Nos anos mais recentes, tem havido uma forte investigação no Brasil sobre a sua história da rádio. Pela montra que aqui coloco, há quatro áreas essenciais: estações de rádio e serviço público, jornalismo, desporto e cantores da rádio (no caso, as rainhas).
O repórter Esso marca a história da rádio brasileira. Marca de combustíveis, a Esso patrocinou no Brasil e noutros países da América Latina a produção dos noticiários curtos de três a cinco minutos e esteve no ar naquele país da nossa língua entre 28 de Agosto de 1941 e 31 de Dezembro de 1968. Assim, formou gerações no conhecimento do mundo através dos media. O trabalho de Luciano Klöckner, docente da Universidade Católica de Rio Grande do Sul, revela essa tessitura de informações de síntese e de locução vibrante conhecida pelo nome da Esso com as notícias da United Press Association. Já o estudo de Luiz Carlos Saroldi e Sonia Virgínia Moreira sobre a Rádio Nacional, cuja primeira edição remonta a 1984, transporta-nos para o Rio de Janeiro e para a liderança nacional dessa estação nascida em 1936, um lar de grandes nomes da época de ouro da rádio, como Emilinha e Marlene, as eternas rainhas da rádio, como outro livro aqui analisa. A cultura brasileira foi moldada, de certo modo, pela Rádio Nacional, instalada na Praça Mauá, 7, no centro histórico do Rio de Janeiro.
Os dois livros de Vauci Zucoloto tem virtudes especiais. Se em
No Ar, a autora descreve e analisa a história da construção da notícia da rádio brasileira, recuperando o repórter Esso, ela também releva os textos, os formatos, as linguagens e as técnicas empregadas, no livro sobre a programação das rádios públicas no Brasil identifica as influências, as directrizes e as concepções das programações e alerta para a urgência de novas políticas para a radiodifusão.
Quanto aos livros de Maria Luisa Rinaldi Huper (rainhas da rádio) e o organizado por Patrícia Rangel e Márcio Guerra (a rádio e os campeonatos do mundo) são os mais gostosos de ler na medida em que contam histórias que emociona(ra)m os ouvintes ao longo das décadas. A rádio fez-se dessas paixões de seguir as disputas entre Emilinha Borba e Marlene como a rainha da rádio (em Portugal, muito mais tarde, tivemos a querela Simone de Oliveira e Madalena Iglésias) e da formação de uma certa identidade nacional proporcionada pela equipa do Brasil e pelas torcidas (claques) que se formaram. O Brasil reunia-se e separava-se perante as figuras populares dos cantores da rádio e dos futebolistas, num tempo em que a televisão não tinha ainda estabelecido a hegemonia mediática nestas áreas.
Leituras: Luciano Klöckner (2008).
O repórter Esso. Porto Alegre: Age e EDIPUCRS, 315 p.
Luiz Carlos Saroldi e Sonia Virgínia Moreira (2005).
Rádio Nacional. O Brasil em sintonia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 225 p.
Vauci Zucoloto (2012).
No ar. A história da notícia de rádio no Brasil. Florianópolis: Insular, 183 p. Vauci Zucoloto (2012).
A programação de rádios públicas brasileiras. Florianópolis: Insular, 263 p. Maria Luisa Rinaldi Huper (2009).
As rainhas do rádio. Símbolos da nascente indústria cultural brasileira. São Paulo: Senac, 228 p.
Patrícia Rangel e Márcio Guerra (org.) (2012).
O rádio e as copas do mundo. Juiz de Fora: Juizforana, 270 p.