Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2013
Os últimos dias têm sido férteis em notícias sobre a RTP, centradas no ministro da tutela e no presidente da estação.Primeiro, a 24 de Janeiro, o ministro Miguel Relvas confirmou o que já circulava nos jornais: o conselho de ministros decidira retirar a concessão e a privatização da estação. Na própria televisão, falou no orçamento para 2014, que assentará na taxa do audiovisual e na publicidade (a manter nos moldes actuais) e não na indemnização compensatória do orçamento do Estado (a cessar este ano). O mesmo governante indicaria uma reestruturação de 42 milhões de euros e, ao mesmo tempo uma redução de postos de trabalho. As notícias seguintes estimariam um despedimento de 600 pessoas, perto de 35% do total da RTP (2037 trabalhadores). A palavra sobredimensionamento foi repetida nesses dias.A seguir à entrevista, que marcou a semana passada, entrou o presidente da RTP. O seu posicionamento, apesar de alguma distinção face ao ministro, complementa e precisa o pensamento daquele, o que significa um bom entendimento - apesar de, por vezes, parecer que estão em choque. Se, num dia, afirmou ir convidar "os trabalhadores a participar na reestruturação", a 30 de Janeiro considerava que, “numa empresa que se pretende enxuta, não é sustentável” o actual número de colaboradores. Assim, seguia o caminho do ministro e admitia até um despedimento colectivo. Compararia a dimensão da RTP com as outras televisões, embora aquela precise de mais trabalhadores pelas obrigações de serviço público e pelo número de canais. Num estilo muito peculiar, Alberto da Ponte disse ao jornalista que o entrevistou: “Não se espante se, algum dia, eu chegar aqui ao estúdio com uma pistola, se as audiências não subirem”. O objectivo por si estabelecido para 2014 é os dois canais somarem 22% de quota de audiência (17,3% em 2012, pela nova medição de audiência). Informou estimar que os custos com pessoal baixem dos actuais 35% das receitas para um valor entre 25% e 28%. No caso das principais vedetas, estas aceitaram baixar 30% dos seus ordenados. Em resposta, a Comissão de Trabalhadores da RTP acusava a administração da empresa de "reestruturação que foi preparada, durante muitos meses, de forma ilegal e clandestina”.Um outro ângulo foi dado de novo pelo governante, quando indicou a necessidade de a RTP se modernizar, pelo que seria encontrado um parceiro tecnológico, plano a levar a cabo até ao final de 2014. Se o ministro no noticiário do canal público a 24 de Janeiro disse que gostaria "de ter ido mais longe e mais depressa na RTP", várias forças políticas e sindicais reclamaram vitória neste recuo nítido do governo. A meu ver, o que travou a privatização da RTP foi o parceiro da coligação, CDS, que não pretende alienar a estação. Mas continua uma grande desorientação na condução deste dossier, com temas novos em cada dia que passa, por vezes contraditórios mas sempre conflituantes.
Os últimos dias têm sido férteis em notícias sobre a RTP, centradas no ministro da tutela e no presidente da estação. Primeiro, a 24 de Janeiro, o ministro Miguel Relvas confirmou o que já circulava nos jornais: o conselho de ministros decidira retirar a concessão e a privatização da estação. Na própria televisão, falou no orçamento para 2014, que assentará na taxa do audiovisual e na publicidade (a manter nos moldes actuais) e não na indemnização compensatória do orçamento do Estado (a cessar este ano). O mesmo governante indicaria uma reestruturação de 42 milhões de euros e, ao mesmo tempo uma redução de postos de trabalho. As notícias seguintes estimariam um despedimento de 600 pessoas, perto de 35% do total da RTP (2037 trabalhadores). A palavra sobredimensionamento foi repetida nesses dias. A seguir à entrevista, que marcou a semana passada, entrou o presidente da RTP. O seu posicionamento, apesar de alguma distinção face ao ministro, complementa e precisa o pensamento daquele, o que significa um bom entendimento - apesar de, por vezes, parecer que estão em choque. Se, num dia, afirmou ir convidar "os trabalhadores a participar na reestruturação", a 30 de Janeiro considerava que, “numa empresa que se pretende enxuta, não é sustentável” o actual número de colaboradores. Assim, seguia o caminho do ministro e admitia até um despedimento colectivo. Compararia a dimensão da RTP com as outras televisões, embora aquela precise de mais trabalhadores pelas obrigações de serviço público e pelo número de canais. Num estilo muito peculiar, Alberto da Ponte disse ao jornalista que o entrevistou: “Não se espante se, algum dia, eu chegar aqui ao estúdio com uma pistola, se as audiências não subirem”. O objectivo por si estabelecido para 2014 é os dois canais somarem 22% de quota de audiência (17,3% em 2012, pela nova medição de audiência). Informou estimar que os custos com pessoal baixem dos actuais 35% das receitas para um valor entre 25% e 28%. No caso das principais vedetas, estas aceitaram baixar 30% dos seus ordenados. Em resposta, a Comissão de Trabalhadores da RTP acusava a administração da empresa de "reestruturação que foi preparada, durante muitos meses, de forma ilegal e clandestina”. Um outro ângulo foi dado de novo pelo governante, quando indicou a necessidade de a RTP se modernizar, pelo que seria encontrado um parceiro tecnológico, plano a levar a cabo até ao final de 2014. Se o ministro no noticiário do canal público a 24 de Janeiro disse que gostaria "de ter ido mais longe e mais depressa na RTP", várias forças políticas e sindicais reclamaram vitória neste recuo nítido do governo. A meu ver, o que travou a privatização da RTP foi o parceiro da coligação, CDS, que não pretende alienar a estação. Mas continua uma grande desorientação na condução deste dossier, com temas novos em cada dia que passa, por vezes contraditórios mas sempre conflituantes.
Os últimos dias têm sido férteis em notícias sobre a RTP, centradas no ministro da tutela e no presidente da estação. Primeiro, a 24 de Janeiro, o ministro Miguel Relvas confirmou o que já circulava nos jornais: o conselho de ministros decidira retirar a concessão e a privatização da estação. Na própria televisão, falou no orçamento para 2014, que assentará na taxa do audiovisual e na publicidade (a manter nos moldes actuais) e não na indemnização compensatória do orçamento do Estado (a cessar este ano). O mesmo governante indicaria uma reestruturação de 42 milhões de euros e, ao mesmo tempo uma redução de postos de trabalho. As notícias seguintes estimariam um despedimento de 600 pessoas, perto de 35% do total da RTP (2037 trabalhadores). A palavra sobredimensionamento foi repetida nesses dias. A seguir à entrevista, que marcou a semana passada, entrou o presidente da RTP. O seu posicionamento, apesar de alguma distinção face ao ministro, complementa e precisa o pensamento daquele, o que significa um bom entendimento - apesar de, por vezes, parecer que estão em choque. Se, num dia, afirmou ir convidar "os trabalhadores a participar na reestruturação", a 30 de Janeiro considerava que, “numa empresa que se pretende enxuta, não é sustentável” o actual número de colaboradores. Assim, seguia o caminho do ministro e admitia até um despedimento colectivo. Compararia a dimensão da RTP com as outras televisões, embora aquela precise de mais trabalhadores pelas obrigações de serviço público e pelo número de canais. Num estilo muito peculiar, Alberto da Ponte disse ao jornalista que o entrevistou: “Não se espante se, algum dia, eu chegar aqui ao estúdio com uma pistola, se as audiências não subirem”. O objectivo por si estabelecido para 2014 é os dois canais somarem 22% de quota de audiência (17,3% em 2012, pela nova medição de audiência). Informou estimar que os custos com pessoal baixem dos actuais 35% das receitas para um valor entre 25% e 28%. No caso das principais vedetas, estas aceitaram baixar 30% dos seus ordenados. Em resposta, a Comissão de Trabalhadores da RTP acusava a administração da empresa de "reestruturação que foi preparada, durante muitos meses, de forma ilegal e clandestina”. Um outro ângulo foi dado de novo pelo governante, quando indicou a necessidade de a RTP se modernizar, pelo que seria encontrado um parceiro tecnológico, plano a levar a cabo até ao final de 2014. Se o ministro no noticiário do canal público a 24 de Janeiro disse que gostaria "de ter ido mais longe e mais depressa na RTP", várias forças políticas e sindicais reclamaram vitória neste recuo nítido do governo. A meu ver, o que travou a privatização da RTP foi o parceiro da coligação, CDS, que não pretende alienar a estação. Mas continua uma grande desorientação na condução deste dossier, com temas novos em cada dia que passa, por vezes contraditórios mas sempre conflituantes.
Os últimos dias têm sido férteis em notícias sobre a RTP, centradas no ministro da tutela e no presidente da estação. Primeiro, a 24 de Janeiro, o ministro Miguel Relvas confirmou o que já circulava nos jornais: o conselho de ministros decidira retirar a concessão e a privatização da estação. Na própria televisão, falou no orçamento para 2014, que assentará na taxa do audiovisual e na publicidade (a manter nos moldes actuais) e não na indemnização compensatória do orçamento do Estado (a cessar este ano). O mesmo governante indicaria uma reestruturação de 42 milhões de euros e, ao mesmo tempo uma redução de postos de trabalho. As notícias seguintes estimariam um despedimento de 600 pessoas, perto de 35% do total da RTP (2037 trabalhadores). A palavra sobredimensionamento foi repetida nesses dias. A seguir à entrevista, que marcou a semana passada, entrou o presidente da RTP. O seu posicionamento, apesar de alguma distinção face ao ministro, complementa e precisa o pensamento daquele, o que significa um bom entendimento - apesar de, por vezes, parecer que estão em choque. Se, num dia, afirmou ir convidar "os trabalhadores a participar na reestruturação", a 30 de Janeiro considerava que, “numa empresa que se pretende enxuta, não é sustentável” o actual número de colaboradores. Assim, seguia o caminho do ministro e admitia até um despedimento colectivo. Compararia a dimensão da RTP com as outras televisões, embora aquela precise de mais trabalhadores pelas obrigações de serviço público e pelo número de canais. Num estilo muito peculiar, Alberto da Ponte disse ao jornalista que o entrevistou: “Não se espante se, algum dia, eu chegar aqui ao estúdio com uma pistola, se as audiências não subirem”. O objectivo por si estabelecido para 2014 é os dois canais somarem 22% de quota de audiência (17,3% em 2012, pela nova medição de audiência). Informou estimar que os custos com pessoal baixem dos actuais 35% das receitas para um valor entre 25% e 28%. No caso das principais vedetas, estas aceitaram baixar 30% dos seus ordenados. Em resposta, a Comissão de Trabalhadores da RTP acusava a administração da empresa de "reestruturação que foi preparada, durante muitos meses, de forma ilegal e clandestina”. Um outro ângulo foi dado de novo pelo governante, quando indicou a necessidade de a RTP se modernizar, pelo que seria encontrado um parceiro tecnológico, plano a levar a cabo até ao final de 2014. Se o ministro no noticiário do canal público a 24 de Janeiro disse que gostaria "de ter ido mais longe e mais depressa na RTP", várias forças políticas e sindicais reclamaram vitória neste recuo nítido do governo. A meu ver, o que travou a privatização da RTP foi o parceiro da coligação, CDS, que não pretende alienar a estação. Mas continua uma grande desorientação na condução deste dossier, com temas novos em cada dia que passa, por vezes contraditórios mas sempre conflituantes.
Domingo, 27 de Janeiro de 2013
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979) é um livro de Renato Mendes, resultado inicial de uma dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa.Jornalista nascido no Brasil, Renato Mendes estuda neste livro o surgimento da primeira licenciatura em comunicação social em Portugal e as tensões em torno dessa novidade, em especial a que opôs jornalistas e académicos, com aqueles a contestarem, por não conhecimento prévio da autorização do curso superior.
Em quatro capítulos, o autor apresenta o ensino em Portugal numa perspectiva histórica, enumerando as iniciativas anteriores, ao passo que o segundo capítulo contextualiza o curso e a relação entre jornalistas e académicos, o terceiro capítulo analisa os acontecimentos em torno do lançamento do curso, os condicionalismos e as reacções e cedências entre os agentes envolvidos e o capítulo final as propostas de curso. A metodologia empregue foi a análise documental e algumas entrevistas. O autor contou com a colaboração do primeiro responsável do curso, Adriano Duarte Rodrigues, o que lhe permitiu reconstituir os passos de organização da licenciatura da Universidade Nova de Lisboa com muita precisão e profundidade.Fico-me aqui pelas tentativas anteriores ao curso de 1979.
A primeira sugestão surgiu em 1941, quando o Sindicato Nacional dos Jornalistas entregou às autoridades o texto do projecto do Curso de Formação Jornalística. O curso proposto teria a duração de dois anos, com disciplinas teóricas, conferências livres e exercícios práticos, além de visitas de estudo a redacções dos meios. Depois, em 1966, o vespertino
Diário Popular apresentou uma segunda tentativa de curso, o Curso de Iniciação Jornalística, realizado entre Abril e Maio desse ano, com um objectivo prático: recrutar jornalistas. Francisco Pinto Balsemão foi o idealizador e promotor do curso, que atingiu candidatos com menos de 30 anos, o sétimo ano do liceu e saber uma ou mais línguas estrangeiras, além de poder assistir a todas as aulas. O I Curso de Jornalismo organizado pelo Sindicato Nacional de Jornalistas decorreu durante quatro meses entre 1968 e 1969, com a ideia de lançar uma Escola de Jornalismo. Foi criada uma modalidade de ensino à distância. O sindicato voltava a apostar num modelo universitário em 1970, com a designação de Ciências da Informação, que não chegou a ir para a frente.
