Quarta-feira, 4 de Abril de 2012

Museu da Chapelaria

O Museu da Chapelaria (rua Oliveira Júnior, São João da Madeira) foi inaugurado a 22 de junho de 2005. Está no edifício da Empresa Industrial de Chapelaria, fundada por António José de Oliveira Júnior em 1914, então a maior fábrica da indústria do chapéu em Portugal. O edifício da fábrica de chapéus, agora museu, fica ao lado da fábrica Oliva, já desativada. O conjunto fabril tornava aquele percurso um dos mais industriais da região.

A exposição permanente inclui diferentes máquinas industriais usadas na produção de chapéus, coleções de chapéus e testemunhos de operários de chapelaria. A matéria prima dos chapéus provinha da lã, da pele de coelho e de castor (este oriundo do Canadá).

A segunda imagem contém a fachada interna do Museu da Chapelaria e o monumento Unhas Negras, designação que se dava aos chapeleiros devido ao seu trabalho e que João da Silva Correia (1886-1973) celebrizou num romance seu exatamente com o título Unhas Negras.

publicado por industrias-culturais às 20:51
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O Museu da Chapelaria (rua Oliveira Júnior, São João da Madeira) foi inaugurado a 22 de junho de 2005. Está no edifício da Empresa Industrial de Chapelaria, fundada por António José de Oliveira Júnior em 1914, então a maior fábrica da indústria do chapéu em Portugal. O edifício da fábrica de chapéus, agora museu, fica ao lado da fábrica Oliva, já desativada. O conjunto fabril tornava aquele percurso um dos mais industriais da região.

A exposição permanente inclui diferentes máquinas industriais usadas na produção de chapéus, coleções de chapéus e testemunhos de operários de chapelaria. A matéria prima dos chapéus provinha da lã, da pele de coelho e de castor (este oriundo do Canadá).

A segunda imagem contém a fachada interna do Museu da Chapelaria e o monumento Unhas Negras, designação que se dava aos chapeleiros devido ao seu trabalho e que João da Silva Correia (1886-1973) celebrizou num romance seu exatamente com o título Unhas Negras.

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O Museu da Chapelaria (rua Oliveira Júnior, São João da Madeira) foi inaugurado a 22 de junho de 2005. Está no edifício da Empresa Industrial de Chapelaria, fundada por António José de Oliveira Júnior em 1914, então a maior fábrica da indústria do chapéu em Portugal. O edifício da fábrica de chapéus, agora museu, fica ao lado da fábrica Oliva, já desativada. O conjunto fabril tornava aquele percurso um dos mais industriais da região.

A exposição permanente inclui diferentes máquinas industriais usadas na produção de chapéus, coleções de chapéus e testemunhos de operários de chapelaria. A matéria prima dos chapéus provinha da lã, da pele de coelho e de castor (este oriundo do Canadá).

A segunda imagem contém a fachada interna do Museu da Chapelaria e o monumento Unhas Negras, designação que se dava aos chapeleiros devido ao seu trabalho e que João da Silva Correia (1886-1973) celebrizou num romance seu exatamente com o título Unhas Negras.

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O Museu da Chapelaria (rua Oliveira Júnior, São João da Madeira) foi inaugurado a 22 de junho de 2005. Está no edifício da Empresa Industrial de Chapelaria, fundada por António José de Oliveira Júnior em 1914, então a maior fábrica da indústria do chapéu em Portugal. O edifício da fábrica de chapéus, agora museu, fica ao lado da fábrica Oliva, já desativada. O conjunto fabril tornava aquele percurso um dos mais industriais da região.

A exposição permanente inclui diferentes máquinas industriais usadas na produção de chapéus, coleções de chapéus e testemunhos de operários de chapelaria. A matéria prima dos chapéus provinha da lã, da pele de coelho e de castor (este oriundo do Canadá).

A segunda imagem contém a fachada interna do Museu da Chapelaria e o monumento Unhas Negras, designação que se dava aos chapeleiros devido ao seu trabalho e que João da Silva Correia (1886-1973) celebrizou num romance seu exatamente com o título Unhas Negras.

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Domingo, 1 de Abril de 2012

Jornalismo em tempo de crise

Jornalismo em tempo de crise foi o tema ontem discutido na Casa da Imprensa, em Lisboa, organizado pelo Fórum de Jornalistas. O tema central foi a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação, com Pedro S. Guerreiro, José Manuel Fernandes, Pedro Norton e José Azeredo Lopes (painel Gerir jornais numa era de declínio. Uma missão impossível?) e Francisco Pinto Balsemão Rui Borges e André Freire Andrade (painel A informação ainda é um bom negócio? Pode voltar a ser apetecível ao investidor?) presentes com intervenções.



Recorto algumas ideias faladas no encontro. Por um lado, segundo Pedro Guerreiro, existe um problema de receitas mais do que custos, com deslocação dos investimentos de publicidade dos jornais (mas também das televisões e das rádios) para pontos específicos da internet (Google, Facebook), o que altera a cadeia de valor. Verifica-se uma descaracterização de posicionamento dos jornais, a que se acrescenta a contratação de consultores que, nos últimos anos, têm identificado as boas práticas - ou melhor as práticas dos jornais que vendem mais. Com a restrição das receitas e sob a pressão das audiências, os jornais estão mais parecidos entre si e com as televisões. Isto é, há uma maior homogeneização e não uma diferenciação entre os media. Por outro lado, para José Manuel Fernandes, houve uma profunda alteração no consumo de media. Dantes, um indivíduo identificava-se com um meio (Diário de Notícias, Público); hoje, acede a múltiplas fontes de informação. O Facebook é um exemplo citado ao longo da tarde. Aqui, conclui-se que muitos consumidores consideram suficiente a informação que circula no Facebook com comentários e recomendações dos seus amigos. O jornalista sente que falta neste momento capacidade dos media quanto ao tratamento de determinados assuntos. Por exemplo, quem sabe o que se passa com a guerra de audiências entre a Gfk e a Marktest e os canais de televisão? Parece existir um jornalismo de pinguepongue: a um facto, os jornalistas procuram recolher e a informação de A, a que se segue a procura da reação de B face a A, que acarreta a reação de C face aos anteriores.

Pedro Norton fez uma intervenção estratégica, na linha de outras que já ouvi dele. O mercado publicitário valeu, em 2011, 500 milhões de euros, numa tendência negativa que se observa desde o começo do século. Nos últimos três anos, 26% do mercado publicitário desapareceu. O primeiro trimestre de 2012 caiu 20%, o que torna dramática a atuação das empresas de media. Por regra, o mercado publicitário, quando cai, fica 12% abaixo da quebra do PIB. Há uma transferência insignificante de publicidade das televisões generalistas para as temáticas. A transferência da publicidade faz-se, como outros oradores disseram também, para pontos especídicos da internet (Google, Facebook, portais das redes sociais). As transformações principais sentidas nos media nos últimos 15 anos incluem as tecnológicas, os públicos de consumo dos media e a lógica de funcionamento do negócio. No campo do consumo, identificou-se a maturação da interatividade, isto é, os consumidores mudaram e reclamam para si o papel de coautor, em que as redes sociais se posicionam com a pretensão de filtros e de editoras de informação e de conteúdos, além da passagem de um ambiente linear com consumo assíncrono e segmentação. Por seu lado, Azeredo Lopes falou de erros sistemáticos, como a ideia de se considerar a existência de um mercado nacional, quando o mais correto é falar de um mercado regional. Reforçando o que já fora dito, ele considera a diminuição acelerada do estatuto de jornalista, dado que o produto jornalístico sofre a concorrência de sítios de internet, do Facebook, etc. Além de que não vê coerência editorial, tipo jornal de esquerda ou de direita mas antes um jornal tipo "nações unidas", com colunistas que cobrem opiniões da esquerda à direita, e vê uma relação quase obscena entre os media tradicionais e o online, com aqueles, a lutar pela sobrevivência, a alimentar este.



Francisco Pinto Balsemão fez perguntas e procurou responder a elas, como se fosse uma tese com perguntas de partida e obtenção de confirmações ou não que reforçam ou destroem essa tese. Assim, ele questionou a existência de media que dão sistematicamente prejuízos mas se mantêm, o que o leva a considerar que tais media têm uma função instrumental que não corresponde ao objetivo dos media: obter lucro porque os media são um negócio, servir a democracia e a liberdade de informação. Os media são um aguilhão contra a indiferença face a tópicos dramáticos da atualidade, seja das crianças que morrem em alguns países ou dos massacres na Síria. Ele defende a necessidade da separação da atividade da informação e do entretenimento. Mas repara que os sítios e os motores de busca que vivem e falam das celebridades não são propriamente meios de comunicação mas são concorrentes destes. Não há neutralidade nos motores de busca, mas interesses próprios; além disso, torna-se necessário regular os portais dada a sua posição dominante. A que juntou outra questão, a do respeito pelos direitos de autor. Balsemão falou de "jardins murados" - Apple, Facebook, Twitter, Google - em que os conteúdos vão parar a estes "jardins", que os distribuem e controlam a custo zero. Teve ainda tempo para identificar algumas soluções que os media têm de perseguir: independência editorial face a poderes como o económico, o político e o jornalístico, atenção aos conteúdos gerados pelos consumidores, jornalismo interativo, aumento do relevo de gráficos, operadores de imagem e informáticos face aos jornalistas, aceitação de formação tecnológica e profissional por parte dos jornalistas.

Rui Borges vê a audiência como o negócio dos media. Se, em quatro anos, se perderam 25% dos leitores, a publicidade segue esse sentido, o que é catastrófico para o negócio. André Freire de Andrade, responsável da Carat na Península Ibérica, no sentido referido por outros intervenientes, colocou a tónica na publicidade, alimento essencial para a vida saudável dos media. A publicidade nos media só sobe quando há um crescimento do PIB. Se não houver consumo, não há orçamento de publicidade disponível pelas empresas para libertar para os media. Na sua apresentação, fez alusão ao mercado publicitário mundial, deprimido na Europa, exceto no Reino Unido (mas aqui relacionado com os Jogos Olímpicos que se realizarão no país). Se a imprensa decresce, a internet sobe, mas a um ritmo muito lento e que não cobre as perdas dos media tradicionais. Isto apesar do consumo de televisão subir, mesmo entre os jovens. Destacou a importância da marca e da sua credibilidade no momento de afirmação do online. Se a imprensa em papel perde relevo, ela não deve desaparecer totalmente pois há marcas que estão associadas a esse meio, num ecossistema frágil e complexo e que precisa de ser pensado e acompanhado.

No segundo painel, Ana Suspiro apresentou um estudo com resultados dos grupos dos media (2006-2010), com dados sobre entrada e saída de emprego nos media (sairam 500 jornalistas no período em análise), quebra de investimento publicitário e enormes prejuízos em alguns meios (casos dos jornais Sol e i), principais anunciantes. A organização informou ir disponibilizar alguns destes dados para uma melhor compreensão dos gráficos mostrados com relativa velocidade, o que inibiu a apreensão total por parte do autor destas linhas.

A sala estava cheia e os participantes colocaram muitas perguntas aos membros das duas mesas. A próxima conferência decorrerá em 14 de abril.
publicado por industrias-culturais às 13:45
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Jornalismo em tempo de crise

Jornalismo em tempo de crise foi o tema ontem discutido na Casa da Imprensa, em Lisboa, organizado pelo Fórum de Jornalistas. O tema central foi a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação, com Pedro S. Guerreiro, José Manuel Fernandes, Pedro Norton e José Azeredo Lopes (painel Gerir jornais numa era de declínio. Uma missão impossível?) e Francisco Pinto Balsemão Rui Borges e André Freire Andrade (painel A informação ainda é um bom negócio? Pode voltar a ser apetecível ao investidor?) presentes com intervenções.



Recorto algumas ideias faladas no encontro. Por um lado, segundo Pedro Guerreiro, existe um problema de receitas mais do que custos, com deslocação dos investimentos de publicidade dos jornais (mas também das televisões e das rádios) para pontos específicos da internet (Google, Facebook), o que altera a cadeia de valor. Verifica-se uma descaracterização de posicionamento dos jornais, a que se acrescenta a contratação de consultores que, nos últimos anos, têm identificado as boas práticas - ou melhor as práticas dos jornais que vendem mais. Com a restrição das receitas e sob a pressão das audiências, os jornais estão mais parecidos entre si e com as televisões. Isto é, há uma maior homogeneização e não uma diferenciação entre os media. Por outro lado, para José Manuel Fernandes, houve uma profunda alteração no consumo de media. Dantes, um indivíduo identificava-se com um meio (Diário de Notícias, Público); hoje, acede a múltiplas fontes de informação. O Facebook é um exemplo citado ao longo da tarde. Aqui, conclui-se que muitos consumidores consideram suficiente a informação que circula no Facebook com comentários e recomendações dos seus amigos. O jornalista sente que falta neste momento capacidade dos media quanto ao tratamento de determinados assuntos. Por exemplo, quem sabe o que se passa com a guerra de audiências entre a Gfk e a Marktest e os canais de televisão? Parece existir um jornalismo de pinguepongue: a um facto, os jornalistas procuram recolher e a informação de A, a que se segue a procura da reação de B face a A, que acarreta a reação de C face aos anteriores.

Pedro Norton fez uma intervenção estratégica, na linha de outras que já ouvi dele. O mercado publicitário valeu, em 2011, 500 milhões de euros, numa tendência negativa que se observa desde o começo do século. Nos últimos três anos, 26% do mercado publicitário desapareceu. O primeiro trimestre de 2012 caiu 20%, o que torna dramática a atuação das empresas de media. Por regra, o mercado publicitário, quando cai, fica 12% abaixo da quebra do PIB. Há uma transferência insignificante de publicidade das televisões generalistas para as temáticas. A transferência da publicidade faz-se, como outros oradores disseram também, para pontos especídicos da internet (Google, Facebook, portais das redes sociais). As transformações principais sentidas nos media nos últimos 15 anos incluem as tecnológicas, os públicos de consumo dos media e a lógica de funcionamento do negócio. No campo do consumo, identificou-se a maturação da interatividade, isto é, os consumidores mudaram e reclamam para si o papel de coautor, em que as redes sociais se posicionam com a pretensão de filtros e de editoras de informação e de conteúdos, além da passagem de um ambiente linear com consumo assíncrono e segmentação. Por seu lado, Azeredo Lopes falou de erros sistemáticos, como a ideia de se considerar a existência de um mercado nacional, quando o mais correto é falar de um mercado regional. Reforçando o que já fora dito, ele considera a diminuição acelerada do estatuto de jornalista, dado que o produto jornalístico sofre a concorrência de sítios de internet, do Facebook, etc. Além de que não vê coerência editorial, tipo jornal de esquerda ou de direita mas antes um jornal tipo "nações unidas", com colunistas que cobrem opiniões da esquerda à direita, e vê uma relação quase obscena entre os media tradicionais e o online, com aqueles, a lutar pela sobrevivência, a alimentar este.



Francisco Pinto Balsemão fez perguntas e procurou responder a elas, como se fosse uma tese com perguntas de partida e obtenção de confirmações ou não que reforçam ou destroem essa tese. Assim, ele questionou a existência de media que dão sistematicamente prejuízos mas se mantêm, o que o leva a considerar que tais media têm uma função instrumental que não corresponde ao objetivo dos media: obter lucro porque os media são um negócio, servir a democracia e a liberdade de informação. Os media são um aguilhão contra a indiferença face a tópicos dramáticos da atualidade, seja das crianças que morrem em alguns países ou dos massacres na Síria. Ele defende a necessidade da separação da atividade da informação e do entretenimento. Mas repara que os sítios e os motores de busca que vivem e falam das celebridades não são propriamente meios de comunicação mas são concorrentes destes. Não há neutralidade nos motores de busca, mas interesses próprios; além disso, torna-se necessário regular os portais dada a sua posição dominante. A que juntou outra questão, a do respeito pelos direitos de autor. Balsemão falou de "jardins murados" - Apple, Facebook, Twitter, Google - em que os conteúdos vão parar a estes "jardins", que os distribuem e controlam a custo zero. Teve ainda tempo para identificar algumas soluções que os media têm de perseguir: independência editorial face a poderes como o económico, o político e o jornalístico, atenção aos conteúdos gerados pelos consumidores, jornalismo interativo, aumento do relevo de gráficos, operadores de imagem e informáticos face aos jornalistas, aceitação de formação tecnológica e profissional por parte dos jornalistas.

Rui Borges vê a audiência como o negócio dos media. Se, em quatro anos, se perderam 25% dos leitores, a publicidade segue esse sentido, o que é catastrófico para o negócio. André Freire de Andrade, responsável da Carat na Península Ibérica, no sentido referido por outros intervenientes, colocou a tónica na publicidade, alimento essencial para a vida saudável dos media. A publicidade nos media só sobe quando há um crescimento do PIB. Se não houver consumo, não há orçamento de publicidade disponível pelas empresas para libertar para os media. Na sua apresentação, fez alusão ao mercado publicitário mundial, deprimido na Europa, exceto no Reino Unido (mas aqui relacionado com os Jogos Olímpicos que se realizarão no país). Se a imprensa decresce, a internet sobe, mas a um ritmo muito lento e que não cobre as perdas dos media tradicionais. Isto apesar do consumo de televisão subir, mesmo entre os jovens. Destacou a importância da marca e da sua credibilidade no momento de afirmação do online. Se a imprensa em papel perde relevo, ela não deve desaparecer totalmente pois há marcas que estão associadas a esse meio, num ecossistema frágil e complexo e que precisa de ser pensado e acompanhado.

No segundo painel, Ana Suspiro apresentou um estudo com resultados dos grupos dos media (2006-2010), com dados sobre entrada e saída de emprego nos media (sairam 500 jornalistas no período em análise), quebra de investimento publicitário e enormes prejuízos em alguns meios (casos dos jornais Sol e i), principais anunciantes. A organização informou ir disponibilizar alguns destes dados para uma melhor compreensão dos gráficos mostrados com relativa velocidade, o que inibiu a apreensão total por parte do autor destas linhas.

A sala estava cheia e os participantes colocaram muitas perguntas aos membros das duas mesas. A próxima conferência decorrerá em 14 de abril.
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Jornalismo em tempo de crise foi o tema ontem discutido na Casa da Imprensa, em Lisboa, organizado pelo Fórum de Jornalistas. O tema central foi a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação, com Pedro S. Guerreiro, José Manuel Fernandes, Pedro Norton e José Azeredo Lopes (painel Gerir jornais numa era de declínio. Uma missão impossível?) e Francisco Pinto Balsemão Rui Borges e André Freire Andrade (painel A informação ainda é um bom negócio? Pode voltar a ser apetecível ao investidor?) presentes com intervenções.



Recorto algumas ideias faladas no encontro. Por um lado, segundo Pedro Guerreiro, existe um problema de receitas mais do que custos, com deslocação dos investimentos de publicidade dos jornais (mas também das televisões e das rádios) para pontos específicos da internet (Google, Facebook), o que altera a cadeia de valor. Verifica-se uma descaracterização de posicionamento dos jornais, a que se acrescenta a contratação de consultores que, nos últimos anos, têm identificado as boas práticas - ou melhor as práticas dos jornais que vendem mais. Com a restrição das receitas e sob a pressão das audiências, os jornais estão mais parecidos entre si e com as televisões. Isto é, há uma maior homogeneização e não uma diferenciação entre os media. Por outro lado, para José Manuel Fernandes, houve uma profunda alteração no consumo de media. Dantes, um indivíduo identificava-se com um meio (Diário de Notícias, Público); hoje, acede a múltiplas fontes de informação. O Facebook é um exemplo citado ao longo da tarde. Aqui, conclui-se que muitos consumidores consideram suficiente a informação que circula no Facebook com comentários e recomendações dos seus amigos. O jornalista sente que falta neste momento capacidade dos media quanto ao tratamento de determinados assuntos. Por exemplo, quem sabe o que se passa com a guerra de audiências entre a Gfk e a Marktest e os canais de televisão? Parece existir um jornalismo de pinguepongue: a um facto, os jornalistas procuram recolher e a informação de A, a que se segue a procura da reação de B face a A, que acarreta a reação de C face aos anteriores.

Pedro Norton fez uma intervenção estratégica, na linha de outras que já ouvi dele. O mercado publicitário valeu, em 2011, 500 milhões de euros, numa tendência negativa que se observa desde o começo do século. Nos últimos três anos, 26% do mercado publicitário desapareceu. O primeiro trimestre de 2012 caiu 20%, o que torna dramática a atuação das empresas de media. Por regra, o mercado publicitário, quando cai, fica 12% abaixo da quebra do PIB. Há uma transferência insignificante de publicidade das televisões generalistas para as temáticas. A transferência da publicidade faz-se, como outros oradores disseram também, para pontos especídicos da internet (Google, Facebook, portais das redes sociais). As transformações principais sentidas nos media nos últimos 15 anos incluem as tecnológicas, os públicos de consumo dos media e a lógica de funcionamento do negócio. No campo do consumo, identificou-se a maturação da interatividade, isto é, os consumidores mudaram e reclamam para si o papel de coautor, em que as redes sociais se posicionam com a pretensão de filtros e de editoras de informação e de conteúdos, além da passagem de um ambiente linear com consumo assíncrono e segmentação. Por seu lado, Azeredo Lopes falou de erros sistemáticos, como a ideia de se considerar a existência de um mercado nacional, quando o mais correto é falar de um mercado regional. Reforçando o que já fora dito, ele considera a diminuição acelerada do estatuto de jornalista, dado que o produto jornalístico sofre a concorrência de sítios de internet, do Facebook, etc. Além de que não vê coerência editorial, tipo jornal de esquerda ou de direita mas antes um jornal tipo "nações unidas", com colunistas que cobrem opiniões da esquerda à direita, e vê uma relação quase obscena entre os media tradicionais e o online, com aqueles, a lutar pela sobrevivência, a alimentar este.



Francisco Pinto Balsemão fez perguntas e procurou responder a elas, como se fosse uma tese com perguntas de partida e obtenção de confirmações ou não que reforçam ou destroem essa tese. Assim, ele questionou a existência de media que dão sistematicamente prejuízos mas se mantêm, o que o leva a considerar que tais media têm uma função instrumental que não corresponde ao objetivo dos media: obter lucro porque os media são um negócio, servir a democracia e a liberdade de informação. Os media são um aguilhão contra a indiferença face a tópicos dramáticos da atualidade, seja das crianças que morrem em alguns países ou dos massacres na Síria. Ele defende a necessidade da separação da atividade da informação e do entretenimento. Mas repara que os sítios e os motores de busca que vivem e falam das celebridades não são propriamente meios de comunicação mas são concorrentes destes. Não há neutralidade nos motores de busca, mas interesses próprios; além disso, torna-se necessário regular os portais dada a sua posição dominante. A que juntou outra questão, a do respeito pelos direitos de autor. Balsemão falou de "jardins murados" - Apple, Facebook, Twitter, Google - em que os conteúdos vão parar a estes "jardins", que os distribuem e controlam a custo zero. Teve ainda tempo para identificar algumas soluções que os media têm de perseguir: independência editorial face a poderes como o económico, o político e o jornalístico, atenção aos conteúdos gerados pelos consumidores, jornalismo interativo, aumento do relevo de gráficos, operadores de imagem e informáticos face aos jornalistas, aceitação de formação tecnológica e profissional por parte dos jornalistas.

Rui Borges vê a audiência como o negócio dos media. Se, em quatro anos, se perderam 25% dos leitores, a publicidade segue esse sentido, o que é catastrófico para o negócio. André Freire de Andrade, responsável da Carat na Península Ibérica, no sentido referido por outros intervenientes, colocou a tónica na publicidade, alimento essencial para a vida saudável dos media. A publicidade nos media só sobe quando há um crescimento do PIB. Se não houver consumo, não há orçamento de publicidade disponível pelas empresas para libertar para os media. Na sua apresentação, fez alusão ao mercado publicitário mundial, deprimido na Europa, exceto no Reino Unido (mas aqui relacionado com os Jogos Olímpicos que se realizarão no país). Se a imprensa decresce, a internet sobe, mas a um ritmo muito lento e que não cobre as perdas dos media tradicionais. Isto apesar do consumo de televisão subir, mesmo entre os jovens. Destacou a importância da marca e da sua credibilidade no momento de afirmação do online. Se a imprensa em papel perde relevo, ela não deve desaparecer totalmente pois há marcas que estão associadas a esse meio, num ecossistema frágil e complexo e que precisa de ser pensado e acompanhado.

