Sexta-feira, 29 de Novembro de 2013
Ao fim da tarde de hoje, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi lançado o livro
Jogar Futebol com as Palavras. Imagens Metafóricas no Jornal "A Bola", de Maria Clotilde Almeida, Bibiana de Sousa, Paula Órfão e Sílvia Teixeira, em edição da Colibri.
Conforme a introdução da obra, ela "tem como objectivo desconstruir as metáforas e mesclas em notícias do jornal
A Bola recolhidas entre 2002 e 2013, à luz do paradigma cognitivo", num total de cerca de cinco mil ocorrências recolhidas daquele jornal desportivo. No final da mesma introdução, as quatro autoras concluem que "
A Bola estimula as nossas mentes imaginativas, que se afiguram ferramentas indispensáveis à nossa sobrevivência intelectual no mundo actual.
As imagens retóricas não são supérfluas, mas antes construtoras da realidade futebolística em dimensões culturais mais vastas" (p. 14).Muitos dos títulos do jornal são metáforas muito ricas, em que o leitor é cúmplice e partilha uma cultura baseada no cinema, na gastronomia, nas emoções e no amor, nos domínios da guerra, da natureza, da tecnologia, do sobrenatural, da economia.
Alguns dos títulos analisados seriam:
Incerteza na última jornada da liga: juízo final? (Maio de 2007),
Recheio de Figo (Agosto de 2006, quando Luís Figo representava o Sporting em jogo contra o Inter de Milão),
Dragão sobre rodas (Agosto de 2006, quando o F.C.Porto adquiriu um novo autocarro),
Cristiano Ronaldo eléctrico (Março de 2007),
Plantel vai emagrecer (Agosto de 2007),
Confronto de almirantes (Agosto de 2005, sobre os treinadores de dois clubes que se iam defrontar). A imprensa desportiva e o futebol em particular constituem "um manancial para o estudo das estruturas responsáveis pelas formações linguísticas" (p. 90).
O livro foi apresentado por Manuel Frias da Silva (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Eduardo Cintra Torres (Universidade Católica Portuguesa). Na sessão de apresentação, entre outras pessoas, estiveram o vice-reitor da universidade e o director da Faculdade de Letras da universidade.
Ao fim da tarde de hoje, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi lançado o livro
Jogar Futebol com as Palavras. Imagens Metafóricas no Jornal "A Bola", de Maria Clotilde Almeida, Bibiana de Sousa, Paula Órfão e Sílvia Teixeira, em edição da Colibri.
Conforme a introdução da obra, ela "tem como objectivo desconstruir as metáforas e mesclas em notícias do jornal
A Bola recolhidas entre 2002 e 2013, à luz do paradigma cognitivo", num total de cerca de cinco mil ocorrências recolhidas daquele jornal desportivo. No final da mesma introdução, as quatro autoras concluem que "
A Bola estimula as nossas mentes imaginativas, que se afiguram ferramentas indispensáveis à nossa sobrevivência intelectual no mundo actual.
As imagens retóricas não são supérfluas, mas antes construtoras da realidade futebolística em dimensões culturais mais vastas" (p. 14). Muitos dos títulos do jornal são metáforas muito ricas, em que o leitor é cúmplice e partilha uma cultura baseada no cinema, na gastronomia, nas emoções e no amor, nos domínios da guerra, da natureza, da tecnologia, do sobrenatural, da economia.
Alguns dos títulos analisados seriam:
Incerteza na última jornada da liga: juízo final? (Maio de 2007),
Recheio de Figo (Agosto de 2006, quando Luís Figo representava o Sporting em jogo contra o Inter de Milão),
Dragão sobre rodas (Agosto de 2006, quando o F.C.Porto adquiriu um novo autocarro),
Cristiano Ronaldo eléctrico (Março de 2007),
Plantel vai emagrecer (Agosto de 2007),
Confronto de almirantes (Agosto de 2005, sobre os treinadores de dois clubes que se iam defrontar). A imprensa desportiva e o futebol em particular constituem "um manancial para o estudo das estruturas responsáveis pelas formações linguísticas" (p. 90).
O livro foi apresentado por Manuel Frias da Silva (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Eduardo Cintra Torres (Universidade Católica Portuguesa). Na sessão de apresentação, entre outras pessoas, estiveram o vice-reitor da universidade e o director da Faculdade de Letras da universidade.
Ao fim da tarde de hoje, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi lançado o livro
Jogar Futebol com as Palavras. Imagens Metafóricas no Jornal "A Bola", de Maria Clotilde Almeida, Bibiana de Sousa, Paula Órfão e Sílvia Teixeira, em edição da Colibri.
Conforme a introdução da obra, ela "tem como objectivo desconstruir as metáforas e mesclas em notícias do jornal
A Bola recolhidas entre 2002 e 2013, à luz do paradigma cognitivo", num total de cerca de cinco mil ocorrências recolhidas daquele jornal desportivo. No final da mesma introdução, as quatro autoras concluem que "
A Bola estimula as nossas mentes imaginativas, que se afiguram ferramentas indispensáveis à nossa sobrevivência intelectual no mundo actual.
As imagens retóricas não são supérfluas, mas antes construtoras da realidade futebolística em dimensões culturais mais vastas" (p. 14). Muitos dos títulos do jornal são metáforas muito ricas, em que o leitor é cúmplice e partilha uma cultura baseada no cinema, na gastronomia, nas emoções e no amor, nos domínios da guerra, da natureza, da tecnologia, do sobrenatural, da economia.
Alguns dos títulos analisados seriam:
Incerteza na última jornada da liga: juízo final? (Maio de 2007),
Recheio de Figo (Agosto de 2006, quando Luís Figo representava o Sporting em jogo contra o Inter de Milão),
Dragão sobre rodas (Agosto de 2006, quando o F.C.Porto adquiriu um novo autocarro),
Cristiano Ronaldo eléctrico (Março de 2007),
Plantel vai emagrecer (Agosto de 2007),
Confronto de almirantes (Agosto de 2005, sobre os treinadores de dois clubes que se iam defrontar). A imprensa desportiva e o futebol em particular constituem "um manancial para o estudo das estruturas responsáveis pelas formações linguísticas" (p. 90).
O livro foi apresentado por Manuel Frias da Silva (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Eduardo Cintra Torres (Universidade Católica Portuguesa). Na sessão de apresentação, entre outras pessoas, estiveram o vice-reitor da universidade e o director da Faculdade de Letras da universidade.
Ao fim da tarde de hoje, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi lançado o livro
Jogar Futebol com as Palavras. Imagens Metafóricas no Jornal "A Bola", de Maria Clotilde Almeida, Bibiana de Sousa, Paula Órfão e Sílvia Teixeira, em edição da Colibri.
Conforme a introdução da obra, ela "tem como objectivo desconstruir as metáforas e mesclas em notícias do jornal
A Bola recolhidas entre 2002 e 2013, à luz do paradigma cognitivo", num total de cerca de cinco mil ocorrências recolhidas daquele jornal desportivo. No final da mesma introdução, as quatro autoras concluem que "
A Bola estimula as nossas mentes imaginativas, que se afiguram ferramentas indispensáveis à nossa sobrevivência intelectual no mundo actual.
As imagens retóricas não são supérfluas, mas antes construtoras da realidade futebolística em dimensões culturais mais vastas" (p. 14). Muitos dos títulos do jornal são metáforas muito ricas, em que o leitor é cúmplice e partilha uma cultura baseada no cinema, na gastronomia, nas emoções e no amor, nos domínios da guerra, da natureza, da tecnologia, do sobrenatural, da economia.
Alguns dos títulos analisados seriam:
Incerteza na última jornada da liga: juízo final? (Maio de 2007),
Recheio de Figo (Agosto de 2006, quando Luís Figo representava o Sporting em jogo contra o Inter de Milão),
Dragão sobre rodas (Agosto de 2006, quando o F.C.Porto adquiriu um novo autocarro),
Cristiano Ronaldo eléctrico (Março de 2007),
Plantel vai emagrecer (Agosto de 2007),
Confronto de almirantes (Agosto de 2005, sobre os treinadores de dois clubes que se iam defrontar). A imprensa desportiva e o futebol em particular constituem "um manancial para o estudo das estruturas responsáveis pelas formações linguísticas" (p. 90).
O livro foi apresentado por Manuel Frias da Silva (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Eduardo Cintra Torres (Universidade Católica Portuguesa). Na sessão de apresentação, entre outras pessoas, estiveram o vice-reitor da universidade e o director da Faculdade de Letras da universidade.
