Sábado, 30 de Abril de 2005

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MEMÓRIA DAS PALAVRAS DE GOMES FERREIRA

Conhecido como poeta militante, escrevo aqui sobre esse livrinho de recordações autobiográficas, manancial de referências a uma época que gosto de estudar - as décadas de 1920 e 1930 -, A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, editado pela Portugália (li a edição de 1972). Nascido na rua das Musas, no Porto, em 1900, José Gomes Ferreira quatro anos depois transferiu-se, com a família, para Lisboa, onde passou praticamente todo o resto da sua vida.

Gomes Ferreira treinou-se como jornalista em Democracia (1920-1921): "A categoria dos redactores e colaboradores excedia a cotação habitual dos quadros jornalísticos do Partido Democrático; mas os resultados obtidos roçavam pela mediocridade, devido à má organização técnica do periódico em que as gralhas tornavam irreconhecível o mínimo trecho" (p. 114). Apesar disso, ele experimentou tudo: crónicas, reportagens, «sueltos», artigos de fundo, críticas teatrais, "pilhas e pilhas de linguados, muitos deles improvisados de madrugada, à triga-triga". Foi a época de se familiarizar com a boémia nocturna dos trabalhadores dos jornais, acrescenta.

Logo depois, colaborou com Os Filisteus, jornal-panfleto editado em 6 de Janeiro de 1921, com o custo de dez centavos. Dele, nasceu uma luta entre republicanos e elementos do Integralismo Lusitano, de António Sardinha, com desordens no café Martinho da Arcada na noite seguinte, e que envolveu as forças da Guarda Republicana e a intervenção do governador civil obrigando o encerramento do café (p. 258). Avisa: "Nunca fui seareiro [da Seara Nova], como sabem. Mas nesse dia qualquer de Outubro de 1921 vadiei todo a tarde pelas ruas de Lisboa, a cantar sozinho, de mãos nas algibeiras" [há aqui uma diferença entre Janeiro e Outubro, que este animador do blogue não consegue explicar].

Da poesia de gaveta às actividades publicitárias

Mas já era jornalista desde há muito - ou pelos menos o tinha augurado um seu professor do secundário, o padre Fiadeiro, quando Gomes Ferreira escreveu uma redacção sobre Alexandre Herculano: "Hás-de ser jornalista" (p. 33). No recuado período de 1917-1918, tornara-se director da revista Ressurreição (revista de arte e vida mental), ainda adolescente, com a suplementar obrigação de pagar contas e solicitar originais, motivo que, aliás, serviria de tema para os seus próprios exames liceais.

E, desde cedo, Gomes Ferreira decobrira-se também como poeta - conciliando o interesse íntimo (a poesia) com as necessidades de ganhar dinheiro ou servir de ponte para outras actividades (o jornalismo). Editou Lírios do monte em 1918, com capa de Stuart Carvalhais, e Longe, em 1921. Depois, durante a estadia na Noruega como consul, a poesia era um pretexto para continuar a escrever português (poesia para a gaveta, enquanto ia tocando ao piano com um amigo norueguês).

Daquele país frio, passou a colaborar com a revista Imagem, ligada ao cinema. Estava-se em 1925. No regresso, perdeu um pouco o rasto aos amigos poetas e passou a incluir-se num círculo diferente, devido às suas actividades na publicidade cinematográfica - ou subliteratura, literatura-prostituição e literatura-ganha-escudos, escondido em pseudónimos. Para além da Imagem, escreveu na Ilustração da Bertrand, no Girassol, sob nomes como Caçador de imagens e Álvaro Gomes.

Em O senhor doutor, para o qual fora convidado por António Lopes Ribeiro, assinava Avô do cachimbo. As histórias do João sem medo eram criadas num improviso semanal, o que obrigava Ofélia Marques a procurar saber a acção do episódio seguinte para ter tempo de desenhar a ilustração adequada (p. 200). Também escreveu a Arte da verdadeira elegância, tratado sobre corpos e vestidos femininos, estabelecendo para a Pompadour a distinção entre cinta e espartilho. E fez "filmecos" de reclamos a móveis e sapatos para José Rocha (do E.T.P.) (p. 171). Isto num momento de aproximação ao neo-realismo, na altura em que conheceu Mário Dionísio, em 1937, tinha este ainda 20 anos (p. 212).

"Só se protegem as artes mortas. As vivas toleram-se. E as demasiado vivas perseguem-se"

Gomes Ferreira travou muita proximidade com pintores, desenhadores, arquitectos: Ofélia e Bernardo Marques, que seriam os padrinhos do seu primeiro filho, Carlos Botelho, o suíço Fred Kradolfer, Maria e Francisco Keil do Amaral, Diogo de Macedo e Cottinelli Telmo. Deste, acompanhou a produção e montagem do filme A canção de Lisboa. Conheceu Bento de Jesus Caraça e reencontrou José Rodrigues Miguéis (p. 167). Mas também Carlos Queiroz, Olavo de Eça Leal, António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Bernardo Marques, todos colaboradores da revista Imagem, inventada por Chianca Garcia nos bastidores do São Luís para defender o cinema sonoro da saudade dos admiradores do mudo.

José Gomes Ferreira e Bernardo Marques foram muito amigos, como se realçou atrás. Em 1931-1932, Gomes Ferreira encontrou Bernardo Marques nas páginas do Girassol. Depois, Gomes Ferreira era o chefe de redacção e Bernardo o orientador artístico da Ilustração, durante o período da direcção de António Ferro. Bernardo e Ferro também eram amigos íntimos entre si, apesar de clivagens políticas evidentes.

Bernardo, conta Gomes Ferreira, tinha personalidade dupla: havia um sonhador, que queria fazer uma revista de sátira e crítica social, e um prático, que trabalhou para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional, de Ferro), onde desenhava o turístico e o pitoresco regional. Ele conseguiu ultrapassar essa época do decorativo (p. 305) e tornar-se um nome de referência na pintura e ilustração portuguesa.
publicado por industrias-culturais às 11:55
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MEMÓRIA DAS PALAVRAS DE GOMES FERREIRA

Conhecido como poeta militante, escrevo aqui sobre esse livrinho de recordações autobiográficas, manancial de referências a uma época que gosto de estudar - as décadas de 1920 e 1930 -, A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, editado pela Portugália (li a edição de 1972). Nascido na rua das Musas, no Porto, em 1900, José Gomes Ferreira quatro anos depois transferiu-se, com a família, para Lisboa, onde passou praticamente todo o resto da sua vida.

Gomes Ferreira treinou-se como jornalista em Democracia (1920-1921): "A categoria dos redactores e colaboradores excedia a cotação habitual dos quadros jornalísticos do Partido Democrático; mas os resultados obtidos roçavam pela mediocridade, devido à má organização técnica do periódico em que as gralhas tornavam irreconhecível o mínimo trecho" (p. 114). Apesar disso, ele experimentou tudo: crónicas, reportagens, «sueltos», artigos de fundo, críticas teatrais, "pilhas e pilhas de linguados, muitos deles improvisados de madrugada, à triga-triga". Foi a época de se familiarizar com a boémia nocturna dos trabalhadores dos jornais, acrescenta.

Logo depois, colaborou com Os Filisteus, jornal-panfleto editado em 6 de Janeiro de 1921, com o custo de dez centavos. Dele, nasceu uma luta entre republicanos e elementos do Integralismo Lusitano, de António Sardinha, com desordens no café Martinho da Arcada na noite seguinte, e que envolveu as forças da Guarda Republicana e a intervenção do governador civil obrigando o encerramento do café (p. 258). Avisa: "Nunca fui seareiro [da Seara Nova], como sabem. Mas nesse dia qualquer de Outubro de 1921 vadiei todo a tarde pelas ruas de Lisboa, a cantar sozinho, de mãos nas algibeiras" [há aqui uma diferença entre Janeiro e Outubro, que este animador do blogue não consegue explicar].

Da poesia de gaveta às actividades publicitárias

Mas já era jornalista desde há muito - ou pelos menos o tinha augurado um seu professor do secundário, o padre Fiadeiro, quando Gomes Ferreira escreveu uma redacção sobre Alexandre Herculano: "Hás-de ser jornalista" (p. 33). No recuado período de 1917-1918, tornara-se director da revista Ressurreição (revista de arte e vida mental), ainda adolescente, com a suplementar obrigação de pagar contas e solicitar originais, motivo que, aliás, serviria de tema para os seus próprios exames liceais.

E, desde cedo, Gomes Ferreira decobrira-se também como poeta - conciliando o interesse íntimo (a poesia) com as necessidades de ganhar dinheiro ou servir de ponte para outras actividades (o jornalismo). Editou Lírios do monte em 1918, com capa de Stuart Carvalhais, e Longe, em 1921. Depois, durante a estadia na Noruega como consul, a poesia era um pretexto para continuar a escrever português (poesia para a gaveta, enquanto ia tocando ao piano com um amigo norueguês).

Daquele país frio, passou a colaborar com a revista Imagem, ligada ao cinema. Estava-se em 1925. No regresso, perdeu um pouco o rasto aos amigos poetas e passou a incluir-se num círculo diferente, devido às suas actividades na publicidade cinematográfica - ou subliteratura, literatura-prostituição e literatura-ganha-escudos, escondido em pseudónimos. Para além da Imagem, escreveu na Ilustração da Bertrand, no Girassol, sob nomes como Caçador de imagens e Álvaro Gomes.

Em O senhor doutor, para o qual fora convidado por António Lopes Ribeiro, assinava Avô do cachimbo. As histórias do João sem medo eram criadas num improviso semanal, o que obrigava Ofélia Marques a procurar saber a acção do episódio seguinte para ter tempo de desenhar a ilustração adequada (p. 200). Também escreveu a Arte da verdadeira elegância, tratado sobre corpos e vestidos femininos, estabelecendo para a Pompadour a distinção entre cinta e espartilho. E fez "filmecos" de reclamos a móveis e sapatos para José Rocha (do E.T.P.) (p. 171). Isto num momento de aproximação ao neo-realismo, na altura em que conheceu Mário Dionísio, em 1937, tinha este ainda 20 anos (p. 212).

"Só se protegem as artes mortas. As vivas toleram-se. E as demasiado vivas perseguem-se"

Gomes Ferreira travou muita proximidade com pintores, desenhadores, arquitectos: Ofélia e Bernardo Marques, que seriam os padrinhos do seu primeiro filho, Carlos Botelho, o suíço Fred Kradolfer, Maria e Francisco Keil do Amaral, Diogo de Macedo e Cottinelli Telmo. Deste, acompanhou a produção e montagem do filme A canção de Lisboa. Conheceu Bento de Jesus Caraça e reencontrou José Rodrigues Miguéis (p. 167). Mas também Carlos Queiroz, Olavo de Eça Leal, António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Bernardo Marques, todos colaboradores da revista Imagem, inventada por Chianca Garcia nos bastidores do São Luís para defender o cinema sonoro da saudade dos admiradores do mudo.

José Gomes Ferreira e Bernardo Marques foram muito amigos, como se realçou atrás. Em 1931-1932, Gomes Ferreira encontrou Bernardo Marques nas páginas do Girassol. Depois, Gomes Ferreira era o chefe de redacção e Bernardo o orientador artístico da Ilustração, durante o período da direcção de António Ferro. Bernardo e Ferro também eram amigos íntimos entre si, apesar de clivagens políticas evidentes.

Bernardo, conta Gomes Ferreira, tinha personalidade dupla: havia um sonhador, que queria fazer uma revista de sátira e crítica social, e um prático, que trabalhou para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional, de Ferro), onde desenhava o turístico e o pitoresco regional. Ele conseguiu ultrapassar essa época do decorativo (p. 305) e tornar-se um nome de referência na pintura e ilustração portuguesa.
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Conhecido como poeta militante, escrevo aqui sobre esse livrinho de recordações autobiográficas, manancial de referências a uma época que gosto de estudar - as décadas de 1920 e 1930 -, A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, editado pela Portugália (li a edição de 1972). Nascido na rua das Musas, no Porto, em 1900, José Gomes Ferreira quatro anos depois transferiu-se, com a família, para Lisboa, onde passou praticamente todo o resto da sua vida.

Gomes Ferreira treinou-se como jornalista em Democracia (1920-1921): "A categoria dos redactores e colaboradores excedia a cotação habitual dos quadros jornalísticos do Partido Democrático; mas os resultados obtidos roçavam pela mediocridade, devido à má organização técnica do periódico em que as gralhas tornavam irreconhecível o mínimo trecho" (p. 114). Apesar disso, ele experimentou tudo: crónicas, reportagens, «sueltos», artigos de fundo, críticas teatrais, "pilhas e pilhas de linguados, muitos deles improvisados de madrugada, à triga-triga". Foi a época de se familiarizar com a boémia nocturna dos trabalhadores dos jornais, acrescenta.

Logo depois, colaborou com Os Filisteus, jornal-panfleto editado em 6 de Janeiro de 1921, com o custo de dez centavos. Dele, nasceu uma luta entre republicanos e elementos do Integralismo Lusitano, de António Sardinha, com desordens no café Martinho da Arcada na noite seguinte, e que envolveu as forças da Guarda Republicana e a intervenção do governador civil obrigando o encerramento do café (p. 258). Avisa: "Nunca fui seareiro [da Seara Nova], como sabem. Mas nesse dia qualquer de Outubro de 1921 vadiei todo a tarde pelas ruas de Lisboa, a cantar sozinho, de mãos nas algibeiras" [há aqui uma diferença entre Janeiro e Outubro, que este animador do blogue não consegue explicar].

Da poesia de gaveta às actividades publicitárias

Mas já era jornalista desde há muito - ou pelos menos o tinha augurado um seu professor do secundário, o padre Fiadeiro, quando Gomes Ferreira escreveu uma redacção sobre Alexandre Herculano: "Hás-de ser jornalista" (p. 33). No recuado período de 1917-1918, tornara-se director da revista Ressurreição (revista de arte e vida mental), ainda adolescente, com a suplementar obrigação de pagar contas e solicitar originais, motivo que, aliás, serviria de tema para os seus próprios exames liceais.

E, desde cedo, Gomes Ferreira decobrira-se também como poeta - conciliando o interesse íntimo (a poesia) com as necessidades de ganhar dinheiro ou servir de ponte para outras actividades (o jornalismo). Editou Lírios do monte em 1918, com capa de Stuart Carvalhais, e Longe, em 1921. Depois, durante a estadia na Noruega como consul, a poesia era um pretexto para continuar a escrever português (poesia para a gaveta, enquanto ia tocando ao piano com um amigo norueguês).

Daquele país frio, passou a colaborar com a revista Imagem, ligada ao cinema. Estava-se em 1925. No regresso, perdeu um pouco o rasto aos amigos poetas e passou a incluir-se num círculo diferente, devido às suas actividades na publicidade cinematográfica - ou subliteratura, literatura-prostituição e literatura-ganha-escudos, escondido em pseudónimos. Para além da Imagem, escreveu na Ilustração da Bertrand, no Girassol, sob nomes como Caçador de imagens e Álvaro Gomes.

Em O senhor doutor, para o qual fora convidado por António Lopes Ribeiro, assinava Avô do cachimbo. As histórias do João sem medo eram criadas num improviso semanal, o que obrigava Ofélia Marques a procurar saber a acção do episódio seguinte para ter tempo de desenhar a ilustração adequada (p. 200). Também escreveu a Arte da verdadeira elegância, tratado sobre corpos e vestidos femininos, estabelecendo para a Pompadour a distinção entre cinta e espartilho. E fez "filmecos" de reclamos a móveis e sapatos para José Rocha (do E.T.P.) (p. 171). Isto num momento de aproximação ao neo-realismo, na altura em que conheceu Mário Dionísio, em 1937, tinha este ainda 20 anos (p. 212).

"Só se protegem as artes mortas. As vivas toleram-se. E as demasiado vivas perseguem-se"

Gomes Ferreira travou muita proximidade com pintores, desenhadores, arquitectos: Ofélia e Bernardo Marques, que seriam os padrinhos do seu primeiro filho, Carlos Botelho, o suíço Fred Kradolfer, Maria e Francisco Keil do Amaral, Diogo de Macedo e Cottinelli Telmo. Deste, acompanhou a produção e montagem do filme A canção de Lisboa. Conheceu Bento de Jesus Caraça e reencontrou José Rodrigues Miguéis (p. 167). Mas também Carlos Queiroz, Olavo de Eça Leal, António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Bernardo Marques, todos colaboradores da revista Imagem, inventada por Chianca Garcia nos bastidores do São Luís para defender o cinema sonoro da saudade dos admiradores do mudo.

José Gomes Ferreira e Bernardo Marques foram muito amigos, como se realçou atrás. Em 1931-1932, Gomes Ferreira encontrou Bernardo Marques nas páginas do Girassol. Depois, Gomes Ferreira era o chefe de redacção e Bernardo o orientador artístico da Ilustração, durante o período da direcção de António Ferro. Bernardo e Ferro também eram amigos íntimos entre si, apesar de clivagens políticas evidentes.

Bernardo, conta Gomes Ferreira, tinha personalidade dupla: havia um sonhador, que queria fazer uma revista de sátira e crítica social, e um prático, que trabalhou para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional, de Ferro), onde desenhava o turístico e o pitoresco regional. Ele conseguiu ultrapassar essa época do decorativo (p. 305) e tornar-se um nome de referência na pintura e ilustração portuguesa.
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Conhecido como poeta militante, escrevo aqui sobre esse livrinho de recordações autobiográficas, manancial de referências a uma época que gosto de estudar - as décadas de 1920 e 1930 -, A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, editado pela Portugália (li a edição de 1972). Nascido na rua das Musas, no Porto, em 1900, José Gomes Ferreira quatro anos depois transferiu-se, com a família, para Lisboa, onde passou praticamente todo o resto da sua vida.

Gomes Ferreira treinou-se como jornalista em Democracia (1920-1921): "A categoria dos redactores e colaboradores excedia a cotação habitual dos quadros jornalísticos do Partido Democrático; mas os resultados obtidos roçavam pela mediocridade, devido à má organização técnica do periódico em que as gralhas tornavam irreconhecível o mínimo trecho" (p. 114). Apesar disso, ele experimentou tudo: crónicas, reportagens, «sueltos», artigos de fundo, críticas teatrais, "pilhas e pilhas de linguados, muitos deles improvisados de madrugada, à triga-triga". Foi a época de se familiarizar com a boémia nocturna dos trabalhadores dos jornais, acrescenta.

Logo depois, colaborou com Os Filisteus, jornal-panfleto editado em 6 de Janeiro de 1921, com o custo de dez centavos. Dele, nasceu uma luta entre republicanos e elementos do Integralismo Lusitano, de António Sardinha, com desordens no café Martinho da Arcada na noite seguinte, e que envolveu as forças da Guarda Republicana e a intervenção do governador civil obrigando o encerramento do café (p. 258). Avisa: "Nunca fui seareiro [da Seara Nova], como sabem. Mas nesse dia qualquer de Outubro de 1921 vadiei todo a tarde pelas ruas de Lisboa, a cantar sozinho, de mãos nas algibeiras" [há aqui uma diferença entre Janeiro e Outubro, que este animador do blogue não consegue explicar].

Da poesia de gaveta às actividades publicitárias

Mas já era jornalista desde há muito - ou pelos menos o tinha augurado um seu professor do secundário, o padre Fiadeiro, quando Gomes Ferreira escreveu uma redacção sobre Alexandre Herculano: "Hás-de ser jornalista" (p. 33). No recuado período de 1917-1918, tornara-se director da revista Ressurreição (revista de arte e vida mental), ainda adolescente, com a suplementar obrigação de pagar contas e solicitar originais, motivo que, aliás, serviria de tema para os seus próprios exames liceais.

E, desde cedo, Gomes Ferreira decobrira-se também como poeta - conciliando o interesse íntimo (a poesia) com as necessidades de ganhar dinheiro ou servir de ponte para outras actividades (o jornalismo). Editou Lírios do monte em 1918, com capa de Stuart Carvalhais, e Longe, em 1921. Depois, durante a estadia na Noruega como consul, a poesia era um pretexto para continuar a escrever português (poesia para a gaveta, enquanto ia tocando ao piano com um amigo norueguês).

Daquele país frio, passou a colaborar com a revista Imagem, ligada ao cinema. Estava-se em 1925. No regresso, perdeu um pouco o rasto aos amigos poetas e passou a incluir-se num círculo diferente, devido às suas actividades na publicidade cinematográfica - ou subliteratura, literatura-prostituição e literatura-ganha-escudos, escondido em pseudónimos. Para além da Imagem, escreveu na Ilustração da Bertrand, no Girassol, sob nomes como Caçador de imagens e Álvaro Gomes.

Em O senhor doutor, para o qual fora convidado por António Lopes Ribeiro, assinava Avô do cachimbo. As histórias do João sem medo eram criadas num improviso semanal, o que obrigava Ofélia Marques a procurar saber a acção do episódio seguinte para ter tempo de desenhar a ilustração adequada (p. 200). Também escreveu a Arte da verdadeira elegância, tratado sobre corpos e vestidos femininos, estabelecendo para a Pompadour a distinção entre cinta e espartilho. E fez "filmecos" de reclamos a móveis e sapatos para José Rocha (do E.T.P.) (p. 171). Isto num momento de aproximação ao neo-realismo, na altura em que conheceu Mário Dionísio, em 1937, tinha este ainda 20 anos (p. 212).

"Só se protegem as artes mortas. As vivas toleram-se. E as demasiado vivas perseguem-se"

Gomes Ferreira travou muita proximidade com pintores, desenhadores, arquitectos: Ofélia e Bernardo Marques, que seriam os padrinhos do seu primeiro filho, Carlos Botelho, o suíço Fred Kradolfer, Maria e Francisco Keil do Amaral, Diogo de Macedo e Cottinelli Telmo. Deste, acompanhou a produção e montagem do filme A canção de Lisboa. Conheceu Bento de Jesus Caraça e reencontrou José Rodrigues Miguéis (p. 167). Mas também Carlos Queiroz, Olavo de Eça Leal, António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Bernardo Marques, todos colaboradores da revista Imagem, inventada por Chianca Garcia nos bastidores do São Luís para defender o cinema sonoro da saudade dos admiradores do mudo.

José Gomes Ferreira e Bernardo Marques foram muito amigos, como se realçou atrás. Em 1931-1932, Gomes Ferreira encontrou Bernardo Marques nas páginas do Girassol. Depois, Gomes Ferreira era o chefe de redacção e Bernardo o orientador artístico da Ilustração, durante o período da direcção de António Ferro. Bernardo e Ferro também eram amigos íntimos entre si, apesar de clivagens políticas evidentes.

Bernardo, conta Gomes Ferreira, tinha personalidade dupla: havia um sonhador, que queria fazer uma revista de sátira e crítica social, e um prático, que trabalhou para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional, de Ferro), onde desenhava o turístico e o pitoresco regional. Ele conseguiu ultrapassar essa época do decorativo (p. 305) e tornar-se um nome de referência na pintura e ilustração portuguesa.
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Conhecido como poeta militante, escrevo aqui sobre esse livrinho de recordações autobiográficas, manancial de referências a uma época que gosto de estudar - as décadas de 1920 e 1930 -, A memória das palavras ou o gosto de falar de mim, editado pela Portugália (li a edição de 1972). Nascido na rua das Musas, no Porto, em 1900, José Gomes Ferreira quatro anos depois transferiu-se, com a família, para Lisboa, onde passou praticamente todo o resto da sua vida.

Gomes Ferreira treinou-se como jornalista em Democracia (1920-1921): "A categoria dos redactores e colaboradores excedia a cotação habitual dos quadros jornalísticos do Partido Democrático; mas os resultados obtidos roçavam pela mediocridade, devido à má organização técnica do periódico em que as gralhas tornavam irreconhecível o mínimo trecho" (p. 114). Apesar disso, ele experimentou tudo: crónicas, reportagens, «sueltos», artigos de fundo, críticas teatrais, "pilhas e pilhas de linguados, muitos deles improvisados de madrugada, à triga-triga". Foi a época de se familiarizar com a boémia nocturna dos trabalhadores dos jornais, acrescenta.

Logo depois, colaborou com Os Filisteus, jornal-panfleto editado em 6 de Janeiro de 1921, com o custo de dez centavos. Dele, nasceu uma luta entre republicanos e elementos do Integralismo Lusitano, de António Sardinha, com desordens no café Martinho da Arcada na noite seguinte, e que envolveu as forças da Guarda Republicana e a intervenção do governador civil obrigando o encerramento do café (p. 258). Avisa: "Nunca fui seareiro [da Seara Nova], como sabem. Mas nesse dia qualquer de Outubro de 1921 vadiei todo a tarde pelas ruas de Lisboa, a cantar sozinho, de mãos nas algibeiras" [há aqui uma diferença entre Janeiro e Outubro, que este animador do blogue não consegue explicar].

Da poesia de gaveta às actividades publicitárias

Mas já era jornalista desde há muito - ou pelos menos o tinha augurado um seu professor do secundário, o padre Fiadeiro, quando Gomes Ferreira escreveu uma redacção sobre Alexandre Herculano: "Hás-de ser jornalista" (p. 33). No recuado período de 1917-1918, tornara-se director da revista Ressurreição (revista de arte e vida mental), ainda adolescente, com a suplementar obrigação de pagar contas e solicitar originais, motivo que, aliás, serviria de tema para os seus próprios exames liceais.

E, desde cedo, Gomes Ferreira decobrira-se também como poeta - conciliando o interesse íntimo (a poesia) com as necessidades de ganhar dinheiro ou servir de ponte para outras actividades (o jornalismo). Editou Lírios do monte em 1918, com capa de Stuart Carvalhais, e Longe, em 1921. Depois, durante a estadia na Noruega como consul, a poesia era um pretexto para continuar a escrever português (poesia para a gaveta, enquanto ia tocando ao piano com um amigo norueguês).

Daquele país frio, passou a colaborar com a revista Imagem, ligada ao cinema. Estava-se em 1925. No regresso, perdeu um pouco o rasto aos amigos poetas e passou a incluir-se num círculo diferente, devido às suas actividades na publicidade cinematográfica - ou subliteratura, literatura-prostituição e literatura-ganha-escudos, escondido em pseudónimos. Para além da Imagem, escreveu na Ilustração da Bertrand, no Girassol, sob nomes como Caçador de imagens e Álvaro Gomes.

Em O senhor doutor, para o qual fora convidado por António Lopes Ribeiro, assinava Avô do cachimbo. As histórias do João sem medo eram criadas num improviso semanal, o que obrigava Ofélia Marques a procurar saber a acção do episódio seguinte para ter tempo de desenhar a ilustração adequada (p. 200). Também escreveu a Arte da verdadeira elegância, tratado sobre corpos e vestidos femininos, estabelecendo para a Pompadour a distinção entre cinta e espartilho. E fez "filmecos" de reclamos a móveis e sapatos para José Rocha (do E.T.P.) (p. 171). Isto num momento de aproximação ao neo-realismo, na altura em que conheceu Mário Dionísio, em 1937, tinha este ainda 20 anos (p. 212).

"Só se protegem as artes mortas. As vivas toleram-se. E as demasiado vivas perseguem-se"

Gomes Ferreira travou muita proximidade com pintores, desenhadores, arquitectos: Ofélia e Bernardo Marques, que seriam os padrinhos do seu primeiro filho, Carlos Botelho, o suíço Fred Kradolfer, Maria e Francisco Keil do Amaral, Diogo de Macedo e Cottinelli Telmo. Deste, acompanhou a produção e montagem do filme A canção de Lisboa. Conheceu Bento de Jesus Caraça e reencontrou José Rodrigues Miguéis (p. 167). Mas também Carlos Queiroz, Olavo de Eça Leal, António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Bernardo Marques, todos colaboradores da revista Imagem, inventada por Chianca Garcia nos bastidores do São Luís para defender o cinema sonoro da saudade dos admiradores do mudo.

José Gomes Ferreira e Bernardo Marques foram muito amigos, como se realçou atrás. Em 1931-1932, Gomes Ferreira encontrou Bernardo Marques nas páginas do Girassol. Depois, Gomes Ferreira era o chefe de redacção e Bernardo o orientador artístico da Ilustração, durante o período da direcção de António Ferro. Bernardo e Ferro também eram amigos íntimos entre si, apesar de clivagens políticas evidentes.

Bernardo, conta Gomes Ferreira, tinha personalidade dupla: havia um sonhador, que queria fazer uma revista de sátira e crítica social, e um prático, que trabalhou para o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional, de Ferro), onde desenhava o turístico e o pitoresco regional. Ele conseguiu ultrapassar essa época do decorativo (p. 305) e tornar-se um nome de referência na pintura e ilustração portuguesa.
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Sexta-feira, 29 de Abril de 2005

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PEQUENAS NOTAS

DNA, sempre!

Não sei se já escrevi neste espaço, mas só não guardo o suplemento do Diário de Notícias de sexta-feira porque a casa já não tem mais sítios para armazenar papel. Mas que dá muito gosto lê-lo sempre isso é verdade. Hoje o tema de capa - que eu amputei porque o scanner tem o tamanho do A4 - é E agora, Ricardo?. Refere-se a Ricardo Pais, o encenador do S. João (Porto), numa bela entrevista conduzida por Anabela Mota Ribeiro.

E o suplemento irmão DN:música também faz parte das minhas leituras obrigatórias, com os textos de Nuno Galopim. Na presente edição, ele escreve sobre os Tears for Fears - já passaram 16 anos desde o último álbum deles? O tempo voa, escoa, passa.

