Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2013

O estado do bosque

José Tolentino de Mendonça distribui por cinco personagens a peça O Estado do Bosque (2013): John Wolf, o guia da floresta, Peter Weil e Jacob, mais jovem, os dois caminhantes na floresta, Viviane Mars e o Destino. São sete cenas, em que as diferentes personagens falam e revelam ao leitor como se entra, como se percorre e como se aspira a chegar a um ponto (fim, eterno, paraíso, alegria).

Logo na primeira cena indaga Peter (Pedro) a John (João) do sentido do trilho. John, que é cego, responde não saber pois cada trilho leva a mais do que um sentido. Há aqui uma asserção realista: cego não consegue esclarecer. Há também uma posição simbólica: a vida de cada um tem um sentido, um significado, mas cada indivíduo precisa de a procurar, ou seguir, ou construi-la.

No texto, nota-se a busca, a vontade de obter uma resposta. Diz o cego muito mais à frente (cena seis) que à noite o bosque deixa de ser cegueira: o que vê e o que não vê detectam as mesmas coisas - nada. Nessa cena, o cego (o Tirésias grego) dialoga com o destino, que o interroga porque ele arrasta inocentes para o bosque. O destino insiste em saber o que faz John desde que o sol desce e a escuridão se abate sobre o bosque. O Tirésias do bosque distingue os cheiros, as vozes, os acentos.A revelação, a procura da luz e da fé estão patentes em todo o belo texto do padre Tolentino Mendonça. Na adaptação ao teatro, Luís Miguel Cintra interpreta John e o Destino é uma gravação que dialoga com John e revela essa procura da revelação. Num momento de fragilidade emotiva grande, o actor e encenador sentiu a necessidade de proferir as palavras sagradas do Pai Nosso. Já era evidente esta procura religiosa de Cintra quando encenou Paul Claudel, como escrevi aqui, no começo do ano de 2012.

A Claudel, católico que fez aturadamente a exegese da Bíblia, Luís Miguel Cintra acrescentou outro autor, Pier Paolo Pasolini, poeta e cineasta maldito, marxista e homossexual, que dedicou um filme ao Papa João XXIII e protestou contra a dessacralização da vida. Para o ator e encenador, O Estado do Bosque é uma revisitação abstrata do Auto da Alma de Gil Vicente.Revejo o dispositivo cénico (de Cristina Reis): um centro em que o cego recebe e fala com Peter (Nuno Nunes), Jacob (David Granada) e Vivienne (Viviane) Mars (Vera Barreto), um rectângulo de luz sobre o chão, um poço atrás, um lugar onde os actores permanecem e se deslocam por detrás da formação de cadeiras em roda desse centro e onde se sentam os espectadores. Essa intimidade, essa proximidade, essa multiplicidade de pontos de vista dos espectadores, leva-os a compreender melhor o sentido dos gestos, silêncios, lamentos e interrogações - a revelação.

Num pequeno texto, o autor da peça lembra-nos que a religião não é apenas uma questão de igrejas e de padres, mas é verdadeira se for uma coisa humana. Deus não habita num passado distante chamado Bíblia, continua Tolentino Mendonça, mas existe, é atual. O Estado do Bosque é essa recondução ao lugar.

Leitura: José Tolentino de Mendonça (2013). O Estado do Bosque. Lisboa: Assírio & Alvim, 67 p. 10 €
Peça: Teatro da Cornucópia, Bairro Alto, Lisboa, 15 €
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publicado por industrias-culturais às 22:58
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O estado do bosque

José Tolentino de Mendonça distribui por cinco personagens a peça O Estado do Bosque (2013): John Wolf, o guia da floresta, Peter Weil e Jacob, mais jovem, os dois caminhantes na floresta, Viviane Mars e o Destino. São sete cenas, em que as diferentes personagens falam e revelam ao leitor como se entra, como se percorre e como se aspira a chegar a um ponto (fim, eterno, paraíso, alegria).

Logo na primeira cena indaga Peter (Pedro) a John (João) do sentido do trilho. John, que é cego, responde não saber pois cada trilho leva a mais do que um sentido. Há aqui uma asserção realista: cego não consegue esclarecer. Há também uma posição simbólica: a vida de cada um tem um sentido, um significado, mas cada indivíduo precisa de a procurar, ou seguir, ou construi-la.

No texto, nota-se a busca, a vontade de obter uma resposta. Diz o cego muito mais à frente (cena seis) que à noite o bosque deixa de ser cegueira: o que vê e o que não vê detectam as mesmas coisas - nada. Nessa cena, o cego (o Tirésias grego) dialoga com o destino, que o interroga porque ele arrasta inocentes para o bosque. O destino insiste em saber o que faz John desde que o sol desce e a escuridão se abate sobre o bosque. O Tirésias do bosque distingue os cheiros, as vozes, os acentos. A revelação, a procura da luz e da fé estão patentes em todo o belo texto do padre Tolentino Mendonça. Na adaptação ao teatro, Luís Miguel Cintra interpreta John e o Destino é uma gravação que dialoga com John e revela essa procura da revelação. Num momento de fragilidade emotiva grande, o actor e encenador sentiu a necessidade de proferir as palavras sagradas do Pai Nosso. Já era evidente esta procura religiosa de Cintra quando encenou Paul Claudel, como escrevi aqui, no começo do ano de 2012.

A Claudel, católico que fez aturadamente a exegese da Bíblia, Luís Miguel Cintra acrescentou outro autor, Pier Paolo Pasolini, poeta e cineasta maldito, marxista e homossexual, que dedicou um filme ao Papa João XXIII e protestou contra a dessacralização da vida. Para o ator e encenador, O Estado do Bosque é uma revisitação abstrata do Auto da Alma de Gil Vicente. Revejo o dispositivo cénico (de Cristina Reis): um centro em que o cego recebe e fala com Peter (Nuno Nunes), Jacob (David Granada) e Vivienne (Viviane) Mars (Vera Barreto), um rectângulo de luz sobre o chão, um poço atrás, um lugar onde os actores permanecem e se deslocam por detrás da formação de cadeiras em roda desse centro e onde se sentam os espectadores. Essa intimidade, essa proximidade, essa multiplicidade de pontos de vista dos espectadores, leva-os a compreender melhor o sentido dos gestos, silêncios, lamentos e interrogações - a revelação.

Num pequeno texto, o autor da peça lembra-nos que a religião não é apenas uma questão de igrejas e de padres, mas é verdadeira se for uma coisa humana. Deus não habita num passado distante chamado Bíblia, continua Tolentino Mendonça, mas existe, é atual. O Estado do Bosque é essa recondução ao lugar.

Leitura: José Tolentino de Mendonça (2013). O Estado do Bosque. Lisboa: Assírio & Alvim, 67 p. 10 €
Peça: Teatro da Cornucópia, Bairro Alto, Lisboa, 15 €
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Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2013

Museu das Marionetas (Porto)

vai no batalha

O Museu das Marionetas (rua das Flores, Porto) abriu ao público muito recentemente.

O Museu tem como diretora Isabel Barros, mas a grande alma do espaço e do Teatro das Marionetas foi João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), que teve formação no domínio da animação socio-cultural, do teatro e das marionetas (estes e os dados seguintes retirados do sítio do museu). Frequentou os cursos do Institut National d’Éducation Populaire e do Institut International de la Marionnette. Iniciou a sua atividade teatral e formação no Teatro Universitário do Porto. Dedicou-se à pesquisa e reconstituição do Teatro Dom Roberto, fantoches populares portugueses e recebeu de Mestre António Dias a herança desta tradição secular. Efetuou cerca de mil e quinhentas representações do Teatro Dom Roberto. Com a coreógrafa Isabel Barros codirigiu dois espetáculos explorando o cruzamento das marionetas e da dança: 3ª Estação e Hamlet Machine.

Para João Paulo Seara Cardoso, "Andamos sempre à procura dessa linguagem sensível que nos permite voar até lugares bonitos onde podemos encontrar um certo apaziguamento". Esse lugar bonito e com apaziguamento fica na rua das Flores. Aconselho uma visita.

[Vai no Batalha, encenação de João Paulo Seara Cardoso e marionetas de Rosa Ramos. Vai no Batalha era uma expressão que significava atualidade, novidade, cosmopolitismo, mas também conversa fiada, da treta, como se o outro fosse um tonto]
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O Museu das Marionetas (rua das Flores, Porto) abriu ao público muito recentemente.

O Museu tem como diretora Isabel Barros, mas a grande alma do espaço e do Teatro das Marionetas foi João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), que teve formação no domínio da animação socio-cultural, do teatro e das marionetas (estes e os dados seguintes retirados do sítio do museu). Frequentou os cursos do Institut National d’Éducation Populaire e do Institut International de la Marionnette. Iniciou a sua atividade teatral e formação no Teatro Universitário do Porto. Dedicou-se à pesquisa e reconstituição do Teatro Dom Roberto, fantoches populares portugueses e recebeu de Mestre António Dias a herança desta tradição secular. Efetuou cerca de mil e quinhentas representações do Teatro Dom Roberto. Com a coreógrafa Isabel Barros codirigiu dois espetáculos explorando o cruzamento das marionetas e da dança: 3ª Estação e Hamlet Machine.

