Terça-feira, 31 de Maio de 2005
ELE HÁ PÁGINAS FELIZESAs páginas do
Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas,
dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa cruaMas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é
Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio,
Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no
Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de
intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
ELE HÁ PÁGINAS FELIZESAs páginas do
Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas,
dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa cruaMas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é
Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio,
Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no
Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de
intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
ELE HÁ PÁGINAS FELIZESAs páginas do
Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas,
dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa cruaMas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é
Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio,
Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no
Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de
intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
ELE HÁ PÁGINAS FELIZESAs páginas do
Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas,
dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa cruaMas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é
Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio,
Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no
Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de
intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
ELE HÁ PÁGINAS FELIZESAs páginas do
Público de domingo e segunda-feira estavam toldadas de escuro, a propósito do previsível "não" francês à Constituição Europeia. Mas,
dentro, havia páginas muito felizes. A 15 de domingo e as 6 e 7 de segunda-feira.
Passo a explicar. No domingo, lia-se o par ideal Mário Mesquita e Ana Sá Lopes (pela ordem de leitura da esquerda para a direita). Aliás, os dois já assinaram juntos, há ainda pouco tempo, um texto - um governo só de mulheres para Portugal. Mesquita, no seu agradável estilo, escreveu agora sobre Ricoeur, de modo lúcido e profundo de quem conhece bem do que fala. Trata-se de um trabalho para guardar. Por seu lado, Sá Lopes, em estilo dominical liberto de pressões do tempo de fecho, desta feita sem a volúvel Vanessa mas com um adepto de futebol, foi à feira do livro. Não conto a história - quem quiser que compre o jornal e a leia.
Na segunda-feira, Eduardo Prado Coelho falava do serviço público de televisão, a propósito do jogo de domingo, género "E você, Jorginho, o que é que pensa [...] fazer aquele que vai ser o seu último jogo pelo Setúbal"? Parecia um respeitável chefe de família a dissecar a realidade banal da televisão do dia-a-dia - e que eu partilho nesse ponto de vista. Ao lado, em tom também sério mas interrogativo, Fernando Ilharco publicava um dos seus melhores textos: "Marcados por uma cultura electrónica de intenso envolvimento sensorial, os mais novos quando iniciam o ensino obrigatório levam para a escola a disponibilidade para se envolverem participativa e totalmente. E, estrutural e fundamentalmente, o que faz a escola? Como tecnologia mais avançada da era do alfabeto fonético, a escola obviamente rejeita aquela disponibilidade". Vislumbro ali decisões a tomar por um jovem pai.
Glosa cruaMas havia outra pérola, na página 6 do jornal de ontem, numa carta ao director, a de Carlos J. F. Sampaio. O título, possivelmente colocado pelo jornal, é
Informação limitada, muita ou demais? Não maço os meus leitores com a carta toda, mas o aperitivo é excelente: "É frequente ouvirmos dizer que vivemos numa sociedade «mediatizada», em que os media têm um enorme poder, que condicionam fortemente a informação que nos chega e, consequentemente, a nossa visão do mundo. Embora, em parte, isso seja verdade, acho que essa perspectiva deve ser um pouco matizada". O texto pode ser lido na totalidade no blogue de Carlos Sampaio,
Glosa Crua.
Ora, quem é este Carlos Sampaio, que já nos brindou recentemente com uma carta sobre a linguagem adolescente nos blogues (também editada no
Público), e que eu aqui destaquei? Autor do blogue acima indicado, engenheiro electrotécnico oriundo do Grande Porto, tem exercido a sua actividade profissional em Singapura, Argentina, Hong Kong, Índia, Bélgica, Brasil, Magreb e outras partes do mundo. Habituado a ver o país "de fora para dentro e de dentro para fora" (80% do seu trabalho, disse-me, é exterior a Portugal), no seu blogue escreve sobre livros, que "sempre foram uma parte importante da minha vida. A minha vivência de contacto com o exterior e a minha actividade profissional criaram-me a apetência para e a necessidade de acompanhar o que se passa um pouco por todo o lado. Num dia «normal» visito aí uns oito a nove jornais de cinco ou seis países". Há, nele também, uma vontade de
intervenção cívica, cuja sequência lógica é o blogue.
O meu obrigado ao jornal Público por ter dado a conhecer, se não um escritor, alguém que reflecte a realidade da comunicação dos dias que correm, sem o aparato académico de muitos de nós, que inibe o diálogo com os outros. Ele há páginas felizes.
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterializaçãoOutro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.

Cidade e culturaDentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:

[
nota: tópicos dados em aula de
Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985).
Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002).
Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997).
Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.)
Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002).
Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980).
A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000).
As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.)
Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002).
Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997).
Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998).
As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades".
OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997).
História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992).
El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterializaçãoOutro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.

Cidade e culturaDentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:

[
nota: tópicos dados em aula de
Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985).
Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002).
Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997).
Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.)
Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002).
Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980).
A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000).
As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.)
Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002).
Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997).
Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998).
As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades".
OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997).
História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992).
El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterializaçãoOutro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.

Cidade e culturaDentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:

[
nota: tópicos dados em aula de
Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985).
Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002).
Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997).
Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.)
Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002).
Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980).
A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000).
As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.)
Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002).
Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997).
Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998).
As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades".
OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997).
História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992).
El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterializaçãoOutro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.

Cidade e culturaDentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:

[
nota: tópicos dados em aula de
Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985).
Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002).
Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997).
Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.)
Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002).
Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980).
A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000).
As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.)
Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002).
Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997).
Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998).
As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades".
OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997).
História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992).
El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa
INDÚSTRIAS CULTURAIS - III[continuação da mensagem de 30 de Maio]
Indústrias culturais e desmaterializaçãoOutro texto é o da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual (1997), que parte da concepção de que, num contexto de convergência tecnológica, a progressiva desmaterialização dos processos de produção e a crescente inter-operacionalidade dos suportes provocados pelo digital vão desmaterializando os próprios circuitos de distribuição, dando forma física ao produto final apenas quando este chega ao consumidor.
Os autores do relatório entendem que, enquanto a sociedade industrial se baseia na produção em massa de produtos, a sociedade da informação gira em torno da reprodução em massa de conteúdos. O elemento chave do novo sistema económico é o produtor/editor que precisa ter a capacidade para seleccionar os projectos apropriados e uma infra-estrutura de distribuição que assegure a sua efectiva comercialização. Os passos fundamentais na comercialização de qualquer tipo de conteúdo são comparáveis aos de qualquer outro produto: design, produção, distribuição, comércio e consumo. Cada passo na cadeia de valor constitui-se como um mercado próprio, com um comprador e um vendedor específicos, culminando no consumidor final (confrontar com esquema da Andersen, no final da mensagem).
O relatório considera ainda a convergência crescente. Num futuro próximo, todos os conteúdos originais serão produzidos e copiados num formato digital, transmitidos através de cabos digitais e recebidos por computadores. Continuarão a existir formatos tradicionais, como o cinema, livros, jornais, mas uma crescente proporção das receitas de cada media será originada através de canais digitais. Isto implicará a existência de impérios, que sustentem uma lógica de mercado assente na interdependência dos sectores das indústrias culturais e de conteúdos.

Cidade e culturaDentro da perspectiva da América latina sobre indústrias culturais, Hamilton Faria (2003) desenvolve uma perspectiva da cultura urbana e entrosamento com as culturas populares, tradicionais e de rua, num país de rico simbolismo cultural como o Brasil. Para o autor, a cultura está para além do mundo artístico/actividade cultural especializada. Ele escreve sobre cultura como arte, pensamento, imaginário, valores – o sentido mais amplo da palavra. Ao falar em cultura fala de acontecimento cultural da sociedade. A cultura apresenta-se como uma dimensão da realidade e não como um cenário onde se movem actores e vivências sociais significativas. Faria refere constantemente cultura e cidade. Para ele, o acto de criar é o fundador da cultura, responsável pela riqueza cultural da sociedade. Mas apenas algumas manifestações adquirem este estatuto, em especial as legitimadas pelo mercado e pela indústria cultural. Como os processos criativos são, muitas vezes, lentos e sem resultados imediatos, são necessários critérios para obtenção de resultados. Um é o mapeamento cultural (da cidade): a visibilidade da produção (local) (Faria, 2003: 36). Outro instrumento é dado pelos indicadores culturais. Faria reflecte sobre a identidade na gestão cultural, em políticas culturais como novas saídas para as artes, no papel do público: (1) para além do consumidor-produto-espectador, (2) passa para criação/fruição-processo-participação (Faria, 2003: 38).
Nas grandes cidades, há uma nova sociabilidade, devido a multiplicidade étnica, de manifestações criativas, identidades de novos países (em emergência), que desconstrói muitos dos padrões anteriores de sociabilidade (Faria, 2003: 39-40). Não há uma universalidade mas diferenças e identidades distintas. E as leis culturais têm de seguir estas novas dimensões de cultura urbana. Para Faria, sem negar os templos culturais – o centro cultural, a casa da cultura, o museu, a escola, a biblioteca, o teatro, lugares já consagrados do acontecimento cultural –, as políticas culturais devem olhar para as gentes e procurar propostas de realização próximas delas. Surge a ideia de descentralizar. Que não é desconcentrar equipamentos e espalhá-los pela periferia, apenas. Descentralizar é fortalecer actores culturais autónomos; confiar na sua capacidade criativa e estimular a participação.
Cadeia de valor das indústrias culturais (ou do audiovisual)A Arthur Andersen (2002) desenvolveu um modelo de cadeia de valor das indústrias culturais (ou de audiovisual), constituído por oito elementos, agrupados em três conjuntos. Estes são: 1) produtores de conteúdo – a) direitos de autor; b) produtores de conteúdo; c) direitos dos distribuidores; 2) programadores – a) programadores; b) agregadores; 3) difusores – a) redes; b) fornecedores de acesso; c) vendedores de equipamentos. Nada é dito quanto à recepção, elemento primordial em toda a cadeia de valor. Por isso, construi um modelo simples, que contempla esta vertente:

[
nota: tópicos dados em aula de
Análise das indústrias culturais e de conteúdos em Portugal, no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade Católica Portuguesa, em Novembro de 2002]
Leituras:Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985).
Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Arthur Andersen (2002).
Outlook of the development of technologies and markets for the European Audio-visual sector up to 2010. União Europeia (versão online)
Jesús Martín-Barbero (1997).
Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ
Walter Benjamin (1936/1985). "A obra de arte na era da sua reprodução técnica". In Eduardo Geada (org.)
Estéticas do cinema. Lisboa: D. Quixote
Enrique Bustamante (2002).
Comunicación y cultura en la era digital. Industrias, mercados y diversidad en España. Barcelona: Gedisa
Néstor Garcia Canclini (1980).
A socialização da arte. São Paulo: Cultrix
Roberto Carneiro (coord.) (2000).
As indústrias de conteúdos culturais em Portugal. Lisboa: Forum M (CD-ROM)
Hamilton Faria (2003). "Políticas públicas de cultura e desenvolvimento humano nas cidades". In Leonardo Brant (org.)
Políticas culturais, vol. 1. S. Paulo: Manole
Isabel Ferin (2002).
Comunicação e culturas do quotidiano. Lisboa: Quimera
Ministério da Cultura (1997).
Relatório da Comissão Inter-Ministerial para o Audiovisual. Lisboa: Ministério da Cultura
Maria Lurdes Lima Santos Lima (coord.) (1998).
As políticas culturais em Portugal. Lisboa: Observatório das Actividades Culturais
Maria Lurdes Lima Santos (1999). "Indústrias culturais: especificidades e precariedades".
OBS, 5: 2-6
Armand Mattelart e Michèle Mattelart (1997).
História das teorias da comunicação. Porto: Campo das Letras
Ramón Zallo (1992).
El mercado de la cultura. Donostia: Tercera Prensa