Quarta-feira, 30 de Junho de 2004

...

LER UM RELATÓRIO E CONTAS

Para mim, a peça mais importante da leitura do Público de hoje é a publicação do seu Relatório e Contas 2003. Por ele, fica-se a perceber o estado de saúde do jornal. Observação: alguns quadros são publicados com uma letra tão miudinha que só de lupa é que se pode ler (ou será que a minha visão está cansada?).

Mercado publicitário e circulação

Fica a saber-se que o mercado publicitário na totalidade dos media (televisão, cabo, imprensa diária e não diária, rádio, outdoors, cinema e internet) atingiu, em 2003, €667,6 milhões, superior aos €644,2 milhões em 2002. Contudo, houve um aumento nas televisões generalistas e no cabo e uma redução na imprensa diária (-10,3% relativamente a 2002). A estagnação também atingiu o Público.

Também a circulação dos jornais baixou (1,9%). Aqui há uma nuance a registar: a dificuldade maior residiu nos jornais não diários, pois os jornais diários até registaram um acréscimo de 3,8% nos primeiros nove meses do ano. Se o Público baixou 1% na circulação, o Diário de Notícias - apontado como o jornal que actua no mesmo target - baixou 7,2%.

Actividade

Foi um ano bom para o Público, segundo o relatório assinado por José Marquitos, presidente da empresa, e Hugo Figueiredo e José Manuel Fernandes, seus colegas de administração, e o último também director do jornal. Houve mais de €716 mil de resultados líquidos (positivos) no exercício de 2003, o quadro de colaboradores desceu para os 292 colaboradores (menos 7 que em 2002) e os custos com colaboradores externos baixou cerca de 20%. No ano agora em análise, foi lançada a edição Centro (Março) e o suplemento "Inimigo Público" (Setembro), este acarretando um aumento no preço de capa à sexta-feira. Distinguido com prémios do INMA pelos projectos "Mil Folhas" e campanha institucional "O Público não é todo igual", o mais importante do relatório foi saber o volume de negócios das colecções de livros e DVDs. Assim,venderam-se mais de três milhões de exemplares de livros (Mil Folhas, Taschen, Tintim, ABCdaire, Xis) e um milhão de exemplares de DVDs (série Y).

A estrutura accionista do Público é 99,99% pertença da Sonae Telecom BV. Além do jornal, há três empresas associadas a ele associadas: XS - Comunicação, Informação e Lazer (a 100%), Público.pt - Serviços Digitais Multimédia (a 100%) e Sociedade Independente de Radiodifusão Sonora (a 45%). Uma quarta empresa (Harpa, de actividade gráfica) foi dissolvida.
publicado por industrias-culturais às 13:58
link | comentar | favorito

...

LER UM RELATÓRIO E CONTAS

Para mim, a peça mais importante da leitura do Público de hoje é a publicação do seu Relatório e Contas 2003. Por ele, fica-se a perceber o estado de saúde do jornal. Observação: alguns quadros são publicados com uma letra tão miudinha que só de lupa é que se pode ler (ou será que a minha visão está cansada?).

Mercado publicitário e circulação

Fica a saber-se que o mercado publicitário na totalidade dos media (televisão, cabo, imprensa diária e não diária, rádio, outdoors, cinema e internet) atingiu, em 2003, €667,6 milhões, superior aos €644,2 milhões em 2002. Contudo, houve um aumento nas televisões generalistas e no cabo e uma redução na imprensa diária (-10,3% relativamente a 2002). A estagnação também atingiu o Público.

Também a circulação dos jornais baixou (1,9%). Aqui há uma nuance a registar: a dificuldade maior residiu nos jornais não diários, pois os jornais diários até registaram um acréscimo de 3,8% nos primeiros nove meses do ano. Se o Público baixou 1% na circulação, o Diário de Notícias - apontado como o jornal que actua no mesmo target - baixou 7,2%.

Actividade

Foi um ano bom para o Público, segundo o relatório assinado por José Marquitos, presidente da empresa, e Hugo Figueiredo e José Manuel Fernandes, seus colegas de administração, e o último também director do jornal. Houve mais de €716 mil de resultados líquidos (positivos) no exercício de 2003, o quadro de colaboradores desceu para os 292 colaboradores (menos 7 que em 2002) e os custos com colaboradores externos baixou cerca de 20%. No ano agora em análise, foi lançada a edição Centro (Março) e o suplemento "Inimigo Público" (Setembro), este acarretando um aumento no preço de capa à sexta-feira. Distinguido com prémios do INMA pelos projectos "Mil Folhas" e campanha institucional "O Público não é todo igual", o mais importante do relatório foi saber o volume de negócios das colecções de livros e DVDs. Assim,venderam-se mais de três milhões de exemplares de livros (Mil Folhas, Taschen, Tintim, ABCdaire, Xis) e um milhão de exemplares de DVDs (série Y).

A estrutura accionista do Público é 99,99% pertença da Sonae Telecom BV. Além do jornal, há três empresas associadas a ele associadas: XS - Comunicação, Informação e Lazer (a 100%), Público.pt - Serviços Digitais Multimédia (a 100%) e Sociedade Independente de Radiodifusão Sonora (a 45%). Uma quarta empresa (Harpa, de actividade gráfica) foi dissolvida.
publicado por industrias-culturais às 13:58
link | comentar | favorito

...

LER UM RELATÓRIO E CONTAS

Para mim, a peça mais importante da leitura do Público de hoje é a publicação do seu Relatório e Contas 2003. Por ele, fica-se a perceber o estado de saúde do jornal. Observação: alguns quadros são publicados com uma letra tão miudinha que só de lupa é que se pode ler (ou será que a minha visão está cansada?).

Mercado publicitário e circulação

Fica a saber-se que o mercado publicitário na totalidade dos media (televisão, cabo, imprensa diária e não diária, rádio, outdoors, cinema e internet) atingiu, em 2003, €667,6 milhões, superior aos €644,2 milhões em 2002. Contudo, houve um aumento nas televisões generalistas e no cabo e uma redução na imprensa diária (-10,3% relativamente a 2002). A estagnação também atingiu o Público.

Também a circulação dos jornais baixou (1,9%). Aqui há uma nuance a registar: a dificuldade maior residiu nos jornais não diários, pois os jornais diários até registaram um acréscimo de 3,8% nos primeiros nove meses do ano. Se o Público baixou 1% na circulação, o Diário de Notícias - apontado como o jornal que actua no mesmo target - baixou 7,2%.

Actividade

Foi um ano bom para o Público, segundo o relatório assinado por José Marquitos, presidente da empresa, e Hugo Figueiredo e José Manuel Fernandes, seus colegas de administração, e o último também director do jornal. Houve mais de €716 mil de resultados líquidos (positivos) no exercício de 2003, o quadro de colaboradores desceu para os 292 colaboradores (menos 7 que em 2002) e os custos com colaboradores externos baixou cerca de 20%. No ano agora em análise, foi lançada a edição Centro (Março) e o suplemento "Inimigo Público" (Setembro), este acarretando um aumento no preço de capa à sexta-feira. Distinguido com prémios do INMA pelos projectos "Mil Folhas" e campanha institucional "O Público não é todo igual", o mais importante do relatório foi saber o volume de negócios das colecções de livros e DVDs. Assim,venderam-se mais de três milhões de exemplares de livros (Mil Folhas, Taschen, Tintim, ABCdaire, Xis) e um milhão de exemplares de DVDs (série Y).

A estrutura accionista do Público é 99,99% pertença da Sonae Telecom BV. Além do jornal, há três empresas associadas a ele associadas: XS - Comunicação, Informação e Lazer (a 100%), Público.pt - Serviços Digitais Multimédia (a 100%) e Sociedade Independente de Radiodifusão Sonora (a 45%). Uma quarta empresa (Harpa, de actividade gráfica) foi dissolvida.
publicado por industrias-culturais às 13:58
link | comentar | favorito

...

LER UM RELATÓRIO E CONTAS

Para mim, a peça mais importante da leitura do Público de hoje é a publicação do seu Relatório e Contas 2003. Por ele, fica-se a perceber o estado de saúde do jornal. Observação: alguns quadros são publicados com uma letra tão miudinha que só de lupa é que se pode ler (ou será que a minha visão está cansada?).

Mercado publicitário e circulação

Fica a saber-se que o mercado publicitário na totalidade dos media (televisão, cabo, imprensa diária e não diária, rádio, outdoors, cinema e internet) atingiu, em 2003, €667,6 milhões, superior aos €644,2 milhões em 2002. Contudo, houve um aumento nas televisões generalistas e no cabo e uma redução na imprensa diária (-10,3% relativamente a 2002). A estagnação também atingiu o Público.

Também a circulação dos jornais baixou (1,9%). Aqui há uma nuance a registar: a dificuldade maior residiu nos jornais não diários, pois os jornais diários até registaram um acréscimo de 3,8% nos primeiros nove meses do ano. Se o Público baixou 1% na circulação, o Diário de Notícias - apontado como o jornal que actua no mesmo target - baixou 7,2%.

Actividade

Foi um ano bom para o Público, segundo o relatório assinado por José Marquitos, presidente da empresa, e Hugo Figueiredo e José Manuel Fernandes, seus colegas de administração, e o último também director do jornal. Houve mais de €716 mil de resultados líquidos (positivos) no exercício de 2003, o quadro de colaboradores desceu para os 292 colaboradores (menos 7 que em 2002) e os custos com colaboradores externos baixou cerca de 20%. No ano agora em análise, foi lançada a edição Centro (Março) e o suplemento "Inimigo Público" (Setembro), este acarretando um aumento no preço de capa à sexta-feira. Distinguido com prémios do INMA pelos projectos "Mil Folhas" e campanha institucional "O Público não é todo igual", o mais importante do relatório foi saber o volume de negócios das colecções de livros e DVDs. Assim,venderam-se mais de três milhões de exemplares de livros (Mil Folhas, Taschen, Tintim, ABCdaire, Xis) e um milhão de exemplares de DVDs (série Y).

A estrutura accionista do Público é 99,99% pertença da Sonae Telecom BV. Além do jornal, há três empresas associadas a ele associadas: XS - Comunicação, Informação e Lazer (a 100%), Público.pt - Serviços Digitais Multimédia (a 100%) e Sociedade Independente de Radiodifusão Sonora (a 45%). Uma quarta empresa (Harpa, de actividade gráfica) foi dissolvida.
publicado por industrias-culturais às 13:58
link | comentar | favorito

...

LER UM RELATÓRIO E CONTAS



Para mim, a peça mais importante da leitura do Público de hoje é a publicação do seu Relatório e Contas 2003. Por ele, fica-se a perceber o estado de saúde do jornal. Observação: alguns quadros são publicados com uma letra tão miudinha que só de lupa é que se pode ler (ou será que a minha visão está cansada?).



Mercado publicitário e circulação



Fica a saber-se que o mercado publicitário na totalidade dos media (televisão, cabo, imprensa diária e não diária, rádio, outdoors, cinema e internet) atingiu, em 2003, €667,6 milhões, superior aos €644,2 milhões em 2002. Contudo, houve um aumento nas televisões generalistas e no cabo e uma redução na imprensa diária (-10,3% relativamente a 2002). A estagnação também atingiu o Público.



Também a circulação dos jornais baixou (1,9%). Aqui há uma nuance a registar: a dificuldade maior residiu nos jornais não diários, pois os jornais diários até registaram um acréscimo de 3,8% nos primeiros nove meses do ano. Se o Público baixou 1% na circulação, o Diário de Notícias - apontado como o jornal que actua no mesmo target - baixou 7,2%.



Actividade



Foi um ano bom para o Público, segundo o relatório assinado por José Marquitos, presidente da empresa, e Hugo Figueiredo e José Manuel Fernandes, seus colegas de administração, e o último também director do jornal. Houve mais de €716 mil de resultados líquidos (positivos) no exercício de 2003, o quadro de colaboradores desceu para os 292 colaboradores (menos 7 que em 2002) e os custos com colaboradores externos baixou cerca de 20%. No ano agora em análise, foi lançada a edição Centro (Março) e o suplemento "Inimigo Público" (Setembro), este acarretando um aumento no preço de capa à sexta-feira. Distinguido com prémios do INMA pelos projectos "Mil Folhas" e campanha institucional "O Público não é todo igual", o mais importante do relatório foi saber o volume de negócios das colecções de livros e DVDs. Assim,venderam-se mais de três milhões de exemplares de livros (Mil Folhas, Taschen, Tintim, ABCdaire, Xis) e um milhão de exemplares de DVDs (série Y).



A estrutura accionista do Público é 99,99% pertença da Sonae Telecom BV. Além do jornal, há três empresas associadas a ele associadas: XS - Comunicação, Informação e Lazer (a 100%), Público.pt - Serviços Digitais Multimédia (a 100%) e Sociedade Independente de Radiodifusão Sonora (a 45%). Uma quarta empresa (Harpa, de actividade gráfica) foi dissolvida.
publicado por industrias-culturais às 13:58
link | comentar | favorito

...

DÊEM UM MODEM A FERNANDO PESSOA

Trata-se de um nome sugestivo para título de capítulo no livro cheio de paladares visuais, este de Luís Filipe B. Teixeira Hermes ou a experiência da mediação.

Ora, o que pretende o professor da Universidade Lusófona ao evocar Pessoa? Estudioso do poeta, parte do princípio que a tecnologia textual ficaria enriquecida com a tecnologia digital. Mas uma nova tecnologia qualquer arrasta um sentimento duplo de atracção e repulsão, casos da imprensa de Gutenberg, do telefone de Bell e do modelo de automóvel Ford T. O hipertexto combina a tradição do texto e a novidade dos computadores (p. 113), indicando talvez um meio caminho entre a harmonia e o insucesso tecnológico. É que, considera o autor, a tecnologia multimedia arrasta o mundo para “uma nova utopia literária designada «hipertextualidade»” (p. 109), onde se aponta para a organização e edição de espólios modernos. Nasce um sistema multilinear e não-sequencial (à distância de um clique) e com transparência do fragmento original – a edição crítica ou crítica-genética.

Filósofo de raiz, o seu pensamento torna-se complexo. Todavia, tudo fica mais claro, quando escreve sobre o processo criativo da crítica-genética: a edição que reconstitui os sentidos de uma obra não linear. Luís Teixeira está sempre a pensar em Pessoa. Melhor afirmando, a literatura é um grande sistema de documentos interligados (interconectados, no seu texto, p. 114), estendendo a dimensão a novos “bosques” criativos. Eis o terreno da relação entre o livro e a leitura em ecrã que permite uma reapreciação no domínio da criação: o leitor pode ser co-autor, ou actor de “uma escrita «heteronímica»”, em que se recria um texto novo a partir de um “fragmentarismo sistemático” (p. 116).

A felicidade, conclui Luís Teixeira, ocorrerá quando, com competência e rigor, se usufruir uma enciclopédia pessoana. Daí o título do capítulo. Como os restantes capítulos, contém reproduções de máquinas, como uma máquina de tipos de letras e um disco rígido, bem como o alfabeto químico de Agrippa, mas de modems nada. Um modem, como o que eu vejo diante de mim, é um aparelho rectangular, sem qualquer atracção estética. Coisa que o livro é, como escrevi acima: um livro de paladares visuais.

Professor catedrático na Universidade Lusófona, Luís Filipe Teixeira tem escrito, nomeadamente, sobre formas simbólicas, bibliotecas electrónicas, palavras digitais e ludologia. O livro Hermes ou a experiência da mediação, da editora Pedra de Roseta, será lançado a 20 de Julho, na livraria Barata, na Avenida de Roma, 11, aqui ao pé de casa, com apresentação de Eduardo Prado Coelho.
publicado por industrias-culturais às 08:40
link | comentar | favorito

...

DÊEM UM MODEM A FERNANDO PESSOA

Trata-se de um nome sugestivo para título de capítulo no livro cheio de paladares visuais, este de Luís Filipe B. Teixeira Hermes ou a experiência da mediação.

Ora, o que pretende o professor da Universidade Lusófona ao evocar Pessoa? Estudioso do poeta, parte do princípio que a tecnologia textual ficaria enriquecida com a tecnologia digital. Mas uma nova tecnologia qualquer arrasta um sentimento duplo de atracção e repulsão, casos da imprensa de Gutenberg, do telefone de Bell e do modelo de automóvel Ford T. O hipertexto combina a tradição do texto e a novidade dos computadores (p. 113), indicando talvez um meio caminho entre a harmonia e o insucesso tecnológico. É que, considera o autor, a tecnologia multimedia arrasta o mundo para “uma nova utopia literária designada «hipertextualidade»” (p. 109), onde se aponta para a organização e edição de espólios modernos. Nasce um sistema multilinear e não-sequencial (à distância de um clique) e com transparência do fragmento original – a edição crítica ou crítica-genética.

Filósofo de raiz, o seu pensamento torna-se complexo. Todavia, tudo fica mais claro, quando escreve sobre o processo criativo da crítica-genética: a edição que reconstitui os sentidos de uma obra não linear. Luís Teixeira está sempre a pensar em Pessoa. Melhor afirmando, a literatura é um grande sistema de documentos interligados (interconectados, no seu texto, p. 114), estendendo a dimensão a novos “bosques” criativos. Eis o terreno da relação entre o livro e a leitura em ecrã que permite uma reapreciação no domínio da criação: o leitor pode ser co-autor, ou actor de “uma escrita «heteronímica»”, em que se recria um texto novo a partir de um “fragmentarismo sistemático” (p. 116).

A felicidade, conclui Luís Teixeira, ocorrerá quando, com competência e rigor, se usufruir uma enciclopédia pessoana. Daí o título do capítulo. Como os restantes capítulos, contém reproduções de máquinas, como uma máquina de tipos de letras e um disco rígido, bem como o alfabeto químico de Agrippa, mas de modems nada. Um modem, como o que eu vejo diante de mim, é um aparelho rectangular, sem qualquer atracção estética. Coisa que o livro é, como escrevi acima: um livro de paladares visuais.

Professor catedrático na Universidade Lusófona, Luís Filipe Teixeira tem escrito, nomeadamente, sobre formas simbólicas, bibliotecas electrónicas, palavras digitais e ludologia. O livro Hermes ou a experiência da mediação, da editora Pedra de Roseta, será lançado a 20 de Julho, na livraria Barata, na Avenida de Roma, 11, aqui ao pé de casa, com apresentação de Eduardo Prado Coelho.
publicado por industrias-culturais às 08:40
link | comentar | favorito

...

DÊEM UM MODEM A FERNANDO PESSOA

Trata-se de um nome sugestivo para título de capítulo no livro cheio de paladares visuais, este de Luís Filipe B. Teixeira Hermes ou a experiência da mediação.

Ora, o que pretende o professor da Universidade Lusófona ao evocar Pessoa? Estudioso do poeta, parte do princípio que a tecnologia textual ficaria enriquecida com a tecnologia digital. Mas uma nova tecnologia qualquer arrasta um sentimento duplo de atracção e repulsão, casos da imprensa de Gutenberg, do telefone de Bell e do modelo de automóvel Ford T. O hipertexto combina a tradição do texto e a novidade dos computadores (p. 113), indicando talvez um meio caminho entre a harmonia e o insucesso tecnológico. É que, considera o autor, a tecnologia multimedia arrasta o mundo para “uma nova utopia literária designada «hipertextualidade»” (p. 109), onde se aponta para a organização e edição de espólios modernos. Nasce um sistema multilinear e não-sequencial (à distância de um clique) e com transparência do fragmento original – a edição crítica ou crítica-genética.

Filósofo de raiz, o seu pensamento torna-se complexo. Todavia, tudo fica mais claro, quando escreve sobre o processo criativo da crítica-genética: a edição que reconstitui os sentidos de uma obra não linear. Luís Teixeira está sempre a pensar em Pessoa. Melhor afirmando, a literatura é um grande sistema de documentos interligados (interconectados, no seu texto, p. 114), estendendo a dimensão a novos “bosques” criativos. Eis o terreno da relação entre o livro e a leitura em ecrã que permite uma reapreciação no domínio da criação: o leitor pode ser co-autor, ou actor de “uma escrita «heteronímica»”, em que se recria um texto novo a partir de um “fragmentarismo sistemático” (p. 116).

A felicidade, conclui Luís Teixeira, ocorrerá quando, com competência e rigor, se usufruir uma enciclopédia pessoana. Daí o título do capítulo. Como os restantes capítulos, contém reproduções de máquinas, como uma máquina de tipos de letras e um disco rígido, bem como o alfabeto químico de Agrippa, mas de modems nada. Um modem, como o que eu vejo diante de mim, é um aparelho rectangular, sem qualquer atracção estética. Coisa que o livro é, como escrevi acima: um livro de paladares visuais.

Professor catedrático na Universidade Lusófona, Luís Filipe Teixeira tem escrito, nomeadamente, sobre formas simbólicas, bibliotecas electrónicas, palavras digitais e ludologia. O livro Hermes ou a experiência da mediação, da editora Pedra de Roseta, será lançado a 20 de Julho, na livraria Barata, na Avenida de Roma, 11, aqui ao pé de casa, com apresentação de Eduardo Prado Coelho.
publicado por industrias-culturais às 08:40
link | comentar | favorito

...

DÊEM UM MODEM A FERNANDO PESSOA

Trata-se de um nome sugestivo para título de capítulo no livro cheio de paladares visuais, este de Luís Filipe B. Teixeira Hermes ou a experiência da mediação.

Ora, o que pretende o professor da Universidade Lusófona ao evocar Pessoa? Estudioso do poeta, parte do princípio que a tecnologia textual ficaria enriquecida com a tecnologia digital. Mas uma nova tecnologia qualquer arrasta um sentimento duplo de atracção e repulsão, casos da imprensa de Gutenberg, do telefone de Bell e do modelo de automóvel Ford T. O hipertexto combina a tradição do texto e a novidade dos computadores (p. 113), indicando talvez um meio caminho entre a harmonia e o insucesso tecnológico. É que, considera o autor, a tecnologia multimedia arrasta o mundo para “uma nova utopia literária designada «hipertextualidade»” (p. 109), onde se aponta para a organização e edição de espólios modernos. Nasce um sistema multilinear e não-sequencial (à distância de um clique) e com transparência do fragmento original – a edição crítica ou crítica-genética.

Filósofo de raiz, o seu pensamento torna-se complexo. Todavia, tudo fica mais claro, quando escreve sobre o processo criativo da crítica-genética: a edição que reconstitui os sentidos de uma obra não linear. Luís Teixeira está sempre a pensar em Pessoa. Melhor afirmando, a literatura é um grande sistema de documentos interligados (interconectados, no seu texto, p. 114), estendendo a dimensão a novos “bosques” criativos. Eis o terreno da relação entre o livro e a leitura em ecrã que permite uma reapreciação no domínio da criação: o leitor pode ser co-autor, ou actor de “uma escrita «heteronímica»”, em que se recria um texto novo a partir de um “fragmentarismo sistemático” (p. 116).

A felicidade, conclui Luís Teixeira, ocorrerá quando, com competência e rigor, se usufruir uma enciclopédia pessoana. Daí o título do capítulo. Como os restantes capítulos, contém reproduções de máquinas, como uma máquina de tipos de letras e um disco rígido, bem como o alfabeto químico de Agrippa, mas de modems nada. Um modem, como o que eu vejo diante de mim, é um aparelho rectangular, sem qualquer atracção estética. Coisa que o livro é, como escrevi acima: um livro de paladares visuais.

Professor catedrático na Universidade Lusófona, Luís Filipe Teixeira tem escrito, nomeadamente, sobre formas simbólicas, bibliotecas electrónicas, palavras digitais e ludologia. O livro Hermes ou a experiência da mediação, da editora Pedra de Roseta, será lançado a 20 de Julho, na livraria Barata, na Avenida de Roma, 11, aqui ao pé de casa, com apresentação de Eduardo Prado Coelho.
publicado por industrias-culturais às 08:40
link | comentar | favorito

...

DÊEM UM MODEM A FERNANDO PESSOA



Trata-se de um nome sugestivo para título de capítulo no livro cheio de paladares visuais, este de Luís Filipe B. Teixeira Hermes ou a experiência da mediação.



Ora, o que pretende o professor da Universidade Lusófona ao evocar Pessoa? Estudioso do poeta, parte do princípio que a tecnologia textual ficaria enriquecida com a tecnologia digital. Mas uma nova tecnologia qualquer arrasta um sentimento duplo de atracção e repulsão, casos da imprensa de Gutenberg, do telefone de Bell e do modelo de automóvel Ford T. O hipertexto combina a tradição do texto e a novidade dos computadores (p. 113), indicando talvez um meio caminho entre a harmonia e o insucesso tecnológico. É que, considera o autor, a tecnologia multimedia arrasta o mundo para “uma nova utopia literária designada «hipertextualidade»” (p. 109), onde se aponta para a organização e edição de espólios modernos. Nasce um sistema multilinear e não-sequencial (à distância de um clique) e com transparência do fragmento original – a edição crítica ou crítica-genética.



Filósofo de raiz, o seu pensamento torna-se complexo. Todavia, tudo fica mais claro, quando escreve sobre o processo criativo da crítica-genética: a edição que reconstitui os sentidos de uma obra não linear. Luís Teixeira está sempre a pensar em Pessoa. Melhor afirmando, a literatura é um grande sistema de documentos interligados (interconectados, no seu texto, p. 114), estendendo a dimensão a novos “bosques” criativos. Eis o terreno da relação entre o livro e a leitura em ecrã que permite uma reapreciação no domínio da criação: o leitor pode ser co-autor, ou actor de “uma escrita «heteronímica»”, em que se recria um texto novo a partir de um “fragmentarismo sistemático” (p. 116).



A felicidade, conclui Luís Teixeira, ocorrerá quando, com competência e rigor, se usufruir uma enciclopédia pessoana. Daí o título do capítulo. Como os restantes capítulos, contém reproduções de máquinas, como uma máquina de tipos de letras e um disco rígido, bem como o alfabeto químico de Agrippa, mas de modems nada. Um modem, como o que eu vejo diante de mim, é um aparelho rectangular, sem qualquer atracção estética. Coisa que o livro é, como escrevi acima: um livro de paladares visuais.



Professor catedrático na Universidade Lusófona, Luís Filipe Teixeira tem escrito, nomeadamente, sobre formas simbólicas, bibliotecas electrónicas, palavras digitais e ludologia. O livro Hermes ou a experiência da mediação, da editora Pedra de Roseta, será lançado a 20 de Julho, na livraria Barata, na Avenida de Roma, 11, aqui ao pé de casa, com apresentação de Eduardo Prado Coelho.
publicado por industrias-culturais às 08:40
link | comentar | favorito

.mais sobre mim


. ver perfil

. seguir perfil

. 1 seguidor

.pesquisar

.Junho 2016

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
13
27
28
29
30

.Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

.posts recentes

. Transportes públicos japo...

. Televisão japonesa

. Templos em Tóquio

. Novos diretores de jornai...

. Santuário Fushimi Inari T...

. Templo do Pavilhão Dourad...

. Kiyomizu-dera (leste de Q...

. Castelo Nijo (Quioto)

. Quioto à hora do jantar

. Introdução ao teatro Bunr...

.arquivos

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

. Julho 2006

. Junho 2006

. Maio 2006

. Abril 2006

. Março 2006

. Fevereiro 2006

. Janeiro 2006

. Dezembro 2005

. Novembro 2005

. Outubro 2005

. Setembro 2005

. Agosto 2005

. Julho 2005

. Junho 2005

. Maio 2005

. Abril 2005

. Março 2005

. Fevereiro 2005

. Janeiro 2005

. Dezembro 2004

. Novembro 2004

. Outubro 2004

. Setembro 2004

. Agosto 2004

. Julho 2004

. Junho 2004

. Maio 2004

. Abril 2004

. Março 2004

. Fevereiro 2004

. Janeiro 2004

. Dezembro 2003

. Novembro 2003

. Outubro 2003

. Agosto 2003

. Abril 2003

. Março 2003

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub