Sábado, 1 de Novembro de 2014

Resnais

Amar, Beber e Cantar, último filme de Alain Resnais (1922-2014), conta a história de três casais e uma peça de teatro amador que dois deles interpretam, além de George, personagem que nunca aparece, mas das quais as mulheres têm fortes sentimentos afetivos e apaixonados. O filme, que combina o teatro filmado e o cinema (com alguns cenários a serem cortinas de teatro), anda todo em torno desse George. Ele fora amante de uma das atrizes, Kathrin (Sabine Azéma), casada com o médico Colin (Hyppolite Girardot), que ignorava por completa a paixão antiga dela. O outro casal é um homem de negócios Jack (Michel Vuillermoz) e Tamara (Caroline Silhol). Jack tinha uma amante que telefonava a qualquer hora e Tamara estava a sentir-se seduzida por George, com quem contracenava na peça de amadores. Todos sabiam que George estava a morrer, restando-lhe apenas algumas semanas de vida. Por isso, ele decide empreender uma última viagem e decide convidar as mulheres a acompanhá-las. Cada uma, de modo isolado, aceita por condições relacionadas com a sua vida conjugal. Mas George resolve também convidar a sua última mulher (Sandrine Kiberlain), muito mais jovem do que as outras duas, e que então vivia retirada no campo com um agricultor. As três disputam a pertença da viagem e empreendem a arrumação da casa de George, em estado calamitoso desde que ele vivia sozinho. O espectador nunca vê nem a personagem nem o interior da casa, mas nota a luta entre as mulheres e, simultaneamente, a sua cumplicidade. Os maridos de cada uma acabam por contar uns aos outros os seus sentimentos e procuram convencê-las a não viajarem com George. Este acabaria por ir passear com a filha adolescente de Tamara e Jack, o seu melhor amigo de sempre, que ficou furioso pela traição. Mas George acabara por morrer na viagem.

A metáfora do filme é o da busca da juventude nas pessoas que envelhecem. George seria o único a não envelhecer, porque tratara sempre a vida com um sorriso, nunca fora sério. As outras pessoas tinham-se enredado nas suas vidas, nas suas visões individualistas e mesquinhas. As cortinas do teatro revelam isso: a diferença entre bastidor e palco. As imperfeições e os tiques dos bastidores revelam-se mais dolorosos (e cómicos) no palco. O filme é uma representação de representação, onde os papéis se revelam em cada um desses níveis de espetáculo. Resnais faleceria quinze dias depois da sua estreia.
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publicado por industrias-culturais às 18:00
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Resnais

Amar, Beber e Cantar, último filme de Alain Resnais (1922-2014), conta a história de três casais e uma peça de teatro amador que dois deles interpretam, além de George, personagem que nunca aparece, mas das quais as mulheres têm fortes sentimentos afetivos e apaixonados. O filme, que combina o teatro filmado e o cinema (com alguns cenários a serem cortinas de teatro), anda todo em torno desse George. Ele fora amante de uma das atrizes, Kathrin (Sabine Azéma), casada com o médico Colin (Hyppolite Girardot), que ignorava por completa a paixão antiga dela. O outro casal é um homem de negócios Jack (Michel Vuillermoz) e Tamara (Caroline Silhol). Jack tinha uma amante que telefonava a qualquer hora e Tamara estava a sentir-se seduzida por George, com quem contracenava na peça de amadores. Todos sabiam que George estava a morrer, restando-lhe apenas algumas semanas de vida. Por isso, ele decide empreender uma última viagem e decide convidar as mulheres a acompanhá-las. Cada uma, de modo isolado, aceita por condições relacionadas com a sua vida conjugal. Mas George resolve também convidar a sua última mulher (Sandrine Kiberlain), muito mais jovem do que as outras duas, e que então vivia retirada no campo com um agricultor. As três disputam a pertença da viagem e empreendem a arrumação da casa de George, em estado calamitoso desde que ele vivia sozinho. O espectador nunca vê nem a personagem nem o interior da casa, mas nota a luta entre as mulheres e, simultaneamente, a sua cumplicidade. Os maridos de cada uma acabam por contar uns aos outros os seus sentimentos e procuram convencê-las a não viajarem com George. Este acabaria por ir passear com a filha adolescente de Tamara e Jack, o seu melhor amigo de sempre, que ficou furioso pela traição. Mas George acabara por morrer na viagem.

A metáfora do filme é o da busca da juventude nas pessoas que envelhecem. George seria o único a não envelhecer, porque tratara sempre a vida com um sorriso, nunca fora sério. As outras pessoas tinham-se enredado nas suas vidas, nas suas visões individualistas e mesquinhas. As cortinas do teatro revelam isso: a diferença entre bastidor e palco. As imperfeições e os tiques dos bastidores revelam-se mais dolorosos (e cómicos) no palco. O filme é uma representação de representação, onde os papéis se revelam em cada um desses níveis de espetáculo. Resnais faleceria quinze dias depois da sua estreia.
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