No ano seguinte, em 1971, o ministério da educação aprovava a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, aberta no Instituto de Línguas e Administração, escola que pertencia ao Banco Borges & Irmão, entidade que detinha a propriedade de dois jornais,
Diário Popular e
Jornal do Comércio, e a agência de publicidade Latina. Com a mudança de regime político e a nacionalização da banca em Março de 1975, a escola sofreu muitas dificuldades mas existiu até meados da década de 1980. E houve muita gente com licenciatura dessa escola, reconhecida pelo Estado.
Denoto o modo como Renato Mendes escreve sobre esta escola: "Quanto à criação da ESMCS, esta escola teve existência efémera porque estava subjugada aos interesses do capital, desta vez apoiada pelo governo. Os interesses do governo mantiveram a escola activa, já que estavam a ser influenciados por um relatório da OCDE, que indicava a necessidade da formação de quadros técnicos" (p. 43).
Sem pretender lançar polémica sobre o livro de Renato Mendes, bem documentado e escrito, não posso deixar de distinguir o título (comunicação social) em contraste com o prefácio de Nelson Traquina ao mesmo livro. O título do livro fala em comunicação social, o prefácio incide em ciências da comunicação ou jornalismo. Na realidade, a designação inicial do curso da Universidade Nova de Lisboa alterou-se de comunicação social para ciências da comunicação, abrindo pluralismo às matérias leccionadas. A par da semiótica e da linguística, áreas mais poderosas no começo da oferta, crescem áreas como publicidade, jornalismo e comunicação empresarial. O prefácio de Nelson Traquina acaba por destacar a formação do jornalismo e a sua base em ciências sociais, como sociologia, história, economia, e disciplinas teóricas como teoria da notícia e ética na comunicação social. Daí para a frente, o prefácio analisa apenas o jornalismo. Ele escreve mesmo: "a Licenciatura em Jornalismo é vital para o desenvolvimento de um campo jornalístico que afirma o seu poder numa sociedade democrática" (p. 15).
A distinção entre comunicação social e jornalismo é algo subtil. Jornalismo é um fazer, que implica códigos de trabalho e produção, comunicação social é a área de actividade que emprega os jornalistas, que estabelece uma ética e uma responsabilidade social. Por outro lado, as duas designações parecem indicar espaço para um verbo e um nome, interligados consequentemente. Se isso for assim, a indicação de primeiro curso deve recuar para a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, que não pode ficar na prateleira das tentativas de composição intelectual dos media mas ser uma realização de corpo inteiro. Afinal, os licenciados por esta escola merecem respeito, como Jorge Fazenda Lourenço e José Manuel Lopes, autores do texto "O Ensino do Jornalismo em Portugal" (
Educação e Trabalho, nº 21/22, Janeiro-Junho 1982), na altura finalistas do curso.
Leitura: Renato Mendes (2012).
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979). Lisboa: Escritório Editora, 235 páginas, 12,90 €
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979) é um livro de Renato Mendes, resultado inicial de uma dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Jornalista nascido no Brasil, Renato Mendes estuda neste livro o surgimento da primeira licenciatura em comunicação social em Portugal e as tensões em torno dessa novidade, em especial a que opôs jornalistas e académicos, com aqueles a contestarem, por não conhecimento prévio da autorização do curso superior.
Em quatro capítulos, o autor apresenta o ensino em Portugal numa perspectiva histórica, enumerando as iniciativas anteriores, ao passo que o segundo capítulo contextualiza o curso e a relação entre jornalistas e académicos, o terceiro capítulo analisa os acontecimentos em torno do lançamento do curso, os condicionalismos e as reacções e cedências entre os agentes envolvidos e o capítulo final as propostas de curso. A metodologia empregue foi a análise documental e algumas entrevistas. O autor contou com a colaboração do primeiro responsável do curso, Adriano Duarte Rodrigues, o que lhe permitiu reconstituir os passos de organização da licenciatura da Universidade Nova de Lisboa com muita precisão e profundidade. Fico-me aqui pelas tentativas anteriores ao curso de 1979.
A primeira sugestão surgiu em 1941, quando o Sindicato Nacional dos Jornalistas entregou às autoridades o texto do projecto do Curso de Formação Jornalística. O curso proposto teria a duração de dois anos, com disciplinas teóricas, conferências livres e exercícios práticos, além de visitas de estudo a redacções dos meios. Depois, em 1966, o vespertino
Diário Popular apresentou uma segunda tentativa de curso, o Curso de Iniciação Jornalística, realizado entre Abril e Maio desse ano, com um objectivo prático: recrutar jornalistas. Francisco Pinto Balsemão foi o idealizador e promotor do curso, que atingiu candidatos com menos de 30 anos, o sétimo ano do liceu e saber uma ou mais línguas estrangeiras, além de poder assistir a todas as aulas. O I Curso de Jornalismo organizado pelo Sindicato Nacional de Jornalistas decorreu durante quatro meses entre 1968 e 1969, com a ideia de lançar uma Escola de Jornalismo. Foi criada uma modalidade de ensino à distância. O sindicato voltava a apostar num modelo universitário em 1970, com a designação de Ciências da Informação, que não chegou a ir para a frente.
No ano seguinte, em 1971, o ministério da educação aprovava a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, aberta no Instituto de Línguas e Administração, escola que pertencia ao Banco Borges & Irmão, entidade que detinha a propriedade de dois jornais,
Diário Popular e
Jornal do Comércio, e a agência de publicidade Latina. Com a mudança de regime político e a nacionalização da banca em Março de 1975, a escola sofreu muitas dificuldades mas existiu até meados da década de 1980. E houve muita gente com licenciatura dessa escola, reconhecida pelo Estado.
Denoto o modo como Renato Mendes escreve sobre esta escola: "Quanto à criação da ESMCS, esta escola teve existência efémera porque estava subjugada aos interesses do capital, desta vez apoiada pelo governo. Os interesses do governo mantiveram a escola activa, já que estavam a ser influenciados por um relatório da OCDE, que indicava a necessidade da formação de quadros técnicos" (p. 43).
Sem pretender lançar polémica sobre o livro de Renato Mendes, bem documentado e escrito, não posso deixar de distinguir o título (comunicação social) em contraste com o prefácio de Nelson Traquina ao mesmo livro. O título do livro fala em comunicação social, o prefácio incide em ciências da comunicação ou jornalismo. Na realidade, a designação inicial do curso da Universidade Nova de Lisboa alterou-se de comunicação social para ciências da comunicação, abrindo pluralismo às matérias leccionadas. A par da semiótica e da linguística, áreas mais poderosas no começo da oferta, crescem áreas como publicidade, jornalismo e comunicação empresarial. O prefácio de Nelson Traquina acaba por destacar a formação do jornalismo e a sua base em ciências sociais, como sociologia, história, economia, e disciplinas teóricas como teoria da notícia e ética na comunicação social. Daí para a frente, o prefácio analisa apenas o jornalismo. Ele escreve mesmo: "a Licenciatura em Jornalismo é vital para o desenvolvimento de um campo jornalístico que afirma o seu poder numa sociedade democrática" (p. 15).
A distinção entre comunicação social e jornalismo é algo subtil. Jornalismo é um fazer, que implica códigos de trabalho e produção, comunicação social é a área de actividade que emprega os jornalistas, que estabelece uma ética e uma responsabilidade social. Por outro lado, as duas designações parecem indicar espaço para um verbo e um nome, interligados consequentemente. Se isso for assim, a indicação de primeiro curso deve recuar para a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, que não pode ficar na prateleira das tentativas de composição intelectual dos media mas ser uma realização de corpo inteiro. Afinal, os licenciados por esta escola merecem respeito, como Jorge Fazenda Lourenço e José Manuel Lopes, autores do texto "O Ensino do Jornalismo em Portugal" (
Educação e Trabalho, nº 21/22, Janeiro-Junho 1982), na altura finalistas do curso.
Leitura: Renato Mendes (2012).
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979). Lisboa: Escritório Editora, 235 páginas, 12,90 €
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979) é um livro de Renato Mendes, resultado inicial de uma dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Jornalista nascido no Brasil, Renato Mendes estuda neste livro o surgimento da primeira licenciatura em comunicação social em Portugal e as tensões em torno dessa novidade, em especial a que opôs jornalistas e académicos, com aqueles a contestarem, por não conhecimento prévio da autorização do curso superior.
Em quatro capítulos, o autor apresenta o ensino em Portugal numa perspectiva histórica, enumerando as iniciativas anteriores, ao passo que o segundo capítulo contextualiza o curso e a relação entre jornalistas e académicos, o terceiro capítulo analisa os acontecimentos em torno do lançamento do curso, os condicionalismos e as reacções e cedências entre os agentes envolvidos e o capítulo final as propostas de curso. A metodologia empregue foi a análise documental e algumas entrevistas. O autor contou com a colaboração do primeiro responsável do curso, Adriano Duarte Rodrigues, o que lhe permitiu reconstituir os passos de organização da licenciatura da Universidade Nova de Lisboa com muita precisão e profundidade. Fico-me aqui pelas tentativas anteriores ao curso de 1979.
A primeira sugestão surgiu em 1941, quando o Sindicato Nacional dos Jornalistas entregou às autoridades o texto do projecto do Curso de Formação Jornalística. O curso proposto teria a duração de dois anos, com disciplinas teóricas, conferências livres e exercícios práticos, além de visitas de estudo a redacções dos meios. Depois, em 1966, o vespertino
Diário Popular apresentou uma segunda tentativa de curso, o Curso de Iniciação Jornalística, realizado entre Abril e Maio desse ano, com um objectivo prático: recrutar jornalistas. Francisco Pinto Balsemão foi o idealizador e promotor do curso, que atingiu candidatos com menos de 30 anos, o sétimo ano do liceu e saber uma ou mais línguas estrangeiras, além de poder assistir a todas as aulas. O I Curso de Jornalismo organizado pelo Sindicato Nacional de Jornalistas decorreu durante quatro meses entre 1968 e 1969, com a ideia de lançar uma Escola de Jornalismo. Foi criada uma modalidade de ensino à distância. O sindicato voltava a apostar num modelo universitário em 1970, com a designação de Ciências da Informação, que não chegou a ir para a frente.
No ano seguinte, em 1971, o ministério da educação aprovava a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, aberta no Instituto de Línguas e Administração, escola que pertencia ao Banco Borges & Irmão, entidade que detinha a propriedade de dois jornais,
Diário Popular e
Jornal do Comércio, e a agência de publicidade Latina. Com a mudança de regime político e a nacionalização da banca em Março de 1975, a escola sofreu muitas dificuldades mas existiu até meados da década de 1980. E houve muita gente com licenciatura dessa escola, reconhecida pelo Estado.
Denoto o modo como Renato Mendes escreve sobre esta escola: "Quanto à criação da ESMCS, esta escola teve existência efémera porque estava subjugada aos interesses do capital, desta vez apoiada pelo governo. Os interesses do governo mantiveram a escola activa, já que estavam a ser influenciados por um relatório da OCDE, que indicava a necessidade da formação de quadros técnicos" (p. 43).
Sem pretender lançar polémica sobre o livro de Renato Mendes, bem documentado e escrito, não posso deixar de distinguir o título (comunicação social) em contraste com o prefácio de Nelson Traquina ao mesmo livro. O título do livro fala em comunicação social, o prefácio incide em ciências da comunicação ou jornalismo. Na realidade, a designação inicial do curso da Universidade Nova de Lisboa alterou-se de comunicação social para ciências da comunicação, abrindo pluralismo às matérias leccionadas. A par da semiótica e da linguística, áreas mais poderosas no começo da oferta, crescem áreas como publicidade, jornalismo e comunicação empresarial. O prefácio de Nelson Traquina acaba por destacar a formação do jornalismo e a sua base em ciências sociais, como sociologia, história, economia, e disciplinas teóricas como teoria da notícia e ética na comunicação social. Daí para a frente, o prefácio analisa apenas o jornalismo. Ele escreve mesmo: "a Licenciatura em Jornalismo é vital para o desenvolvimento de um campo jornalístico que afirma o seu poder numa sociedade democrática" (p. 15).
A distinção entre comunicação social e jornalismo é algo subtil. Jornalismo é um fazer, que implica códigos de trabalho e produção, comunicação social é a área de actividade que emprega os jornalistas, que estabelece uma ética e uma responsabilidade social. Por outro lado, as duas designações parecem indicar espaço para um verbo e um nome, interligados consequentemente. Se isso for assim, a indicação de primeiro curso deve recuar para a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, que não pode ficar na prateleira das tentativas de composição intelectual dos media mas ser uma realização de corpo inteiro. Afinal, os licenciados por esta escola merecem respeito, como Jorge Fazenda Lourenço e José Manuel Lopes, autores do texto "O Ensino do Jornalismo em Portugal" (
Educação e Trabalho, nº 21/22, Janeiro-Junho 1982), na altura finalistas do curso.
Leitura: Renato Mendes (2012).
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979). Lisboa: Escritório Editora, 235 páginas, 12,90 €
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979) é um livro de Renato Mendes, resultado inicial de uma dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Jornalista nascido no Brasil, Renato Mendes estuda neste livro o surgimento da primeira licenciatura em comunicação social em Portugal e as tensões em torno dessa novidade, em especial a que opôs jornalistas e académicos, com aqueles a contestarem, por não conhecimento prévio da autorização do curso superior.
Em quatro capítulos, o autor apresenta o ensino em Portugal numa perspectiva histórica, enumerando as iniciativas anteriores, ao passo que o segundo capítulo contextualiza o curso e a relação entre jornalistas e académicos, o terceiro capítulo analisa os acontecimentos em torno do lançamento do curso, os condicionalismos e as reacções e cedências entre os agentes envolvidos e o capítulo final as propostas de curso. A metodologia empregue foi a análise documental e algumas entrevistas. O autor contou com a colaboração do primeiro responsável do curso, Adriano Duarte Rodrigues, o que lhe permitiu reconstituir os passos de organização da licenciatura da Universidade Nova de Lisboa com muita precisão e profundidade. Fico-me aqui pelas tentativas anteriores ao curso de 1979.
A primeira sugestão surgiu em 1941, quando o Sindicato Nacional dos Jornalistas entregou às autoridades o texto do projecto do Curso de Formação Jornalística. O curso proposto teria a duração de dois anos, com disciplinas teóricas, conferências livres e exercícios práticos, além de visitas de estudo a redacções dos meios. Depois, em 1966, o vespertino
Diário Popular apresentou uma segunda tentativa de curso, o Curso de Iniciação Jornalística, realizado entre Abril e Maio desse ano, com um objectivo prático: recrutar jornalistas. Francisco Pinto Balsemão foi o idealizador e promotor do curso, que atingiu candidatos com menos de 30 anos, o sétimo ano do liceu e saber uma ou mais línguas estrangeiras, além de poder assistir a todas as aulas. O I Curso de Jornalismo organizado pelo Sindicato Nacional de Jornalistas decorreu durante quatro meses entre 1968 e 1969, com a ideia de lançar uma Escola de Jornalismo. Foi criada uma modalidade de ensino à distância. O sindicato voltava a apostar num modelo universitário em 1970, com a designação de Ciências da Informação, que não chegou a ir para a frente.
No ano seguinte, em 1971, o ministério da educação aprovava a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, aberta no Instituto de Línguas e Administração, escola que pertencia ao Banco Borges & Irmão, entidade que detinha a propriedade de dois jornais,
Diário Popular e
Jornal do Comércio, e a agência de publicidade Latina. Com a mudança de regime político e a nacionalização da banca em Março de 1975, a escola sofreu muitas dificuldades mas existiu até meados da década de 1980. E houve muita gente com licenciatura dessa escola, reconhecida pelo Estado.
Denoto o modo como Renato Mendes escreve sobre esta escola: "Quanto à criação da ESMCS, esta escola teve existência efémera porque estava subjugada aos interesses do capital, desta vez apoiada pelo governo. Os interesses do governo mantiveram a escola activa, já que estavam a ser influenciados por um relatório da OCDE, que indicava a necessidade da formação de quadros técnicos" (p. 43).
Sem pretender lançar polémica sobre o livro de Renato Mendes, bem documentado e escrito, não posso deixar de distinguir o título (comunicação social) em contraste com o prefácio de Nelson Traquina ao mesmo livro. O título do livro fala em comunicação social, o prefácio incide em ciências da comunicação ou jornalismo. Na realidade, a designação inicial do curso da Universidade Nova de Lisboa alterou-se de comunicação social para ciências da comunicação, abrindo pluralismo às matérias leccionadas. A par da semiótica e da linguística, áreas mais poderosas no começo da oferta, crescem áreas como publicidade, jornalismo e comunicação empresarial. O prefácio de Nelson Traquina acaba por destacar a formação do jornalismo e a sua base em ciências sociais, como sociologia, história, economia, e disciplinas teóricas como teoria da notícia e ética na comunicação social. Daí para a frente, o prefácio analisa apenas o jornalismo. Ele escreve mesmo: "a Licenciatura em Jornalismo é vital para o desenvolvimento de um campo jornalístico que afirma o seu poder numa sociedade democrática" (p. 15).
A distinção entre comunicação social e jornalismo é algo subtil. Jornalismo é um fazer, que implica códigos de trabalho e produção, comunicação social é a área de actividade que emprega os jornalistas, que estabelece uma ética e uma responsabilidade social. Por outro lado, as duas designações parecem indicar espaço para um verbo e um nome, interligados consequentemente. Se isso for assim, a indicação de primeiro curso deve recuar para a Escola Superior de Meios de Comunicação Social, que não pode ficar na prateleira das tentativas de composição intelectual dos media mas ser uma realização de corpo inteiro. Afinal, os licenciados por esta escola merecem respeito, como Jorge Fazenda Lourenço e José Manuel Lopes, autores do texto "O Ensino do Jornalismo em Portugal" (
Educação e Trabalho, nº 21/22, Janeiro-Junho 1982), na altura finalistas do curso.
Leitura: Renato Mendes (2012).
Os Jornalistas e a Primeira Licenciatura em Comunicação Social em Portugal (1979). Lisboa: Escritório Editora, 235 páginas, 12,90 €
Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2013
Em 29 de Julho de 1956, no fundo da página 3, o Diário de Notícias publicitava que o fotógrafo Rogério Santos abria um estúdio na avenida de Roma, 89, com o telefone 778969. Não conhecia este meu homónimo, nem tenho dados sobre se ele ainda é vivo. Dias depois, a 15 de Agosto, na página 7, o mesmo jornal tinha um texto com o título Os marcianos invadirão a Terra no dia 7 de Setembro? Não sei se a leitura deste artigo influenciou, ou acelerou, a vontade de José Matos Maia recuperar a narrativa de H. G. Wells (The War of the Worlds, adaptada por Orson Wells no dia 31 de Outubro de 1938), e que ele pôs no ar em 25 de Junho de 1958 na Rádio Renascença.
1956 foi um ano fantástico. O Rádio Clube Português comemorou os seus 25 anos de actividade e fez uma comemoração de arromba, com saudações de escritores, locutores e artistas da rádio (prometo falar disso um dia destes, embora num sentido crítico), a Simca (marca de automóveis) tinha um escritório e vendas na Praça de Londres, nº 7, e tornou-se o primeiro patrocinador do programa da Rádio Renascença Alegria ao Volante, um programa de discos pedidos para quem indicasse a matrícula do seu automóvel e o itinerário que estava a fazer (isto numa altura em que marcas como a Ford, a Citroën e a Mercedes ocupavam as páginas de anúncios do jornal, querendo dizer que a sociedade de consumo crescia).
Foi o ano em que, após 16 anos sem o conseguir, o Futebol Clube do Porto ganhou o campeonato de futebol e a taça de Portugal mas, numa deslocação ao Brasil e à Venezuela, perdeu todos os jogos menos um (o que levou ao despedimento do treinador brasileiro Yustrich, de nome de nascimento Dorival Knipel), e Portugal venceu o campeonato de hóquei em patins em Montreux. Foi ainda o ano em que a TAP abria um concurso para assistentes de bordo, desde que não ultrapassassem os 30 anos e fossem solteiras, e a RTP iniciava a sua programação, a 5 de Setembro. Apesar de não o saber então, o começo das emissões foi a minha melhor prenda de anos. Por isso, é que eu gosto muito da RTP. Em 1956, a RTP era quase toda privada: do capital inicial total, 20 mil contos pertenciam a estações de rádio (dos quais 9260 contos eram do Rádio Clube Português), 20 mil contos ao Estado e 20 mil contos a pequenos accionistas.
Em 29 de Julho de 1956, no fundo da página 3, o Diário de Notícias publicitava que o fotógrafo Rogério Santos abria um estúdio na avenida de Roma, 89, com o telefone 778969. Não conhecia este meu homónimo, nem tenho dados sobre se ele ainda é vivo. Dias depois, a 15 de Agosto, na página 7, o mesmo jornal tinha um texto com o título Os marcianos invadirão a Terra no dia 7 de Setembro? Não sei se a leitura deste artigo influenciou, ou acelerou, a vontade de José Matos Maia recuperar a narrativa de H. G. Wells (The War of the Worlds, adaptada por Orson Wells no dia 31 de Outubro de 1938), e que ele pôs no ar em 25 de Junho de 1958 na Rádio Renascença.
1956 foi um ano fantástico. O Rádio Clube Português comemorou os seus 25 anos de actividade e fez uma comemoração de arromba, com saudações de escritores, locutores e artistas da rádio (prometo falar disso um dia destes, embora num sentido crítico), a Simca (marca de automóveis) tinha um escritório e vendas na Praça de Londres, nº 7, e tornou-se o primeiro patrocinador do programa da Rádio Renascença Alegria ao Volante, um programa de discos pedidos para quem indicasse a matrícula do seu automóvel e o itinerário que estava a fazer (isto numa altura em que marcas como a Ford, a Citroën e a Mercedes ocupavam as páginas de anúncios do jornal, querendo dizer que a sociedade de consumo crescia).
Foi o ano em que, após 16 anos sem o conseguir, o Futebol Clube do Porto ganhou o campeonato de futebol e a taça de Portugal mas, numa deslocação ao Brasil e à Venezuela, perdeu todos os jogos menos um (o que levou ao despedimento do treinador brasileiro Yustrich, de nome de nascimento Dorival Knipel), e Portugal venceu o campeonato de hóquei em patins em Montreux. Foi ainda o ano em que a TAP abria um concurso para assistentes de bordo, desde que não ultrapassassem os 30 anos e fossem solteiras, e a RTP iniciava a sua programação, a 5 de Setembro. Apesar de não o saber então, o começo das emissões foi a minha melhor prenda de anos. Por isso, é que eu gosto muito da RTP. Em 1956, a RTP era quase toda privada: do capital inicial total, 20 mil contos pertenciam a estações de rádio (dos quais 9260 contos eram do Rádio Clube Português), 20 mil contos ao Estado e 20 mil contos a pequenos accionistas.