Domingo, 20 de Julho de 2014
A nova directora da Casa Fernando Pessoa, Clara Riso, considerou ser "um grande desafio" trabalhar numa instituição ligada ao universo do poeta, cuja riqueza "será um motor para criar uma programação criativa".
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, desempenhou funções nas áreas de produção e internacionalização na Real Pelágio, coordenou as duas edições de Grandes Lições (publicações do programa Gulbenkian de cultura contemporânea) e o "Próximo Futuro" da Gulbenkian - com direcção artística de António Pinto Ribeiro. Em 2004, tornou-se leitora do Instituto Camões, tendo sido responsável pelo Centro de Língua Portuguesa desse instituto em Budapeste, na Hungria. Publicou nomeadamente Ou o poema contínuo de Herberto Helder: o livro de agora, uma espécie de lapso (Budapeste, 2008) e Um corpo escrevente - a poesia de Luiza Neto Jorge (Colóquio/Letras, 2002) (a partir do Diário de Notícias e do Expresso).
A nova directora da Casa Fernando Pessoa, Clara Riso, considerou ser "um grande desafio" trabalhar numa instituição ligada ao universo do poeta, cuja riqueza "será um motor para criar uma programação criativa".
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, desempenhou funções nas áreas de produção e internacionalização na Real Pelágio, coordenou as duas edições de Grandes Lições (publicações do programa Gulbenkian de cultura contemporânea) e o "Próximo Futuro" da Gulbenkian - com direcção artística de António Pinto Ribeiro. Em 2004, tornou-se leitora do Instituto Camões, tendo sido responsável pelo Centro de Língua Portuguesa desse instituto em Budapeste, na Hungria. Publicou nomeadamente Ou o poema contínuo de Herberto Helder: o livro de agora, uma espécie de lapso (Budapeste, 2008) e Um corpo escrevente - a poesia de Luiza Neto Jorge (Colóquio/Letras, 2002) (a partir do Diário de Notícias e do Expresso).
Sábado, 19 de Julho de 2014
Num pavilhão do Jardim Botânico ouviam-se, ao longe, os sons urbanos. Por vezes, um avião sobrevoava à procura de aterrar no aeroporto não distante do centro da cidade. A noite prometia ser de tempestade em dia de verão, mas apenas caíram uns pingos, que se ouviam sobre as folhas do jardim. Insectos rodeavam os holofotes que iluminavam a cena do interior do pavilhão.
Aqui, com texto de Cátia Terrinca a partir do universo poético de Sophia de Mello Breyner Andresen, e com direcção artística de Daniel Gorjão, execução de figurino de Teresa Capitão e cartaz de Ricardo Aço, para o Teatro do Vão, a actriz Sara Carinhas interpretou o papel único da peça. Às vezes, não ouvi bem o que ela disse, porque a poesia é uma arte difícil. De ler, de ouvir. Mas bastava a magia das palavras - os sons das palavras que se juntavam a outros sons vindos de fora, como escrevi acima.
No verdadeiro começo, Sara Carinhas indicara o caminho do pavilhão. Depois, elegante nos seus passos de dançarina, entrou no pavilhão. Ali não havia a divisão clássica de palco e plateia mas uma espécie de separador de fios, de onde se via a actriz. Uma vez, ela passou essa barreira de fios e ficou junto aos espectadores, evocando as palavras da poetisa que descansa agora no Panteão. Sara Carinhas elogiou, quase chorou, falou das coisas da vida, do amor e da maternidade, e também da separação.
Quanto tempo durou a representação? 30 minutos? 40 minutos? A poesia correu depressa, os gestos delicados concluíram-se. A noite de verão ficava serena. E acabava a contradição com o título
O olhar inabitado das manhãs. Afinal, a noite e a manhã fazem parte do dia e da arte e da poesia.
Num pavilhão do Jardim Botânico ouviam-se, ao longe, os sons urbanos. Por vezes, um avião sobrevoava à procura de aterrar no aeroporto não distante do centro da cidade. A noite prometia ser de tempestade em dia de verão, mas apenas caíram uns pingos, que se ouviam sobre as folhas do jardim. Insectos rodeavam os holofotes que iluminavam a cena do interior do pavilhão.
Aqui, com texto de Cátia Terrinca a partir do universo poético de Sophia de Mello Breyner Andresen, e com direcção artística de Daniel Gorjão, execução de figurino de Teresa Capitão e cartaz de Ricardo Aço, para o Teatro do Vão, a actriz Sara Carinhas interpretou o papel único da peça. Às vezes, não ouvi bem o que ela disse, porque a poesia é uma arte difícil. De ler, de ouvir. Mas bastava a magia das palavras - os sons das palavras que se juntavam a outros sons vindos de fora, como escrevi acima.
No verdadeiro começo, Sara Carinhas indicara o caminho do pavilhão. Depois, elegante nos seus passos de dançarina, entrou no pavilhão. Ali não havia a divisão clássica de palco e plateia mas uma espécie de separador de fios, de onde se via a actriz. Uma vez, ela passou essa barreira de fios e ficou junto aos espectadores, evocando as palavras da poetisa que descansa agora no Panteão. Sara Carinhas elogiou, quase chorou, falou das coisas da vida, do amor e da maternidade, e também da separação.
Quanto tempo durou a representação? 30 minutos? 40 minutos? A poesia correu depressa, os gestos delicados concluíram-se. A noite de verão ficava serena. E acabava a contradição com o título
O olhar inabitado das manhãs. Afinal, a noite e a manhã fazem parte do dia e da arte e da poesia.
Sexta-feira, 18 de Julho de 2014
No
Guardian de hoje,
Michael Hann escreveu sobre Elvis Presley. Amanhã, dia 18, faz sessenta anos que o Rei lançou o seu primeiro disco. Não mudou tudo na música mas quase tudo.Antes, havia música adolescente, mas Elvis foi o primeiro a fazer música feita por adolescentes em vez de para adolescentes, disse o historiador pop Jon Savage. Elvis Presley era ainda adolescente quando fez esse registo. Depois, a indústria percebeu que tinha de fazer isso para os adolescentes gostarem de música, o que continua hoje a ser a regra.
No final de uma sessão fracassada nos Sun Studios, durante um intervalo de gravação, Presley começou a cantar uma música, acompanhado por Bill Black no contrabaixo e Scotty Moore na guitarra (na imagem ao lado). Impressionado com o contraste com o registado antes, o produtor Sam Phillips pediu ao trio para tocar de novo a música para a sua gravação em fita.Como contaria o historiador Jon Savage, demorou algum tempo para se compreender a música de Elvis. Ele era um músico local a gravar numa etiqueta local. Mas acabou por ser uma grande notícia em Memphis. Em 1956, Elvis tornou-se conhecido como cantor nacional e internacional, com o lançamento de
Heartbreak Hotel,
Don't Be Cruel and
Hound Dog.
Ver aqui vídeo
That's Alright Mama.
No
Guardian de hoje,
Michael Hann escreveu sobre Elvis Presley. Amanhã, dia 18, faz sessenta anos que o Rei lançou o seu primeiro disco. Não mudou tudo na música mas quase tudo. Antes, havia música adolescente, mas Elvis foi o primeiro a fazer música feita por adolescentes em vez de para adolescentes, disse o historiador pop Jon Savage. Elvis Presley era ainda adolescente quando fez esse registo. Depois, a indústria percebeu que tinha de fazer isso para os adolescentes gostarem de música, o que continua hoje a ser a regra.
No final de uma sessão fracassada nos Sun Studios, durante um intervalo de gravação, Presley começou a cantar uma música, acompanhado por Bill Black no contrabaixo e Scotty Moore na guitarra (na imagem ao lado). Impressionado com o contraste com o registado antes, o produtor Sam Phillips pediu ao trio para tocar de novo a música para a sua gravação em fita. Como contaria o historiador Jon Savage, demorou algum tempo para se compreender a música de Elvis. Ele era um músico local a gravar numa etiqueta local. Mas acabou por ser uma grande notícia em Memphis. Em 1956, Elvis tornou-se conhecido como cantor nacional e internacional, com o lançamento de
Heartbreak Hotel,
Don't Be Cruel and
Hound Dog.
Ver aqui vídeo
That's Alright Mama.
