Sábado, 1 de Março de 2008

NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO [DEVERIA ESTAR ENTRE AS NOTAS 3 E 4]


Há várias tradições que estudaram os media no sentido da sua avaliação, de que se destaca a investigação de comunicação de massa, baptizada nos Estados Unidos como mass communication research, derivada principalmente da sociologia.

P. David Marshall, em New media cultures, que aqui sigo de muito perto, anota três direcções desta investigação: 1) sobre os próprios media, 2) no desenvolvimento do estudo crítico dos media, e 3) na formulação de políticas governamentais face aos media [imagem retirada do sítio Web Theory].

A orientação mais vasta da comunicação de massa assentou em técnicas quantitativas de análise, com duas trajectórias distintas, em que a primeira, desde os anos de 1930, investigou a audiência através de estatísticas sobre o que as pessoas vêem, lêem ou ouvem (estudos de audiência). Trata-se de uma linha que serve a indústria e de que se destacou a ACNielsen - em Portugal, a Marktest - dando o máximo de informação das audiências a clientes como os canais de televisão e rádio e os agentes publicitários para a colocação estratégica de mensagens. Pesquisa de mercado e sondagens políticas são as indústrias irmãs deste tipo de investigação. A pesquisa da audiência sofisticar-se-ia ao ponto de determinar o perfil demográfico de uma audiência, que se aplica igualmente ao estudo dos novos media como a internet.


O segundo tipo de investigação quantitativa é a análise de conteúdo. Muitos estudos procuram determinar a frequência de palavras e imagens num dado texto. Uma das formas mais comuns de análise de conteúdo é a desencadeada sobre as notícias - qual a frequência de dados temas nas notícias, como é que uma palavra é usada para expressar uma situação e que histórias dominam os noticiários televisivos das 20:00. O objectivo é ver o equilíbrio ou tendências ou enviesamento das notícias, por exemplo, sobre a violência: da sociedade, sobre as mulheres e os velhos, sexual, infantil. Os estudos de George Gerbner, ao longo de três décadas, debruçaram-se sobre a comparação (e diferenciação) da violência na televisão e da violência no mundo real (da cultura americana). A sua teoria da cultivação explica a excessiva representação da violência nos media.

P. David Marshall descreve uma terceira variação, a dos efeitos, derivada mais da psicologia que da sociologia, em que se procura estabelecer uma relação causal entre uso dos media e actos violentos. Nesta linha houve desde sempre apoios financeiros governamentais e de outras instituições para medir essa relação, com as crianças a serem frequentemente o foco desses estudos, ocupados com temas como a publicidade. Medem-se as mudanças emocionais, comportamentais e de atitude numa audiência, as quais se podem relacionar com estímulos mediáticos.

Um autor que imperou na teoria dos efeitos foi Paul Lazarsfeld, dentro da corrente funcionalista, nomeadamente desenvolvendo o modelo dos usos e gratificações, em que se estudou o como as pessoas se articulavam com os media, os seus sentimentos e expectativas e, até, os motivos porque algumas pessoas têm capacidade de influenciar outras pessoas.


O professor Marshall é professor e responsável do departamento de Communication Studies na Northeastern University (Boston, Estados Unidos), e autor de Celebrity and Power: Fame in Contemporary Culture (Minnesota, 1997), co-autor de Fame Games: The Production of Celebrity in Australia (Cambridge, 2000/01) e editor de Celebrity Culture Reader (Routledge, 2006). Foi o fundador do jornal electrónico m/c- a journal of media and culture.

Leitura: P. David Marshall (2004). New media cultures. Arnold: Londres e Nova Iorque, pp. 5-6
publicado por industrias-culturais às 09:37
link | comentar | favorito

NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO [DEVERIA ESTAR ENTRE AS NOTAS 3 E 4]


Há várias tradições que estudaram os media no sentido da sua avaliação, de que se destaca a investigação de comunicação de massa, baptizada nos Estados Unidos como mass communication research, derivada principalmente da sociologia.

P. David Marshall, em New media cultures, que aqui sigo de muito perto, anota três direcções desta investigação: 1) sobre os próprios media, 2) no desenvolvimento do estudo crítico dos media, e 3) na formulação de políticas governamentais face aos media [imagem retirada do sítio Web Theory].

