Quinta-feira, 27 de Novembro de 2014
O livro Cartas Sobre a Dança e Sobre os Bailados, de Jean-Georges Noverre, com tradução, coordenação, prefácio e biografia de Vicente Trindade, vai ser lançado no dia 4 de Dezembro, pelas 18:30, na Sociedade Portuguesa de Autores (Av. Duque de Loulé, 31, Lisboa).
O livro Cartas Sobre a Dança e Sobre os Bailados, de Jean-Georges Noverre, com tradução, coordenação, prefácio e biografia de Vicente Trindade, vai ser lançado no dia 4 de Dezembro, pelas 18:30, na Sociedade Portuguesa de Autores (Av. Duque de Loulé, 31, Lisboa).
Entre outros, os alfarrabistas levarão livros antigos sobre literatura, história, poesia, etnografia, monografias, arqueologia, bibliofilia, primeiras edições e tiragens especiais. Na rua Dr. Elísio de Moura, 85, em Coimbra, no próximo fim-de-semana.
Entre outros, os alfarrabistas levarão livros antigos sobre literatura, história, poesia, etnografia, monografias, arqueologia, bibliofilia, primeiras edições e tiragens especiais. Na rua Dr. Elísio de Moura, 85, em Coimbra, no próximo fim-de-semana.
Bastam-me as primeiras frases do texto de Ana Gerschenfeld no jornal Público: "Quando aprendemos a ler, uma dada área do nosso córtex visual passa a dedicar-se ao reconhecimento da escrita. E esta reorganização funcional do cérebro acontece seja qual for a idade em que se faz a aprendizagem da leitura – e parece ser idêntica em todas as línguas".Um estudo, que comparava a actividade cerebral de analfabetos e pessoas com literacia, concluía "que a aprendizagem da leitura reorganiza literalmente o sistema visual humano".
Bastam-me as primeiras frases do texto de Ana Gerschenfeld no jornal Público: "Quando aprendemos a ler, uma dada área do nosso córtex visual passa a dedicar-se ao reconhecimento da escrita. E esta reorganização funcional do cérebro acontece seja qual for a idade em que se faz a aprendizagem da leitura – e parece ser idêntica em todas as línguas". Um estudo, que comparava a actividade cerebral de analfabetos e pessoas com literacia, concluía "que a aprendizagem da leitura reorganiza literalmente o sistema visual humano".
No prefácio a uma obra de Péguy, Tolentino de Mendonça escreve que aquele viveu a implodir consensos. Ele era demasiado socialista para os conservadores e demasiado idealista para os seus companheiros socialistas, demasiado republicano para os católicos e demasiado católico para todos os outros, demasiado amigo dos judeus e demasiado livre face aos poderosos. Licenciado em Letras e um dos defensores do caso Dreyfus, ingressou simultaneamente no Partido Socialista e nas Conferências de S. Vicente de Paulo. No começo do século XX, edita os
Cahiers de la Quinzaine, de que seria redactor, administrador, topógrafo e revisor. Nascido em 1873, morreu em 5 de Setembro de 1914, na frente da batalha da I Guerra Mundial. A busca de consensos em Péguy cessaria, pois.
No caso presente, não me interessa a exegese para comentar a obra de Péguy, mas apenas acompanhar a leitura de poemas como ela foi feita esta semana por Luís Miguel Cintra [na fotografia com o padre José Tolentino de Mendonça]. Como se escreve na contracapa do livro, citando Paul Claudel, o essencial é a tomada de consciência em Péguy de se ter tornado cristão, que se aplica a Cintra. Da última vez que o vira foi no palco, a representar
Pílades, a partir da obra de Pasolini. Agora, ele aparece a falar da fragilidade da condição humana e da iluminação da obra.
No prefácio a uma obra de Péguy, Tolentino de Mendonça escreve que aquele viveu a implodir consensos. Ele era demasiado socialista para os conservadores e demasiado idealista para os seus companheiros socialistas, demasiado republicano para os católicos e demasiado católico para todos os outros, demasiado amigo dos judeus e demasiado livre face aos poderosos. Licenciado em Letras e um dos defensores do caso Dreyfus, ingressou simultaneamente no Partido Socialista e nas Conferências de S. Vicente de Paulo. No começo do século XX, edita os
Cahiers de la Quinzaine, de que seria redactor, administrador, topógrafo e revisor. Nascido em 1873, morreu em 5 de Setembro de 1914, na frente da batalha da I Guerra Mundial. A busca de consensos em Péguy cessaria, pois.
No caso presente, não me interessa a exegese para comentar a obra de Péguy, mas apenas acompanhar a leitura de poemas como ela foi feita esta semana por Luís Miguel Cintra [na fotografia com o padre José Tolentino de Mendonça]. Como se escreve na contracapa do livro, citando Paul Claudel, o essencial é a tomada de consciência em Péguy de se ter tornado cristão, que se aplica a Cintra. Da última vez que o vira foi no palco, a representar
Pílades, a partir da obra de Pasolini. Agora, ele aparece a falar da fragilidade da condição humana e da iluminação da obra.
Sobre o cante, as minhas recordações são gratas. Eu permaneci em Beja durante cinco meses no serviço militar. À noite, enquanto esperava o arranque do transporte da cidade para o quartel dentro da carrinha militar, os soldados iam chegando e juntavam-se aos que já cantavam. Ido de uma zona mais fria a norte do país, onde ainda se observavam vestígios físicos de folclore minhoto, este foi o meu primeiro contacto com a música alentejana. Era vivo embora com uma cadência sempre muito igual. A terra era o tema mais presente. Hoje, de manhã, na rádio, ouvi um especialista dizer que o cante de Serpa é diferente do de Moura ou de Castro Verde. Os meus ouvidos não permitiram nunca distinguir ritmos e entoações diferenciadas como indicou o especialista. Fico feliz por o cante ser já património cultural imaterial da humanidade. O Alentejo fica mais rico.
Sobre o cante, as minhas recordações são gratas. Eu permaneci em Beja durante cinco meses no serviço militar. À noite, enquanto esperava o arranque do transporte da cidade para o quartel dentro da carrinha militar, os soldados iam chegando e juntavam-se aos que já cantavam. Ido de uma zona mais fria a norte do país, onde ainda se observavam vestígios físicos de folclore minhoto, este foi o meu primeiro contacto com a música alentejana. Era vivo embora com uma cadência sempre muito igual. A terra era o tema mais presente. Hoje, de manhã, na rádio, ouvi um especialista dizer que o cante de Serpa é diferente do de Moura ou de Castro Verde. Os meus ouvidos não permitiram nunca distinguir ritmos e entoações diferenciadas como indicou o especialista. Fico feliz por o cante ser já património cultural imaterial da humanidade. O Alentejo fica mais rico.