Quinta-feira, 5 de Março de 2015

Humor na música portuguesa

Sessão de 180 minutos onde João Morales apresenta o humor na música portuguesa, dia 21 de Março pelas 15:30 na Associação Pétalas Cósmicas, à rua Teixeira de Pascoais, 21 A, aqui em Lisboa.


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Quarta-feira, 4 de Março de 2015

O rapazinho que teve medo do transformer


O circo adaptou-se. Já não monta a tenda e exibe leões ou outros animais selvagens mas mostra-se em salas multiusos dos concelhos do país. Uma apresentadora, com música de fundo, a ginasta, o palhaço e figuras do audiovisual como o Rato Mickey e a sua namorada Minnie, mais umas canções actuais da televisão que o público infantil conhece e canta, e correntes de fumo colorido, constituem um repertório que apela para as indústrias culturais e preenche um serão agradável. No espectáculo, houve ainda uma prova com crianças no palco, chamados a fazer umas habilidades simples, e outra prova com quatro pais. Estes, sentados em cadeiras e inclinados (quase deitados) sobre cada um deles, foram sentindo que o palhaço lhes tirava cadeira a cadeira. O equilíbrio foi ficando precário, até se estatelarem no chão, o que provocou um riso maior do que anteriores ocasiões.

Num dado momento, veio o Transformer, um robô gigante de ar ameaçador, movendo-se lentamente. Após a exibição, seguiu-se o intervalo, aproveitado para fazer fotografias ao lado do robô. Todas as crianças quiseram ficar ao lado do robô, que a organização do circo se serviu para cobrar algum dinheiro pelo momento. Mas o rapazinho da imagem, mesmo com a ajuda do pai, sentiu-se intimidado. Talvez ele compreendesse o que o monstro dizia em inglês, qualquer coisa como "eu vou destruir a raça humana".
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Terça-feira, 3 de Março de 2015

Indústrias culturais no Estado Novo: o caso da música ligeira


Ontem, a aula de Indústrias Culturais e Criativas foi preenchida com um convidado que tem trabalhado a intersecção de indústrias culturais e Estado Novo: Pedro Russo Moreira. A sua tese de doutoramento, “Cantando espalharei por toda parte”: programação, produção musical e o “aportuguesamento” da “música ligeira” na Emissora Nacional de Radiodifusão (1934-1949), trabalhou as indústrias da música no Estado Novo (disco, edição de partituras e rádio). O autor defende ter havido durante o Estado Novo uma grande actividade das indústrias culturais ligadas à música e às artes performativas. Na sua apresentação, ele referiu a escuta doméstica da rádio, defendeu a perspectiva de a Emissora Nacional de Radiodifusão ser criada, entre outras razões, para satisfazer a comunidade de músicos e, no seu todo, a indústria da música.

Nessa época, ouvir rádio era a classe média e média alta urbana escutar concertos de música séria (clássica). Havia um índice elevado de desemprego entre os músicos, pois o disco, mais barato e sempre disponível a ser tocado, acabara com as orquestras de salão e de variedades que existiam no centro das grandes cidades. A entrada do maestro Pedro Freitas Branco, durante a primeira direcção da Emissora Nacional, a cargo de António Joyce, foi muito favorável à criação de orquestras. Apesar de haver discos, não havia música gravada suficiente para preencher as horas de emissão sem estar a repetir os mesmos sons. Salazar, na perspectiva de Pedro Russo Moreira, queria uma rádio para "dar música" ao povo, de modo literal. Mas as finanças da rádio pública começaram a ficar mal: Joyce era músico mas não contabilista. Joyce criara uma estrutura musical semelhante à BBC, contratando cerca de 90 músicos e organizando 11 orquestras. Isso levou a que fosse nomeado outro director da Emissora, Henrique Galvão, que ocupou o cargo entre 1935 e 1939. Ao projecto artístico da primeira direcção sucedeu um período em que funcionou um espírito reformador. O número de orquestras foi reduzido e, com isso, os custos baixaram. Com Galvão, o número de orquestras ficou em três. Os grandes objectivos de Henrique Galvão, que entraria muito depois em dissidência com Salazar, eram fazer a Emissora Nacional ouvir-se em todo o país e chegar ao império através das ondas médias. António Ferro sucederia no cargo entre 1941 e 1949, trabalhando um conceito de "aportuguesamento" da música ligeira, isto é, adaptando a estilos modernos, tipo jazz e swing, o repertório rural existente. Além disso, ele desenvolveu a ideia de política do espírito (a propaganda através das indústrias culturais e criativas) e a marca "não aborrecer, nunca aborrecer", através da música ligeira. Até aí, a Emissora era conhecida como a "Maçadora Nacional".

Um outro ponto desenvolvido na aula por Pedro Russo Moreira foi o da produção musical, com análise das orquestras fixas, compositores, vedetas de rádio, programas radiofónicos e cantores. Aí, havia uma divisão de trabalho decomposta em maestro e orquestras, compositores e cantores, modelo inspirado na BBC. O meu convidado ainda se referiu a quatro marcos essenciais na história da rádio pública de então, com a criação do Gabinete de Estudos Musicais (1942), concurso de artistas ligeiros (1943), Centro de Preparação de Artistas da Rádio (1947) e programa Serões para Trabalhadores. A parte mais saborosa da aula foi deixada para o fim, com a passagem de áudios de canções da época (irmãs Meireles [na imagem no cimo], irmãs Remartinez, Júlia Barroso) e análise da carreira internacional de algumas artistas da época.
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Curtas em Vila do Conde


Estão abertas as inscrições para o 23º Festival de Curtas (Vila do Conde) até 22 de Maio, nas categorias de internacional, vídeos musicais, curtinhas e Take One. O festival decorre de 4 a 12 de Julho (informação publicada em Atlântico, 20 de Fevereiro de 2015).
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Segunda-feira, 2 de Março de 2015

Observatório da canção de protesto

O Observatório da Canção de Protesto, dedicado à investigação e divulgação deste género musical, foi criado em Grândola para manter vivo o legado de José Afonso e de todos os músicos de intervenção. O projecto resulta da parceria entre a Câmara Municipal de Grândola, a Associação José Afonso (AJA), os institutos de História Contemporânea e de Etnomusicologia, ambos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG). Numa primeira fase, o trabalho do observatório centra-se no estudo, recolha e compilação de informação acerca da música de intervenção e de protesto (a partir de notícia da TSF).
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Dialética da Falsa Memória

Visita guiada na próxima 4ª feira, dia 3 de Março, às 18:30, por Isabel Gil à exposição de Daniel Blaufuks Toda a Memória do Mundo, Parte 1 (Museu Nacional de Arte Contemporânea, Chiado).
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Domingo, 1 de Março de 2015

A actriz em digressão

Como entrou na personagem, perguntou a jovem espectadora na conversa mantida com os intérpretes da peça Music-Hall (Jean-Luc Lagarce, 1989) logo a seguir à representação. A actriz falou de memórias do cinema e da sua adaptação ao vestido azul justo. Outra espectadora perguntou como treinara o olhar que parecia fuzilar a assistência - ou quando não havia assistência ao espectáculo.

No palco, a rapariga - que já não era tão nova assim - recordava os tempos áureos em que cantava e bailava, acompanhada de dois ajudantes (os boys), então marido e amante, depois substituídos por outros ajudantes. A peça, em si, não tem história, mas revela os bastidores, a luta quotidiana, a vida. O banco, central à acção da actriz, é um dos motivos sobre que discorre. O espaço de circulação dos intérpretes é curto. Os boys acompanham a rapariga, ajudam-na, cantam Joséphine Baker "Ne me dis pas que tu m'adores / Mais pense à moi de temps en temps".

Jean-Luc Lagarce recorda como ocorreu a ideia da peça. Um dia, avistara junto à estação ferroviária de Besançon, o cantor Ringo Willy Cat, que fora casado com Sheila, num momento em que foram vedetas da canção francesa. Ringo ia duas vezes por semana cantar os antigos sucessos num bar da cidade.

A peça, encenada por Rogério de Carvalho para a companhia portuense As Boas Raparigas em cena no Teatro Carlos Alberto (Porto), tem como actores Maria do Céu Ribeiro, Paulo Mota e António Júlio. A companhia As Boas Raparigas está estabelecida há 20 anos e tem nova peça a estrear em Março no Armazém 22 (V. N. de Gaia) e uma presença em próximo festival em Manaus, Brasil. A actriz Maria do Céu Ribeiro lecciona aulas de voz e foi premiada pela SPA (Sociedade Portuguesa De Autores) em 2012, pelo desempenho na peça Devagar.
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