Numa recente comunicação que fiz em congresso, referi a distinção entre música séria e música ligeira. Chamaram-me a atenção para a primeira designação. Sim, eu não actualizara a designação para música clássica ou erudita. Recupero uma história sobre a música séria, a partir de um texto de José Manuel Serra Formigal (25 de Novembro de 1963). Ignoro se ele publicou o magnífico texto sobre a relação entre música clássica e música ligeira, de que publico aqui um pequeno excerto:
“Não negamos portanto à música ligeira a possibilidade do bom gosto, da originalidade, do encanto. Há exemplos dela no passado e no presente. Apenas reconhecemos que por um lado ficará, mesmo essa, sempre música ligeira pelas razões apontadas e também que a grande massa da música assim designada atualmente tocada e adorada pelas massas não é desse cariz mas do que atrás apontamos. Tal estado de coisas produz uma equivalência e até inversão de valores de que o cinema, a rádio, as revistas de atualidades, etc., nos evidenciam diariamente. São raras, por exemplo, nas nossas revistas de actualidades da rádio, as referências a celebridades da música séria que também actuam na rádio, enquanto que abundam as fotografias, os artigos e os títulos na glorificação de qualquer pseudo-vedeta da música ligeira. Fizeram escola os filmes americanos em que se estabelece o diálogo entre a música séria e a ligeira quase sempre em proveito desta. Como corolário verifica-se que os honorários dos artistas ligeiros são fabulosos. Por exemplo, entre nós, o Francisco José ou o Rui Mascarenhas são milionários ao pé de um Vasco Barbosa ou de um Álvaro Malta quanto aos seus rendimentos artísticos; um [Johnny] Halliday deixa a perder de vista um [Ernest] Ansermet” [1883-1969].
José Manuel Serra Formigal (1925-2011), jurista, diretor do Teatro da Trindade e da Companhia Portuguesa de Ópera que ali foi residente, e presidente do conselho de administração do Teatro Nacional de São Carlos. Foi grande cultor da música clássica e entusiasta da ópera em Portugal. Na Emissora Nacional (actual RDP, do grupo RTP), ocupou o lugar de Chefe de Repartição de Programas Musicais.
Numa recente comunicação que fiz em congresso, referi a distinção entre música séria e música ligeira. Chamaram-me a atenção para a primeira designação. Sim, eu não actualizara a designação para música clássica ou erudita. Recupero uma história sobre a música séria, a partir de um texto de José Manuel Serra Formigal (25 de Novembro de 1963). Ignoro se ele publicou o magnífico texto sobre a relação entre música clássica e música ligeira, de que publico aqui um pequeno excerto:
“Não negamos portanto à música ligeira a possibilidade do bom gosto, da originalidade, do encanto. Há exemplos dela no passado e no presente. Apenas reconhecemos que por um lado ficará, mesmo essa, sempre música ligeira pelas razões apontadas e também que a grande massa da música assim designada atualmente tocada e adorada pelas massas não é desse cariz mas do que atrás apontamos. Tal estado de coisas produz uma equivalência e até inversão de valores de que o cinema, a rádio, as revistas de atualidades, etc., nos evidenciam diariamente. São raras, por exemplo, nas nossas revistas de actualidades da rádio, as referências a celebridades da música séria que também actuam na rádio, enquanto que abundam as fotografias, os artigos e os títulos na glorificação de qualquer pseudo-vedeta da música ligeira. Fizeram escola os filmes americanos em que se estabelece o diálogo entre a música séria e a ligeira quase sempre em proveito desta. Como corolário verifica-se que os honorários dos artistas ligeiros são fabulosos. Por exemplo, entre nós, o Francisco José ou o Rui Mascarenhas são milionários ao pé de um Vasco Barbosa ou de um Álvaro Malta quanto aos seus rendimentos artísticos; um [Johnny] Halliday deixa a perder de vista um [Ernest] Ansermet” [1883-1969].
José Manuel Serra Formigal (1925-2011), jurista, diretor do Teatro da Trindade e da Companhia Portuguesa de Ópera que ali foi residente, e presidente do conselho de administração do Teatro Nacional de São Carlos. Foi grande cultor da música clássica e entusiasta da ópera em Portugal. Na Emissora Nacional (actual RDP, do grupo RTP), ocupou o lugar de Chefe de Repartição de Programas Musicais.
Numa recente comunicação que fiz em congresso, referi a distinção entre música séria e música ligeira. Chamaram-me a atenção para a primeira designação. Sim, eu não actualizara a designação para música clássica ou erudita. Recupero uma história sobre a música séria, a partir de um texto de José Manuel Serra Formigal (25 de Novembro de 1963). Ignoro se ele publicou o magnífico texto sobre a relação entre música clássica e música ligeira, de que publico aqui um pequeno excerto:
“Não negamos portanto à música ligeira a possibilidade do bom gosto, da originalidade, do encanto. Há exemplos dela no passado e no presente. Apenas reconhecemos que por um lado ficará, mesmo essa, sempre música ligeira pelas razões apontadas e também que a grande massa da música assim designada atualmente tocada e adorada pelas massas não é desse cariz mas do que atrás apontamos. Tal estado de coisas produz uma equivalência e até inversão de valores de que o cinema, a rádio, as revistas de atualidades, etc., nos evidenciam diariamente. São raras, por exemplo, nas nossas revistas de actualidades da rádio, as referências a celebridades da música séria que também actuam na rádio, enquanto que abundam as fotografias, os artigos e os títulos na glorificação de qualquer pseudo-vedeta da música ligeira. Fizeram escola os filmes americanos em que se estabelece o diálogo entre a música séria e a ligeira quase sempre em proveito desta. Como corolário verifica-se que os honorários dos artistas ligeiros são fabulosos. Por exemplo, entre nós, o Francisco José ou o Rui Mascarenhas são milionários ao pé de um Vasco Barbosa ou de um Álvaro Malta quanto aos seus rendimentos artísticos; um [Johnny] Halliday deixa a perder de vista um [Ernest] Ansermet” [1883-1969].
José Manuel Serra Formigal (1925-2011), jurista, diretor do Teatro da Trindade e da Companhia Portuguesa de Ópera que ali foi residente, e presidente do conselho de administração do Teatro Nacional de São Carlos. Foi grande cultor da música clássica e entusiasta da ópera em Portugal. Na Emissora Nacional (actual RDP, do grupo RTP), ocupou o lugar de Chefe de Repartição de Programas Musicais.
Numa recente comunicação que fiz em congresso, referi a distinção entre música séria e música ligeira. Chamaram-me a atenção para a primeira designação. Sim, eu não actualizara a designação para música clássica ou erudita. Recupero uma história sobre a música séria, a partir de um texto de José Manuel Serra Formigal (25 de Novembro de 1963). Ignoro se ele publicou o magnífico texto sobre a relação entre música clássica e música ligeira, de que publico aqui um pequeno excerto:
“Não negamos portanto à música ligeira a possibilidade do bom gosto, da originalidade, do encanto. Há exemplos dela no passado e no presente. Apenas reconhecemos que por um lado ficará, mesmo essa, sempre música ligeira pelas razões apontadas e também que a grande massa da música assim designada atualmente tocada e adorada pelas massas não é desse cariz mas do que atrás apontamos. Tal estado de coisas produz uma equivalência e até inversão de valores de que o cinema, a rádio, as revistas de atualidades, etc., nos evidenciam diariamente. São raras, por exemplo, nas nossas revistas de actualidades da rádio, as referências a celebridades da música séria que também actuam na rádio, enquanto que abundam as fotografias, os artigos e os títulos na glorificação de qualquer pseudo-vedeta da música ligeira. Fizeram escola os filmes americanos em que se estabelece o diálogo entre a música séria e a ligeira quase sempre em proveito desta. Como corolário verifica-se que os honorários dos artistas ligeiros são fabulosos. Por exemplo, entre nós, o Francisco José ou o Rui Mascarenhas são milionários ao pé de um Vasco Barbosa ou de um Álvaro Malta quanto aos seus rendimentos artísticos; um [Johnny] Halliday deixa a perder de vista um [Ernest] Ansermet” [1883-1969].
José Manuel Serra Formigal (1925-2011), jurista, diretor do Teatro da Trindade e da Companhia Portuguesa de Ópera que ali foi residente, e presidente do conselho de administração do Teatro Nacional de São Carlos. Foi grande cultor da música clássica e entusiasta da ópera em Portugal. Na Emissora Nacional (actual RDP, do grupo RTP), ocupou o lugar de Chefe de Repartição de Programas Musicais.
Quinta-feira, 21 de Novembro de 2013
Ontem, integrado na conferência organizada pela RTP, Tim Suter, consultor da BBC para o projecto Vision 2020 da European Broadcasting Union (EBU), falou do que se espera do serviço público de media nos próximos anos (ouvir o início da sua comunicação no podcast abaixo). Por serviço público de media pode definir-se a conjugação e articulação, nos media (rádio, televisão e internet), de serviços de interesse prestados aos cidadãos e às comunidades por parte do Estado na promoção da democracia e no fortalecimento do bem comum.
Tirei algumas notas do que ele disse, nomeadamente as principais características dos media actuais. Estes precisam de estar atentos às múltiplas escolhas, pois diferentes aparelhos e ecrãs chamam a atenção do cidadão e consumidor. De outras características dos media, detive-me em: 1) entrada de novos parceiros e actores de media, 2) concretização do cidadão como criador, 3) o que os indivíduos fazem com os aparelhos de comunicação (blogues, YouTube, jornalista-cidadão), e 4) interatividade dos media.
Tudo isto representa uma grande expectativa em termos de responsabilidade e abertura (incentivar e aceitar contributos). Suter demonstrou as diferenças com um passado recente e identificou a necessidade de redefinir o âmbito do serviço público de media, de encontrar respostas para novas parcerias, atrair as populações mais jovens, adequação às novas tendências de consumo. E centrou a discussão na obtenção de novas formas de financiamento, dado os modelos presentes estarem a esgotar-se, caso do financiamento do Estado. Ao mesmo tempo em que se propõe um retorno à sociedade, a alternativa económica, que julgo inegavelmente neoliberal, é buscar modelos de financiamento orientados para o mercado. Mas não é isto o que as empresas comerciais fazem? Por isso, o equilíbrio - disse ele ou concluí eu do que ouvi dele - entre qualidade e audiência parece resultar numa aposta muito difícil.
Pode acontecer mesmo estarem a fazer-se experiências, desprezando a experiência e o orgulho e a crença individual e de grupo dos profissionais do serviço público e a marca que está representada na empresa de serviço público, que mais tarde vão custar caro. Claro que acredito em outras palavras e ideias de Tim Suter, tais como haver o interesse do serviço público acompanhar as mudanças tecnológicas, liderando-as se possível, conhecer as suas audiências, saber recrutar bem o seu pessoal, estabelecer parcerias sólidas com produtores independentes e empresas concorrentes (em algumas actividades, presumo, seguindo o pensamento de Suter). O mesmo consultor adiantou ainda a importância de criar pluralismo interno e diversificação de conteúdos.
Ontem, integrado na conferência organizada pela RTP, Tim Suter, consultor da BBC para o projecto Vision 2020 da European Broadcasting Union (EBU), falou do que se espera do serviço público de media nos próximos anos (ouvir o início da sua comunicação no podcast abaixo). Por serviço público de media pode definir-se a conjugação e articulação, nos media (rádio, televisão e internet), de serviços de interesse prestados aos cidadãos e às comunidades por parte do Estado na promoção da democracia e no fortalecimento do bem comum.
Tirei algumas notas do que ele disse, nomeadamente as principais características dos media actuais. Estes precisam de estar atentos às múltiplas escolhas, pois diferentes aparelhos e ecrãs chamam a atenção do cidadão e consumidor. De outras características dos media, detive-me em: 1) entrada de novos parceiros e actores de media, 2) concretização do cidadão como criador, 3) o que os indivíduos fazem com os aparelhos de comunicação (blogues, YouTube, jornalista-cidadão), e 4) interatividade dos media.
Tudo isto representa uma grande expectativa em termos de responsabilidade e abertura (incentivar e aceitar contributos). Suter demonstrou as diferenças com um passado recente e identificou a necessidade de redefinir o âmbito do serviço público de media, de encontrar respostas para novas parcerias, atrair as populações mais jovens, adequação às novas tendências de consumo. E centrou a discussão na obtenção de novas formas de financiamento, dado os modelos presentes estarem a esgotar-se, caso do financiamento do Estado. Ao mesmo tempo em que se propõe um retorno à sociedade, a alternativa económica, que julgo inegavelmente neoliberal, é buscar modelos de financiamento orientados para o mercado. Mas não é isto o que as empresas comerciais fazem? Por isso, o equilíbrio - disse ele ou concluí eu do que ouvi dele - entre qualidade e audiência parece resultar numa aposta muito difícil.
Pode acontecer mesmo estarem a fazer-se experiências, desprezando a experiência e o orgulho e a crença individual e de grupo dos profissionais do serviço público e a marca que está representada na empresa de serviço público, que mais tarde vão custar caro. Claro que acredito em outras palavras e ideias de Tim Suter, tais como haver o interesse do serviço público acompanhar as mudanças tecnológicas, liderando-as se possível, conhecer as suas audiências, saber recrutar bem o seu pessoal, estabelecer parcerias sólidas com produtores independentes e empresas concorrentes (em algumas actividades, presumo, seguindo o pensamento de Suter). O mesmo consultor adiantou ainda a importância de criar pluralismo interno e diversificação de conteúdos.