Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2009

OS MEDIA SEGUNDO MICHELE HILMES (IIII)

O sétimo episódio no texto de Michele Hilmes enquadra o período de 1965 a 1975, no que ela designa por sistema clássico das redes. Considera que o conjunto de fenómenos sociais que falamos dos anos de 1960 começou depois de 1965 e continuou até meados da década seguinte. Manifestações, greves, Black Power, movimentos de libertação das mulheres, protestos contra a guerra do Vietname, flower power, cultura da droga, pílula, confrontos com a polícia, amor livre, hippies, gurus, registaram-se em vários locais – Chicago e Berkeley, mas também em Paris, Praga, Tóquio e Cidade do México (1968).

Se quisermos ser mais precisos, a década de 1965 a 1975 foi turbulenta. A emergência do PBS (serviço público de rádio e televisão) em 1968 reflecte o que falhou nas redes comerciais: programas educativos para as crianças, programas e séries sobre questões públicas e políticas, cobertura de arte e cultura, inclusão de programas para as minorias raciais, outras iniciativas públicas. As redes comerciais esforçaram-se por criar programas orientados para os jovens, grupo etário cada vez de maior interesse económico.

A televisão, com críticas de direita e esquerda sobre a perda da sua credibilidade e com o crescimento dos movimentos dos direitos raciais e das mulheres, desafiada pelas tecnologias, por grupos industriais rivais e pelos cidadãos activos, procurou um novo caminho. O realce pelos direitos dos consumidores e as mudanças na regulação industrial apontam a direcção que seria dominante em 1980: movimento de desregulação, em especial na administração Reagan. A noção de controlo centralizado passou para os media, que fora quebrada no começo dos anos de 1930, deu origem à competição, diversidade e escolha do consumidor.

O oitavo capítulo vai de 1975 a 1985, quando se processa o crescimento do descontentamento, na designação da investigadora. O que sucedeu nesse período? Camisas de polyester, John Travolta, disco, desemprego para os licenciados, cocaína, Hill Street Blues. A década de 1970, numa atmosfera de doença económica e social, produziu fissuras significativas no sistema clássico das redes. Através da combinação da desregulação, crescimento da tecnologia de cabo e de satélite, e proliferação de canais e programas, a concorrência e a diversidade e escolha substituiram a escassez e as obrigações do interesse público (sempre esquecido) e o controlo centralizado. A televisão por cabo criou formas numerosas, dos supercanais aos canais de nicho e aos canais de cabo por pagamento, com a televisão a dirigir-se a grupos anteriormente marginalizados como afro-americanos, hispânicos, crianças, mulheres e com interesses especializados.

O nono capítulo abarca os anos de 1985 a 1995, período de grande mudança. A década viu nascer um universo de grande expansão de redes, canais, programas, nichos e segmentos de audiência concorrendo com a nossa atenção fragmentada, com a internet a expandir-se fortemente na década de 1990. De limitado, o sistema clássico de rede de antes de 1980 conduziu a uma abundância multicanal. As indústrias conheceram um período de fusões e consolidações, com ligação das audiência aos modos de expressão e regulação. Um discurso distópico de fragmentação, dissolução e decadência surge lado a lado com previsões utópicas de acesso, democracia, escolha e liberdade. O final da década de 1980 e os anos seguintes foram um período de descentralização, desregulação, fragmentação da audiência, mais fusões e novas estratégias de programação.

O décimo episódio é designado por Hilmes por convergência digital. Duas tendências surgem na passagem de milénio. São a dispersão dos media digitais, de computadores e telefones celulares até televisão digital e internet, e a convergência dos media anteriormente separados graças à revolução digital. Os primeiros computadores comerciais surgem na década de 1960 mas chegam à população em geral na década de 1980: o IBM PC em 1981, o Apple Macintosh em 1984. O termo digital significa que a informação é partida em séries de 0 e 1. Isto distingue os computadores e outros equipamentos dos velhos media analógicos como filme, rádio, televisão e gravadores de som e imagem.

A internet foi originada em 1969 pelo departamento de Defesa americano, a ARPAnet. Em 1972, foram trocados os primeiros emails (e o símbolo @); em 1981, a ARPAnet tinha 213 computadores interligados nos Estados Unidos. A palavra internet apareceu em 1982. Em 1988, 60 mil computadores estavam ligados. Em 1989, começou o desenvolvimento da rede com o aumento da velocidade. Com a convergência na internet nascem novas formas de comunicação e informação mediada, do email a sítios pessoais e institucionais da WWW (desenvolvida pelo cientista britânico Tim Berners-Lee, trabalhando na Suíça), das publicações e compras electrónicas. A digitalização, para além dos computadores, chegou à televisão, ao satélite, aos discos compactos, aos gravadores de som e aos telefones.
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publicado por industrias-culturais às 09:38
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OS MEDIA SEGUNDO MICHELE HILMES (IIII)

O sétimo episódio no texto de Michele Hilmes enquadra o período de 1965 a 1975, no que ela designa por sistema clássico das redes. Considera que o conjunto de fenómenos sociais que falamos dos anos de 1960 começou depois de 1965 e continuou até meados da década seguinte. Manifestações, greves, Black Power, movimentos de libertação das mulheres, protestos contra a guerra do Vietname, flower power, cultura da droga, pílula, confrontos com a polícia, amor livre, hippies, gurus, registaram-se em vários locais – Chicago e Berkeley, mas também em Paris, Praga, Tóquio e Cidade do México (1968).

Se quisermos ser mais precisos, a década de 1965 a 1975 foi turbulenta. A emergência do PBS (serviço público de rádio e televisão) em 1968 reflecte o que falhou nas redes comerciais: programas educativos para as crianças, programas e séries sobre questões públicas e políticas, cobertura de arte e cultura, inclusão de programas para as minorias raciais, outras iniciativas públicas. As redes comerciais esforçaram-se por criar programas orientados para os jovens, grupo etário cada vez de maior interesse económico.

A televisão, com críticas de direita e esquerda sobre a perda da sua credibilidade e com o crescimento dos movimentos dos direitos raciais e das mulheres, desafiada pelas tecnologias, por grupos industriais rivais e pelos cidadãos activos, procurou um novo caminho. O realce pelos direitos dos consumidores e as mudanças na regulação industrial apontam a direcção que seria dominante em 1980: movimento de desregulação, em especial na administração Reagan. A noção de controlo centralizado passou para os media, que fora quebrada no começo dos anos de 1930, deu origem à competição, diversidade e escolha do consumidor.

O oitavo capítulo vai de 1975 a 1985, quando se processa o crescimento do descontentamento, na designação da investigadora. O que sucedeu nesse período? Camisas de polyester, John Travolta, disco, desemprego para os licenciados, cocaína, Hill Street Blues. A década de 1970, numa atmosfera de doença económica e social, produziu fissuras significativas no sistema clássico das redes. Através da combinação da desregulação, crescimento da tecnologia de cabo e de satélite, e proliferação de canais e programas, a concorrência e a diversidade e escolha substituiram a escassez e as obrigações do interesse público (sempre esquecido) e o controlo centralizado. A televisão por cabo criou formas numerosas, dos supercanais aos canais de nicho e aos canais de cabo por pagamento, com a televisão a dirigir-se a grupos anteriormente marginalizados como afro-americanos, hispânicos, crianças, mulheres e com interesses especializados.

O nono capítulo abarca os anos de 1985 a 1995, período de grande mudança. A década viu nascer um universo de grande expansão de redes, canais, programas, nichos e segmentos de audiência concorrendo com a nossa atenção fragmentada, com a internet a expandir-se fortemente na década de 1990. De limitado, o sistema clássico de rede de antes de 1980 conduziu a uma abundância multicanal. As indústrias conheceram um período de fusões e consolidações, com ligação das audiência aos modos de expressão e regulação. Um discurso distópico de fragmentação, dissolução e decadência surge lado a lado com previsões utópicas de acesso, democracia, escolha e liberdade. O final da década de 1980 e os anos seguintes foram um período de descentralização, desregulação, fragmentação da audiência, mais fusões e novas estratégias de programação.

O décimo episódio é designado por Hilmes por convergência digital. Duas tendências surgem na passagem de milénio. São a dispersão dos media digitais, de computadores e telefones celulares até televisão digital e internet, e a convergência dos media anteriormente separados graças à revolução digital. Os primeiros computadores comerciais surgem na década de 1960 mas chegam à população em geral na década de 1980: o IBM PC em 1981, o Apple Macintosh em 1984. O termo digital significa que a informação é partida em séries de 0 e 1. Isto distingue os computadores e outros equipamentos dos velhos media analógicos como filme, rádio, televisão e gravadores de som e imagem.

A internet foi originada em 1969 pelo departamento de Defesa americano, a ARPAnet. Em 1972, foram trocados os primeiros emails (e o símbolo @); em 1981, a ARPAnet tinha 213 computadores interligados nos Estados Unidos. A palavra internet apareceu em 1982. Em 1988, 60 mil computadores estavam ligados. Em 1989, começou o desenvolvimento da rede com o aumento da velocidade. Com a convergência na internet nascem novas formas de comunicação e informação mediada, do email a sítios pessoais e institucionais da WWW (desenvolvida pelo cientista britânico Tim Berners-Lee, trabalhando na Suíça), das publicações e compras electrónicas. A digitalização, para além dos computadores, chegou à televisão, ao satélite, aos discos compactos, aos gravadores de som e aos telefones.
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