A orientação mais vasta da comunicação de massa assentou em técnicas quantitativas de análise, com duas trajectórias distintas, em que a primeira, desde os anos de 1930, investigou a audiência através de estatísticas sobre o que as pessoas vêem, lêem ou ouvem (estudos de audiência). Trata-se de uma linha que serve a indústria e de que se destacou a ACNielsen - em Portugal, a Marktest - dando o máximo de informação das audiências a clientes como os canais de televisão e rádio e os agentes publicitários para a colocação estratégica de mensagens. Pesquisa de mercado e sondagens políticas são as indústrias irmãs deste tipo de investigação. A pesquisa da audiência sofisticar-se-ia ao ponto de determinar o perfil demográfico de uma audiência, que se aplica igualmente ao estudo dos novos media como a internet.


O segundo tipo de investigação quantitativa é a análise de conteúdo. Muitos estudos procuram determinar a frequência de palavras e imagens num dado texto. Uma das formas mais comuns de análise de conteúdo é a desencadeada sobre as notícias - qual a frequência de dados temas nas notícias, como é que uma palavra é usada para expressar uma situação e que histórias dominam os noticiários televisivos das 20:00. O objectivo é ver o equilíbrio ou tendências ou enviesamento das notícias, por exemplo, sobre a violência: da sociedade, sobre as mulheres e os velhos, sexual, infantil. Os estudos de George Gerbner, ao longo de três décadas, debruçaram-se sobre a comparação (e diferenciação) da violência na televisão e da violência no mundo real (da cultura americana). A sua teoria da cultivação explica a excessiva representação da violência nos media.

P. David Marshall descreve uma terceira variação, a dos efeitos, derivada mais da psicologia que da sociologia, em que se procura estabelecer uma relação causal entre uso dos media e actos violentos. Nesta linha houve desde sempre apoios financeiros governamentais e de outras instituições para medir essa relação, com as crianças a serem frequentemente o foco desses estudos, ocupados com temas como a publicidade. Medem-se as mudanças emocionais, comportamentais e de atitude numa audiência, as quais se podem relacionar com estímulos mediáticos.

Um autor que imperou na teoria dos efeitos foi Paul Lazarsfeld, dentro da corrente funcionalista, nomeadamente desenvolvendo o modelo dos usos e gratificações, em que se estudou o como as pessoas se articulavam com os media, os seus sentimentos e expectativas e, até, os motivos porque algumas pessoas têm capacidade de influenciar outras pessoas.


O professor Marshall é professor e responsável do departamento de Communication Studies na Northeastern University (Boston, Estados Unidos), e autor de Celebrity and Power: Fame in Contemporary Culture (Minnesota, 1997), co-autor de Fame Games: The Production of Celebrity in Australia (Cambridge, 2000/01) e editor de Celebrity Culture Reader (Routledge, 2006). Foi o fundador do jornal electrónico m/c- a journal of media and culture.

Leitura: P. David Marshall (2004). New media cultures. Arnold: Londres e Nova Iorque, pp. 5-6
publicado por industrias-culturais às 09:37
link | comentar | favorito

NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO [DEVERIA ESTAR ENTRE AS NOTAS 3 E 4]


Há várias tradições que estudaram os media no sentido da sua avaliação, de que se destaca a investigação de comunicação de massa, baptizada nos Estados Unidos como mass communication research, derivada principalmente da sociologia.

P. David Marshall, em New media cultures, que aqui sigo de muito perto, anota três direcções desta investigação: 1) sobre os próprios media, 2) no desenvolvimento do estudo crítico dos media, e 3) na formulação de políticas governamentais face aos media [imagem retirada do sítio Web Theory].

A orientação mais vasta da comunicação de massa assentou em técnicas quantitativas de análise, com duas trajectórias distintas, em que a primeira, desde os anos de 1930, investigou a audiência através de estatísticas sobre o que as pessoas vêem, lêem ou ouvem (estudos de audiência). Trata-se de uma linha que serve a indústria e de que se destacou a ACNielsen - em Portugal, a Marktest - dando o máximo de informação das audiências a clientes como os canais de televisão e rádio e os agentes publicitários para a colocação estratégica de mensagens. Pesquisa de mercado e sondagens políticas são as indústrias irmãs deste tipo de investigação. A pesquisa da audiência sofisticar-se-ia ao ponto de determinar o perfil demográfico de uma audiência, que se aplica igualmente ao estudo dos novos media como a internet.


O segundo tipo de investigação quantitativa é a análise de conteúdo. Muitos estudos procuram determinar a frequência de palavras e imagens num dado texto. Uma das formas mais comuns de análise de conteúdo é a desencadeada sobre as notícias - qual a frequência de dados temas nas notícias, como é que uma palavra é usada para expressar uma situação e que histórias dominam os noticiários televisivos das 20:00. O objectivo é ver o equilíbrio ou tendências ou enviesamento das notícias, por exemplo, sobre a violência: da sociedade, sobre as mulheres e os velhos, sexual, infantil. Os estudos de George Gerbner, ao longo de três décadas, debruçaram-se sobre a comparação (e diferenciação) da violência na televisão e da violência no mundo real (da cultura americana). A sua teoria da cultivação explica a excessiva representação da violência nos media.

P. David Marshall descreve uma terceira variação, a dos efeitos, derivada mais da psicologia que da sociologia, em que se procura estabelecer uma relação causal entre uso dos media e actos violentos. Nesta linha houve desde sempre apoios financeiros governamentais e de outras instituições para medir essa relação, com as crianças a serem frequentemente o foco desses estudos, ocupados com temas como a publicidade. Medem-se as mudanças emocionais, comportamentais e de atitude numa audiência, as quais se podem relacionar com estímulos mediáticos.

Um autor que imperou na teoria dos efeitos foi Paul Lazarsfeld, dentro da corrente funcionalista, nomeadamente desenvolvendo o modelo dos usos e gratificações, em que se estudou o como as pessoas se articulavam com os media, os seus sentimentos e expectativas e, até, os motivos porque algumas pessoas têm capacidade de influenciar outras pessoas.


O professor Marshall é professor e responsável do departamento de Communication Studies na Northeastern University (Boston, Estados Unidos), e autor de Celebrity and Power: Fame in Contemporary Culture (Minnesota, 1997), co-autor de Fame Games: The Production of Celebrity in Australia (Cambridge, 2000/01) e editor de Celebrity Culture Reader (Routledge, 2006). Foi o fundador do jornal electrónico m/c- a journal of media and culture.

Leitura: P. David Marshall (2004). New media cultures. Arnold: Londres e Nova Iorque, pp. 5-6
publicado por industrias-culturais às 09:37
link | comentar | favorito

.mais sobre mim


. ver perfil

. seguir perfil

. 1 seguidor

.pesquisar

.Junho 2016

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
13
27
28
29
30

.Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

.posts recentes

. Transportes públicos japo...

. Televisão japonesa

. Templos em Tóquio

. Novos diretores de jornai...

. Santuário Fushimi Inari T...

. Templo do Pavilhão Dourad...

. Kiyomizu-dera (leste de Q...

. Castelo Nijo (Quioto)

. Quioto à hora do jantar

. Introdução ao teatro Bunr...

.arquivos

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

. Julho 2006

. Junho 2006

. Maio 2006

. Abril 2006

. Março 2006

. Fevereiro 2006

. Janeiro 2006

. Dezembro 2005

. Novembro 2005

. Outubro 2005

. Setembro 2005

. Agosto 2005

. Julho 2005

. Junho 2005

. Maio 2005

. Abril 2005

. Março 2005

. Fevereiro 2005

. Janeiro 2005

. Dezembro 2004

. Novembro 2004

. Outubro 2004

. Setembro 2004

. Agosto 2004

. Julho 2004

. Junho 2004

. Maio 2004

. Abril 2004

. Março 2004

. Fevereiro 2004

. Janeiro 2004

. Dezembro 2003

. Novembro 2003

. Outubro 2003

. Agosto 2003

. Abril 2003

. Março 2003

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub