Sexta-feira, 17 de Agosto de 2007
O blogue Indústrias Culturais vai de férias.
Regressa em Setembro.
O blogue Indústrias Culturais vai de férias.
Regressa em Setembro.
O blogue Indústrias Culturais vai de férias.
Regressa em Setembro.
O blogue Indústrias Culturais vai de férias.
Regressa em Setembro.
O blogue Indústrias Culturais vai de férias.
Regressa em Setembro.
Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda. Foi historiador da moda e curador do museu de sapatos Bata (Toronto) durante onze anos. Depois, levou a sua colecção de traje antigo (oito mil peças) para Kickshaw, em parceria com Ken Norman (à esquerda na fotografia). Walford é, desde 1998, o director artístico da colecção, preparando os dois um museu capaz de albergar a colecção.
Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.
Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social. Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.
Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).
Fala, obviamente do stilleto, do salto alto (agulha, estilete), criado pela alta sapataria italiana nos anos 50 e considerado o símbolo supremo da feminilidade. Claro que não falta Vivienne Westwood com a sua redescoberta do salto alto nos anos 1970, referência directa ao fetichismo original. Estávamos na era punk.
Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King PublishingFotografias: montras de lojas da Av. de Roma (Lisboa)
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025842981791890" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025748492511362" />
Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda. Foi historiador da moda e curador do museu de sapatos Bata (Toronto) durante onze anos. Depois, levou a sua colecção de traje antigo (oito mil peças) para Kickshaw, em parceria com Ken Norman (à esquerda na fotografia). Walford é, desde 1998, o director artístico da colecção, preparando os dois um museu capaz de albergar a colecção.
Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.
Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social. Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.
Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).
Fala, obviamente do stilleto, do salto alto (agulha, estilete), criado pela alta sapataria italiana nos anos 50 e considerado o símbolo supremo da feminilidade. Claro que não falta Vivienne Westwood com a sua redescoberta do salto alto nos anos 1970, referência directa ao fetichismo original. Estávamos na era punk.
Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King PublishingFotografias: montras de lojas da Av. de Roma (Lisboa)
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025842981791890" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025748492511362" />
Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda. Foi historiador da moda e curador do museu de sapatos Bata (Toronto) durante onze anos. Depois, levou a sua colecção de traje antigo (oito mil peças) para Kickshaw, em parceria com Ken Norman (à esquerda na fotografia). Walford é, desde 1998, o director artístico da colecção, preparando os dois um museu capaz de albergar a colecção.
Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.
Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social. Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.
Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).
Fala, obviamente do stilleto, do salto alto (agulha, estilete), criado pela alta sapataria italiana nos anos 50 e considerado o símbolo supremo da feminilidade. Claro que não falta Vivienne Westwood com a sua redescoberta do salto alto nos anos 1970, referência directa ao fetichismo original. Estávamos na era punk.
Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King PublishingFotografias: montras de lojas da Av. de Roma (Lisboa)
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025842981791890" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025748492511362" />
Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda. Foi historiador da moda e curador do museu de sapatos Bata (Toronto) durante onze anos. Depois, levou a sua colecção de traje antigo (oito mil peças) para Kickshaw, em parceria com Ken Norman (à esquerda na fotografia). Walford é, desde 1998, o director artístico da colecção, preparando os dois um museu capaz de albergar a colecção.
Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.
Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social. Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.
Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).
Fala, obviamente do stilleto, do salto alto (agulha, estilete), criado pela alta sapataria italiana nos anos 50 e considerado o símbolo supremo da feminilidade. Claro que não falta Vivienne Westwood com a sua redescoberta do salto alto nos anos 1970, referência directa ao fetichismo original. Estávamos na era punk.
Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King PublishingFotografias: montras de lojas da Av. de Roma (Lisboa)
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025842981791890" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025748492511362" />
Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda. Foi historiador da moda e curador do museu de sapatos Bata (Toronto) durante onze anos. Depois, levou a sua colecção de traje antigo (oito mil peças) para Kickshaw, em parceria com Ken Norman (à esquerda na fotografia). Walford é, desde 1998, o director artístico da colecção, preparando os dois um museu capaz de albergar a colecção.
Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.
Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social. Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.
Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).
Fala, obviamente do stilleto, do salto alto (agulha, estilete), criado pela alta sapataria italiana nos anos 50 e considerado o símbolo supremo da feminilidade. Claro que não falta Vivienne Westwood com a sua redescoberta do salto alto nos anos 1970, referência directa ao fetichismo original. Estávamos na era punk.
Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King PublishingFotografias: montras de lojas da Av. de Roma (Lisboa)
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025842981791890" />id="BLOGGER_PHOTO_ID_5106025748492511362" />