Blogue A Cidade Surpreendente

Entre nós (isto é, da minha parte), houve uma falha de comunicação. Contudo, não posso deixar de repetir o prazer de navegar nas páginas de A Cidade Surpreendente, de Carlos Romão, como o já fiz aqui. Numa das fotografias que colocou na última quarta-feira, os prédios a sul da praça do Infante (Porto) têm uma luz poente realmente surpreendente.

À esquerda, já fora do ângulo da fotografia, havia um pequeno restaurante chamado Standar Bar [esqueceram-se do último d de Standard]. Os pastéis de bacalhau [no Porto, a palavra é bolinhos], a açorda de mariscos e o polvo frito eram pitéus inesquecíveis.
publicado por industrias-culturais às 19:22
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DNA, sempre!

Não sei se já escrevi neste espaço, mas só não guardo o suplemento do Diário de Notícias de sexta-feira porque a casa já não tem mais sítios para armazenar papel. Mas que dá muito gosto lê-lo sempre isso é verdade. Hoje o tema de capa - que eu amputei porque o scanner tem o tamanho do A4 - é E agora, Ricardo?. Refere-se a Ricardo Pais, o encenador do S. João (Porto), numa bela entrevista conduzida por Anabela Mota Ribeiro.

E o suplemento irmão DN:música também faz parte das minhas leituras obrigatórias, com os textos de Nuno Galopim. Na presente edição, ele escreve sobre os Tears for Fears - já passaram 16 anos desde o último álbum deles? O tempo voa, escoa, passa.

Blogue A Cidade Surpreendente

Entre nós (isto é, da minha parte), houve uma falha de comunicação. Contudo, não posso deixar de repetir o prazer de navegar nas páginas de A Cidade Surpreendente, de Carlos Romão, como o já fiz aqui. Numa das fotografias que colocou na última quarta-feira, os prédios a sul da praça do Infante (Porto) têm uma luz poente realmente surpreendente.

À esquerda, já fora do ângulo da fotografia, havia um pequeno restaurante chamado Standar Bar [esqueceram-se do último d de Standard]. Os pastéis de bacalhau [no Porto, a palavra é bolinhos], a açorda de mariscos e o polvo frito eram pitéus inesquecíveis.
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Não sei se já escrevi neste espaço, mas só não guardo o suplemento do Diário de Notícias de sexta-feira porque a casa já não tem mais sítios para armazenar papel. Mas que dá muito gosto lê-lo sempre isso é verdade. Hoje o tema de capa - que eu amputei porque o scanner tem o tamanho do A4 - é E agora, Ricardo?. Refere-se a Ricardo Pais, o encenador do S. João (Porto), numa bela entrevista conduzida por Anabela Mota Ribeiro.

E o suplemento irmão DN:música também faz parte das minhas leituras obrigatórias, com os textos de Nuno Galopim. Na presente edição, ele escreve sobre os Tears for Fears - já passaram 16 anos desde o último álbum deles? O tempo voa, escoa, passa.

Blogue A Cidade Surpreendente

Entre nós (isto é, da minha parte), houve uma falha de comunicação. Contudo, não posso deixar de repetir o prazer de navegar nas páginas de A Cidade Surpreendente, de Carlos Romão, como o já fiz aqui. Numa das fotografias que colocou na última quarta-feira, os prédios a sul da praça do Infante (Porto) têm uma luz poente realmente surpreendente.

À esquerda, já fora do ângulo da fotografia, havia um pequeno restaurante chamado Standar Bar [esqueceram-se do último d de Standard]. Os pastéis de bacalhau [no Porto, a palavra é bolinhos], a açorda de mariscos e o polvo frito eram pitéus inesquecíveis.
publicado por industrias-culturais às 19:22
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Não sei se já escrevi neste espaço, mas só não guardo o suplemento do Diário de Notícias de sexta-feira porque a casa já não tem mais sítios para armazenar papel. Mas que dá muito gosto lê-lo sempre isso é verdade. Hoje o tema de capa - que eu amputei porque o scanner tem o tamanho do A4 - é E agora, Ricardo?. Refere-se a Ricardo Pais, o encenador do S. João (Porto), numa bela entrevista conduzida por Anabela Mota Ribeiro.

E o suplemento irmão DN:música também faz parte das minhas leituras obrigatórias, com os textos de Nuno Galopim. Na presente edição, ele escreve sobre os Tears for Fears - já passaram 16 anos desde o último álbum deles? O tempo voa, escoa, passa.

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