No segundo painel, Ana Suspiro apresentou um estudo com resultados dos grupos dos media (2006-2010), com dados sobre entrada e saída de emprego nos media (sairam 500 jornalistas no período em análise), quebra de investimento publicitário e enormes prejuízos em alguns meios (casos dos jornais Sol e i), principais anunciantes. A organização informou ir disponibilizar alguns destes dados para uma melhor compreensão dos gráficos mostrados com relativa velocidade, o que inibiu a apreensão total por parte do autor destas linhas.

A sala estava cheia e os participantes colocaram muitas perguntas aos membros das duas mesas. A próxima conferência decorrerá em 14 de abril.
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Jornalismo em tempo de crise foi o tema ontem discutido na Casa da Imprensa, em Lisboa, organizado pelo Fórum de Jornalistas. O tema central foi a viabilidade económica das empresas de media e do negócio da informação, com Pedro S. Guerreiro, José Manuel Fernandes, Pedro Norton e José Azeredo Lopes (painel Gerir jornais numa era de declínio. Uma missão impossível?) e Francisco Pinto Balsemão Rui Borges e André Freire Andrade (painel A informação ainda é um bom negócio? Pode voltar a ser apetecível ao investidor?) presentes com intervenções.



Recorto algumas ideias faladas no encontro. Por um lado, segundo Pedro Guerreiro, existe um problema de receitas mais do que custos, com deslocação dos investimentos de publicidade dos jornais (mas também das televisões e das rádios) para pontos específicos da internet (Google, Facebook), o que altera a cadeia de valor. Verifica-se uma descaracterização de posicionamento dos jornais, a que se acrescenta a contratação de consultores que, nos últimos anos, têm identificado as boas práticas - ou melhor as práticas dos jornais que vendem mais. Com a restrição das receitas e sob a pressão das audiências, os jornais estão mais parecidos entre si e com as televisões. Isto é, há uma maior homogeneização e não uma diferenciação entre os media. Por outro lado, para José Manuel Fernandes, houve uma profunda alteração no consumo de media. Dantes, um indivíduo identificava-se com um meio (Diário de Notícias, Público); hoje, acede a múltiplas fontes de informação. O Facebook é um exemplo citado ao longo da tarde. Aqui, conclui-se que muitos consumidores consideram suficiente a informação que circula no Facebook com comentários e recomendações dos seus amigos. O jornalista sente que falta neste momento capacidade dos media quanto ao tratamento de determinados assuntos. Por exemplo, quem sabe o que se passa com a guerra de audiências entre a Gfk e a Marktest e os canais de televisão? Parece existir um jornalismo de pinguepongue: a um facto, os jornalistas procuram recolher e a informação de A, a que se segue a procura da reação de B face a A, que acarreta a reação de C face aos anteriores.

Pedro Norton fez uma intervenção estratégica, na linha de outras que já ouvi dele. O mercado publicitário valeu, em 2011, 500 milhões de euros, numa tendência negativa que se observa desde o começo do século. Nos últimos três anos, 26% do mercado publicitário desapareceu. O primeiro trimestre de 2012 caiu 20%, o que torna dramática a atuação das empresas de media. Por regra, o mercado publicitário, quando cai, fica 12% abaixo da quebra do PIB. Há uma transferência insignificante de publicidade das televisões generalistas para as temáticas. A transferência da publicidade faz-se, como outros oradores disseram também, para pontos especídicos da internet (Google, Facebook, portais das redes sociais). As transformações principais sentidas nos media nos últimos 15 anos incluem as tecnológicas, os públicos de consumo dos media e a lógica de funcionamento do negócio. No campo do consumo, identificou-se a maturação da interatividade, isto é, os consumidores mudaram e reclamam para si o papel de coautor, em que as redes sociais se posicionam com a pretensão de filtros e de editoras de informação e de conteúdos, além da passagem de um ambiente linear com consumo assíncrono e segmentação. Por seu lado, Azeredo Lopes falou de erros sistemáticos, como a ideia de se considerar a existência de um mercado nacional, quando o mais correto é falar de um mercado regional. Reforçando o que já fora dito, ele considera a diminuição acelerada do estatuto de jornalista, dado que o produto jornalístico sofre a concorrência de sítios de internet, do Facebook, etc. Além de que não vê coerência editorial, tipo jornal de esquerda ou de direita mas antes um jornal tipo "nações unidas", com colunistas que cobrem opiniões da esquerda à direita, e vê uma relação quase obscena entre os media tradicionais e o online, com aqueles, a lutar pela sobrevivência, a alimentar este.



Francisco Pinto Balsemão fez perguntas e procurou responder a elas, como se fosse uma tese com perguntas de partida e obtenção de confirmações ou não que reforçam ou destroem essa tese. Assim, ele questionou a existência de media que dão sistematicamente prejuízos mas se mantêm, o que o leva a considerar que tais media têm uma função instrumental que não corresponde ao objetivo dos media: obter lucro porque os media são um negócio, servir a democracia e a liberdade de informação. Os media são um aguilhão contra a indiferença face a tópicos dramáticos da atualidade, seja das crianças que morrem em alguns países ou dos massacres na Síria. Ele defende a necessidade da separação da atividade da informação e do entretenimento. Mas repara que os sítios e os motores de busca que vivem e falam das celebridades não são propriamente meios de comunicação mas são concorrentes destes. Não há neutralidade nos motores de busca, mas interesses próprios; além disso, torna-se necessário regular os portais dada a sua posição dominante. A que juntou outra questão, a do respeito pelos direitos de autor. Balsemão falou de "jardins murados" - Apple, Facebook, Twitter, Google - em que os conteúdos vão parar a estes "jardins", que os distribuem e controlam a custo zero. Teve ainda tempo para identificar algumas soluções que os media têm de perseguir: independência editorial face a poderes como o económico, o político e o jornalístico, atenção aos conteúdos gerados pelos consumidores, jornalismo interativo, aumento do relevo de gráficos, operadores de imagem e informáticos face aos jornalistas, aceitação de formação tecnológica e profissional por parte dos jornalistas.

Rui Borges vê a audiência como o negócio dos media. Se, em quatro anos, se perderam 25% dos leitores, a publicidade segue esse sentido, o que é catastrófico para o negócio. André Freire de Andrade, responsável da Carat na Península Ibérica, no sentido referido por outros intervenientes, colocou a tónica na publicidade, alimento essencial para a vida saudável dos media. A publicidade nos media só sobe quando há um crescimento do PIB. Se não houver consumo, não há orçamento de publicidade disponível pelas empresas para libertar para os media. Na sua apresentação, fez alusão ao mercado publicitário mundial, deprimido na Europa, exceto no Reino Unido (mas aqui relacionado com os Jogos Olímpicos que se realizarão no país). Se a imprensa decresce, a internet sobe, mas a um ritmo muito lento e que não cobre as perdas dos media tradicionais. Isto apesar do consumo de televisão subir, mesmo entre os jovens. Destacou a importância da marca e da sua credibilidade no momento de afirmação do online. Se a imprensa em papel perde relevo, ela não deve desaparecer totalmente pois há marcas que estão associadas a esse meio, num ecossistema frágil e complexo e que precisa de ser pensado e acompanhado.

No segundo painel, Ana Suspiro apresentou um estudo com resultados dos grupos dos media (2006-2010), com dados sobre entrada e saída de emprego nos media (sairam 500 jornalistas no período em análise), quebra de investimento publicitário e enormes prejuízos em alguns meios (casos dos jornais Sol e i), principais anunciantes. A organização informou ir disponibilizar alguns destes dados para uma melhor compreensão dos gráficos mostrados com relativa velocidade, o que inibiu a apreensão total por parte do autor destas linhas.

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