Domingo, 13 de Julho de 2014
"Aconteceu nesta casa [Emissora Nacional, actual RDP, então em instalações da Rua do Quelhas, Lisboa]. Estávamos no hall e terão dito ao senhor Burnay, que era o padrasto da Milú: «precisamos de um rapaz que cante para fazer uma fita com a Milú». A Milú falou-me nisso. Depois o senhor Burnay falou-me também e disse-me se eu [Fernando Curado Ribeiro] queria. Eu queria tudo. «Quer fazer cinema»? «Quero sim senhor», disse logo. «Vai a provas». «Sim, senhor». E, pronto, fui fazer provas, que era para o
Costa do Castelo, perdão, que eram para
A Menina da Rádio e não para o
Costa do Castelo. Mas as provas feitas com a Milú agradaram e anteciparam a feitura do
Costa do Castelo e ficámos ambos, tanto a Milú como eu. E, depois, quando se fez
A Menina da Rádio, eu continuei a ser a pessoa que estava indicada. Só a Milú por razões particulares é que não fez
A Menina da Rádio. Foi feito o papel dela pela Maria Eugénia" (entrevista de Luís Garlito a Fernando Curado Ribeiro, programa
A Minha Amiga Rádio, RDP, 3 de Junho de 1991, Arquivo Sonoro da RTP, AHD 11861-1).
Num dado momento, a actriz Milú decidiu ir para Espanha, para continuar a sua vida no cinema. Fernando Curado Ribeiro entrevistou-a e a fotografia ao lado foi reproduzida no semanário
Rádio Nacional, de 18 de Julho de 1943.
"Aconteceu nesta casa [Emissora Nacional, actual RDP, então em instalações da Rua do Quelhas, Lisboa]. Estávamos no hall e terão dito ao senhor Burnay, que era o padrasto da Milú: «precisamos de um rapaz que cante para fazer uma fita com a Milú». A Milú falou-me nisso. Depois o senhor Burnay falou-me também e disse-me se eu [Fernando Curado Ribeiro] queria. Eu queria tudo. «Quer fazer cinema»? «Quero sim senhor», disse logo. «Vai a provas». «Sim, senhor». E, pronto, fui fazer provas, que era para o
Costa do Castelo, perdão, que eram para
A Menina da Rádio e não para o
Costa do Castelo. Mas as provas feitas com a Milú agradaram e anteciparam a feitura do
Costa do Castelo e ficámos ambos, tanto a Milú como eu. E, depois, quando se fez
A Menina da Rádio, eu continuei a ser a pessoa que estava indicada. Só a Milú por razões particulares é que não fez
A Menina da Rádio. Foi feito o papel dela pela Maria Eugénia" (entrevista de Luís Garlito a Fernando Curado Ribeiro, programa
A Minha Amiga Rádio, RDP, 3 de Junho de 1991, Arquivo Sonoro da RTP, AHD 11861-1).
Num dado momento, a actriz Milú decidiu ir para Espanha, para continuar a sua vida no cinema. Fernando Curado Ribeiro entrevistou-a e a fotografia ao lado foi reproduzida no semanário
Rádio Nacional, de 18 de Julho de 1943.
Quinta-feira, 10 de Julho de 2014
A revista
O Mundo Gráfico foi agora digitalizada na Hemeroteca Municipal de Lisboa. Ela foi editada entre entre 1940 e 1948, com o jornalista Artur Portela como primeiro director. O último número, 135, de Fevereiro de 1938, traz duas fotografias curiosas, a primeira respeitante ao coro feminino da Emissora Nacional e a segunda à orquestra típica portuguesa da mesma estação de rádio. Estes grupos actuavam nomeadamente nos Serões para Trabalhadores. Uma das cantoras que mais se destacou no coro feminino foi Maria de Lourdes Rezende, que rapidamente fez uma carreira a solo (pela má qualidade da imagem não consigo saber se ela ainda faz parte do agrupamento). O coro participava nos espectáculos com um vestuário uniformizado. A orquestra tinha 24 elementos e o maestro, podendo ver-se na fotografia uma cantora que a orquestra acompanhava.
A revista
O Mundo Gráfico foi agora digitalizada na Hemeroteca Municipal de Lisboa. Ela foi editada entre entre 1940 e 1948, com o jornalista Artur Portela como primeiro director. O último número, 135, de Fevereiro de 1938, traz duas fotografias curiosas, a primeira respeitante ao coro feminino da Emissora Nacional e a segunda à orquestra típica portuguesa da mesma estação de rádio. Estes grupos actuavam nomeadamente nos Serões para Trabalhadores. Uma das cantoras que mais se destacou no coro feminino foi Maria de Lourdes Rezende, que rapidamente fez uma carreira a solo (pela má qualidade da imagem não consigo saber se ela ainda faz parte do agrupamento). O coro participava nos espectáculos com um vestuário uniformizado. A orquestra tinha 24 elementos e o maestro, podendo ver-se na fotografia uma cantora que a orquestra acompanhava.