Para João Paulo Seara Cardoso, "Andamos sempre à procura dessa linguagem sensível que nos permite voar até lugares bonitos onde podemos encontrar um certo apaziguamento". Esse lugar bonito e com apaziguamento fica na rua das Flores. Aconselho uma visita.

[Vai no Batalha, encenação de João Paulo Seara Cardoso e marionetas de Rosa Ramos. Vai no Batalha era uma expressão que significava atualidade, novidade, cosmopolitismo, mas também conversa fiada, da treta, como se o outro fosse um tonto]
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O Museu das Marionetas (rua das Flores, Porto) abriu ao público muito recentemente.

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Para João Paulo Seara Cardoso, "Andamos sempre à procura dessa linguagem sensível que nos permite voar até lugares bonitos onde podemos encontrar um certo apaziguamento". Esse lugar bonito e com apaziguamento fica na rua das Flores. Aconselho uma visita.

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O Museu das Marionetas (rua das Flores, Porto) abriu ao público muito recentemente.

O Museu tem como diretora Isabel Barros, mas a grande alma do espaço e do Teatro das Marionetas foi João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), que teve formação no domínio da animação socio-cultural, do teatro e das marionetas (estes e os dados seguintes retirados do sítio do museu). Frequentou os cursos do Institut National d’Éducation Populaire e do Institut International de la Marionnette. Iniciou a sua atividade teatral e formação no Teatro Universitário do Porto. Dedicou-se à pesquisa e reconstituição do Teatro Dom Roberto, fantoches populares portugueses e recebeu de Mestre António Dias a herança desta tradição secular. Efetuou cerca de mil e quinhentas representações do Teatro Dom Roberto. Com a coreógrafa Isabel Barros codirigiu dois espetáculos explorando o cruzamento das marionetas e da dança: 3ª Estação e Hamlet Machine.

Para João Paulo Seara Cardoso, "Andamos sempre à procura dessa linguagem sensível que nos permite voar até lugares bonitos onde podemos encontrar um certo apaziguamento". Esse lugar bonito e com apaziguamento fica na rua das Flores. Aconselho uma visita.

[Vai no Batalha, encenação de João Paulo Seara Cardoso e marionetas de Rosa Ramos. Vai no Batalha era uma expressão que significava atualidade, novidade, cosmopolitismo, mas também conversa fiada, da treta, como se o outro fosse um tonto]
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A rádio no Porto há 60 anos

comunicar2Em 1955, estava a formar-se a Radiotelevisão Portuguesa (RTP). Dos sessenta mil contos de capital inicial da RTP, um terço fora atribuído às estações de rádio. Um dos grupos de rádio que mais dinheiro pôs no capital social inicial da RTP foi o dos Emissores do Norte Reunidos (Porto), com 2310 contos. Aos Emissores do Norte Reunidos pertenciam cinco estações: Ideal Rádio, Rádio Porto, Rádio Clube do Norte, Electromecânico e ORSEC (Oficinas de Rádio, Som, Eletricidade e Cinema), as quais emitiram até ao final de 1975, quando a nacionalização da rádio as integrou na RDP.

A exemplo dos Emissores Associados de Lisboa, que, no final de outubro de 1950, juntaram Rádio Peninsular, Voz de Lisboa, Rádio Acordeon, Rádio Graça e Clube Radiofónico de Portugal , os Emissores do Norte Reunidos agruparam-se através das sociedades comerciais que detinham a posse das estações (Rádio Porto, ORSEC, Manuel Moreira, Ideal Rádio e Sá, Quaresma e Companhia), com quotas por sócio em partes iguais para um capital social de 450 contos. A gerência coube a Rádio Porto. A convenção europeia de redistribuição das frequências (Plano de Copenhaga) obrigou-as a emitir numa só frequência (1602 quilociclos por segundo).

A emissão passou a ser em regime de rotação, com duas a três horas diárias em horários diferentes ao longo da semana. Ao ficarem associados, isso resultou numa poupança de recursos: a antena comum montada na Afurada, em Vila Nova de Gaia, em 1953.Elementos para a história da rádio no Porto. Os 60 anos dos Emissores do Norte Reunidos foi o tema que escolhi ontem para falar no seminário Comunicar, organizado dentro da exposição com aquele nome, a decorrer no Museu de Transportes e Comunicações [imagens que retirei da exposição: estúdio áudio analógico, que pertencera à RDP Porto; sistema de imagens virtuais da estação ferroviária de S. Bento, Porto].

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A rádio no Porto há 60 anos

comunicar2Em 1955, estava a formar-se a Radiotelevisão Portuguesa (RTP). Dos sessenta mil contos de capital inicial da RTP, um terço fora atribuído às estações de rádio. Um dos grupos de rádio que mais dinheiro pôs no capital social inicial da RTP foi o dos Emissores do Norte Reunidos (Porto), com 2310 contos. Aos Emissores do Norte Reunidos pertenciam cinco estações: Ideal Rádio, Rádio Porto, Rádio Clube do Norte, Electromecânico e ORSEC (Oficinas de Rádio, Som, Eletricidade e Cinema), as quais emitiram até ao final de 1975, quando a nacionalização da rádio as integrou na RDP.

A exemplo dos Emissores Associados de Lisboa, que, no final de outubro de 1950, juntaram Rádio Peninsular, Voz de Lisboa, Rádio Acordeon, Rádio Graça e Clube Radiofónico de Portugal , os Emissores do Norte Reunidos agruparam-se através das sociedades comerciais que detinham a posse das estações (Rádio Porto, ORSEC, Manuel Moreira, Ideal Rádio e Sá, Quaresma e Companhia), com quotas por sócio em partes iguais para um capital social de 450 contos. A gerência coube a Rádio Porto. A convenção europeia de redistribuição das frequências (Plano de Copenhaga) obrigou-as a emitir numa só frequência (1602 quilociclos por segundo).

A emissão passou a ser em regime de rotação, com duas a três horas diárias em horários diferentes ao longo da semana. Ao ficarem associados, isso resultou numa poupança de recursos: a antena comum montada na Afurada, em Vila Nova de Gaia, em 1953. Elementos para a história da rádio no Porto. Os 60 anos dos Emissores do Norte Reunidos foi o tema que escolhi ontem para falar no seminário Comunicar, organizado dentro da exposição com aquele nome, a decorrer no Museu de Transportes e Comunicações [imagens que retirei da exposição: estúdio áudio analógico, que pertencera à RDP Porto; sistema de imagens virtuais da estação ferroviária de S. Bento, Porto].

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A rádio no Porto há 60 anos

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A exemplo dos Emissores Associados de Lisboa, que, no final de outubro de 1950, juntaram Rádio Peninsular, Voz de Lisboa, Rádio Acordeon, Rádio Graça e Clube Radiofónico de Portugal , os Emissores do Norte Reunidos agruparam-se através das sociedades comerciais que detinham a posse das estações (Rádio Porto, ORSEC, Manuel Moreira, Ideal Rádio e Sá, Quaresma e Companhia), com quotas por sócio em partes iguais para um capital social de 450 contos. A gerência coube a Rádio Porto. A convenção europeia de redistribuição das frequências (Plano de Copenhaga) obrigou-as a emitir numa só frequência (1602 quilociclos por segundo).

A emissão passou a ser em regime de rotação, com duas a três horas diárias em horários diferentes ao longo da semana. Ao ficarem associados, isso resultou numa poupança de recursos: a antena comum montada na Afurada, em Vila Nova de Gaia, em 1953. Elementos para a história da rádio no Porto. Os 60 anos dos Emissores do Norte Reunidos foi o tema que escolhi ontem para falar no seminário Comunicar, organizado dentro da exposição com aquele nome, a decorrer no Museu de Transportes e Comunicações [imagens que retirei da exposição: estúdio áudio analógico, que pertencera à RDP Porto; sistema de imagens virtuais da estação ferroviária de S. Bento, Porto].

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A exemplo dos Emissores Associados de Lisboa, que, no final de outubro de 1950, juntaram Rádio Peninsular, Voz de Lisboa, Rádio Acordeon, Rádio Graça e Clube Radiofónico de Portugal , os Emissores do Norte Reunidos agruparam-se através das sociedades comerciais que detinham a posse das estações (Rádio Porto, ORSEC, Manuel Moreira, Ideal Rádio e Sá, Quaresma e Companhia), com quotas por sócio em partes iguais para um capital social de 450 contos. A gerência coube a Rádio Porto. A convenção europeia de redistribuição das frequências (Plano de Copenhaga) obrigou-as a emitir numa só frequência (1602 quilociclos por segundo).

A emissão passou a ser em regime de rotação, com duas a três horas diárias em horários diferentes ao longo da semana. Ao ficarem associados, isso resultou numa poupança de recursos: a antena comum montada na Afurada, em Vila Nova de Gaia, em 1953. Elementos para a história da rádio no Porto. Os 60 anos dos Emissores do Norte Reunidos foi o tema que escolhi ontem para falar no seminário Comunicar, organizado dentro da exposição com aquele nome, a decorrer no Museu de Transportes e Comunicações [imagens que retirei da exposição: estúdio áudio analógico, que pertencera à RDP Porto; sistema de imagens virtuais da estação ferroviária de S. Bento, Porto].

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