Sábado, 31 de Maio de 2008

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.
tags:
publicado por industrias-culturais às 15:28
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.
tags:
publicado por industrias-culturais às 15:28
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.
tags:
publicado por industrias-culturais às 15:28
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.
tags:
publicado por industrias-culturais às 15:28
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.
tags:
publicado por industrias-culturais às 15:28
link | comentar | favorito

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.
tags:
publicado por industrias-culturais às 08:21
link | comentar | favorito

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.
tags:
publicado por industrias-culturais às 08:21
link | comentar | favorito

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.
tags:
publicado por industrias-culturais às 08:21
link | comentar | favorito

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.
tags:
publicado por industrias-culturais às 08:21
link | comentar | favorito

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.
tags:
publicado por industrias-culturais às 08:21
link | comentar | favorito

.mais sobre mim


. ver perfil

. seguir perfil

. 1 seguidor

.pesquisar

.Junho 2016

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
13
27
28
29
30

.Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

.posts recentes

. Transportes públicos japo...

. Televisão japonesa

. Templos em Tóquio

. Novos diretores de jornai...

. Santuário Fushimi Inari T...

. Templo do Pavilhão Dourad...

. Kiyomizu-dera (leste de Q...

. Castelo Nijo (Quioto)

. Quioto à hora do jantar

. Introdução ao teatro Bunr...

.arquivos

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

. Julho 2006

. Junho 2006

. Maio 2006

. Abril 2006

. Março 2006

. Fevereiro 2006

. Janeiro 2006

. Dezembro 2005

. Novembro 2005

. Outubro 2005

. Setembro 2005

. Agosto 2005

. Julho 2005

. Junho 2005

. Maio 2005

. Abril 2005

. Março 2005

. Fevereiro 2005

. Janeiro 2005

. Dezembro 2004

. Novembro 2004

. Outubro 2004

. Setembro 2004

. Agosto 2004

. Julho 2004

. Junho 2004

. Maio 2004

. Abril 2004

. Março 2004

. Fevereiro 2004

. Janeiro 2004

. Dezembro 2003

. Novembro 2003

. Outubro 2003

. Agosto 2003

. Abril 2003

. Março 2003

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub