do jornalismo e impactos na vida pública e cívica, como o aumento da tabloidização, e avaliação sobre as narrativas jornalísticas, caso do uso crescente de acontecimentos presentes ao vivo.

Na introdução, Nelson Traquina, que dedica o livro à nova geração de jornalistas, questiona o jornalismo sobre o hipotético fim da importância da reportagem, a perda do poder de selecção, construção e saliência dos profissionais quando olham o acontecimento e reflectem sobre se ele se torna ou não notícia. Os jornalistas também mudaram, conclui o antigo professor de Jornalismo e de Teoria da Notícia da Universidade Nova de Lisboa. A chegada de mulheres, de licenciados de várias origens (economia, história, ciência política), além da consolidação da democracia em Portugal, foram elementos fulcrais nessa transformação. Um outro texto da colecção inserida no livro identifica o relevo da tecnologia na construção da notícia, embora a conclusão não indique uma relação directa.

Leitura: Nelson Traquina (2014). Questões Críticas do Jornalismo Contemporâneo. Os Papéis Pulverizados do Capitalismo. Lisboa: Aletheia, 379 páginas, 16 euros


publicado por industrias-culturais às 21:17
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Quinta-feira, 7 de Maio de 2015

32 nomes para o Panteão de Jornalistas

Uma notícia inserida no Expresso, a propósito da biografia do jornalista agora desaparecido, Oscar Mascarenhas, indica que ele e mais outros jornalistas (Adelino Gomes, Alexandre Manuel e Luís Paixão Martins) estavam a planear uma proposta com 32 nomes para o futuro Panteão de jornalistas, com algumas anotações feitas por ele:

Adolfo Simões Müller (jornalismo didático), António Paulouro (jornalismo regional), Artur Agostinho, Augusto de Castro (direcção e editorialismo), Camilo Castelo Branco (folhetinismo), Cândido de Oliveira (jornalismo desportivo), Carlos Pinhão, Carlos Pinto Coelho (jornalismo cultural televisivo), Eça de Queiroz (crónica de viagem), Eduardo Coelho (pioneiro do noticiarismo e novas tecnologias), Fernando Assis Pacheco, Fernando Pessa (jornalismo radiofónico e televisivo), Fialho de Almeida (jornalismo de crítica de costumes), Joshua Benoliel (fotografia), Leitão de Barros (jornalismo da nota do dia, Os Corvos), Manuel António Pina, Maria Lamas (jornalismo no feminino), Mário Castrim (jornalismo para jovens e pioneiro da crítica de televisão), Mons. Moreira das Neves (jornalismo religioso), Norberto de Araújo (olisipógrafo), Norberto Lopes (repórter de guerra e entrevistador), Rafael Bordalo Pinheiro (caricaturista), Ramalho Ortigão (polemista), Raul Proença (fundador da Seara Nova e criador do Guia de Portugal), Raul Rego (jornalismo oposicionista), Reynaldo Ferreira (Repórter X), Roby Amorim (jornalismo enciclopédico), Rodrigues Sampaio (jornalismo político), Sousa Veloso (jornalismo televisivo de divulgação da agricultura), Stuart Carvalhais (cartoon), Vera Lagoa e Vítor Direito (jornalismo popular).
publicado por industrias-culturais às 19:25
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As revistas de informação segundo Carla Cardoso

Foi hoje à tarde que a Carla Cardoso, responsável da licenciatura em Comunicação e Jornalismo na Universidade Lusófona desde 2013, defendeu a sua tese de doutoramento intitulada A Newsmagazine em Portugal: 70 anos até à consolidação do conceito. A prova decorreu na Universidade Nova de Lisboa, onde ela já defendera a tese de mestrado em 2006, como aqui referi na altura.

A tese debruça-se sobre o segmento da newsmagazine, como hoje a entendemos, nascida em 1923 nos Estados Unidos, com a Time. O objecto de investigação empírica foi a análise das revistas portuguesas no longo período de 1967 a 2014, num total de 15 publicações, de que destacou a Visão e a Sábado, mas  também Vida Mundial, Observador, Opção, Grande Reportagem, Focus e outras. Em trabalho muito minucioso, Carla Cardoso olhou as capas e os títulos e temas de edições número 0 e 1, além de números especiais (aniversários, por exemplo). Do trabalho, fica um acervo muito importante deste tipo de publicações, esperando-se agora a sua divulgação para além do circuito académico.

Do que eu disse, destaquei o texto limpo, claro e agradável, apesar da dimensão (626 páginas), o ponto 1.7 onde escreveu sobre jornalismo de revista e criou uma nova palavra - jorvista - que caracteriza o cruzamento de jornal e revista.


Na foto, da esquerda para a direita: Rui Francisco Cádima, Rogério Santos, Cristina Ponte (a orientadora), Carla Cardoso (a nova doutora), Jorge Pedro Sousa, Estrela Serrano e Carla Baptista.

publicado por industrias-culturais às 19:08
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Terça-feira, 5 de Maio de 2015

Livro de Gonçalo Pereira




Dia 14 de Maio, pelas 18:30, na Casa da Imprensa (Lisboa), vai ser lançado o livro Parem as Máquinas! de Gonçalo Pereira Rosa. Um livro das Edições Parcifal, apresentado por João Paulo Cotrim. 

Actualização às 21:50 (incluindo vídeo de pequena entrevista que fiz ao autor hoje à tarde):Escreveu António Granado no Facebook: "Recebi-o das mãos do Gonçalo Pereira Rosa há apenas duas horas e já li umas sete ou oito estórias, absolutamente deliciosas, do jornalismo português do século passado. A reunião do Conselho da Revolução, que Nuno Rocha noticiou n'O Tempo com todos os pormenores, mesmo antes de ela ter acontecido, é um episódio que inscreveu definitivamente essa personagem na história (universal) da infâmia do jornalismo português. A não perder".

Actualização em 7 de Maio de 2015 (21:30), com texto editado na revista Sábado (a partir do sítio de ecosferaportuguesa, de Gonçalo Pereira).

 
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publicado por industrias-culturais às 10:29
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Segunda-feira, 4 de Maio de 2015

Recepção dos media pelo género feminino

O livro organizado por José Ricardo Carvalheiro, As Caixas Mudaram o Mundo? Usos Femininos dos Media no Estado Novo, resulta da investigação inserida num projecto da Universidade da Beira Interior financiado pela FCT. Objectivo: saber os consumos dos media e a sua recepção pelo género feminino a partir da década de 1940, ou, como o livro diz mais acertadamente: "trabalhar com memórias acerca da recepção mediática na ditadura" (p. 10).

O meu ponto de descoberta foi o texto do organizador do livro "História oral, memória e recepção mediática". Nele, o autor procura "reconstituir e compreender o passado" (p. 45), o que o leva a captar as práticas e os contextos de uso dos media e os compreender na dimensão diacrónica (histórica). No texto, também se fala de memória e identidade, biografias e apreensão da recepção no passado e da interpretação dos textos às práticas significativas. Como corpo de observação empírica, a equipa de investigação conduziu 57 entrevistas a mulheres nascidas antes da Segunda Guerra Mundial e o início das emissões de televisão (1939-1957) em associações na Covilhã e em Coimbra em núcleos fabris e de serviços das duas cidades (p. 134). A partir das entrevistas, a equipa procurou reconstituir histórias de vida. Aqui, reside a riqueza da investigação agora publicada e que, além de José Ricardo Carvalheiro, inclui os nomes de João Carlos Correia, Maria João Silveirinha, Sara Portovedo, Diana Tomás e Catarina Valdigem.

Um dos outros capítulos que gostei de ler foi o dedicado às narrativas de vida de quatro lisboetas sobre a recepção da rádio, igualmente escrito pelo organizador do volume. Carvalheiro destaca as estruturas de relevância e as práticas criativas de recepção (p. 160). O livro insere-se na colecção "Comunicação, História e Memória", da MinervaCoimbra, dirigida por Isabel Vargues. Da colecção, já fiz aqui comentários do livro de Carolina Ferreira Os Media na Guerra Colonial.

Leitura: José Ricardo Carvalheiro (2014). As Caixas Mudaram o Mundo? Usos Femininos dos Media no Estado Novo. Coimbra: MinervaCoimbra, 284 páginas, 21 euros
publicado por industrias-culturais às 22:05
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Sábado, 2 de Maio de 2015

A rádio em 1985

A capa reproduz um altifalante de excitação directa em leque Gaumont. O livro 60 Anos de Rádio em Portugal foi publicado em 1986 pela RDP (rádio pública) e pela editora Vega e reproduz as comunicações realizadas no colóquio sob aquele nome, nos dias 23 e 24 de Maio de 1985, no Fórum Picoas, em Lisboa. À época, actuais e antigos dirigentes da rádio (como Maria da Paz Barros Santos e José Manuel Nunes), profissionais destacados (como Fernando Curado Ribeiro e Fernando Serejo), novos protagonistas (como Emídio Rangel), especialistas em audiências e publicidade (como Rui Dias José e João David Nunes), professores de comunicação (como Adriano Duarte Rodrigues) passaram esses dias a falar de rádio.

Um dos textos que melhor fixei foi o de José Manuel Nunes. Ele falou de recursos humanos (a partir de estudo feito por Ana Paula Ferreira e Maria Leonor Nunes). Então, a rádio pública tinha 22 categorias profissionais, como realizadores, assistentes de realização, locutores, animadores de emissão, jornalistas, sonorizadores, assistentes musicais, assistentes literários e arquivistas musicais. Do conjunto dos trabalhadores da rádio, ele extraiu 570 produtores do discurso radiofónico, dos quais 348 se situavam na faixa etária entre 35 e 50 anos, mas poucos abaixo dos 30 anos. Ao contrário, havia uma forte juvenilização e predominância masculina nos jornalistas. 28,1% dos produtores de discurso possuíam o antigo 7º ano do liceu, 23,2% o antigo 5º ano e 10,3% o ensino básico. Apenas 7,8% tinha licenciatura. O então director de Programas colocou uma questão premente na época, a do ingresso de muitos funcionários em 1976, quando se formou a RDP, e 1980, ano de eleições.

A síntese final (pp. 233-238) apontou 11 pontos principais dos trabalhos do colóquio: 1) conceitos e ideias, 2) rádio-teatro, 3) rádio nova/rádio velha, 4) rádio e juventude, 5) pesquisa de audiência, 6) regionalização da rádio, 7) publicidade, 8) recursos humanos, 9) informação, 10) emissões em onda curta, e 11) planeamento e gestão.
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publicado por industrias-culturais às 22:17
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